luke-lieben
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Estilhaços
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Somente alguns de meus cacos juntados.
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luke-lieben · 3 years ago
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amar
Quando entrego, dou de mão inteira. Talvez não seja bem assim, entregar por inteiro. Me entrego tão inteiro que não sobra nada. Na realidade, até sobra. Sobra a mão vazia e o que ela carrega, um amontoado de “não foi suficiente”. E é só isso que eu carrego, por horas e horas a fio. Como é divino amar e servir! É servir, o amar cristão, por isso me anulo tanto por qualquer um, porque é a ele que eu sirvo também. Fui moldado assim, anulando toda a construção minha, sobrando só o outro e o moldar a ele, seja ele quem for, me torno quem ele é. Me esvazio tanto de mim, que ele cresce e aprisiona quem sou, por horas e horas a fio. Me perco aí, no outro, de mim.
- Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 3 years ago
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Existe uma constante no silêncio... uma constante perda. Cada silêncio carrega uma resposta, claramente audível, de morte. Por mais que eu braveje detalhadamente cada som de existência, sou perdido e morto. Calado! Apenas parece não existir o que se cala, permanece com aparência intocada e invisível, mesmo que tome toda a sala. Esse estado de espírito (porque o silêncio é um estado de espírito) carrega o infinito incompleto e expansível e, cinicamente, indolente. 
Senti hoje essa perda, o silêncio tirou de mim o que é anterior a mim, porque não me lembro de um dia ter existido em alguma voz. Tirou de mim o posterior também, não sinto a existência de uma possível futura vocalise de quando nascerei. Morro, aqui, sobre o tempo inepto, sem sequer ter existido. Já vim morto, calado morro!
- Lucas A. Lima
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luke-lieben · 4 years ago
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Não sei bem quando, mas me esqueci de mim. Não sei do que gosto ou como me apresento, a massa amorfa da minha visão é mistura das suas, mistura só. Como posso definir o que vem de mim, de mim mesmo, sendo que tudo que sei vem de fora, do outro, do mundo? Talvez eu seja só um conjunto que nunca soube quem é, um conjunto puxado e repuxado por tantos vetores que parou... na incerteza. E não, não acho isso bonito. Como é bonito correr (ou fugir, não sei ao certo) em direção a mim sem nem saber quem sou? O que eu estaria seguindo então, além de um ideal, uma fantasia ou uma utopia qualquer? Talvez “inteligência” seja apenas saber que ninguém sabe o que segue ou o que foge. Minha humanidade está apenas nesse impulso, instintivo e antigo dentro de mim, que vem sem o pensar quem sou, apenas sendo quem é... quem sou. Quem sou? Sou tudo e todos, mas todos nem são quem são, são apenas tudo e todos, por fim, todos somos tudo e todos. Não ser eu me reduz a nada.
Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 5 years ago
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Não se resolve, não com os pensamentos. A mil por hora eles vão de um lado ao outro de meu encéfalo. Corrijo-os, aprisiono-os e não permito que saiam as ideias formadas, elas põem em perigo meu próprio espírito e talvez minha alma. São tantos, desorganizados, reflexivos e paralisantes. Paro. Levanto-me, ponho a mão nas têmporas. Para onde estou andando? Volto e me sento. Estou aqui, vistas cansadas, tentando focar nas linhas. Fugiu. Voltem, ideias. Devo andar até onde as tive. Mão na têmpora. Sei de algo, resolvi tudo, mas fugiu. Me agacho e, ao levantar, minhas vistas se escurecem. [Ele passa em minha frente e vejo entorpecido os músculos de seu peito e abdômen flexionando, contraem e relaxam, relaxo, te desejo.] Onde estava? Ideias. Estão aqui, acomodadas, mas espreitando por um instante em que não esteja vigiando a porta que liga meu corpo ao mundo. Tento trazer o mundo ao meu corpo e seu beijo aos meus lábios, mas meus pensamentos, fortemente repelem seu toque macio e quente, minha felicidade vai junto, não com você, mas com minhas ideias e minhas portas, para uma profundidade. Fecho tudo. Abro as lágrimas, as do peito, porque os olhos se fecharam com o sono.
Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 5 years ago
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É o último dia do ano e percebo o quão estranho é. Não há nada de mais que indique a grandiosidade desse dia ou que mudanças são necessárias, nem mesmo que elas ocorrerão. A única coisa com a qual eu me deparo sou eu mesmo, solitário em mim. Falsamente satisfeito por um pseudo passado de vitórias, por estar um décimo acima da medianidade do mundo no qual me encontro e confiante que amanhã já não serei o mesmo. Então me olho no espelho e cochicho em meu próprio ouvido: Suas lutas ainda estão aí, dentro de você. Pareço ser pessimista, mas é apenas o olhar baseado no que eu vivi esse ano. Lutas estranhas e irritantes, as quais de certa forma não me privilegiaram com a oportunidade de lágrimas, apenas de incertezas e inconstâncias, que se tornaram um palpitar descompassado, mas crescente. 
Um coração descontrolado, é o que pareço ter. Começa a avolumar o seu ritmo e perder todo o tempo, vai da semibreve à semifusa em pequenas frações de segundos, se perde nessas cinco linhas e quatro espaços em momentos inoportunos e, infelizmente, frequentes. São lampejos, que me levam aos tremores de minha vida. Ao tremor de um toque de mãos, ao tremor de uma marca de caneta, ao tremor de uma nota no altar, ao tremor de sorriso na piscina, ao tremor de um cruzar de pernas, ao tremor de um toque de celular, ao tremor de um olhar enviesado. Tremo e esgueiro pela minha existência, escondendo a única coisa que posso perder no mundo: a oportunidade de ser eu.
Mas, o que há comigo? Ainda tento descobrir e chegar a alguma conclusão. Ser quem sou talvez seja difícil, por viver onde não posso ser. Serei, portanto, julgado por ser forte em suportar o fato de ter de ser outro ou por ser covarde o bastante para permitir que minha existência inexista? É um pouco difícil encontrar resposta para essa pergunta quando nem ao menos sei responder quem sou, talvez não tenha ousado “o” conhecer.
Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 5 years ago
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leia
Sinto que te feri quando, pela segunda vez, nasci. Saí de suas entranhas de uma forma brusca e sem deleios. Anunciei de forma seca minha condição humana e acho que uma depressão pós parto te assolou. Sei que não quis me matar, mas tentou, ou pareceu apenas ignorar qualquer choro de vida, até que minhas cordas vocais se dessensibilizaram e, miúdas, desistiram do grito, devem ter se recuperado, mas ainda nao sei, porque não ousei usá-las.
Calei-me no obscurantismo prostrante e cruel do cotidiano hostil de quem nasce. Renascido em outros meios, me clareava sob uma luz fantasmagórica e deformante. Tive meus brilhos repigmentados pelo vermelho sangue colorido e quente.
Regorgitei anos de palavras comidas e não denunciadas, ascendi-me numa ira que fugazmente perdurou, já que o cansaço iminente já demonstrava-se diante da repetição da lesão.
Herpético, vi-me, com nojo de uma condição natural e toda a população afetou-se enquanto apontava doentia e, friamente, negligente.
Dei de ombros, orei e menti, simultaneamente. Corri, joguei-me e caio ainda num abismo construído por você e por mim.
Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 7 years ago
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Foi na idade qui começa a fingí quieu calei. Era tricoteiro, eu, faladeiro e lavadeiro, mas murchei os beiço. Eles parece que caíram prum lado, desembrucharam num adeus constante qui dei pro aper’do peito, mas todo mundo sabe que quando o aper’do peito vai imbora... o calô vai tamém, isso que me desembruchô mês. Agora ozóio num tem mais brio, não, ês pára e oia pro nada e pensa em pecado... Pecado, quieu num quero mas quero tamém... Mas aí eu beijo mais uma pra esquecê de sê.. como posso dizê... sê... sê meu medo. Sorte quieu fui salvo de sê i só tenho o medo, ai eu posso pedi pra nosso Sinhô que me olha pra mudá essa história. É só mais uma noite, casdequê com o prazo tudo resolve ieu volto a dá tranco nas potranca quié o certo. Ai vô podê voltá a falá igual maritaca das muié quié o certo. Daí eu vô vivê o que tenho qui vivê quié o certo. Daí vou podê vê Jesus e minha No’ Sinhora qui vai se orgulhá do meu casamento quié o certo. E aí eu vô podê ter meus fi i meus neto do jeitin que a natureza pôs pra eu fazê quié o certo. Ai o certo dói... Quero o medo.
Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 7 years ago
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por andré dahmer
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luke-lieben · 7 years ago
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“O amor é bom para os que aguentam a sobrecarga psíquica.”
— Charles Bukowski. (via regou)
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luke-lieben · 7 years ago
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Quem não está confuso, não está bem informado!
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luke-lieben · 7 years ago
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luke-lieben · 7 years ago
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É difícil crer naquilo que foge à compreensão humana, que é eterno e renovante, enquanto não conseguimos nem mesmo mediar a infinitude. É difícil acreditar quando se percebe que nunca existirão provas concretas o suficiente para negar ou para afirmar, afirmaremos apenas a impossibilidade de afirmações. Resume-se nisso os nossos pacatos e correntes anos, em acreditar cegamente, vivendo diversos impasses dialéticos, vivendo de acordo com um sofisma persuasivo o suficiente, vivendo segundo um arrepio e consolo que não se explica ou então afirmando, a partir da impossibilidade da certeza, que nada podemos fazer em relação à inércia dessa dimensão incompreensível. O que é torturante é querer voltar-se para o que sempre foi enquanto o coração não se comporta mais da mesma forma.
Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 8 years ago
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luke-lieben · 8 years ago
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JUSTEZA
Fotografia: Jaguar Carvalho
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luke-lieben · 8 years ago
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luke-lieben · 8 years ago
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Nascera um dia, um homem perfeito... talvez. Dominava todas as faculdades, tinha aptidões em todas as artes, amava, era amado, o mundo o via como uma preciosa, rara e sensível pedra. Mas, nenhum imperfeito conhece a carga da perfeição. Ser adornado em um altar, ser ideologicamente imaculado, não ser reconhecido em erros, não se reconhecer por não errar.
Ele não sabe quem é, para onde vai, sua vida é totalmente dirigida pelo caráter leal àquele que é cobrado por si e por todos. Ele não é livre para fazer escolhas que lhe satisfazem, se essas lhe ferirem a conduta e a imagem. Ele não tem a paz de saber que pode ser ele mesmo. O “ele mesmo” é podre, é sujo, lhe fazem rolar algumas lágrimas, das quais ninguém pode saber, afinal, ele é forte, ele sorri, ninguém nunca o viu nem o verá triste.
Mas, e se descobrirem sua verdade? E se lhe pegarem fazendo algo que é ilícito? Por que o ilícito só cabe a ele? Por que tantos olhares? Por que tantos “porquês”? 
A vida as vezes não lhe permite escolhas, na verdade, escolhas são apenas tratados que já são pré estabelecidos, fantasiados de opção. Mas, para ser perfeito é necessário fazer as escolhas certas! O que são escolhas certas, se escolhas são apenas escolhas. Por que não é certo se é o que lhe faz feliz?
Esse homem descobriu a presença do “talvez” em sua realidade, aquele que falava que ele poderia não ser perfeito. Esse “talvez” lhe mostrava que sua imperfeição estava na fraqueza de seus fortes sorrisos, que com impiedade lhe destruía a felicidade. Na verdade, a felicidade era desconhecida pelo homem que vivia a mais perfeita mentira.
Lucas Ambrósio
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luke-lieben · 8 years ago
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Insistimos na dissimulação como o sentido da vida. Viramos então pequeninas lesminhas em armaduras gigantescas. Nos colocamos perante espelhos convexos, aqueles que nos deixam bem grandes, mas esquecemos que essa fugaz imagem é virtual. Conversamos alto pra chamar atenção, enquanto prezamos pela discrição de nossos sentimentos. Lutamos com os dedos em uma tela pela resistência da indiferença. Criticamos, opinamos, debatemos e citamos Nietzsche, enquanto vestimos a máscara hipócrita da aceitação das coisas como são, do mundo como é, e, principalmente, da coisa como ela está. Somos consumidos pela própria resistência a tudo o que nos faz humanos, mesmo que sejamos firmemente atacados por olhos brilhantes que pedem por mais momentos juntos (eles realmente não entendem a necessidade que temos de ler mais uma página, ou fazer um relatório). 
Mas nós entendemos de sociedade e sabemos muito bem como definir o céu ou o inferno para outrem, somos juízes e réus. Então andamos na linha, no padrão, escolhemos as cores, escolhemos as formas, escolhemos comportamentos, escolhemos o magnetismo, escolhemos o amor, escolhemos então os limites e a regência, escolhemos a superioridade, mas queremos mais.  Seguimos todos, na mesma direção. Planos. Ainda assim, queremos todos, seguir acima. Reversos. Criamos os aviões. Eles não levam ao alto as almas.
A vida, no entanto, faz disso tudo uma piada. E ela segue seu sentido. Cinco linha, três linha!
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