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lobamariane · 14 days ago
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09.06.2025, segunda-feira, gibosa em sagitário
De manhã, plantando desejos no quintal.
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lobamariane · 14 days ago
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Entusiasmo é chave.
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lobamariane · 1 month ago
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virgo é o verde que quero.
aprender a realizar
tantas vezes quanto a morte demandar.
o sol ama tocar na terra.
*
05.05.2025
eu e a lua da noite na 193ª mariposa-carrossel crescente mutável da terra
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lobamariane · 2 months ago
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vejo a lua desta noite de frente. sou gibosa, ela é minguante. sou leão, ela é aquário. sou o sol que brilha pra todos, ela é todo mundo que tem direito de brilhar. noite lâmina para os dois lados que gostam de cortar.
***
21.04.2025
praticando os ensinamentos do dia no foyer da Coruja, pouco antes de adentrar a 192ª mariposa-carrossel minguante fixa da água
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lobamariane · 2 months ago
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o pouso do outono
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Parei pra apreciar o mar hoje, depois de tanto correr no pique do sol em áries. O outono vem soprando suas cores no céu, fazendo a catraca do mundo girar. É hora de descer.
A espuma do mar era brilhante, furtacor. Por baixo, a areia parecia a pele dourada de uma onça.
Ainda estou coletando as experiências do verão. Hoje lembrei de uma e só não quero deixar passar.
Viver o arco do nascimento de um encantado foi uma das coisas que mais me marcaram nos últimos tempos. Me lembrou sobre o poder mágico de ver vida em todos os lugares, poder que pode ser revolucionário quando a visão é compartilhada.
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lobamariane · 4 months ago
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Saudade da minha vó
Aprendi a sentir esse apertinho no peito, que não dói, mas esquenta quando converso com minha vó numa chamada de vídeo qualquer. Aprendi quando entendi o quanto ela é sagrada. E poder dizer isso pra ela é sorte e responsabilidade que pesam a mesma medida.
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lobamariane · 4 months ago
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tinha um lugar que era nosso
a vida convive: bicho, planta, rios e mares, todos os seres que não podemos ver e aqueles que se movem bem lentamente ao longo dos séculos.
na Terra, a vida é sobre viver junto e havia um lugar que era nosso, lugar que recusamos, deixando de erguer florestas para construir mundos impermeáveis.
~ primeira manhã do verão mutável, peixes trazendo o banzo pra conversa na Casa Coruja.
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lobamariane · 5 months ago
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Lembrar o Destino
13.12.2024, sexta-feira, lua gibosa em gêmeos
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Completo hoje 5 anos de Dedicação à Bruxaria Mariposa, caminho místico que escolhi para cultivar minha existência aqui e agora.
Revisito as perguntas e as respostas que dão conta dessa escolha porque a limpeza nunca termina porque é preciso reconhecer todos os passos que me trouxeram até aqui. 
Estive presa a muitas ilusões frutos de violências estruturais coloniais, capitalistas e neoliberais, vivendo romantizações que destroem e matam tantas mulheres em todas as encruzas. Ninguém te diz que você pode dizer “não” e começar a criar o seu próprio modo de viver. Só artistas têm essa coragem. Vivo caminho místico e artístico, e só digo dessa forma porque, como lembra Amanda, nesse mundo, “a redundância ainda se faz necessária”. E continuo tirando correntes todos os dias. A Liberdade é horizonte porque é movimento, não está longe, nem perto, mas cabe dentro do meu olhar atento.
E nessa caminhada a Memória se tornou minha musa.
As fases da Lua, as coordenadas astrológicas, as histórias da infância, os fundamentos da bruxaria, a natureza de artista, a etimologia das palavras, as responsabilidades assumidas, o que senti e aprendi a cada erro e a cada acerto, cada lição recebida, lembrar o Destino todos os dias para combater as doenças desta humanidade que escolheu viver apartada da própria Fonte. Do meu fio de sangue quase toda a Memória foi exterminada. E isso hoje diz tudo sobre o meu desejo de abrir raízes que me fortaleçam para alcançar passado e futuro nesta vida. 
Quero lembrar e honrar tudo o que sei.
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Não tenho registros da Dedicação do Barquinho Ondina, mas sempre encontro no espetáculo Cirque por Julieta os vislumbres da Mariposa que brilha hoje, afinal foi a primeira vez que vi uma mulher engolir uma fogueira. A foto de 2015 foi tirada em Cruz das Almas, por Izabella Valverde.
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lobamariane · 5 months ago
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justiça,
seja minha guia.
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lobamariane · 6 months ago
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não dá pra comprar
o que não está à venda.
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lobamariane · 6 months ago
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Circumponto
No fim das contas, o melhor lugar pra estar é em si mesma.
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Sábado de Saturno, limpando e aprendendo no Templo.
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lobamariane · 6 months ago
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Que minha vida seja minha obra artística.
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lobamariane · 8 months ago
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Qual é o papel da intelectualidade no combate à violência contra os povos afrodiaspóricos e originários? - Colóquio Kàwé 2024 (parte 1)
Relato sobre o primeiro dia da programação do Colóquio Kàwé 2024, por Mariane Lobo
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Nos dias 16 e 17 de Outubro aconteceu o Colóquio Kàwé 2024. O Núcleo de Estudos Afrobaianos Regionais (NEAB) Kawé nasceu em 1996 dentro da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) como uma iniciativa de aproximação entre a Universidade e a comunidade que a cerca e de construção do conhecimento sobre o legado africano na Região Sul da Bahia.
O Colóquio aconteceu no auditório do Pavilhão Waldir Pires, na UESC. O tema deste ano, Poéticas e Narrativas Indígenas e Negro-brasileiras, representa um marco histórico para o núcleo de estudos, pois se antes o Kàwé dedicava-se apenas aos estudos afrodiaspóricos regionais, a partir deste colóquio passa a incluir em seu campo de investigação as questões indígenas, ação extremamente necessária num território como o sul da Bahia onde os povos indígenas originários, especialmente os Tupinambá vivem uma constante de violências e seguem na resistência desde o início da colonização até os dias de hoje.
A conferência de abertura foi formada pela escritora Rita Santana, a linguista Maria Pankararu e mediada por professora doutora licenciada em História pela UFRJ Diadiney Helena de Almeida.
Maria Pankararu é conhecida por ser a primeira mulher indígena a obter um doutorado no Brasil, sendo pioneira ao abrir caminhos para a entrada de pessoas indígenas nas universidades brasileiras. Em sua fala durante a conferência falou menos si e escolheu fazer um panorama da atuação de artistas indígenas no país entre nomes já consagrados e a juventude que traz a visão contemporânea de ser descendente dos povos originários desta terra através das próprias experiências. Boa parte dos nomes citados por Maria Pankararu compõe o livro “11.645: Indígenas e Diversidade para a Paz”, obra colaborativa que reúne textos e ilustrações sobre a cultura de várias etnias além de sugestões de atividades pedagógicas que respondem à Lei 11.645/2008 que altera as diretrizes básicas de educação nacional ao incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Indígena. O livro colaborativo faz parte do projeto “Indígenas e Diversidade para a Paz”, da ONG Thydewá, fundada em 2002, organização da qual Maria Pankararu é uma das colaboradoras. O livro está disponível para leitura online neste link.
Já Rita Santana em sua fala para a conferência escolheu trilhar o caminho do próprio fazer literário, retornando até a raiz, onde encontra na beleza da avó um vestígio Tupinambá, para em seguida atravessar tal descoberta com o tudo o mais que a Literatura e o mercado literário nos diz que devemos fazer e ainda mais, com as questões de ser também mulher preta, aposentada e separada, de ser acadêmica devotada a sua Alma Mater, de ser artista e reconhecer que não sendo artista, ela própria não existiria e que por isso precisaria continuar escrevendo, criando. Em sua investigação detalhada dos próprios veios, das próprias paixões, Rita nos conduz por fim até a sua festa de aniversário, citando o filme dinamarquês “A Festa de Babette” para lembrar a si mesma que entre tantas agonias, aventuras, desejos e desafios, ser artista também é saber celebrar-se.
Na plenária o principal questionamento reverberado pelos presentes foi sobre autoria dentro da universidade: como garantir que as vidas negras, afrodiaspóricas e indígenas existam dentro do mundo acadêmico sem a necessidade de mediação e sem fazer concessões? Como é possível assegurar a liberdade de quem a priori nem se encaixa no mundo acadêmico branco, mas “precisa” seja para criar alimento para políticas públicas brasileiras mais justas (na medida do possível), seja porque a academia ainda é esse lugar oficial de guardar memória ou por qualquer outra razão? Como encaixar uma bola num quadrado?
A mesa temática da tarde foi para mim a oportunidade de lembrar que é impossível dar uma resposta de um parágrafo ou mesmo de uma dissertação inteira para perguntas que vêm sendo forjadas ao longo dos séculos. 
Ler e compreender a estrutura do racismo - e depois fazer o quê?
Na mesa "Racismo Religioso ou Intolerância?" estiveram presentes o Babalaô e Professor Doutor Carlos Alberto Ivanir dos Santos (UFRJ) e a Yalorixá e Professora Doutora Denise Maria Botelho (UFRPE). Na mediação a coordenadora do Kawé, Dra Valéria Amim (UESC). O professor Ivanir fez uma recapitulação histórica desde o século XV até os dias de hoje para evidenciar os pontos de influência das transformações religiosas e suas leituras filosóficas nas dinâmicas política, econômica e social na Europa e em seguida abordar como esse cenário alimenta o Brasil desde a colônia até a república, construindo o país racista no qual vivemos hoje.
A professora Denise, por sua vez, contextualiza o racismo no Brasil como um racismo de marca, definido não só por um fenótipo mas pelo conjunto de símbolos associados a esse fenótipo que definem um imaginário. Somado a isto, denota que a imposição da doutrina cristã pela colonização europeia e marginalização das práticas de matriz africana e indígenas não pode ser tratada apenas como intolerância religiosa posto que as práticas dos povos originários e dos que foram trazidos para cá à força representam muito mais do que uma religião, um dogma, tratam-se de um modo de vida, uma cultura, portanto. A negação dessas identidades culturais e espirituais é parte do racismo estrutural no qual vivemos e afeta todos os setores da vida além da liberdade de crença. “Ao lado dessa discussão religiosa existe uma discussão econômica”. Os modos africanos e indígenas de ver o mundo não apenas se contrapõem ao sistema vigente, mas representam de fato uma ameaça quando cultivam a vida em coletividade combatendo assim o individualismo que gera o lucro que é a definição básica do neoliberalismo, afinal, como disse a professora Denise, cada cura realizada por uma Yalorixá significa uma venda de remédio não realizada pela indústria farmacêutica.
Embora Denise e Ivanir apresentem divergências quanto a abordagem do nome "racismo religioso", ressaltem a interseccionalidade também como fator diferenciador de experiências e tenham dialogado por vias diferentes durante todo o tempo, os dois estão unidos na dissidência e juntos apresentaram o complexo painel do racismo no Brasil para apontar no final das contas o mesmo caminho: se desejamos liberdade real precisamos ler e compreender a estrutura e a trajetória histórica de violência e resistência que nos trouxe até aqui.
Mas para quem nós estamos falando?
Um dos últimos tópicos abordados nesta mesa mais uma vez se relaciona com a problemática dos limites e barreiras entre a universidade e o “mundo real”. A professora Denise lembra que no final do século XX e início do século XXI, quando o Brasil estava vivendo a ascensão do governo socialista com o presidente Lula, muitas esperanças em relação à mudança do nosso contexto social racista foram levantadas. Um exemplo é a alteração do Artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) feita em 2003 e que tornou obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio, o que parecia ser a solução para ao menos iniciar a transformação do imaginário de crianças e adolescentes do Brasil. Mas assim como políticas públicas em qualquer outra área e a própria Constituição Federal, um texto escrito no papel serve pra quê se não houver fiscalização, acompanhamento e formação? “Serve pra enganar a gente”. A professora reconhece que ações como essa esmoreceram os movimentos de resistência. A estratégia do governo Lula de levar as lideranças desses movimentos para trabalhar na Esplanada dos Ministérios desmobilizou a luta de base nos municípios e estados. Quem continuou trabalhando nos bairros, nos centros urbanos, na zona rural foram os neopentecostais, “pregando que Exu é o diabo sim”. A professora pondera que é fácil falar que "o diabo é uma construção cristã" dentro de uma sala de aula na Universidade, para pessoas entraram na sala por vontade própria, que tem afinidade e interesse pelo assunto. Mas quem está falando com a classe trabalhadora, com as associações, com as periferias? “Não somos nós, acadêmicos, intelectuais que estamos falando para essas pessoas”. Uma prova recente do crescimento do neopentecostalismo foi vista no resultado das eleições municipais deste ano. Associada a pregação religiosa, a Teologia da Prosperidade que promete a ascensão social e assim coopta pessoas racializadas que não possuem poder aquisitivo ampliando ainda mais o poder neoliberal.
Após muitas idas e vindas e tantas reflexões sobre o que é racismo religioso e o que é intolerância religiosa, permaneceu no ar o enigma sobre quando e como a universidade vai se levantar da cadeira e dialogar diretamente com as pessoas que estão na base da sociedade sobre essas e outras questões que perpetuam injustiças, perseguições e violências perpetradas por quem detém o poder na lógica capitalista neoliberal e mantém firme racismo estrutural.
(continua)
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lobamariane · 8 months ago
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para o cajueiro no meio do caminho
escrito em 16.04.2024, terça-feira de sol em áries e lua em câncer
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A Lua na água cardeal é sempre um desafio para minha Lua fogo fixo. Em meu caminho de aprendizado volta e meia me vejo no esforço de combater as mágoas, leão, sempre tão dramático, se bole todo com o primeiro sopro da maré.
Ter a Lua no Sol. Há uns dois anos, conversando com minha guia, entendi que, se meus líquidos-emoções-humores estão sempre sob o sol a pino preciso no mínimo buscar uma sombra pra enxergar melhor, as cores, os traços, o que é meu e o que não é.
Aconteceu que ontem choveu. Choveu muito, sem parar, aquele tipo de chuva sem vento e que parece um cobertor. O céu inteiro nublado, não vi nem rastro do Sol. Eu amo profundamente os dias de chuva, e ontem, no quarto-crescente no caranguejo senti minha gibosa juba baixar, mesmo que, além das nuvens, estivesse lá o sol cardeal do fogo.
Antes de deixar o templo e me preparar para a gira da noite, conversamos sobre sentir o fluxo da vida. Voltei pra casa com isso na cabeça, misturado com o som da chuva incessante.
Já era noite quando subi de volta ao templo e passei por você, ainda vivendo a eletricidade de ter passado por cima de um rio Pancadinha quase alcançando meus pés. Entendi naquela correnteza a água cardeal, aquela ponte é um portal para os sentidos: de repente não existe urbanidade para além da própria ponte e mesmo ela parece não existir quando paro no meio do fluxo do rio, cercada de mata densa e alta.
Ainda estava sorrindo quando vi você e acima da sua copa o céu cheio de nuvens revelando a meia lua brilhante, tão convidativa.
Amanda sempre fala sobre a dificuldade geracional de Urano em Capricórnio de se divertir para além das pedras e, de fato, pois toda a diversão foi convertida em dinheiro, distorcida em enredos controlados por mãos que se ocultam na nossa própria ignorância - mas isso tudo é só elaboração aquariana do dia seguinte.
O que eu queria dizer é que ver você me lembrou a diversão de prever a aventura, um fogo breve, impulsionador como Áries é. Reverenciei e segui com você na lembrança e ri de novo quando vi, do alto da ladeira, a Praça Alzira piscando por conta de um poste defeituoso, o único que ainda resistia em meio ao aguaceiro. Queria que a gira fosse lá, ainda que por um instante, e assim atravessei a praça, colhi uma flor e subi nas asas da Coruja.
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lobamariane · 9 months ago
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não quero a resposta certa.
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lobamariane · 9 months ago
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Manifesto da vigília ao Manto Sagrado Tupinambá
Fonte: matéria do site da Associação Cultural Nonada Jornalismo
"Por um mundo melhor, ao povo brasileiro, sociedade internacional. Irmãs, irmãos, nós, Tupinambá de Olivença, vivemos no território delimitado indígena Tupinambá de Olivença, único e contínuo, composto por 23 comunidades, porém, ainda guardando a vontade política desde 2009, para que seja assinada a portaria declaratória pelo Presidente da República e Ministro da Justiça. 
Hoje, reiteramos nossa insatisfação com a postura colonizadora unificada pelo Estado brasileiro, através das autarquias representativas que, mais uma vez, dilaceram nossos direitos originários e, muito mais que isso, fere profundamente o que mais prezamos, a nossa crença e a nossa fé. Nosso desejo, principalmente dos nossos anciãos, era que, no desembarque do manto sagrado, pudéssemos estar presentes para recebê-los com os ritos honrosos merecidos por se tratar de algo, para nós, de extrema importância espiritual e de identidade cultural.
Porém, mais uma vez, as justificativas apresentadas não convenceram. São as seguintes: conservação da peça. Concordamos, porém, não nos termos apresentados. Tratativas de acordo com o MNRJ, Museu Nacional do Rio de Janeiro e o Museu da Dinamarca. Não sabemos quais acordos foram feitos. Faltou transparência. Políticas não foram esclarecidas e também não houve transparência.
O manto sagrado esteve exposto recentemente no Museu do Ibirapuera, São Paulo. Mostra Redescobrimento Brasil 500 anos. E, na ocasião, Tupinambás foram convidados para fazer o reconhecimento da peça. Este foi um momento ímpar na história do povo, com a reconexão do manto e nossa ancestralidade.
Decidimos, portanto, fazer uma vigília que é antecedente à data do cerimonial, no caso antecedeu, saindo da Bahia até o Rio de Janeiro, conclamando todas as nações Tupinambá e demais nações indígenas, povos de quilombo, de terreiro, classe trabalhadora, movimento LGBTQIA +, aliados da sociedade civil brasileira, movimentos de luta pela terra e por moradia, movimentos de base comunitária, comunidades tradicionais, classe artística, demais aliados, simpatizantes de todos que se sentem excluídos e aterrorizados a juntarem-se conosco para cobrar nossos direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988.
Nós somos violados há muito tempo, mas ultimamente o Estado e instituições patrimonialistas desencadearam uma retirada dos direitos que afetam todo a contenção da vida do planeta. Temos hoje o pior congresso da história da República. Um judiciário egocêntrico e parcial. Um governo, senhor presidente, que nós entendemos o porquê, enfraquecido, acorrentado às alianças para se manter no poder. E ainda uma quantidade considerável de veículos de imprensa que fazem um papel sujo para o sistema dominante. Não respeitam as leis, nem os tratados e convenções internacionais. Vivemos uma democracia distorcida. 
Já são 524 anos de luta e resistência. Primeiro contra a invasão de Portugal, quando milhões dos nossos foram tombados, homens, mulheres e crianças. Nossas mulheres foram estupradas. Fomos os primeiros a experimentar a primeira guerra biológica do mundo. Quando trouxeram roupas infectadas e nos vestiram. Fomos catequizados e escravizados. Proibiram a nossa língua e a nossa crença. Usurparam nosso território. Nos declararam extintos. Roubaram nossos sagrados. Mentiram sobre nós. Distorceram e desqualificaram nossa história. Nos colocaram à margem da sociedade. Impediram de mostrar nossos rostos. Calaram nossas vozes. Por décadas e décadas submeteram-nos à obediência de leis que não são nossas. 
Desrespeitaram nosso direito originário. Esfoliando e explorando nosso território sagrado. Nos deixando sem terra, sem comida, sem saúde e sem dignidade. Nos tiraram a nossa autonomia. E implantaram um Estado egóico, com estruturas que oprimem através do medo, aterrorizando-nos para manter a dominação. Mas não pararam por aí. Ainda continua o impulso do genocídio e a negação da nossa existência. 
O Estado brasileiro, através de suas autarquias de governo, corrobora com o processo de colonização ainda em curso. Quando, por exemplo, trazem um ancião nosso de quase 400 anos como uma propriedade. Ancião que para nós é um ente vivo, de muitas nações. E que sustenta a nossa existência. Resistência. E resiliência. Mesmo passando por riscos perigosos, do direito à vida plena. 
Graças a essa nossa resiliência, não conseguiram retirar-nos por completo do território sagrado e ancestral. Mas é evidente que o nosso patrimônio material e imaterial não está sendo tratado como merece, sem o devido respeito. E desconsiderando a importância que ele tem para nós e para todos os povos originários. Eu quero deixar bem claro aqui que não é dos cuidadores do Museu da Biblioteca Central, que são quem está cuidando dele, que estamos falando. Hoje dizemos basta. Somos os herdeiros verdadeiros do Manso Sagrado.
Ele chega trazendo força. Fé e coragem. Para todos nós, povos indígenas e povo brasileiro. E todos aqueles que existem em Alguém. O Manto Sagrado é o primeiro símbolo de força e união, genuinamente do povo que habita esse território. Desde tempos imemoriais. Por isso foi roubado de nós. E finalmente retorna para sua origem.
Porém a estrutura de poder dominante não permite que retorne para seus verdadeiros donos. Apelamos a todos nossos irmãos para que se juntem neste apelo como única forma de garantir a vida. E evitar a morte pela fome dessa missão insaciável de um sistema dominante e exploratório, composto por conservadores e ultraconservadores. Exigimos que parem com a colonização ainda em curso no Brasil, patrocinada pela maioria que compõe o atual Congresso Nacional, Sistema Judiciário e Governo. São estes os que ainda se mantêm nas esferas de poder do Estado. Que representam os colonizadores que invadiram nosso território e saquearam as nossas riquezas para enriquecer as nações europeias. A ambição permanece até hoje, o desejo se mantém alimentado pela dominação que promove toda forma de justiça. 
Nos afastam de algo que para nós é inalienável. Matam nossos rios lagos e nascentes, queimam nossas florestas, exterminam nossa fauna, poluem nosso ar e envenenam nossa mãe terra. Destroem elementos vitais para a manutenção de uma vida saudável. Estes são os mesmos que hoje querem tomar tudo de nós. Absolutamente tudo. Estamos ameaçados pela lei de número 14.701, que é um risco gravíssimo para o nosso meio ambiente.
Basta. É preciso evitar mais inventos de genocida. Com esta declaração, anunciamos que viemos ao Rio de Janeiro para que juntos, com o nosso ancião mais velho, possamos ser escutados pelas autoridades com o poder de decisão. O Estado precisa se fazer presente onde o povo chama e não onde ele determina. E precisa também impedir o genocídio continuado e  não apoiar direta e indiretamente as diversas formas de extermínio contra o nosso povo.
Repudiamos desde já, quaisquer intervenções para nos reprimir. Também reiteramos aqui as nossas reivindicações: Retorno do manto para a aldeia Tupinambá de Olivença, construção do Museu de Arte Tupinambá. Exigimos o respeito e a garantia dos nossos direitos, estruturação e autonomia. Universidade dos povos indígenas. Reestruturação da FUNAI. Reparação aos povos indígenas e africanos. Não ao marco temporal. Demarcação já".
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lobamariane · 10 months ago
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Subi no pé de cajá como quem sobe no pé do tempo e segura forte pra não cair.
Quando devaneio o olhar sobre a terra exterminada vejo gado morto na estrada, mandacarus que brotam em cálices enormes, sedentos.
Lá. Antes do couro. Antes do cangaço. Antes das tropas. Lá, onde minha velha cariri mora, meu fio foi cortado por bandeiras, dentes de cachorro, laço de morte, morte da língua. Meu fio foi cortado, mas continuou correndo:
Utinga, Bonita
Itatim, Paraguassu
Kirimurê, Tororó
Rio Vermelho, Ondina.
Daquelas que na seca costuraram a guerrilha, minha avó, no cruzo das estampas, guarda a sabedoria de traçar com linha de vida o tecido dos dias, costurar com linha divina a história de permanecer viva.
E eu, do alto do pé do tempo, sinto a pele vermelha em brasa quando acendo a memória de quando fui menina, outra, longe, bárbara, tapuia, moça sem nome correndo sob o sol do meio dia em direção ao rio do meu sangue, fonte infinita.
Vó,
Meu fuso é a minha cabeça e eu giro fios de água que meu coração vai costurando, costurando, costurando, do sertão até o mar.
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escrito na Praia de Pé de Serra em meados de Março e ofertado às deusas do Destino no Baile da Encruza, a Cheia do Fabuloso Agosto, no Ano da Vassoura, 2024. Nomeado "Traçado" em 13.03.2025. As duas fotos são da minha mãe.
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