Tumgik
lpanziera · 2 years
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4AM, Tagua Tagua - Porque todo mundo já viveu um clipe de música
Ouça agora 4AM — Tagua Tagua, ou não continue a leitura.
O ritmo da bateria, o teclado, a introdução desta música é uma delícia. É um fim de dia no Metro, e eu sentado no vagão meio-vazio, seguia de Arniqueiras rumo à uma estação que eu não sabia ainda. Dias cheios que passaram e eu passei por eles e nem vi. O movimento do trem. das pessoas. do tráfico. dos aviões. das cores no céu alaranjado.
Deixo a poeira me levar Corro, escorro sem ter hora pra chegar Me encontro com o dia que já se foi E eu nem vi
Estava sozinho, olhando a janela o movimento. E olhei uma moça entrando o vagão na estação Asa Sul, trocamos olhares, entre os lugares vagos ela se sentou do meu lado. Pra mim foi um sinal, não um sinal de Modern Love, mas talvez um de simpatia. O encontro de olhares durou um piscar.
Suficiente pra me deixar inquieto. ela bem do meu lado e eu olhava pra fora. o movimento de fora, agora era movimento dentro de mim. 2 estações, respirei e perguntei “A estação 106 está aberta?”
Ela estava de olhos fechados, cochilando, de fones de ouvido.
Abriu os olhos, tirou o fones meio no susto “oi desculpa?” “desculpa eu moça, não queria atrapalhar”
“não, tá tudo bem…a 106, acho que sim”
apontando pro mapa do metrô acima da porta de entrada do vagão. “é que ali fala que ela está em obras”
“não, ela tá aberta sim!”
“vou confiar então”
silêncio. Eu volto meu olhar pra janela. foi isso então.
“gostei da sua tatuagem” ela falou.
“Ah obrigado” e conversamos mais um pouco.
“sua estação é a próxima hein”
poxa, mas já. Ela tinha um delineado que era metade azul e a outra metade rosa. Jaqueta Jeans. Cabelo escuro. Traços asiáticos. Mas o delineado, eu tenho essa foto guardada na mente, o delineado rosa e azul no vagão do trem.
Me levantei. Fui até a porta do vagão e olhei pra ela. Ela olhava pra mim. Meu coração acelerou, ela olhava pra mim. Mas minha estação chegou e eu sai do vagão.
A porta se fechou e o trem partiu. E as milhares de possibilidades se fecharam ali também. Devia ter chamado ela pra tomar um café ou uma cerveja. Devia ter pego o número dela. Devia ter ido até a próxima estação e depois voltado. Devia ter perguntado o nome dela, meu Deus o nome dela! Fiquei parado ali na estação que tinha cheiro de nova.
Conto as horas pra te ver voltar Saio, ensaio minha vida em você Deixo o vento arder no peito E me queimar pra acender
Caminhei aquela noite gostosa ensaiando minha vida em você. Aquela estranha do delineado azul e rosa. O vento ardia no peito pela aquela pessoa que interagi por 4 estações, sim, de metrô, e não do ano. Talvez se eu tivesse mais consciente do momento presente.
Me deixei sentir isso e não olhar pra trás. brindei! todas as palavras não ditas, todas as cartas de amor meloso não enviadas, todos os estranhos que permaneceram estranhos, todas as danças não dançadas. tem vezes que é gostoso de imaginar o que teria acontecido. Fantasiar as possibilidades. se deixar sonhar — e quando chegar a hora, deixar o sonho e viver a realidade.
Mas ali naquele vagão, eu só sonhei. O delineado dela rosa e azul.
Esbarrei num sonho com você Encontrei um lance em você
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lpanziera · 3 years
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Hoje eu e meu pai fomos assistir a estréia da copinha em São José. Mas não deu certo. Não entramos. À caminho do estádio, nós paramos pra tomar uma cerveja e comer um lanche, não imaginávamos o tamanho da fila que a torcida da corinthians fazia. Entre copos de cerveja lembrávamos das vezes que ele me levou pro estádio quando criança. A primeira vez no Pacaembu na última rodada do Brasileirão de 2004, me lembro de Tite recebendo flores, e o placar de 5x2 timão. Também das idas aos jogos do São José, do técnico Marinho, e ele me contava histórias de quando era jovem e ia ao estádio quando o time ainda jogava na primeira divisão junto com o Silvio e o Homero, que morava perto do Martins. No carro procuramos a antiga rádio AM 1120 que costumava transmitir os jogos, mas não encontramos. Meu pai passava por entre as estações e lamentava “Acho que a rádio AM está acabando” e então encontramos a única estação que funcionava, a rádio Piratininga 750 AM. 
Não tem nada igual a ouvir um jogo de futebol na rádio, no jogo que você está indo. É uma emoção e uma nostalgia que tomou conta de mim. 
Que saudade eu estava de ir em estádio! E o Martins Pereira me traz tantas memórias!
Me lembro de estar na fila do antigo portão principal, em meio aos cambistas e vendedores de camiseta falando alto e tentando vender. O cheiro e a fumaça do churrasquinho de gato, o som da torcida que cantava do lado de dentro, e a emoção da rádio Bandeirantes 1120 AM narrando o jogo. Assim que passava pelo portão, a revista da PM, uma vez que estava liberado, subia com anseio as escadas, coração batendo forte, pulando os degraus, o mural da águia do vale à esquerda, chegava até o ponto mais alto das escadas, corria pra mureta e a vista mais desejada do dia, o campo verde do Martins Pereira, os refletores altos ligados, a torcida cantando, eu garoto, vivia por aquilo.
Meu pai e eu íamos até as cadeiras, no centro do gramado, atrás do banco, a melhor vista do campo. Logo abaixo das cabines de rádio e de TV, o microfone da rádio ficava pendurada bem em cima da minha cabeça. Quase que podia agarrá-lo. Comia amendoim, jogava as cascas debaixo da cadeira, me imaginava pulando o fosso do estádio mas queria mesmo era estar na organizada, na arquibancada era meu sonho de criança. Mas ainda das cadeiras sentia a emoção do jogo, meu pai ouvia o rádio enquanto a bola rolava, fazia comentários pontuais. Os senhores que frequentavam a numerada xingavam o juiz e interagiam com o técnico a poucos metros do banco. Quando saía gol era aquela felicidade, os segundos de intensa alegria que gritávamos e nos abraçávamos, com os desconhecidos e entre nós mesmos. Eu queria ver uma câmera da nossa reação a cada gol, porque não me recordo o que fazia, ou como reagíamos, era tanta alegria! Logo estávamos cantando com todas as forças “É São José!” E assim que acabava o jogo, o estádio ia se esvaziando e voltávamos pro carro comentando os lances, ouvindo as entrevistas na rádio até chegar em casa ou comer um lanche.
Hoje infelizmente era jogo do corinthians depois do São José, que é incrível porque são meu time de coração e o time da minha cidade jogando no mesmo lugar. Mas a organização não esperava tanta gente assim, e ficamos travados na fila quilométrica que se formava do lado de fora. De qualquer jeito, QUE SAUDADE QUE EU ESTAVA DO FUTEBOL! Das pessoas se cumprimentando na rua, cantando juntas, a alegria que é, e não tem tempo ruim. A expectativa de entrar no estádio, e ouvir do lado de fora o que acontece dentro. 
Muitas memórias afetivas. Muitas. E que vão ficar pra sempre comigo! Depois de anos voltei ao Martins, não entrei, mas já foi lindo poder revivê-las hoje. Durmo feliz, extasiado, e animado pra viver os próximos jogos. Vai São José e Vai Corinthians sempre!
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lpanziera · 3 years
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A vista dos vidros embaçados do carro dirigindo na rodovia molhada, os pontos de luz la fora me deixa a imaginar se estava em Brasília mesmo, poderia ser qualquer outra cidade do mundo. O clima ameno, a chuva caindo, o dia amanhecendo nublado, poderia estar de volta a minha antiga terra Estadunidense, consigo até sentir o cheiro do café e o cookie de posto de gasolina, e a rádio tocando as mesmas 10 músicas. O frio de Novembro, o cinza do fim do outono e início de inverno, algumas luzes de natal nas casa e shoppings e o exagerado bom humor dos atendentes de cafés e refeitórios. As largas highways, e conforto de ter tudo ali. Passei 4 anos odiando o Missouri, e hoje sinto tanta saudade que me aperta o peito. 
Estar lá é uma sensação própria, é um sentimento próprio, que não se nomeia nem se descreve, ele apenas é. Todas as sensações unidas. Os cafés, o outono com seus cheiros de outono, o frio que corta, as belezas das árvores, e dos mesmos comércios e esquinas que não mudam com as estações. É sentir o cheiro da biblioteca, e estar com o rosto quentinho e com a roupa fria ao entrar em qualquer prédio. É até correr nas ruas de St.Charles e observar as casas e paisagem, enquanto ouço um episódio de “Cinema na Varanda” ou “Presidente da Semana.” É comer uma comida mexicana, ou um café americano. Encontrar amigos. Me preocupar com dinheiro e também não se preocupar com ele. 
Esses dias vi uma cena linda no parque de Águas Claras, enquanto corria a noite passei por uma mesa forrada com uma toalha xadrez vermelha, algumas velas, uma taça de vinho e comidinhas, um cooler ao lado e duas pessoas se entreolham apaixonadas. 
Estar no set de Manual do Herói é ao mesmo tempo um sonho que me lembra tanto meus dias de paixão na Lindenwood e também uma lembrança de porque eu decidi não seguir a carreira de cineasta. Eu amo e odeio ao mesmo tempo. Assim como o Brasil, que é fácil de amar e odiar, eu chamo o cinema de brasileiro, já faz parte de quem eu sou.
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lpanziera · 3 years
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Guias gastronômicos, blogs de viagem, vlogs, filmes. Procuram em cidades os segredos e lugares mágicos por serem tão únicos dali que não se podem achar em qualquer outro lugar. Uma vez que são encontrados por estes comunicadores eles passam a ser bem frequentados, as pessoas vão tirar fotos, comer o famoso prato que só tem ali, feito por tal pessoa ou que apareceu no filme tal. 
Eu nunca descobri um lugar assim antes de outra pessoa descobrir antes de mim. Até Junho de 2021. Descobri por acaso o Sorvete Natural de Pirenópolis. Uma portinha singela, com letreiro de sorveteria antiga, a bola é R$ 3,50, e tem uma variedade de sabor de invejar qualquer sorveteria. A primeira vez que fui me surpreendi ao experimentar os sorvetes de Pimenta de Cheiro, ou de Erva Cidreira, e o de Café crocante. Logo conheci o Cristovão, o atendente.  “Minha mãe é quem faz.” Ele disse. Eu logo me apaixonei pelo local. 
Desde então fui fielmente toda a semana tomar uma casquinha, cada vez que ia pedia um sabor diferente e levava um pessoa nova. Cada sabor uma nova surpresa, a casquinha era ela quem fazia também, e fui descobrindo de pouco a pouco mais da pessoa que estava por trás destes sorvetes. Descobri que ela era da minha cidade, que ela estava no mesmo lugar fazendo sorvetes há 36 anos em Pirenópolis. Perguntei para conhecidos da cidade se eles conheciam a sorveteria. Todos abriam o sorriso no rosto e contavam histórias de criança tomando aquele mesmo sorvete. 
Houve uma semana que o MasterChef mudou de dia, e passou na Quarta-feira ao invés de Terça, como de costume. Fui então no fim da tarde para a sorveteria para gente assistir o programa tomando um sorvete. E então, na calçada vazia estiquei minha cabeça pra dentro da loja e a vi, uma senhora fazendo crochê se levantou e veio me atender. “A senhora é quem faz estes sorvetes?” Ela respondeu que sim. E então a encontrei finalmente, fiquei tão feliz e conversamos por um bom tempo. A cada história que ela contava eu me apaixonava por tudo que ela falava. Que preciosidade encontrar este tesouro no centro de Pirenópolis. 
Dona Roseli aprendeu a fazer sorvete na sorveteria Canário em São José que fica lá em Santana. Nunca tinha ido. Desde que ela se mudou para Pirenópolis há 36 anos atrás ela começou a vender sorvetes. Alugou aquele pequeno salão que é a sorveteria dela hoje, e começou a fabricar e vender sorvete. Eram apenas 4 sabores de começo. O leiteiro trazia o leite fresco da fazenda, e vendia pra ela mais caro porque ela não era dali. E então ela começava a trocar as frutas do cerrado por sorvete. Mangaba, Pequi, Baru, Cajá Manga. E ela fazia sorvete assim. 
Ainda hoje ela faz o sorvete do leite da fazenda, ela conhece até que vaca ela pega o leite, porque ela quer saber que ela come e se dão algum hormônio para ela. Ela faz até a casquinha. E nunca deixou de ser generosa em compartilhar e ensinar suas receitas para outras pessoas que queriam. E mesmo com toda a competição ela permanece firma há 36 anos. Serviu sorvete para a Sandy e todo o elenco da novela “Estrela Guia” e serve o melhor sorvete da cidade pelo menor preço ainda. Me surpreende durante toda nossa conversa ouvindo suas histórias de vida tamanha coragem, generosidade e autenticidade. Dona Roseli marcou toda uma cidade fazendo sorvete, me marcou fazendo sorvete, eu nunca vou esquecer tamanha lição de tradição.
Hoje ela feliz conta que os pais trazem os filhos na sorveteria que eles iam quando namoravam. Dona Roseli podia nunca morrer pra Pirenópolis sempre sorrir com o seu sorvete. Que presente ela nos deu. 
Se você tiver em Piri não deixe de ir. Este tesouro que eu tive o presente de descobrir permanece no secreto. Nos fins de semana ainda tem fila, mas ela fica lá nas quartas-feiras à tarde. Não deixe de ir. Sorvete Naturais. Na rua Nova. No centro. 
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lpanziera · 3 years
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Vi “Mulheres do Século 20″ de novo. 
Corri 10km no parque. 
Comprei 3 caixas de chá de maçã.
Lavei panelas na cozinha do almoço da base pelo terceiro dia consecutivo.
Queria estar escrevendo isso no meu caderno laranja com a capa escrita “Eu, caçador de mim” mas esse caderno deve estar em outro lugar que não é minha casa agora. E na minha casa só tem meu computador e chá. Esquentei a água e coloquei dois sachês na caneca de uma vez. Um de cidreira e outro de camomila. Acho que eu nunca fiz isso antes. Enquanto escrevia isso parei pra tomar um gole do chá ainda quente, e a sensação é que nem quando se toma café forte passado com canela. Tem dois sabores ali, mas tá bem forte. Só que é chá, e tá bem gostoso.
Uma professora falou pra turma esses dias e eu concordo. A diferença do chá pro café é que um é pra por as coisas pra fora, e o outro é pra por as coisas pra dentro. O chá é pra dentro né. 23h28 de sexta-feira depois de um dia, e de semanas repletas de experiências para processar.
Eu acho que é a primeira vez na minha vida que eu tenho consciência da minha saúde mental, física, espiritual, social e emocional. Apesar de tudo que acontece todo dia, e eu estou bem em tudo. É bem estranho. Por melhor que sejam os dias eu nunca me senti assim. Nem nos meus melhores momentos. 2021 é um momento muito estranho pra isso acontecer, e eu estou muito feliz por finalmente experimentar tamanha paz. 
E eu ainda entro no instagram né, por que eu faço isso neste momento em que eu não queria estar em nenhum outro lugar?
Meu Deus, meu Deus. Já te falei que comprei 3 caixas de chá de maçã hoje? Como o senhor acha que eu tô? O senhor acha que eu to tão bem assim? Pois eu acho que sim, e eu acho que você acha que eu posso ficar ainda melhor. 
E eu ainda entro no twitter, o que que tem de errado comigo? Por que eu vou entrar lá sendo que o Big Brother acabou, não vejo mais notícia e não dou mais rolê com meus amigos de lá?
Acho que tá tudo muito bom. Talvez eu precise ver como tão as coisas da maneira mais superficial possível. Meu Deus, meu Deus. Queria escutar mais o senhor, eu já ouvi algumas vezes, nunca audivelmente né, seria incrível. Walt Withman fala que o senhor espalhou cartinhas pra gente na rua toda. Como eu não tô mais saindo pra rua, o senhor poderia colocar elas pela casa ou no imã da geladeira?
Gente como eu amo Mulheres do Século 20. É uma confusão só os discursos do filme. Mas é lindo a execução, é lindo mesmo. 
Vários nadas por aqui, 11h44 acho que eu ouvi alguém falando no sono. Enfim descobri que não estou só na falação sonâmbula. 
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lpanziera · 4 years
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Acordei e fui passar um café. Como de costume, daquelas coisas que se faz sem pensar, só no automático da manhã. Fiz um cafézinho, cuscuz e ovo mexido. Servi a Miê com açúcar que não pode faltar e segui pro meu quarto pra comer, ler e tomar um café de manhã. Nos minutos que fiquei no quarto notei uma movimentação de portas no lado de fora, não me importei muito. Minha xícara acabou e fui buscar mais café. Cadê?
Cadê a bendita garrafa laranja de café? Não estava na cozinha, não estava na sala e eu que nem barata tonta não achava. Miê não estava mais na sala, imaginei que ela tenha pego a garrafa e levado pro quarto. Fazer o que né, vou sentar na sala e aguardar alguém sair pra perguntar da garrafa.
Quando Miê aparece pergunto “Cadê o café?” “Não sei” “Você não pegou a garrafa?” “Não” Só pode ter sido o Denis, respondi. O Denis pra quem não sabe, sofre abstinência de café quando não tem, as únicas vezes que eu vi ele sair de casa é pra comprar café, se não ele não sai. Entendi na hora, vou ter que aguardar.
Chega então o Pedro na sala, falei “O Denis pegou a garrafa de café e levou pro quarto” o Pedro com seu jeito pouco delicado e sutil abriu a porta do Denis procurou a garrafa e fechou a porta “Não tá lá não” Mas ué, pra onde foi esse café que eu acabei de passar? Não estava na cozinha, não estava na sala, não estava no quarto do Denis, será que eu levei pro meu quarto? 
Fui lá, rabo entre e as pernas igual cachorro quando faz merda e o dono descobre, olhei no quarto e nada, nem sinal do laranja da garrafa de café. Só pode ter sido o Saci que há meses prega peças na gente nesse apartamento. O Saci já arrebentou o gancho da minha rede, quebrou umas telas de celular, brincou com a nossa televisão e não deixava ela ligar quando a gente queria, e ligava quando todo mundo já tinha desistido de assistir TV,  e por fim quebrou nossa janela do 16o andar com seu redemoinho. E isso não é nem brincadeira, tem um Saci aqui com a gente, deve ser por causa do Tabaco e a urucubaca que a síndica e todos nossos vizinhos de terceira idade devem ter jogado nesse apartamento de jovens que eles insistem em chamar de república. O saci já é íntimo da gente, e fomos nós três procurar onde ele pode der deixado a garrafa, eu, Pedro e Miê atrás das pistas do Saci.
Mas gente, como que pode? O café estava aqui e eu não estava louco, talvez distraído no automático. A garrafa, encontramos, dentro do armário da cozinha junto com as xícaras e pratos. Mais uma peça do saci, ou do Leonardo distraído mesmo. Acho que nunca saberemos. O Denis acordou, e o Pedro perguntou do café “Levou pro seu quarto né” “Cara você abriu a porta, olhou em volta e só estendeu o braços” Acho que ele nem sabe, mas pelo menos quando ele saiu já tinha café na mesa.
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lpanziera · 4 years
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Último churrasco, 2020 pré-pandemia.
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lpanziera · 4 years
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Triste geração que pode tudo Quando tudo ficou tão banal Se afogou no raso, procurando Profundo no superficial
Trecho da música de Tim Bernardes. Doce surpresa de ouvir O Terno no aleatório, aleatoriamente neste domingo a noite. Suas palavras já ecoavam na minha mente antes mesmo de ouvi-las, e sinceramente acreditava estar errado de pensar de tal maneira, e talvez realmente esteja. Acordei sábado pela manhã com a estranha sensação de falta de intimidade com pessoas próximas. Acho que eu tenho uma certa ambição de estar cercado de pessoas cientes do presente, críticas do que é empurrado para nós como o certo a se fazer, seja na igreja seja no twitter.
Eu tive a sorte de cruzar com algumas pessoas ao longo da vida, e conversar com elas nos últimos dias. Gente que eu estudei no fundamental, na faculdade, encontrei no bar. Gente que não pensa da mesma forma como a média das pessoas da sua bolha. Eu acho que eu era mais assim no ensino médio, o que me destacava, mas também não concordo com quase nada do que pensava naquela época.
Obrigado a você. Que não pensa de certa forma só porque é o comum a se pensar, por mais que eu discorde por vezes aprecio demais sua individualidade, é uma brisa fresca num dia quente. E aposto, aposto mesmo, que muitas pessoas acreditam estar neste patamar de pensamento independente, mas não estão, incluindo eu mesmo.
Acho que nesses últimos dias o que eu mais admiro, o que me atrai e até deixa a pessoa mais bonita e fascinante é simplesmente vivenciar um momento cotidiano, refletir nele e no que outros pensadores e artistas talvez já disseram sobre ele, e desenvolver sua própria opinião. É lindo demais isso.
Obrigado pelas conversas desinteressadas, que duraram horas, na sala, no quarto, no bar, no café e no chat de Instagram. Que estimulam o pensamento, jogam novas idéias, filosofias, e práticas que preservam nossa personalidade e estimula a cada vez mais ser eu mesmo, se conhecer, conhecer o outro, o mundo, e a história, e Deus, e a cultura.
Encerro com este trecho de Lewis no livro dos Quatro Amores ao falar de amizade, deste mesmo tipo de amizade que provoca seu pensamento, que se apoia um no outro para juntos serem fortes, e separados serem gigantes. Que dádiva maior a vida tem pra dar? Como é bom viver. Meu desejo pra mim e para qualquer pessoa é que encontre este grupo de amigos, é precioso demais!
Às vezes ele questionará o que faz entre aqueles que são melhores que ele. Ele tem muita sorte de estar na companhia deles, especialmente quando todo o grupo se reúne, cada um contribuindo com o seu melhor, com o que tem de mais sábio ou mais divertido. Essas são as melhores reuniões: quando quatro ou cinco de nós vamos até o nosso refúgio depois de um dia de muito trabalho. Quando colocamos nossos chinelos, nossos pés esticados em direção ao fogo da lareira e nossos drinques ao alcance de nossas mãos quando o mundo inteiro, e algo além do mundo, se abre para nossas mentes à medida que falamos. E ninguém reivindica ou tem qualquer responsabilidade com o outro mas todos são pessoas livres e iguais, como se tivesses se encontrado há uma hora, ao mesmo tempo que uma Afeição enternecida pelos anos nos envolve. A vida - vida natural - não possui dádiva melhor que essa para dar. Quem poderia merecer isso?
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lpanziera · 4 years
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Acabei de fazer um texto delicioso de se escrever aqui, daqueles que as palavras apenas fluem e tudo é dito com clareza, conexão e sinceridade. Mas perdi sem querer. 
Fica aqui o registro resumido.
Ouça Realidade, Vida e Fé, o último álbum de Pense.
Um álbum que começa recitando Eduardo Galeano. 
A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos, e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
Puta álbum bom. 
Fica pra um próxima, outros pensamentos sobre as músicas, o quadrinho que eu to lendo, e minhas experiências com o passado e imaginação sobre futuro. O agora é tudo que existe, e agora tenho que ir trabalhar. 
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lpanziera · 4 years
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Eu costumo escrever um diário desde de 2012. 
Gostava de escrever minhas reflexões, orações, e anedotas. E foi sempre algo muito pessoal, a primeira pessoa que leu meu caderno foi o Adílio. Eu menino ainda, de cabelo raspado e sem pêlo na cara, ouvi o conselho da pessoa que me ensinou a lavar-roupa “Acho que você tem que escrever menos aí e falar mais o que você está sentindo.” 
Não deixei de escrevê-los, pelo contrário escrevia mais. Mas o conselho permaneceu, e eu comecei a praticar falar mais o que sentia. Ainda sou péssimo nisso, seis anos se passaram mas pelo menos alguns passos de formiguinha eu já dei, e ás vezes consigo falar na hora o que eu sinto. Mas é só ás vezes mesmo, eu to melhorando. 
Tem uma pilha de cadernos velhos e sem capa, amontoados no canto de um armário na casa dos meus pais. Estes são os meus diários antigos. Eu realmente acreditava que alguém ia publicá-los e eu seria famoso por eles, por vezes escrevia ao leitor do futuro, achando ser a própria Anne Frank escrevendo sobre meu dia na escola particular. Se eu falar que gosto de re-ler estes diários estaria mentindo. Fico pasmo da maneira que eu pensava, sinto raiva, juro, dá vontade de voltar no tempo e falar umas verdades pro meu eu de 8, 5, 2 anos atrás e o do mês passado também. Fico nervoso comigo mesmo, como que as pessoas gostavam de mim pensando assim? Eu as vezes reflito, e rio, e xingo, e bato no caderno com a ponta dos meus dedos, faço um “tsc” com a boca e penso “Que idiota!” 
Hoje eu realmente espero que ninguém leia eles. Eu acho que se alguém tinha que ficar famoso pelos cadernos é a Gi, minha irmã. Cada diário lindo que ela escreve, e desenha, e faz colagem, e poesia, é humilhante em comparação. Neste último ano eu tentei caprichar, pedi pra Gi me ajudar a fazer um caderno, e até fiz uma colagem na capa laranja com as palavras de Milton “Eu, caçador de mim.” E tinha páginas coloridas, uma página com meu CNH vencido colado, e outras colagens mais. Mas o que era pra ser um caderno cheio de vida, cheio de tempo junto durante a quarentena, só foi completo pela metade. 
É por isso que escrevi este pequeno texto, é apenas um lamento de um ano todo tão mal recordado em minhas páginas, sentimentos perdidos, e momentos passados. 2020 foi o ano que eu menos escrevi, desde 2012 foi o ano que menos tempo comigo eu passei, menos reflexão, menos consciência, e menos vontade de escrever, ler, tirar fotos e fazer vídeos. E mesmo quando tentava, simplesmente não conseguia ficar em silêncio por muito tempo, indaguei isso ao meu psicólogo algumas vezes.
Este fim de semana, o primeiro de 2021, refletindo nos belos detalhes da obra de Valter Hugo Mãe, e conversas produtivas com amigos, o sentimento voltou, ainda fraco, mas voltou. Não vou deixar morrer, não desta vez! Que 2021 seja um ano cheio de reflexões, de consciência, e de vida! Muitas páginas ao meu diário! Uma esperança nova a todos nós. 
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lpanziera · 4 years
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Eu sinto nostalgia de lugares que eu nunca estive, saudade de experiências que nunca vivi.
Tenho saudade de viver num mundo sem celular, apesar de ter experimentado uma amostra do que seria este mundo na minha infância, passou muito rápido. Saudades de um mundo pré-internet, que as pessoas sabiam que não sabiam de tudo, que todas as informações não estavam no google, que as viagens eram feitas com mapas enormes, dobráveis, que faziam a gente quebrar a cabeça para programar a rota mais rápida e parar o carro na rua pra perguntar pra moça na calçada ou pro frentista do posto como chegar no lugar. Pelo menos assim a gente não tinha que ouvir a mesma voz sem rosto nem sal do Waze falando “Vire a direita”. Não, era a pessoa chegando perto da janela se agachando, e olhando nos seus olhos falando usando os braços, esticando pra frente e virando a mão pros lados como se ela mesmo fosse o próprio carro.
“Segue toda vida na avenida, no quarto sinaleiro pega a direita, faz o balão, cê vai ver uma igreja bem na frente..”
Aí a gente só lembrava metade das instruções e tinha que parar pra perguntar de novo.
“Xii cê passou moço, pega o retorno, vira a primeira esquerda ...”
E lá recomeçava, o exercício mental pra lembrar de tudo e a coreografia da pessoa gesticulando com o corpo.
Eu não queria ser dessa pessoas que falam “Na minha época ..” Eu gosto de novidades, de avanços tecnológicos, avanços de educação, civilidade, enfim, mas lendo um artigo sobre os 10 anos do último jogo no Maracanã com a geral me deu saudade. Eu tenho essa memória viva da minha infância de ir em jogos com meu pai, seja no Martins Pereira, sentar no concreto, comer amendoim com casca e ouvir a narração no rádio, até idas ao Pacaembu e pagar 5 reais a meia do Tobogã pra ver o Corinthians jogar. Naquela época o ingresso mais caro era 50 reais, era da cadeira coberta, que a gente só foi uma vez quando eu entrei em campo com o time e encontrei dois jogadores machucados sentado perto de mim. Hoje o ingresso mais barato é 50 reais. 
O artigo falava disso, a geral e os geraldinos, um lugar pra todo mundo se encontrar, galera das comunidades e dos bairros nobres, gente de todo jeito. Não precisava ser sócio torcedor, não precisava ficar sentado, tinha que ter fosso e grade separando a arquibancada do campo, era sol na cara, o portão abria 10h da manhã pro jogo das 4h da tarde, a gente levava lanche de presunto e queijo, pegava chuva, abraçava os desconhecidos, e no final a gente ia embora ouvindo os comentários e entrevistas do jogo na rádio, parava pra comer outro lanche numa lanchonete com coca gelada e falava dos lances. No outro dia falava na escola que o jogo foi incrível, e corria pra ver o jornal do almoço pra ver os gols na TV e pensar que eu vi lá ao vivo. Tinha o poster dos jogadores pendurado no meu quarto e álbum de figurinhas. 
“Certa vez eu estava na arquibancada com um amigo, o jogo era Fluminense e Vasco, aí esse amigo falou ‘olha aí do seu lado, é o Gilberto Gil’, aí eu falei ‘e daí? E eu sou o Gilberto Durval”
O Maracanã reformou pra receber Copa do Mundo e Olimpíadas, o Martins Pereira reformou pra receber a seleção da Costa do Marfim nas Olimpíadas (E eles fizeram desfeita e nem vieram), o Corinthians construiu um estádio novo e moderno para abrir a Copa do Mundo e o não joga mais no Pacaembu. O Waze tá no celular de geral, e o google é a primeira página que se abre quando se quer saber alguma coisa ou consultar se o que a pessoa falou é verdade. 
Sim belchior, o novo sempre vem. Cadeiras numeradas, ingressos caros, voz programada mostra a direção, o novo é chato pra caralho. 
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lpanziera · 4 years
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CONPLEI 2012 em Chapada dos Guimarães, MT.
Eu estou agachado de branco, de pé atrás de mim estão Jane, Sidney, Edson e alguns dos Bakairi que pude rever em 2018. 
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lpanziera · 4 years
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Tem um sentimento que me acompanha há muito tempo. O sentimento de fazer o bem. Não vou nem começar pela infeliz desigualdade do nosso país, e a realidade injusta de milhares de pessoas. Queria era só recordar de um velho amigo e mentor. Sidney. 
Ele era bem próximo ao meu pai, e foi assim que eu me envolvi nas viagens e projetos dele. No dia que Sidney morreu, minha mãe conta que meu pai foi forte o dia inteiro, e não falou muito. Imagino que ele ligou pra Jane, e fez uma oração. Mas que quando ele deitou a cabeça no travesseiro pode chorar o que tinha de chorar. E muita gente chorou a sua morte. Seu funeral vi rostos familiares das viagens daqueles ônibus antigos que ele tinha, e gente do brasil todo. 
As viagens nos ônibus do Espaço Jovem impactaram tanto minha juventude. A primeira que fiz foi em 2012 para Chapada dos Guimarães, para o CONPLEI, um congresso de indígenas evangélicos. Eu tinha 16 anos, minha mãe falou pra eu levar uma blusa e eu sabe tudo respondi “Mãe, tô indo pro Mato Grosso, não pro Rio Grande do Sul.” 
Foi a noite mais fria da minha vida. O ônibus era desses velhos, e vinha vento gelado de vários furinhos nas paredes e no teto. No ônibus tinha vários universitários, estudantes de odontologia e medicina, o Sidney, a Jane, a doutora Maria Cecília que coordenava as ações dos estudantes, e seu amigo do Rio de Janeiro. Eu fui levado pra lá pra ajudar num projeto pioneiro chamado “Caixa indígena” que eram computadores antigos, doados, desses que ninguém quer mais, onde a gente colocava um programa educacional que ensinava português, matemática e outras matérias, além de jogos de diversão. O Computador podia ser levado para as aldeias remotas pois podia ser alimentado por energia solar. No caminho de várias horas, lembro do céu estrelado, de lanches com coca-cola nos postos de gasolina, o infinito das plantações que tomavam o horizonte. Não me recordo exatamente quantas horas foram, mas me lembro de sair de dia de São José, passar em São Paulo e pegar um bocado de gente, passar a noite no ônibus, e chegar na chapada só no outro dia de noite.
Minha primeira memória do lugar foi chegar num galpão, o lugar era escuro, no meio do mato e cada prédio era iluminado por essas luzes incandescentes solitárias, com um monte de inseto voando em volta. A gente estava exausto da viagem, descarregamos uns materiais em silêncio pois já era tarde. Alguns da equipe dormiram lá mesmo com os indígenas, em redes e barracas, eu fui com a maior parte da equipe numa pousada na cidade. No mesmo quarto ficava eu, um estudante de medicina de Montes Claros, e um rapaz do Rio de Janeiro que ia me ajudar nos computadores. Não me lembro dos seus nomes, me lembro que um dia chegou um casal de holandeses fazendo um mochilão no país, e não tinham lugar pra ficar, assim o rapaz dormiu com a gente, e a moça dormiu no quarto com umas meninas da equipe. 
Enfim, o congresso era o mundo novo pra mim, tinha muita gente diferente, indígenas que em sua maioria nem falavam português, todo dia a gente dava carona pra um rapaz cheio de tatuagem maori, ele tinha vindo da Nova Zelândia pra conferência e ficava numa pousada na cidade. As redes para todos os lados, danças, conversas, palestras, atendimentos médicos e odontológicos, eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, e uma tensão pairava entre os líderes. Não falavam abertamente, mas lembro de ouvir cochichos dos agentes da FUNAI vigiando de perto a conferência, só esperando um deslize para poderem fechar o lugar. 
Não conheço todas as regras e leis que envolvem populações nativas, não me preocupei assim na época, era tudo tão fascinante. No almoço lembro um dia um rapaz com uma cobra enorme no braço, falou que a encontrou na área, ali perto do refeitório, e perguntou se alguém queria tirar foto. Lógico que só os brancos queriam, ou sejam, só a gente, os indígenas deram pouca importância pra cobra. Agora o computador velho que a gente trazia fez sucesso. Me lembro do fascínio pelo mouse de um cacique, eu pude ensiná-lo a usar um computador, e me senti tão privilegiado por isso. Passei algumas boas horas tentando me desvincular a imagem ruim da história que nos persegue de trocas de homens brancos com indígenas, mas ali não era nenhuma troca ou tentativa de ganhar algo, o projeto era o mais sincero possível, porque o Sidney tinha o coração mais sincero e humilde. 
Sidney é de Fortaleza, veio para São José novo ainda para estudar no ITA, inteligentíssimo foi superintendente da ANAC, e já aposentado, escolheu usar sua casa e terreno com quadra, piscina, espaço de lazer e eventos para ONGs e Igrejas, tinha dois ônibus que usava apenas para levar pessoas que queriam ajudar para onde elas precisavam chegar. Fundou a ONG Espaço Jovem, cujo o lema era “servir a quem quer servir.” ou seja, ela dava todo o apoio possível de logística, financeiro, estrutural, a quem queria ajudar. Por isso sua morte foi tão sentida. Porque em vida ele tocou tantas pessoas, e sempre no papel secundário. 
Com o crescimento do projeto das caixas eu passei a ir mais a sua casa para trabalhar no projeto, ele tinha projeto para implementar os computadores em penitenciárias do Distrito Federal e também em Fortaleza. Viajava bastante para esses lugares para projetar o computador que seria levado lá. Ainda fizemos outras viagens, e pude levar o projeto com ele em São José mesmo, no Vale do Jequitinhonha e até pros ribeirinhos do Acre. 
Dois anos atrás eu participei de uma escola de audiovisual da JOCUM 360, fomos para uma aldeia na reserva indígena dos Bakairi, e pude encontrar uma das caixas na casa de um senhor da aldeia. Ele falou que algum bicho roeu o fio do computador, mas ele ainda funciona, só não funcionava o mouse. O Edson, um dos líderes da aldeia contava com alegria da fila que fazia das crianças para brincarem no computador. Ele contou que também estava no CONPLEI, e por incrível que seja, tiramos uma foto juntos em 2012. Lá estávamos, 6 anos depois na aldeia que recebeu umas das caixas que trabalhei, que o Sidney idealizou, no meio do Mato Grosso. Que surpresa, e quais as chances né? Fiquei feliz, contei pro meu pai, que mandou um audio no whats todo feliz pra Jane e pros seus filhos, foi uma alegria perceber que de certa forma, o legado do Sidney ainda ecoa nos remotos cantos do nosso país.
Enfim, hoje é aniversário dele. Deu saudades.
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lpanziera · 4 years
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A Pandemia mundial do COVID-19 nos lembra da viagem coletiva formada de pequenas histórias individuais que é a humanidade. A verdade é que por toda a história o ser humano vive sua história individual num contexto coletivo, e nesta época que vivemos, estamos cada qual vivendo sua individualidade de maneira coletiva, que é em quarentena, ou acompanhando as notícias, discutindo ideologias políticas na rede, e sabemos que todos estão ( ou pelo menos em sua grande maioria ) sendo impactados de uma maneira ou outra pela COVID-19. 
Enfim, eu apenas queria listar aqui algumas das coisas que eu amo, e que eu amo ainda mais nessa quarentena.
1. Pão do MD. Não existe pão melhor neste mundo que o pão desta padaria. Sério. É lindo, e crocante, e saboroso. Por um tempo achei que o pão de fermentação natural da Papaya pudesse competir, mas foi engano, não tem competição. É sem dúvida o melhor pão francês que eu comi na vida, e eu tenho tanta sorte que fica na cidade que eu moro. É um luxo que não consigo dizer da maioria das coisas nem pessoas.
2. Sabonete Phebo. É o melhor sabonete do mundo. A Isa sempre me pergunta o que eu faço pra que quando eu tomo banho a casa inteira de 3 andares sente o meu cheiro  de banho tomado. O PH quando morava ilegalmente no meu porão também dizia com tom de reclamação, mas daquelas que no fundo você sabe que ele gosta, do meu cheiro de phebo no banho. A minha vida era tão sem graça sem meu phebinho.
3. Manhãs lentas. Não são coisas, mas também não são pessoas, apesar de terem uma personalidade fortíssima, então vou incluir com asterisco. - 3. Manhãs lentas* -  Eu amo manhãs que são tudo e todos preguiçosos, inclusive o relógio. O Sol tem preguiça de levantar assim como eu. E fica aquela luz meio na horizontal até umas 10h da manhã que trás uma certa magia pro começo do dia, é uma luz que tem dias que fala com aquela voz mansa de radialista das 6h da manhã.  “Ei, bom dia, que dia para se passar um café quentinho e observar aquele vapor saindo da garrafa.” A luz da manhã é perfeita pra observar esse vaporzinho, assim como a luz do fim da tarde, devem ser irmãs. Enfim, amo essas manhãs. Dá pra enrolar na cama. Dá pra puxar uma cadeira no quintal e tomar um café e observar o dia raiando. 
4. Tardes lindas. O dia sempre se encerrar de maneira espetacular, e assim como de manhã, a luz do sol te convida pra puxar uma cadeira e observar o céu. Aqui em casa, sempre passa um grupo de pássaros em formação de V em vôos rasantes nos telhados. Faz até imaginar o porque batizaram os caças da esquadrilha de fumaça de tucanos. Esses shows aéreos acontecem com frequência por aqui. E pra mim a melhor parte é a mudança de cores no céu. O laranja, vai sendo substituído pelo roxo e o rosa, até ficar um azul escuro meio fosco que revela as primeiras estrelas do céu, a lua e algumas luzes de apartamento vindo dos altos prédios do Jd. Aquários, Colinas e Jd. das indústrias. 
5. Almoço. Estes eventos sempre foram importantes em casa, que é o momento do dia que todos comem juntos. E nesta quarentena quem cozinha é a isa e meu pai, e eu e minha mãe lavamos a louça ouvindo os podcasts mais gostosos. E normalmente a gente come na mesa dos fundos, fora de casa, e tomando um vinho ou uma cervejinha tranquilos.
Acho que tem bem mais. No momento é o que a mente permite se lembrar. Acho que há muito mais coisas que eu desgosto nesta quarentena do que eu gosto. 
Mas fica aqui o registro.
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lpanziera · 4 years
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Ano passado o cinema foi muito discutido em todo mundo, como de costume. Mas 2019 nos reservou uma surpresa pelos filmes em destaque de vários festivais renomados serem de diferentes lugares do mundo. Parece que alguns diretores de países longínquos se reuniram e combinaram um tema que seria tratado, seria isso ou realmente o planeta passa por uma crise global, a crise de existir e ser importante. Afinal, os filmes: Bacurau no Brasil, Parasita na Coréia, Honeyland da Macedônia, Coringa e Nós dos Estados Unidos venceram Cannes, Oscar, Bafta e Sundance. Existe algo a ser dito pelos cineastas mais talentosos da nossa era, traduzido em protestos contra a morte de George Floyd em Minneapolis, passeatas contra Bolsonaro na Av. Paulista, e posts de mídias sociais furiosos. EU EXISTO. EU TENHO VALOR. EU NÃO SOU MENOS QUE VOCÊ. E entenda que o “eu” aqui pode ser singular, mas que quando as vozes se somam ele se transforma numa voz coletiva. 
Eu não queria escrever sobre as injustiças de nossa época. Não queria, apesar de isso encher meu interior, a revolta e a tristeza se confrontam com a incapacidade de poder fazer alguma coisa contra um poder maior, que explora seres humanos por toda história. Eu queria escrever aqui porque hoje eu precisava escrever. Não sei sobre o que, mas precisava escrever. 
Meu pai é um homem cheio de ideais, e ele vive elas. Ele tem um coração simples, mas um coração confortável, e do raiar do dia ao escuro da noite ele vive o que ele prega. Algo que ele diz, e eu na minha vida cristã já ouvi muito, foi que encontramos vida na bíblia, na vida de Jesus. E é verdade mesmo, suas palavras atemporais ainda marcam profundamente o pensamento ocidental dois milênios depois de sua existência. Mas nestes dias de quarentena são nas palavras do colombiano Gabriel Garcia Márquez que tenho encontrado vida e forças para ver o dia e as pessoas numa outra perspectiva. 
Gabriel escreve as nuances não percebidas por mim, em pessoas comuns e lendo sua escrita, vale a famosa frase de Chesterton "A coisa mais extraordinária do mundo é um homem comum, uma mulher comum, e seus filhos comuns".
Eu acredito numa fé que dignifica o valor da vida humana, creio que se Deus criou o homem a sua imagem, apesar de ser infinitamente menor que o criador, ele deve refletir características suas. E Gabriel me faz ver isso. E eu queria praticar este olhar.
Quero praticar. Quando morei com o Massao por um semestre me aproximei muito dele. O conheci dois anos antes, ele morava no andar de cima do meu quarto de alojamento e não conseguimos nos relacionar tanto. Vivia o ápice do meu cristianismo norte-americano e ele o ápice de seu ateísmo. Meus primeiros encontros com ele têm gosto de Jaggermaster com RedBull. Aí está algo que você precisa saber sobre este homem. Ele é intenso, mas não permanece nos mesmos gostos por muito tempo, vive cada época intensamente e depois muda. Quando morávamos juntos no início sempre bebia whiskey, mas depois se rendeu a gin tônica. Uma seleção de 3 a 5 músicas o acompanha por período. Quando sai do banho animado, de calça preta e sem camisa, por vezes cantava alegremente “Oh where, oh where Will my lady be?” por outras ensaiava os passos e movimentos mais novos do funk brasileiro. Algumas noites ouvia os seus passos no quarto de porta fechada, praticava os passos sozinho por horas a noite e depois vinha me mostrar, eu me alinhava ao seu lado e tentava imitar-lo. O que mais me chamava atenção nele no entanto era as mulheres, Massao é o homem mais mulherengo que eu conheço, mas ele não era um babaca. Massao não se interessava só pra satisfazer uma vontade mesquinha por prazer, ele realmente estava a procura de alguém que seu coração se apaixonasse, saia com mil mulheres e as levava pra casa, e eu perguntava como foi com elas. Ele me dava a mais sincera descrição, e falava animado pelas coisas que ela estava interessada, e pelo que eles conversavam, me dizia se o sexo era bom ou ruim, e quando o coração da garota era bom, ele sofria porque ele não ia conseguir ficar com ela. As garotas em casa pela manhã eram sempre muito gentis, claramente tentavam impressionar o rapaz. Me lembro uma noite que duas garotas vieram, uma já era conhecida dele, e a amiga veio junto porque ela falou que podia ficar comigo. Ela me olhou de cima abaixo e virou pra amiga, “é ele então?” Eu dei risada, no fim da noite os dois foram pro quarto, eu olhei pra ela, e ela confiante que iria dormir comigo perguntou como iríamos fazer, eu olhei pro colchão encostado na parede e falei, “se quiser pode dormir na sala.” 
Havia tanta vida se movendo pela 413 Karen, fazíamos festas, e fumávamos lá. Cozinhávamos e nos divertíamos. Um dia eu ouvi ele chorando alto, muito alto. Abriu a porta do quarto, caminhou a passos largos para a sala, colocou o casaco e saiu de casa, passou uns bons 30 minutos fora de casa, ao voltar perguntei o que foi. Ele me disse ainda em lágrimas que viu o filme que eu indiquei mais cedo, Mudbound, tem tanta injustiça no mundo, falava chorando. Aí eu percebi um pouco mais do coração sincero dele. Sempre me lembro um dia na biblioteca, eu o vi estudando na mesa sozinho, dei um oi rapidamente e já ia saindo, ele disse então que me amava, “não sei se eu vou tá vivo amanhã, então saiba, eu te amo.” Eu de corpo virado já em direção ao corredor, voltei o abracei e falei “eu também te amo amigo.” 
Eu escrevi um pouco sobre ele porque ontem chorei de saudades. Apesar de ter amigos de longa data, ele foi o amigo mais intenso que eu tive. De viagem a Cuba, a dividir apartamento, casa, trabalho, e faculdade. Ele tem uma desenvoltura e um jeito cativante de falar com as pessoas que eu nunca vou ter, sentado a mesa ele facilmente é o centro das atenções, uma paixão pela vida. Fica empolgado com seus planos e quer saber mais, genuinamente, quer saber e comemorar suas conquistas. Eu dou risada, e comemoro por tê-lo encontrado. Usa anéis, e colar e quer que você use também, divide tudo o que tem sem restrições, e hoje ao efeito da leitura de Gabriel e às saudades de um companheiro distante, sinto falta e escrevo ao amigo que quer fazer de todas as noites, especial. 
Espero praticar esta ótica. E me surpreender com ela. Escrever mais, talvez aqui, talvez em meus cadernos, mas trazer um pouco do encanto da vida, tão sofrida e dura, das palavras à realidade.
“Há uma alegria avassaladora que crepita em cada canto do mundo. Eu sou minúsculo, mas estou aqui. Recebi sentidos, consciência, existência, e fui colocado em um palco tão lotado com a vastidão, tão abarrotado com a pequenez, que não consigo fazer nada além de rir, e, às vezes, rir e chorar. Viver faz a morte valer a pena." 
 N. D. Wilson
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lpanziera · 4 years
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Estamos de quarentena. Parou tudo, esportes, novelas, programas de auditório, o que nos resta é o Big Brother Brasil.
O nome é referência a 1984, de George Orwell, o Big Brother constantemente vigiava os cidadãos. Neste caso o terrível somos nós, a audiência. E o programa mostra mesmo o terrível em nós.
Eu tenho aprendido a me ver racista, machista, homofóbico dentre minhas características, meus preconceitos enraizados em mim. É doloroso ver isso em mim, é humilhante que as pessoas também vejam. É horrível ver o mau que eu causo, e também desanimador ver que faço parte de um sistema que condeno. Mas é bom que eu veja isso e seja exposto a esses comportamentos e pensamentos.
Os participantes do BBB estão confinados nesta casa, sem poder sair, ou ter contato com o mundo exterior, ou a internet, opiniões alheias, apenas com as mesmas pessoas selecionadas pelo programa que os põe a teste, em situações feitas especialmente para mostrar o melhor e o pior em cada um. As pessoas foram selecionadas para participar. Para um programa de televisão destinado a dar audiência, facilmente podemos concluir que a seleção não foi feita por acaso, que as personalidades de cada um foram pensadas para entrar e participar do programa. 
O programa tem roteiristas. Está nos créditos. 
O programa tem patrocinadores. 
O programa tem audiência, maior que nunca, e envolvimento.
Discutimos para eliminar participantes por atitudes na casa que foram machistas, ou racistas, ou mesquinhas e manipuladoras. 
Eu me atrevi a pensar em participar do programa, no início era uma idéia que achei divertida. Dos poucos episódios que vi, e comentários que li, sempre avaliei com um ar de superioridade. “Eu nunca falaria isso.” “olha que ridículo essa atitude” e etc. A verdade é que se eu participasse eu faria o mesmo, o Brasil veria os meus erros, e eu talvez nunca entenderia porque não tenho a opinião alheia. Eu seria massacrado. O sentimento é que o bbb é um reflexo da vida atual. Um comentário errado, uma visão que não está de acordo, uma opinião contrária e a intolerância em nome da tolerância se manifesta.
Por isso tantos debates quentes, discussões e julgamentos por um programa de TV. E eu não vejo Big Brother. 
A equipe do Babu postou isso hoje no twitter. Queria salvar de alguma forma. Refletir também. 
Não é FlaxFlu. Não é azuis contra vermelhos. Não é ficção. É vida real. São pessoas dentro de uma casa. Se vc tá enlouquecendo com duas semanas de quarentena, imagina quase 3 meses. Sem comida boa, sem internet, sem filmes e séries favoritas, sem melhores amigos. Imaginou? Não esquece que do outro lado da sua TV tem gente real! Menos, galera, bem menos. O ódio não é saudável, tá aí o mundo ensinando pra gente que é hora de rever tudo. É só um programa, é sobre quem sai e quem fica. Era pra ser entretenimento com provocações contemporâneas. Sim, precisamos dialogar sobre várias coisas que o BBB escancara. Se liga no papo. Não é esporro, é uma ideia. Julgue menos o outro, se divirta mais. Fala bem de quem vc gosta, não precisa detonar quem vc não gosta. Não é julgando o outro que vc sai bem na fita. Presta atenção, família. A forma como vocês estão reagindo ao “entretenimento” diz muito sobre quem é cada um e como vivemos em sociedade. Menos ódio, mais amor. E segue o baile! 
- Não esquece que do outro lado da sua TV tem gente real -  A forma como vocês estão reagindo ao “entretenimento” diz muito sobre quem é cada um e como vivemos em sociedade. - 
É então. Eu tenho muito que aprender mesmo. Tem gente real no meu dia a dia, no meu Facebook e no meu WhatsApp. Tem gente que erra e que aprende, tem gente que fala com paixão, tem gente que é enganada, e tem gente que tenta ensinar algo com boa índole mas é enganada e engana também. 
Tiago arrais tweetou esses dias.
raiva estimula raiva. ódio gera ódio. violência perpetua violência. apenas o amor, meus queridos, o amor que ouve, que é paciente, que perdoa, que vira o rosto, que serve, que corre o risco de ser interpretado como fraqueza, pode quebrar o ciclo da raiva, do ódio e da violência.
E então alguém perguntou nos comentários: 
Pastor, a gente até que tenta. Mas praticamente todo dia o presidente nos provoca a ira.
E ele responde:
ele também é pobre de espírito... carente da graça que nos conduziu até aqui. nossa raiva não cria a justiça de Deus.
É isso. Que eu aprenda a julgar menos, ter um olhar piedoso com o outro, humildade perante a vida. Que eu seja misericordioso comigo mesmo e com o próximo. Que eu aprenda esse amor. Que eu não tenha medo de corrigir alguém quando eu puder ver o está de errado, mas que eu corrija em amor, e humildade, e carinho para que o próximo será uma pessoa melhor, e não que eu tente punir o seu ato errôneo com humilhação ou para me auto-promover. 
Calma, com o mesmo olhar que eu olho para mim que eu olhe para o outro. 
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lpanziera · 5 years
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Eu queria escrever este post, não como forma de lição, não como uma tentativa de ensinar ninguém, até porque pouquissímas pessoas leem isso aqui, mas como forma de lembrança pra mim mesmo do que aconteceu hoje a noite, e que já aconteceu na minha vida em situações passadas. 
Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado. Tiago 4:17
Eu curso história na UNIVAP, é uma turma pequena, em torno de 27 alunos. Naturalmente a maioria da sala e professores possuem uma visão mais esquerdista politicamente, é natural pelo curso e pelo público universitário. Mas temos uma exceção na minha sala de aula, temos um liberal entre nós. E ele sempre comenta sua visão nas discussões, o que eu sinceramente amo, porque trás pontos de vista que ninguém pensou ou que ninguém quer ver. Mas a reação do alunos e de alguns professores é de desprezo quase, ridicularizam ele nas costas e não ouvem o que ele tem a dizer.
A aula de hoje é em conjunto com mais 3 turmas, de biologia, artes visuais e educação física. A professora foi separar grupos para um seminário em 3 semanas de textos diversos. Ela não é muito organizada, o que me irrita um pouco e me faz perder interesse numa matéria que podia ser ótima - Psicologia do Desenvolvimento. Ela podia ter escrito os temas e os textos na lousa e perguntado quem gostaria de abordar o que antes de formar os grupos. Mas ela simplesmente cortou pedacinhos de papel, com o nome do tema e o trecho do livro a ser lido. “Adolescência por Piaget, História, quem quer?” Eu logo levantei a mão pra pegar, eu quero dar aula pra ensino médio então foi natural pra mim. A galera a minha volta perguntou se podia fazer junto, e pronto grupo formado com o número máximo de pessoas. E assim em diante ela foi falando os temas e o pessoal foi pegando.
O Liberal sentado sozinho no fundo da sala ficou indignado com a desorganização da professora, queria saber todos os temas antes de escolher um grupo. Eu concordo com ele, mas não fiz grande caso disso. E o pessoal da minha turma por já ter uma birra com o rapaz foi perdendo a paciência com ele. “É só escolher um grupo” diziam. Ele se estressou, saiu da sala por alguns minutos e retornou. A professora perguntou pro pessoal da história se havia grupo com 6 pessoas, que era o máximo. Havia grupos com menos que poderiam acolher o Liberal, eu levantei a mão falei “Nós temos 6 pessoas” “Vocês podem acolher ele no grupo de vocês?” Silêncio no grupo, eu logo falei “Lógico professora.” Levantei e fui pegar o número dele pra por no grupo de WhatsApp. Voltei, me sentei com o pessoal do meu grupo que estavam putos. “Melhor não falar de política pra não se estressar”. Eu não disse nada. Quando falavam dele no intervalo eu fiquei quieto, quando ninguém se levantou pra colocar ele no grupo eu também fiquei sentado. Que merda Léo. Eu me irritei com a atitude do pessoal, por falarem tanto de inclusão mas não incluir alguém que pensa diferente. Por militarem tanto e esquecerem de ver o ser humano do lado por ter uma idéia diferente. Eu acho sensacional um liberal ter a coragem de fazer história na universidade, publica ou não, ele vai encontrar resistência. 
Mas eu fiquei mais nervoso comigo. Contei pra gi no caminho de volta pra casa, “Por que você não falou nada?” Eu devia, e eu não fiz. Não é a primeira vez que eu não ajo por espontaneidade pra defender alguém que eu ache justo. Penso tanto antes de agir, e me acomodo. Depois volto pra casa e fico remoendo. Por isso escrevo hoje como lembrança pra mim. Não é esse o tipo de pessoa que eu quero ser. Não quero repetir esse erro. 
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