Tumgik
mimujamaisvu · 4 months
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Pensei que pudesse viver sem remédios. Me sentia disposta, minimamente satisfeita e otimista. Com o desmame percebi que não consigo mais viver sem, sinto todo o peso voltando com uma intensidade insuportável. Essa nova medicação não me deixa satisfeita, sinto náuseas, tontura e formigamento. Não me sinto mais focada, me sinto extremamente impulsiva. Queria muito saber o que tenho, mas temo que eu descubra que só sou incapaz. Tudo o que eu tinha para me orgulhar o tempo me tira, me sinto sem propósito, insuficiente.
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mimujamaisvu · 4 months
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Há dias em que o peso de viver é mais intenso do que o comum. Nesses dias, para os outros, existo. Para mim, sigo. O querer e a frustração são amigos constantes. A impulsividade e a agonia não partem. Simplesmente devo aceitar que não sou sortuda, simplesmente tenho que aceitar que as minhas limitações são de fato impeditivas. Independente do que eu faça, sinto essa agonia, esse desespero. Sei que sou diferente do comum, mas, infelizmente, não é um diferente bom. Minhas tentativas de superar as minhas falhas não são suficientes. Eu não sei mais o que pensar, o que fazer para mudar. O abismo entre o querer o ter está cada vez mais intransponível. Não sou feliz, capaz ou suficiente.
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mimujamaisvu · 7 months
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Fico fula da vida quando falam de tratamento para as doenças mentais como se fosse simplesmente curar uma indigestão. Para quem está do outro lado, é muito muito fácil dizer que só uma terapia e rede de apoio basta. Do nosso lado pode não haver condições para custear uma terapia e muito menos uma rede de apoio. Também podemos precisar de medicações para voltar a ter qualidade de vida e não uma sobrevida.
Eu reconheço os benefícios da terapia, maaaas simplesmente não funcionou para alguns assuntos. Tenho muito autoconhecimento, comecei a aceitar que tudo bem ser como sou, mas foi só isso. A depressão ainda continua, a ansiedade ainda me corrói.
Viver com algo crônico é entender o quanto prejudica a sua vida e aprender a lidar com isso para viver melhor. Tenho o privilégio de ter superado a escuridão profunda, mas sei que ainda a tenho aqui e tudo bem. Gosto de escrever o que sinto ou senti. Não é uma carta de adeus. É um alívio ao corpo e aos olhos. É um respiro fundo depois de um longo mergulho. É saber que tem alguém que me entende (eu). É aceitar que tenho crises e normalidades.
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mimujamaisvu · 7 months
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Posso gostar muito de você, mas o meu desespero diante da imprevisibilidade da interação não me permite estar ao seu lado
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mimujamaisvu · 7 months
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Ontem
Fiz silêncio
Pensei, senti, pensei
Quis ir pro mar
E fui
Molhei os pés, entrei. Boiei
Me afundei, afundei e quis ficar
E fiquei
Hoje
No conforto do mar eu decidi ficar
Me senti viva, senti o gelo
Tive que ir
Eu subi, subi, subi
Boiei
Senti o sol
Sequei. Evaporei
Mas ainda sinto você
Ainda quero ver o fundo do mar
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mimujamaisvu · 7 months
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Você me põe pra dormir
Só você me abraça
Mas você me sufoca. Ou não?
Dormir é assim?
Você invade os meus sonhos, agita o meu corpo
Sonhar é assim?
Você me acorda, prende fios em mim e me diz que a vida é assim
Será?
Eu acredito, você sempre esteve comigo, que mal faz?
Você me leva até a sua teia e me consola
Acho que não vivo mais sem você
Então, você puxa meus lábios, me diz que é assim
"Sorria, ninguém pode saber que estou aqui"
Controla minha boca, minha língua, minhas pernas, meu coração
"Só eu estive aqui por você, só eu sei o que é melhor pra você"
Eu assinto, eu aceito
Você me move (ou me para)
Você me mostra o que é importante: você
O que seria de mim sem você?
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mimujamaisvu · 7 months
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Estou aqui, mais uma vez nos encontramos
Como posso te odiar e sentir saudades?
Você é tudo que eu tenho, só você me abraça
Mas eu fugi, eu fujo
Eu te suprimo, eu te cego
Eu me anestesio e sorrio sem querer
Descobri que sorrisos encantam
Mas eu queria só chorar
Mesmo sem ver, você sempre me encontra
Me despedaça, joga fora e me preenche
Você me aperta, me sufoca, se expande
Como posso viver sem você?
Branco, roxo, amarelo
Eu te expulso
Branco, roxo, amarelo
Você me encontra
Branco, roxo, amarelo
Desculpa, não me deixe
Hoje entendi que não vivo sem você
Se assim não fosse, o que seria de mim?
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mimujamaisvu · 7 months
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Unha na pele
A tentativa de se ser
O desejo de sair, de sentir
Distração
Dor
Sofrimento
Conforto
Em vermelho
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mimujamaisvu · 7 months
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Queria que soubessem
Mas estou cansada para falar
Cansada de tentar explicar
Cansada de gritar e não ser ouvida
Cansada de existir
Nem se eu desenhasse me entenderiam
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mimujamaisvu · 7 months
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Eu só sei falar de dor
Só sei escrever a dor
Cansa pensar
Cansa sentir
Cansa escrever
Cansa ser
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mimujamaisvu · 7 months
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Eu queria gritar
Sumir
Não existir
Nunca ter existido
Por que tenho que sentir isso?
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mimujamaisvu · 7 months
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Eu queria gostar de você, mas como? Eu nem gosto de mim.
Por que o brilho que vejo nos seus olhos me assusta?
Por que seu toque não me conforta?
Por que me sinto culpada por não te querer?
Por que sinto vergonha de mim?
Por que finjo não me afetar com a solidão?
Por que eu sempre deixo alguém ir?
Por que eu existo?
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mimujamaisvu · 7 months
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Como é gostar de ter alguém do lado?
Como é gostar de ser tocada?
Como é tocar?
Como é não odiar estar com pessoas? Não se sente desconfortável?
Como é ser normal?
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mimujamaisvu · 7 months
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Queria ser vista, ser lida, ouvida.
Queria ser normal, sorrir.
Queria não sentir culpa a cada palavra.
Queria não causar dor a ninguém, queria saber amar quem me ama.
Queria não existir, mas não consigo me levar.
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mimujamaisvu · 7 months
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Dor
Sinto dor há tanto tempo que nem mesmo sinto a sua chegada.
Sempre que me esforço além do normal (pra mim), sempre que interajo com pessoas, a cabeça dói, o corpo pesa, eu durmo (ou tento).
Pensar me causar dor, ver me causa dor, deitar me causa dor e levantar também.
Ninguém entende que eu sempre estou cansada, sem exageros.
Ninguém nunca me alcançou nesse mar profundo, nem mesmo a medicação.
Hoje me sinto no meio do mar, só que um pouco mais pra baixo.
Estou tão cansada. Não queria ver essas pessoas.
Remédio nenhum vai me impedir de desejar nunca ter existido.
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mimujamaisvu · 7 months
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Uma parte de mim
Faz 1 ano e dois meses que transito pelo mundo dos controlados. Foi a minha última tentativa, o meu grito final de socorro. Há mais de uma década sinto que só sigo a vida, sem sonhos, sem perspectiva de tempos melhores. Nesse tempo tive bons e maus momentos. Despedidas de quem não viveria sem, alegrias que não queria que tivessem fim.
Em meio a tanto choro, desconfianças e falta de afeto, sobrevivi. Terminei o ensino fundamental (chorando desesperadamente, sonhando desesperadamente por um novo lugar onde eu seria eu). Mais leve (fisicamente) e mais triste.
Consegui voar para muito longe sem saber que me perderia. Sofri (muito). Sofri. Sofri. Sofri. Ainda mais leve, mais calva e mais triste. Sofri por mim, por minha família, por existir. Eu queria ir, mas queria ficar por alguém. Esse alguém, mesmo sem saber, me salvou. Eu fiquei por você e só penso em você nos piores momentos. Que tipo de irmã eu seria se te deixasse tão pequeno?
Aprendi a esconder a dor com a raiva, grosseria, a apatia, o isolamento. Quis me afogar no meu mar tantas vezes...
Perdi tanto de mim, tanto da vida.
Voei, com muito mais peso me forçando pro mar, para outro lugar. "Sempre progredindo! Você é brilhante!". Eu, que descobri que o problema não era o lugar e sim a pessoa (eu), encontrei quem ("quens") pensei em levar para a vida toda.
Como fui tola. Para onde foram essas pessoas? Quem me amparou nos meus momentos difíceis? "Eu também sofro." "Complicado". "Todo mundo tem problemas." "Você é nova, não sabe da vida."
Enquanto isso, perdi uma parte de mim. Esta parte era tão linda, tão brilhante. Essa parte sonhava e ainda queria existir neste mundo. E eu? Me perdi ao longo de quatro anos, sem contar os anos no lugar anterior. Estar ali foi muito bom e muito ruim. As vezes sinto saudades, mas só dos momentos bons. Sem esta etapa, hoje, eu não seria eu.
Em meio a tudo isso, penso sempre em quem eu seria seguindo outro caminho. Menos infeliz? Dificilmente. A tristeza faz parte de mim.
Nesses anos também vi alguém, que sempre achei grandioso, definhar. Não aceitou ajuda e se fez sofrer. A vida também o fez sofrer (de novo). Ele mudou e me levou junto. Sofri. Adoeci. Adoecemos em grupo.
Pulamos em um abismo (e ainda estamos caindo).
Nesse meio tempo, uma nova etapa começou.
Comecei uma faculdade, que nem de longe me foi tão dolorosa quanto a etapa anterior. Comecei uma faculdade por conveniência. O que são sonhos? Aprendi muito cedo que sonhos são apenas sonhos. Sonhos não são reais.
A vida adulta também me cobrou seu preço. Eu me pressionava a trabalhar, sofria por me sentir inútil, uma despesa. De novo os sintomas apareciam. Manchas, ausência de apetite, apatia.
Consegui um estágio, depois de recusas e tapas da realidade. Problema concluído! Piada! Não era tão boa quanto pensava.
Eu, sem beleza, sem recursos, sem carisma, sem contatos, sem forças e com o sufocamento não identificado de brinde. Eu, que busquei em pessoas algo desconhecido (felicidade?). Buscava a fuga da realidade, distrações. Ninguém nunca conseguiu me alcançar de verdade. Eu, crescida com medo e inseguranças significativas, fugia ao me deparar com sentimentos. Como eu deveria agir?
Não me levem a mal, meus pais não são monstros, apenas cresceram sem direito a carinho, a beijos e abraços. Como dar o que nunca recebemos?
No mundo adulto, mergulhei na minha ruína, mergulhei profundamente no mar mais profundo que construí. Quase me perdi e afundei eternamente nas águas mais profundas deste mar em construção.
Nesse estágio vi o pior de mim. Dias e dias com os pés no fundo. Sufocada. Sem sentidos. Desesperada. Queria me afogar. Ninguém sabe o quanto sofri. Como abrir meu coração? Como sobrevivi? Como ninguém viu? Estavam perdidos no próprio mar? Virei água sem impedimentos. Me afoguei. Perdi meu mundo.
Conheci pessoas tão mesquinhas, tão cruéis, insensíveis. Aprendi a ter medo de falar, medo de me movimentar, medo de olhar, medo de ser vista, medo de existir. Seria esse o mundo adulto? Se era, por que tinha que me fazer chorar até dormir e acordar chorando? Quem eu era? Quem me tornei? Me convenci que o mundo era assim.
Quando finalmente consegui sair, recebi o desprezo. Alí eu vi que não era nada. Levei comigo a gratidão a uma pessoa e todas as minhas dores. Chorei, chorei muito. Me sentia livre de uma bigorna.
Para sair, mergulhei em loucuras, estava desesperada. Tinha tanto medo, tanto desespero. Levei tudo de ruim comigo e não consegui mais viver. Conheci pessoas boas, mas que não conseguiram me alcançar no mar. Fui esquecida.
Nunca me senti satisfeita. Sempre me sentia inquieta, em busca de algo desconhecido. Por que eu não tinha um meio feliz? Quis sair em busca de lugares melhores (o mundo é movido a dinheiro). Tentei, falhei. Me afundei. Tentei. Tentei. Tentei. Quando vi a solução, a perdi. Chorei, vi meu mundo ruir mais uma vez. Me senti enganada (eu que me enganei).
De repente, a minha solução retornou, quando eu já tinha aceitado a sua perda. Fui escolhida por falta de opção. Me senti mal, com vergonha, mas fui (que direito eu tinha de recusar?).
Encontrei pessoas, muitas. Não conseguia me encaixar, pertencer. "Tanto tempo e nunca ouvi sua voz" "Você não conversa" "Não fala" "Fala mais alto". Quis sumir, quis desistir, me senti indigna.
Comecei a ter desagrados, mas o medo e a falta de opções melhores me fez ficar. Que bom. Encontrei boas pessoas, bons momentos. Me aceitei como sou (pelo menos 10%). O período do meu ingresso nesse lugar quase coincide com o início da minha primeira terapia.
Na terapia me conheci, quis sair, quis sumir, quis deixar de ser. Pensei em situações que enterrei na areia, longe da visão. Algumas reapareceram e me fizeram me entender, entender o mundo. Me aceitar mais 10%. Mas acabou. De início, senti alívio. Depois me desesperei.
Afundava novamente.
Depois de um tempo iniciei minha nova terapia. Chorei, aprendi, mas odiava a terapia. Desisti. Não via mais solução. Estava mais forte, mais em paz, mas ainda no escuro.
Quis voltar muitas vezes. Não voltei. Pensar cansa, planejar cansa.
Como última alternativa, recorri aos medicamentos. Foi estar no céu e aceitar que viveria no inferno até o fim dos meus dias. Tenho medo de nunca me livrar deles, mas isso fica pra outro momento.
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mimujamaisvu · 7 months
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Cores
Pensei nas cores e preferi a ausência delas. A ausência é melhor pra mim. Não sinto nada. Estou vazia. Isso é bom. Eu me visto de cores e me sinto suja. Errada. Não está certo, não as quero. Me dizem que a vida é assim e que devo seguir. Eu sigo. Eu sinto dor. "Não é suficiente", me dizem. Sorrio. (por dentro, desisto, desabo, alago). Me sinto culpada. O cansaço surge. Eu não luto. Aceito. Sorrio. Sufoco a culpa. Sozinha desabo, me inundo, me lavo. Me sinto culpada, ainda me sinto imunda. Não há tempo. Não há tempo. Então, novamente, me deparo com as mesmas cores. Elas estão mais vibrantes? Sim. E fortes. Bonitas. Eu desejo, eu quero. Eu vou. Eu queimo. Me machuco. As cores machucam. As cores não me pertencem. Elas me dizem. Não posso alcançar. Tento me esvaziar. Inundo. Sorrio. Aceito. Aceito.“Não estou abatida” digo a mim mesma. (me sinto uma tola. Sou uma tola). Aceito que a beleza do mundo não é para mim. Quem eu pensava que era? Quem eu sou? Quem nasci pra ser? Dor. Dor. Ausência. Dor. Ausência. Endureço por fora, me armo com esquivas e ironias. Suprimo a raiva e a dor. Fuga. (não olhem os meus olhos). Fujo. Eu me armo. Endureço. Eles têm medo de mim. Fujo. Eu tenho medo de mim. Fujo. Por dentro, fervo. O ar me falta, me sinto fraca. Me agarro a solidez, aos fatos. Culpa. Por fora, estátua. Impenetrável. (ainda me sinto suja). Culpa. Por vezes, quero acreditar nas cores. Quero ser. Mas como? Estou cansada, preciso dormir. Lembro da ausência. Ela me esfria e me esquenta. Eu congelo, eu evaporo. Ela me preenche com o nada. Ausência de cores. Ausência. Silêncio (finjo que a dor se foi). Mas isso cansa. Eu durmo. A ausência abre espaço para a dor, para a culpa. Nos sonhos, as cores tentam me alcançar, elas são doces. Na realidade, a ausência me rouba, me puxa de volta, me dá razão. Me anestesia. A ausência me nina, me dá a sua força. Me alimenta. Eu choro. Acordo. Estou num looping. Repete. Repete. Repete. Eu choro. Amo todas as cores que me alcançaram. Eu choro. Endureço. A ausência traz a dor. Me sinto suja. Me armo. Odeio todas as cores.
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