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Se fosse possível, Mik`ael entraria em uma pequena sala branca localizada em algum lugar de um vácuo infinito. Talvez o silencio e a ausência do local fizessem com que a sensação de que cada um dos seus neurônios e células gliais fossem descolar lentamente fazendo seu cérebro explodir cabeça a dentro em um milhão de pedaços. Como ninguém, o infectologista entendia a necessidade da quarentena dos expostos na situação. Ele e sua equipe eram parte fundamental do plano de contingência, na realidade. Mas, as diferentes vozes, personalidades expansivas e silhuetas que agora transformavam seu andar um lugar superlotado o faziam querer sair de dentro da própria pele a pelo menos cada 30 minutos.

Sabia que para todos alocados naquele lugar, o dia também não seriam dos mais tranquilos, então, tentava manter o semblante neutralmente amigável e o tom pacífico pela tranquilidade de que ficaria tudo bem. Claro, por vezes, os pequenos tiques transpassavam, como o clicar sequencial em uma caneta ou o tintinar do indicador direito sobre a superfície de sua mesa, ou se você fosse atento o suficiente, o tremor sutil da pálpebra esquerda que havia se instalado há 24 horas.

Estava estressado.

O suspiro longo ao ouvir de longe se deu por isso. “Quero falar com seu superior” era a nova frase mais popular daquele andar. O bem organizado e silencioso andar da infectologia agora tinha seus pequenos momentos de palco.

— Esse seria eu. Olá. — O tom era educado, a cabeça pendeu para frente em cumprimento e as mãos que teriam extendido não fosse a distancia que estavam de um dispensador de álcool gel foram aos bolsos. — O acidente de dias atrás envolveu um caminhão com maquinas de radiografia, como acredito que a senhora esteja ciente. Consequentemente, não apenas as vitimas mas, tambem os profissionais que as atenderam foram contaminados. Contaminação externa ocorre em pele ou roupas, de onde pode cair ou ser retirada por atrito, contaminando outras pessoas e objetos. Podemos ter, a principio alguns sintomas agudos, ou permanecer assintomáticos inicialmente mesmo com danos em outros tecidos, então, mesmo que você não tenha tido exposição direta no acidente, em caso de contato com pessoas que tiveram, a quarentena foi indicada. Eu posso explicar com mais detalhes, se estiver interessada. O colega não está tentando atrapalhar seu trabalho, eu garanto. Está fazendo o seu. Seríamos bastante irresponsáveis, inclusive juridicamente falando, se diante do ocorrido não tivéssemos elaborado este plano de contingencia. Sendo completamente empático ao seu desconforto, entendo que as adaptações a quarentena podem ser complicadas mas, gostaria de pedir sua colaboração pelas próximas 72 horas.

starter call, open para trabalhadores do hospital — 9º andar, pós plot drop

— Como é?! — A mulher bem vestida de blusa social preta, calça de alfaiataria e scarpins piscou alguma vezes em direção ao enfermeiro - completamente paramentado contra contaminações - que a dava instruções para que ocupasse um dos quartos disponíveis para os profissionais que foram colocados em quarentena. O tom de voz da mulher demonstrava toda a expressão de completo horror e descrédito ao receber a notícia. Apesar de trabalhar no hospital, Cameron detestava passar mais do que quinze minutos fora do andar de administração - pelo menos ali não dava para perceber se tratar de um hospital, de fato.

— Meu querido, eu serei bem franca com você. — A advogada respirou fundo, apertando as têmporas antes de prosseguir em um tom que parecia sarcástico, apesar de estar falando sério. — Eu não irei ficar presa dentro desse andar. Eu não sou médica, eu não tenho absolutamente nada a ver com essa quarentena e, inclusive, eu estou movendo uma ação contra a empresa que cometeu o acidente e nos fez perder uma máquina de raio-x caríssima. Então, saia da minha frente, você está atrapalhando uma advogada a fazer seu trabalho.

O enfermeiro negou novamente sua saída, indicando um dos quartos destinados a pacientes do andar de infectologia. O rosto de Cameron se contorceu em irritação, o rabo de cavalo em seus fios escuros sacudindo conforme sua voz ia se alterando, e o dedo subia em riste.

— Eu exijo falar com seu superior! Anda! Chame alguém que seja capaz de me explicar que caralhos está acontecendo!

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A lembrança do quanto havia implorado a Esther para nunca mais falar sobre o assunto e a então necessidade de submete-la a uma pequena chantagem de momentos embaraçosos veio a mente, fazendo com que Mickey acabasse dando uma risada baixa. Claro, ele não tinha compostura sozinho para lidar com algo daquela maneira, necessitando da ajuda de Patrick para fazer a parte ativa do trabalho. No final das contas, seu papel foi comprar o mais novo com uma informação bombástica que ele queria sobre alguém do RH. Foi a risada a que se limitou, não fazia muito sentido transbordar sobre a residente todo o trafego da fofoca em familia. Ela pensar… alias, teria certeza de que cada um dos Weingartner tinha diversos parafusos a menos. — Sim, o Patrick. Ele trabalha na parte administrativa do hospital. Você já deve tê-ló visto por ai, considerando o quanto… Surpreendentemente ele gosta de passear pelos corredores, para alguem do administrativo. Subcelebridade… certo. — Mik`ael nunca havia entendido muito bem o efeito subcelebridade. Era alguém famoso mas, não o suficiente para ser relevante? Era alguém bastante conhecido mas, não em escala mundial? Certo, ele havia crescido como um velho millennial mas, o termo sempre lhe causou certo estranhamento. — Isso é bom, certo? Digo, não a parte em que ela finge que você não existe mas, que essa coisa do TikTok está dando um bom retorno. Se ela te deu uma frigideira eu devo supor que você gosta de… cozinhar? — Uma das sobrancelhas se reergueu em interesse genuíno. Mickey era uma pessoa funcional na cozinha, no que tangia o básico de alimentação mas, Dorothea, a mulher que trabalhava para ele fazia seu cardápio tao bem elaborado, que ele mal sentia vontade de ir as panelas. Exceto quando se tratava de confeitaria. Havia uma métrica fascinante por trás do que fazia um doce ser um espetáculo ou uma catástrofe. Mas, por não ter a resiliência necessária as adaptações feitas de uma cozinha “afetiva”, se via louco vezes o suficiente para não arriscar a criar o hobby. — eu conheço. — conhecia todos os residentes pelo nome. Ou ao menos a maioria. Na realidade porque o constrangimento de parecer que não dava importância o suficiente a alguém que veria mais de uma vez o deixava tão angustiado que ele fazia questão de lembrar. — ela parece… responsavel. O que honestamente, é bom. E, ela tinha uma boa indicação de lugares para estudar sobre doenças tropicais, o que honestamente, tenho pensado sobre. A doutora Vaughn deve estar subindo as paredes. — Conhecendo a mulher, acreditava que ela devia estar colocando todos os esforços humanamente e sobre humanamente possíveis. — Acho que todos por aqui estão. Você tem gostado da residencia… digo, apesar do caos ocasional?

“e, por algum milagre, a esther não saiu contando pra absolutamente todos que conhecemos. é o espírito natalino chegando atrasado nela, certamente.” resolveu levar a situação com uma pitada de humor; era o que restava, afinal, não conseguiria explicar o constrangimento de se deparar em um encontro com um atendente do hospital em que atuava como residente. não somente um atendente, na verdade, o chefe de um setor inteiro. conseguiria imaginar alguns comentários que surgiriam caso esse tópico virasse de conhecimento dos fofoqueiros de plantão, e fazia uma careta cada vez que surgia em sua mente um pensamento semelhante. fora uma situação tão repentina que sequer conseguiu desfrutar de sua companhia, mesmo apreciando a conversa que se desenrolava em momentos alheios à correria hospitalar. “vocês tem outro irmão, não?” perguntou, a curiosidade lhe vindo por alguma razão. não se recordava do nome do rapaz, mas estava quase certa de que também se encontrava trabalhando no hospital. “é… não diria uma jovem celebridade, mas candidata à alguma subcelebridade, sim.” teve de rir mais uma vez, sabendo que era um termo um pouco bobo. “a emily está fazendo gastronomia na uchicago, então, é praticamente isso o que ela posta, só de um jeito mais… metido a influencer. só que, de algum jeito, minha irmãzinha de vinte e um agora tem um número de seguidores grande e ganha coisas de marcas. esses tempos me mandou uma frigideira que ganhou de brinde.” ainda não a tinha usado, mas estava na cozinha do apartamento dividido com os amigos e pertencente à martina. “iolanda, não sei se vai conhecer de nome. mas, ela é fellow em neuropsiquiatria.” comentou. “bom saber que não sou a única, porque não é uma alergia tão simples. movimentado, mas nada perto de como deve estar em orto hoje. a doutora vaughn deve estar subindo pelas paredes.”

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Mickey não sabia dizer se ele havia sido serio demais ou desajustado demais pelos segundos passados até a resposta. E, a mente trabalhou por cada um deles revisitando a conversa. — Não, tudo bem. — Confirmou mais uma vez, seguindo a mulher. Os passos eram facilmente acompanhando, ainda que apressados. Na realidade, gostava de como Sarah parecia facilmente se encontrar em cada um dos corredores que levavam ate a UTI. Bem como, a prontidão com a qual parecia conseguir encontrar para ele os dados necessários. Claro, aquele era o setor onde ela trabalhava mas, a prontidão certamente significava que, no mínimo, Sarah fazia o seu trabalho bem feito. O que agradava o Weingartner. — Obrigado! — Os olhos vasculharam os prontuários com atenção, atentando ao raciocínio seguido nas condutas sequencias. — Eu acho… que um LCR valeria a pena. Eu vou conversar com o plantonista para fazer algumas sugestões. Você quer vir comigo? Tudo bem se estiver ocupada eu sei que o dia… Bem, está bastante complicado.

Sarah pareceu pensar por um momento mais, a mente trabalhando para que as coisas fossem para a razão mais do que para a emoção. Por fim, a enfermeira concordou com a cabeça. "Tudo bem, se não for mesmo te atrapalhar…" Murmurou, enquanto apertava o botão para CTI/UTI. O elevador não demorou para chegar ao destino, o que era até engraçado, considerando que era um hospital e o elevador era sempre concorrido. Sarah segurou o elevador para Mickey passar. "Por aqui." Indicou enquanto caminhava um pouco apressada para a pequena sala com as informações dos pacientes. Por sorte, Sarah tinha acesso às fichas tanto digitais quanto de papel, de modo que não precisou pedir a ajuda de mais nenhuma enfermeira, enfim, era a recompensa por ser tão ativa e querer ajudar todos. Park se sentou na mesa, em frente à um computador um pouco velho. Demorou alguns minutos para que conseguisse a ficha mais digital, e mais alguns minutos para a impressa, mas finalmente as entregou na mão do infectologista. "Aqui, Doutor. Tudo o que eu tenho dela. Posso também recolher o prontuário e anotações da enfermaria… Se sentir necessidade, é claro."

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— isso é bem complicado, se for pensar. claro, temos de nos adaptar a acidentes como o que ocorreu e as coisas ficam naturalmente mais complicadas. mas, não faz sentido um serviço do hospital praticamente colapsar com a saída de uma pessoa. — havia sido praticamente criado dentro de um hospital, como talvez fosse o caso de jacob, que também lhe parecia alguém preocupado com o bom funcionamento das coisas. — sendo muito sincero, ela sempre foi a mais amigável e descolado de nós. Got… I miss her! Eu colapsaria. Esses dias do Patrick decidiu passar o fim de semana no meu apartamento e eu juro que tive um colapso nervoso. — exceto pelo sangue que compartilhavam, Mickey e Pat eram pessoas completamente diferentes. O primeiro muito mais reservado e discreto, o segundo… um elegante filhote de pavão. — Sei… Foi levando para o elogio que eu praticamente aceitei uma cadeira de infectologia na universidade de Seattle e depois voltei a mim. Eu odiaria a licenciatura, onde eu estava com a cabeça? E eu vou. Primeiro porque, esse final de semana não tenho planos e sinto que preciso de uma bebida. Eu espero que ela consiga descobrir onde estão antes dos burocratas, caso contrário, ela definitivamente vai estar em problemas.

“já vi praticamente um surto coletivo acontecendo na radiologia quando a hoffman não tava e o jones que ficou cuidando de tudo, então… mas não me surpreende você ter mantido tudo bem e organizado, o contrário que faria isso.” se escutasse uma reclamação de mickey naquele sentido, estaria certo de que a pessoa estava em posse de uma informação completamente errada. confiaria de olhos fechados nele para cuidar de assuntos que fossem importantes. “e eu não levaria pro pessoal, os residentes odeiam todo mundo. a única que eles pareciam coletivamente amar era a martina, e provavelmente porque ela deixa irem pra casa dela. a não ser que você pretenda abrir vagas de colega de quarto, eu iria me acostumando com a realidade.” não eram todos os residentes que gostavam de jacob, e estava tão ciente quanto indiferente. contanto que fizessem seu trabalho bem, não se afetaria; poderia não ser o atendente mais delicado do hospital, todavia, se considerava bem distante de ser considerado carrasco. sabia valorizar quando alguém era competente. “é, provavelmente, mas, quer saber? só te insisto tanto porque sei que é o melhor, então, eu levaria pro lado do elogio se fosse você. e eu vou pagar a próxima no joe’s, pode cobrar.” era o mínimo que poderia fazer, visto que o arrastava para o tipo de coisa que mik’ael evitaria por conta. “quem deixou com eles foi o dinossauro do neumann, deu um erro no sistema e aí já surtou. mandou ficarem com os físicos porque não queria pedir pra resolverem e deu nisso. um estava no almoxarifado, o resto vou ter a resposta quando ela descobrir.”

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Era como abrir uma capsula do tempo. A silhueta em posição de repouso e o semblante cansado de Martina lhe traziam a nostálgica memória das diversas vezes em que se encontravam no repouso ou por vezes, corredores do Grey-Sloan em uma outra situação. Em parte, Mik`ael entendia como a mudança de ares se fazia necessária após uma brusca mudança. Mas, céus, como sentia falta de Martina no trabalho. Era como se de alguma forma, pelo tempo que se conheciam e a retaliação que ela tinha não apenas com ele mas, com sua familia, não precisasse de muito para ser compreendido. E, melhor que isso, sentia que sempre gastava menos energia perto da amiga porque nunca precisava se lembrar de ser menos… estranho. — Acho que eu e você continuamos tendo visões muito diferentes de um retiro espiritual e juro, se quiser fugir para um spa ou coisa do tipo, eu consigo me reprogramar com um mês. — Respondeu, enquanto o corpo adentrasse a porta aberta, fechando-se atrás de si. — Não quero ser essa pessoas de te dizer para voltar para um lugar que voce precisa de distancia mas, a ala inteira sente sua falta e eu digo isso com a propriedade de quem escuta as lamurias da Esther. E do meu avó, que quer encaminhar todos os velhos amigos para você. Eu acabei tendo de me virar sozinho hoje e juro, fiquei há dois micro lapsos de matar o Patrick. Ele me fez ir a sala dele para me contar que um dos plásticos está tendo um caso com a uma das supervisoras da fisioterapia. E agora eu tenho medo de citar nomes para alguém, perdi 30 minutos nisso e, não sei se eu deveria dar um toque, ficar em silêncio ou informar ao RH. Será que você poderia atropela-ló com a ambulância antes de voltar para a base? — Rolou os olhos enquanto uma risada baixa escapava. — Eu sinto sua falta, de verdade.

closed starter, @mweingartnermd — após acidente

"I'm not tired. I'm just... Exhausted."

Sentados sobre um dos sofás disponíveis na sala de descanso dos médicos, Martina se perguntava o que ainda estava fazendo no hospital, quando deveria ter ido para casa, quando a voz de Mik'ael chamou sua atenção, a tirando de seus pensamentos confusos e muito, muito mesmo, cansados. Uma risada baixa deixou os lábios da italiana, enquanto sacudia a cabeça tentando processar uma resposta mais concisa do que um murmurar.

— Eu já estou cansada e exausta... Acho que estou ficando velha para essa coisa de salvar vidas em meio ao perigo. Assim, eu sei que eu que escolhi tirar esse retiro espiritual fora do hospital, e eu até que gosto da adrenalina pulsando nas veias. Mas depois de um dia como hoje? Voltar a atender aqui parece tão mais tranquilo.

A médica suspirou pesadamente, a cabeça permanecendo apoiada no encosto do sofá quando a virou levemente em direção ao infectologista, o cutucado com a mão livre.

— Mas e você, Mikey? Está exausto somente pelo dia ou tem algo passando por essa sua mente brilhante? Sabe que pode me falar tudo né?

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— Definitivamente precisamos aprender a deixar isso para lá. Inclusive porque no final das contas, nem aconteceu nada de mais constrangedor. — Era um verdade. Nada demais havia acontecido além do constrangimento mútuo ao perceberem quem havia ido encontrar. No caso de Mickey, o que o mortificava boa parte das vezes que encontrava a Huang em alguma situação que não envolvia um paciente diretamente, como um esbarrão casual pelo hospital ou cruzar com ela em algum restaurante era o fato de que talvez, não fossem as condições profissionais que tornassem o “talvez” impossível, verdadeiramente tivesse se interessado romanticamente por Chloe. Oras, ela parecia empática e esforçada, certamente era inteligente e, como era claro para qualquer com visão, era um mulher muito bonita. — ela definitivamente tem maneiras diferentes de mostrar carinho. — mik`ael era o weingartner mais velho e curiosamente o com menos complicações de afeto. claro as vezes achava que tudo ia dar errado e tinha quase certeza que seria rejeitado antes mesmo de fazer o próximo movimento mas, quando comparado com patrick e esther, verbalizava e com muito mais facilidade a importância ou carinho que tinha por alguém. — Então sua irmã é uma jovem celebridade? Como funciona isso? — A pergunta feita enquanto caminhava rumo a cafeteria era legitima. Primeiro, não tinha TikTok mas, sabia que muitas pessoas faziam muito dinheiro com seguidores. Segundo, seu instagram devia totalizar no máximo, 500 amigos, a maioria de uma vida inteira e, sua ultima foto postada deveria ter sido num Hanukkah de 2017. — Quem é sua amiga de lá? Bem, se isso puder ser classificado como, acho que compartilhamos da mesma alergia. E, talvez realmente possa, eu costumo acordar com algum rash nessas ocasiões. Mas… e na cardíaca? Como vão as coisas?

“acontece.” uma risada fraca escapou dos lábios de chloe que, logo, acrescentou: “se não falasse, eu já estaria pensando de todo jeito, então evitamos os elefantes brancos assim.” ainda custava a entrar na cabeça de chloe como esther realmente acreditava que era uma boa ideia levá-los para um jantar. pelo o que a amiga tinha falado, estava pronta para muito, porém, não o irmão mais velho dela, e que calhava de ser um dos atendentes presentes do grey-sloan. certamente, esther desejava que caísse morta de vergonha antes de voltar para casa. “gosta de mim? acho mais que ela tem planos de me fazer ficar com tanta vergonha que não vou ter a coragem de mostrar o meu rosto aqui. ela tem jeitos meio estranhos de demonstrar carinho, então.” optou pela brincadeira, por não saber muito bem lidar em relação aos elogios indiretos vindos pelos comentários da amiga. então, começou a andar no caminho que os levava até a cafeteria. “e a minha irmã é mais legal no sentido descolada. tipo, o tiktok dela tem seguidores na casa dos seis dígitos. eela também fingiria que não sabe quem eu sou.” revirou os olhos e deixou uma risada escapar. assentiu com a cabeça, indicando que o escutava. “parece bem interessante… vou pedir pra minha amiga de lá contar depois como foi. mas, entendo. também não gosto de ser o centro das atenções. na verdade, tenho quase certeza de que posso caracterizar como uma alergia.”

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Sabia que poderia ser uma pessoa difícil. Hábitos e rotinas que por vezes, faziam sentido apenas cabeça a dentro. Perder-se em palavras e por vezes, mencionar informações que ele havia descoberto da maneira mais neurótica possível. E, a necessidade de que as coisas sejam conferidas mais de uma vez. Dessa forma, as vezes ele se policiava para tentar simplesmente “calar” a boca numa hora prudente. Poderia ter continuado os questionamentos, tinha outros mas, ele havia combinado, certo? — Combinado! — Um sorriso simpático acabou abrindo ao perceber que, apesar da inconveniência minutos antes, a cirurgiã não estava irritada. — Eu normalmente consigo fazer meus horários direito, apesar das adaptações que se fazem necessárias então, diria que estou com minhas necessidades fisiológicas mais reguladas do que a maioria de vocês. E, acabei comendo algo com Sutherland na cafeteria mais cedo. Eu espero que as coisas sejam um pouco mais tranquilas amanhã, detesto determinar um desvio de função. — Talvez Mickey fosse um dos poucos atendentes preocupado em ter sobrecarregado seus residentes, entendia a necessidade mas, preferia quando os tinha em atividades adequadas e bom gasto de tempo. Não, ele não era um “molenga” com seus subordinados, cobrava responsabilidade, disciplina e dedicação. Mas, estava longe de ser um dos carrasco ou de empurrar partes menos gostosas do trabalho gratuitamente para eles.

Sabia que a aspereza com que tratava Mik`ael era apenas um reflexo do segredo pesado que carregava em seu peito, somado ao cansaço físico que se mostrava cada vez mais incontrolável e consternador. Também reconhecia a injustiça que cometia com aquela postura, mas esta era uma percepção que apenas surgia quando já era tarde demais, quando seu reflexo agia com mais ligeireza que seu raciocínio lógico. Engolindo em seco o gosto amargo do arrependimento, a cirurgiã soprou um suspiro resignado. “Se passarmos por algum drive-thru pelo caminho, paramos por lá, então.” Seu tom era perceptivelmente mais ameno, um detalhe ao qual esperava que o rapaz se atentasse. Sem desperdiçar mais do tempo alheio, seguiu o convite para deixar a sala, a todo momento lançando olhares de remorso para o outro. “Mas, e você? Se alimentou bem hoje?” Perguntou, enquanto seguiam pelo corredor em direção à saída. Aquela era sua forma de retribuir o cuidado e a preocupação que recebia dele. “Se hidratou?” Não havia qualquer sinal de cinismo em suas palavras, apenas o genuíno interesse em ouvir sobre Mik`ael.

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Sabia eu o dia estava confuso e que, nem sempre era a pessoa mais didática da sala então não se incomodou com a pergunta, ainda que, se ele perguntava dos exames e seguimento do caso, parecia mais lógico se tratar do medico assistente mas, talvez Sarah ainda estivesse preocupada pensando que de alguma forma, ele acabaria por dedura-la. — Médico. Eu queria mais detalhes do seguimento do caso, na realidade. De quais hipóteses vem sendo levantadas, esse tipo de coisa. Podemos estar deixando passar algo com um tratamento pratico e objetivo e não apenas retardando mas, colocando a vida da paciente em risco. — Muitas vezes os pacientes da psiquiatria eram subjugados em suas condições clinicas, mesmo quando em lugares onde a atenção deveria estar redobrada, como uma UTI. Ao avaliar um paciente assim, Mickey sempre lembrava de uma antiga professora de psiquiatria que dizia que o estigma mata muito mais o paciente psiquiátrico do que qualquer outra condição e, diversas vezes ele havia atestado como aquilo poderia ser verdade. — Eu estou com algumas pendências a mais pelo acidade mas, como um não cirurgião ou plantonista da CTI, acho que meu dia está menos corrido do que o da maioria. Além do mais, acho que os plantonistas nesse momento estão reunindo seus esforços para estabilizar as novas admissões, vitimas do acidente, acho que isso deixa margem para a necessidade de alguém ter de se concentrar nos pacientes já internos, não? Vamos lá, você primeiro. — Disse, gesticulando com uma das mãos dando a vez da passagem a enfermeira.

"Você diz por parte da enfermaria ou médica, Doutor?" Sarah questionou, ainda perdida em pensamentos e preocupação. "Se for enfermaria, por enquanto estou sozinha. Com o acidente foram quase todos para a emergência. E sem problemas, doutor! Podemos ir juntos." Respondeu, já se colocando rapidamente para chamar o elevador, que não demorou à subir até o andar em que estavam. Sarah pegou o celular e mandou uma mensagem para uma das amigas, pedindo para separar a ficha e prontuário da paciente com urgência. "Mas não vai te atrapalhar um pouco? Não sei se o caos da emergência possa subir pra cá..." Questionou, colocando uma mão no sensor do elevador para segurar.

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— Por que tudo não estaria de pé? Bem, as coisas são bem organizadas na infectologia, é um trabalho construído diariamente, por mais que boa parte dos residentes odeiem e certamente xinguem umas três gerações minhas pelas costas. — Mik`ael era um bom atendente. Embora fosse neurótico com alguns detalhes e facilmente capaz de enlouquecer um residente ou interno menos paciente, ele era sempre educado, acordava com o máximo de antecedência possível os turnos e atividades extras, bem como as registrava. Fazia questão dos prontuários sempre bem descritos e organizados o que era uma benção para a equipe da burocracia mas, por vezes um pesadelo para quem passa com pressa. Ele não se incomodava em ter de rediscutir casos e, nunca deixava seus subordinados sentirem que faziam perguntas idiotas, mesmo quando faziam. Queria criar um ambiente de atendimento e aprendizado seguro para todos. Portanto, a coisa que ele realmente não tolerava era falta de compromisso e bagunça inapropriada. — para os donos, do ponto de vista financeiro faz sentido. Eles estão economizando em staff. Ah claro… No final das contas você quem está me fazendo um favor, hm? Jacob, nós definitivamente temos visões muito diferentes de um ambiente acolhedor. — Weingartner convivia com o grau de ansiedade social que, caso você passasse tempo demais o encarando enquanto comia, ele começaria a questionar se estava fazendo algo errado com seus movimentos. — Eu não pretendia defender, só estava constatando. Céus, certo! Isso definitivamente me enlouqueceria. Mas, por que diabos ela estava com 4 prontuários físicos para lá e para cá? Achei que o sistema para consulta digital já estivesse funcionando por todo hospital.

“caótico é meio gentil pra descrever, mas, é, sei. então, ficou você tocando o departamento por conta? e tá tudo de pé? não me surpreende ser você a chefia.” um tom bem-humorado era presente na voz de jacob, que, em certo ponto, admirava a capacidade de mickey de segurar as pontas tão bem e parecer quase gostar de fazer a parte mais burocrática que vinha junto com o cargo maior de qualquer departamento. “e nem do ponto de vista financeiro faz tanto sentido, qualquer pessoa com amor próprio e respeito pelo próprio tempo vai desistir de ir dali ou simplesmente desistir de esperar a comida e ir embora. deixa o pantry pra semana que vem.” não fazia a menor ideia de como seria o final de semana, então, estava adiantando para a próxima o compromisso a ser remarcado com o weingartner. revirou os olhos ao ouvir a risada do outro, tomando mais do energético e erguendo o dedo do meio com a mão livre. “vai à merda, weingartner. mas te faria um bem mesmo, e sabe como pode conseguir? é, isso mesmo, indo falar com um bando de residentes vidrados em você e sem piscar pra acertar onde você vai por a vírgula de cada frase.” retrucou, certo de que a palestra iria dar certo. então, começou a andar para irem à cafeteria. “e nem venha bancar advogado do diabo, essa menina deu um jeito de perder não um, não dois, mas três prontuários em menos de quatro horas. chegou uma hora que até considerei que tivesse batido a cabeça de manhã." era quase um recorde.

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— O dia foi caótico na emergência, como você sabe, então os residentes foram deslocados, o Sutton está de férias, logo…eu tive de passar a visita, fazer os pareceres e revisar algumas coisas sozinhos. Foi bom? Um pouco, sim. — No fundo, Mik`ael gostava de poder fazer as coisas no próprio ritmo, fosse perdendo tempo revisando uma coisa pela quinta vez ou colocando tudo na ordem que ele achava que seria melhor. Porém, sem outras pessoas ao redor para lhe obrigar a parecer mais funcional do que de fato era, acaba preso por mais horas que precisava. — Certamente um dia melhor do que o de vocês da cirurgia e o pessoal da UTI. Sim, é verdade. Eles ficam com mesas a mais e mantém a mesma escala, o que não faz o menor sentido a menos é claro, do ponto de vista financeiro. — Por mais que odiasse falar para plateias, na vida acadêmica e profissional isso se fazia necessário e, o infectologista conseguia se livrar menos vezes que o necessário, inclusive porque nunca conseguia dizer não a qualquer aula que os residentes lhe solicitassem. Ele ficava lisongeado pelo interesse até. — Eu ficaria o que? — A risada foi alta o suficiente para fazer o homem tapar a própria boca segundos após. — Nossa, uma coisa que eu queria ter de você era essa auto estima, de verdade. Ah, não se fazer pra mim, Suther, com ou sem energético você facilmente morderia alguém. Eu vi uma das suas residentes novas hoje e ela estava sendo consolada. Well… Okay, acho que vou preferir a companhia a uma deliciosa salada.

“burocracia numa hora dessas? eu já teria enfiado a cara na parede muito tempo atrás.” fez uma careta. detestava ter que lidar com papelada. “e, sim. ainda fico até umas oito, se não aparecer mais alguma coisa.” comentou, conseguindo apenas sonhar com a ideia de voltar para sua própria cama. “queria, mas prefiro o pantry mesmo. no bistrô demoram demais pra entregar a comida se você chega depois das sete. na próxima, que tal? se eu passar vinte minutos fora daqui hoje vai ser intervenção divina.” suspirou, passando a mão pela testa. “ótimo, porque não tô com muita vontade de retirar o sim.” conhecia mickey o suficiente para saber que exigia certo convencimento para que participasse da palestra, mas, jacob sempre gostava de pensar que conseguia dar um jeito e concordava com esse tipo de coisa antes de avisá-lo. “ué, eu sou um amigo ótimo e você ficaria completamente perdido sem mim aqui. o que mais precisa de motivo?” ergueu as sobrancelhas e sorriu em divertimento. então, abriu a latinha do energético e tomou um gole longo antes de responder. “e essa ‘porcaria’ é a única coisa me separando entre seguir humano e virar um zumbi. então, se não quiser que eu surte e saia mordendo as pessoas, me deixa em paz. o máximo que posso fazer é uma visita pra cafeteria, se topar esse banquete de verdade.”

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Mik`ael não fazia por mal. Na realidade, um roteiro básico de conversação normalmente se montava na sua cabeça para falar com os colegas que incluía saber se estavam precisando de ajuda e se haviam se alimentado, já que muitas vezes tinham que deixar passar batido as refeições, especialmente os residentes quando eram incubidos de atividades sequenciais. Quando parava pra pensar com mais calma, ficava perceptível o quanto poderia soar inconveniente ou intrusivo, embora naquele caso, não visse nada demais na pergunta. — Bom, se eu estou oferecendo é porque não me incomodaria. Mas, tudo certo. Não que eu esteja te dizendo o que fazer mas, talvez fosse bom comer algo alem de um bolinho, drive-thru ou não. Anyway… sim, pronto. Vamos? — Confirmou antes de lateralizar o corpo, lhe dando espaço para passar na frente. Diferente de boa parte do corpo clinico de Seattle, Mickey de fato fazia o que recomendava, salvo algumas situações como estresse e outras que só sua terapeuta ouviria sobre, ele definitivamente tentava ter uma rotina de exercícios e se alimentar bem - na medida do possível.

Eleanor não era presunçosa a ponto de acreditar que o rapaz acompanhava seus passos unicamente por interesse em sua vida. Por isso, rapidamente perdeu a curiosidade sobre os motivos que o levavam a memorizar seus horários. Gesticulando despreocupadamente com a mão, afastou a necessidade de explicações, concluindo que aquela parte da conversa não merecia mais sua atenção. "Tanto faz." Recusou com delicadeza, sem traços de rispidez, apenas deixando transparecer o cansaço e uma leve impaciência, deixando claro que não era nada dirigido pessoalmente a ele. Sua reação para a pergunta foi tombar a cabeça para o lado, incrédula por estar sendo cobrada por respostas a respeito de sua própria vida. "Eu comi um bolinho antes de vir pra cá. Satisfeito? Eu já disse que não quero incomodar." Dizia aquilo já sabendo que a visita ao drive-thru havia sido prontamente adicionada ao itinerário do colega. Podia muito bem mentir, mas sentia o estômago sinalizar a fome iminente que se aproximava. "Pronto para ir?"

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Nada nunca havia acontecido entre Chloe e Mik`ael. Nada relevante, ao menos. Um jantar as cegas tempos atrás que resultou em apenas uma refeição breve assim que descobriram trabalhar no mesmo local. Mas, de alguma forma ele sempre ficava constrangido com a lembrança e, ao mesmo tempo algumas vezes, parecia ser a primeira coisa que sua mente associava quando tinha de puxar assunto com ela. Simpatizava com Chloe, todavia. Talvez por ela ter parecido tão desconfortável quanto ele com a possibilidade de se envolver com um chefe em potencial. Talvez porque Esther sempre falava bem dela. Talvez porque Martina também sempre falava bem dela. Talvez por ela sempre parecer simpática e compreensiva. Talvez porque os signos se dessem bem? Certo, não acreditava de fato nessa teoria. Mas, o fato de Zoey, uma de suas residentes ter passado a manhã falando sobre sua compatibilidade astrológica com Katherine, uma outra colega, ele estivesse com o assunto na cabeça quando desviava pensar em nas próximas 24 horas tinha uma aula. — Nós nunca precisamos, eu não sei porquê faço isso. Me desculpe. — Admitiu em um sorriso lateral e sem dentes, um tanto sem jeito. — Você é bem legal. No caso, segundo a Esther. A minha irmã gosta bastante de você. Ela sempre fala de como você é paciente com os pacientes, o que é uma grande característica na nossa profissão. Então… Cafeteria? — Disse apontando com a cabeça na direção do local. — Honestamente? Eu não sou o maior fã de falar para plateias. É um assunto fácil sobre antibioticoprofilaxia para os internos e residentes novos da neurocirurgia. Coisa rápida. Mas, ter a atenção de diversas pessoas de uma vez só não é exatamente… O meu cenário dos sonhos.

o movimento não estava tão agitado naquela tarde e, considerando os minutos razoavelmente livres, a huang considerava seriamente a possibilidade de ir explorar a tal sala de descanso das enfermeiras que sarah havia comentado anteriormente. ou só pegar um café, o que costumava ser o seu plano b mais eficaz. em um dos corredores parou para conversar com uma de suas conhecidas, esther weingartner; porém, assim que o irmão desta veio, a mesma deu um jeito de sumir para outro canto. estava prestes a comentar sobre seus próprios irmãos, quando escutou as palavras finais dele e imediatamente seus olhos se arregalaram em constrangimento pela lembrança. ainda era um ponto que a levava a querer se enfiar em um buraco do chão. deixou que ele findasse a sua linha de pensamento antes de se pronunciar, assentindo ocasionalmente com a cabeça. “posso! sem problemas… também estava indo para a cafeteria. e de um jeito totalmente amigável e de colegas de trabalho. nem precisamos tocar no outro assunto.” suas bochechas iriam começar a doer, uma hora ou outra, pela tentativa de exibir um sorriso simpático. “e não precisa se preocupar… com isso. provavelmente a esther é quem deveria estar dando as explicações dela, irmãos mais novos se… passam muito. a minha é ardilosa, mas muito mais legal que eu.” e sete anos mais nova, apontou em sua mente. “mas, vamos falar da palestra! o que está te inquietando? sobre o quê é?”

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— Eu… — Weingartner se preparou para retrucar mas, acabou engasgando por alguns segundos. Será menos embaraçoso fingir que sim ou dizer que olhava repetidas vezes ao longo do dia o quadro de escalas para saber quem contatar caso precisasse e impedir que seus residentes acabassem fazendo hora desnecessariamente pelo hospital. — … Eu tenho uma memória boa, só isso. — Mickey sabia que já devia parecer estranho o suficiente sem que as pessoas prestassem atenção a cada um dos seus rituais. — Eu não dou lições de moral. Contudo, tenho uma pergunta, na realidade, duas. Você já comeu? Se não, quer que eu pare em algum drive thru?

Contrariada pela vigilância sobre os horários de seus plantões, tão evidente na exatidão dos minutos mencionados, a cirurgiã lançou ao rapaz um olhar de repreensão. "Está monitorando minha rotina agora?" Gostaria de acreditar que aquele era um comportamento guiado por boas intenções, mas se sentia incomodada por ser vigiada sem seu consentimento. Cansada demais para ter que lidar com a insistência dele, soltou um suspiro resignado enquanto alcançava seus pertences espalhados pelo espaços, recolhendo-os com a esperança de não estar deixando para trás nada de importante. "Eu só aceito ir com você, se me prometer que não vai me bombardear com questionamentos e lições de moral durante o caminho." Apresentou sua condição, ainda disposta a seguir seu trajeto sozinha.

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coffee pause w/@chloehuangs

Após vencer a batalha semanal com sua nêmesis (Mrs. Clark, a faxineira de 63 anos da infectologia), que insistentemente tentava mudar todos os objetos de lugar na sala, Mickey decidiu que precisava e merecia um café. A ida até a ala de cirurgia cardíaca tinha inicialmente o intuito de encontrar Martina, porém, em dez segundos de caminhada a lembrança de que ela já não estava mais por ali lhe tomou e, foi obrigado a procurar e mendigar atenção de sua irmã caçula. Esther havia lhe tratado quase como uma adolescente descolado que não quer ser vista com um velho antiquado, o fazendo entortar os lábios ao ver a silhueta se afastar e então erguer os olhos em atenção a Chloe. — Nunca tenha irmãos mais novos ou eles te amam quando querem algo de você ou ficam sendo assim, independentes. Então lembra quando fomos jantar… — Frase estranha. Que inferno! Meu Deus, Mickey! — Eu adorei passar tempo com… — MICKEY! — Digo, você é uma colega muito agradavel e eu queria saber, se você estiver no seu intervalo, se não queria ir tomar um café porque eu estou inquieto por uma palestra que me comprometi apresentar aos residentes novos. Então você poderia me fazer companhia, de um jeito totalmente… platonico? Podemos revisar o esquema antibiotico do Sr. Rohan da protese valvar infectada.

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Mikael costumava ser extremamente coerente com horários, porém ocasionalmente imprevistos aconteciam. Era o caso do dia e, por isso ele ainda estava no hospital aquelas horas. Havia se comprometido a revisar alguns prontuários, coisa que claro, um interno ou residente poderia fazer se ele confiasse o suficiente para solicitar a tarefa. Não confiava. De toda forma, a tarefa não havia lhe rendido um atraso muito importante. Após ir ao laboratório de microbiologia resgatar algumas culturas, estava finalmente pronto para voltar para casa. Foi quando encontrou com Jacob, parecendo lutar - e perder - com uma das máquinas. — Terminando burocracia. Na realidade fui revisar umas coisas. E você? Cirurgia de urgência? — Mickey olhou para a maquina e entortou os lábios em um canto refletindo. — Acho que vou ao Plum Bistro, quer ir? Aliás, acho que no Pantry, não no bistro. Odeio ir com roupa de trabalho ao bistro. Enfim… — Ao ouvir a ultima pergunta, o infectologista revirou os olhos mas, acabou sorrindo. — Se você já disse que sim, não há muito o que pensar, oras. Okay… Eu faço mas, honestamente Sutherland, na próxima semana você terá de me lembrar com frequência o motivo de sermos amigos. Inclusive, deixa essa porcaria ai e vamos comer um jantar de verdade, pelos céus.

starter fechado com @mweingartnermd

em meio à uma interação extremamente estressante com uma máquina de vendas no corredor do andar laboratorial, e considerando seriamente chutá-la mais uma vez para ver se o maldito energético ia sair, a visão do amigo foi a única coisa que fez jacob mudar por um minuto o seu foco. “ainda por aqui?” já havia passado das sete da noite, afinal. agora que os turnos de alguns estavam acabando, as maiores urgências do acidente já tiveram o seu andamento e a noite já estava instaurada na cidade, quem estava em condições retornava do turno no hospital para casa. voltou a atenção outra vez para a máquina, deu um cutucão final e sorriu em comemoração quando viu a latinha cair. “tá a fim de alguma coisa? não tô mais com tempo de fingir que tenho disposição de ser saudável hoje.” uma risada fraca escapou de seus lábios enquanto se virava melhor para mickey. “aliás, andou pensando melhor naquela aula ou não? porque eu já disse sim e preciso te confirmar pra ontem.”

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Again, my mind vibrates uncomfortably as it always does.

Virginia Woolf, in a diary entry dated 1 July 1918, from The Diary of Virginia Woolf, Vol.I: 1915-1919

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-- Eu acho que nem me surpreendo mais com a quantidade de coisas que um paciente confuso consegue fazer... -- Disse em um tom tranquilo, ainda que se preocupasse com a possibilidade do que poderia ter acontecido a paciente andando sozinha por ai. Mickey entortou os lábios para a esquerda. Se haviam imagens e a paciente estava na UTI, possivelmente a possibilidade de uma neurossifilis já havia sido descartada. -- Eu só levante uma hipótese. Mas, se ela está na UTI, devem ter investigado a possibilidade já. Quem está no plantão responsável por ela hoje? Você vai voltar para UTI agora? Se incomodaria se eu te acompanhasse? Queria checar o prontuário.

"Por Deus, até agora não sei como ela conseguiu sair sozinha..." Sarah comentou, vendo a outra enfermeira já pegando novamente o elevador para descer com a paciente, deixando Park sozinha ali. A coreana lançou um olhar acusatório para a colega, mas permaneceu no andar, agora estando realmente preocupada com a saúde da mulher. "Acredito que tenha, Doutor. Ela é da ala psiquiátrica, estava na UTI depois de uma cirurgia. Não fiquei responsável por ela ainda, então não sei muito o laudo." Respondeu um tanto preocupada, os braços cruzados e a mão apoiada na bochecha, numa posição totalmente pensativa e angustiada. "O senhor acha que ela está com alguma coisa mais grave ainda?" A enfermeira questionou em um tom baixo, se inclinando ligeiramente em direção ao infectologista, se esquecendo totalmente que a paciente nem estava mais ali, a mente já correndo, pensando que seria bom voltar à UTI e confirmar as informações da paciente, ou até mesmo conversar com o médico responsável.