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nayarastudies-blog · 7 years ago
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I.                    IMITAÇÃO
Textos: A República; Poética; A Jesus Cristo nosso senhor (Gregório de Matos)
Imitação tem como significado ato ou efeito de imitar e fazer à semelhança de algo. Em O Espelho e a Lâmpada, Abrams apresenta além da imitação vista por Platão, as teorias miméticas posteriores ao mesmo. Nessas teorias posteriores a imitação é definida como termo relacional, já que há uma correspondência entre dois elementos (o imitável e a imitação).
Na visão platônica o sistema de gêneros é constituído por:
Simples narrativa - o poeta falando com sua própria voz
Imitação - o poeta não fala por si, mas por uma personagem (tragédia/comédia)
Ambos
Imitação em 3 níveis¹: as ideias eternas e imitáveis, o mundo dos sentidos e as coisas como sombras ou em espelho, por exemplo:
“a ideia, que “é a essência de da cama”, e que é feita por Deus, a cama feita pelo carpinteiro e a cama encontrada em um quadro” Abrams, O Espelho e a Lâmpada
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Esse distanciamento acarreta na expulsão do poeta em A República.
Aristóteles, em Poética, defende a poesia como imitação e a transforma em certo do fazer poético. A partir disto temos o conceito de mimesis², a arte como imitação. Se poesia é imitação, o que ela imita?
“os imitadores imitam homens que produzem alguma ação” Aristóteles
O poeta imita como a natureza – a proporção
Uma natureza melhorada – objetos belos; seleção de partes de diversos seres (pintor)
Poesia imita poesia – a imitação de modelos é um procedimento previsto pelas artes³ poéticas do séc. XVI a XVII (superar os modelos da tradição ou fazer algo próprio daquilo; a ideia de originalidade surge depois)
A Jesus Cristo nosso Senhor, Gregório de Matos
“Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado” Gregório de Matos
“Pequé, Señor, mas no porque he pecado” Sá de Miranda
séc. XVII;
Respeita as regras de imitação;
Os poemas possuem desenvolvimentos (posturas) diferentes. Gregório com a ironia e Sá de Miranda com a sinceridade e reverencia
Plagio? a poética do séc XVII usa a imitação como apoio, portanto plagio não cabe como argumento
¹ ”triplamente afastado do rei e da verdade” ; 3 graus ² imitação da vida real; reflexo da realidade ³ técnica; conj. de regras p/ fazer alguma coisa
II.             IMITAÇÃO COM A FINALIDADE DE INSTRUIR E DELEITAR
“[...] imitação que é apenas instrumental com o fim de produzir efeitos sobre um público” Abrams, O Espelho e a Lâmpada
Poesia continua sendo imitação, mas o foco deixa de ser o universo e se torna o efeito (instruir/educar e deleitar) da mesma sobre o público.
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Como é utilizada para atingir um público o orador deve “conciliar, instruir e mover a mente de seus ouvintes” a fim de persuadir. Isso está ligado a retórica já que muitos tópicos da crítica pragmática se originaram da teoria clássica da retórica.
Retórica: a arte da produção de discursos persuasivos
 Deliberativo (político): discurso das assembleias; analisando qual a melhor ação futura; aconselhar/ desaconselhar
Judiciário (forense): discurso dos advogados; discute o passado; acusa/defende
Epidítico (panegírico¹): discurso feito em louvor ou contra alguém; louvar/vituperar
Partes da arte: etapas do trabalho de produção do discurso
 Invenção: encontrar argumentos; não se preocupa com a originalidade
Disposição: como será escrito
Elocução: a forma verbal; conversação do texto
Memória: técnicas de memorização
Ação: jeito de falar; proferir o tópico
Qual a relação da poesia com os discursos da retórica? -> EPIDÍTICO
Ode ao Conde da Cunha, Basílio da Gama
Ode: Hino de louvor às divindades, atléticas, heróis
Panegírico: celebração do aniversário do conde; concepção de poesia com caráter utilitário (objetivo/finalidade)
Novidades formais: disposição gradativa da argumentação; estrofes com sentido completo; complexidade semântica; pontuação
Divisões 
Estrofe 1 e 2 – proposição do tema: lírico ainda que faça elogios  
Estrofe 3 a 13 – argumentação: enumera feitos e mostra a grandeza do conde ; constrói a figura
Estrofe 14 – conclusão
Lira 77, T. A. Gonzaga
Decoro: adequação entre o discurso e o assunto – simplicidade do poema com a simplicidade do assunto (vida rústica).
Ordem direta; palavras simples; ausência da linguagem figurada, mas o todo do poema é figurado (convenção pastoral -> convenção alegórica) “persona” de pastor
¹ objetos de elogio: heróis, animais, pessoas, lugares e etc
III.            EXPRESSÃO DE SENTIMENTOS
    Pondera-se que poesia não é só imitação e no prefácio à Lyrical Ballads é apresentada uma leitura mais próxima da noção moderna de poema, enquanto manifestação, livre -expressão de sentimentos e emoções.
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Poesia como transmissão de prazer e isso se dá pelo arranjo entre tema e métrica.
“(...) comprovar até que ponto podem ser transmitidas essa espécie de prazer e essa quantidade de prazer que um poeta pode racionalmente esforçar-se por transmitir quando ajusta ao arranjo métrico uma seleção da linguagem real de homens num estado de sensação vívida” Wordsworth, Baladas Líricas
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“Toda boa poesia é o transbordar espontâneo de poderosos sentimentos.”  Wordsworth, Baladas Líricas
“Poesia é transbordamento, expressão ou projeção do pensamento e dos sentimentos do poeta; (...) poesia é definida em termos do processo imaginativo que modifica e sintetiza as imagens, os pensamentos e os sentimentos do poeta.” Abrams, O Espelho e a Lâmpada
Interior transformado em exterior
O objeto dos poemas deixa de ser o extraordinário para situações da vida de todo dia, passadas numa linguagem também não extraordinária
Olhar nostálgico para o campo – poeta urbano contemporâneo; as mudanças industriais que ocorreram na Inglaterra  
Natureza no arcadismo: convencional  Natureza no romantismo: irregular, selvagem 
Definição: “Toda boa poesia é o transbordar (da pessoa; do poeta) espontâneo (o poeta não tem controle do fazer poético) de poderosos sentimentos.”
Atenção voltada ao poeta: “Portanto, Poesia emana de onde deve emanar, da alma do Homem, comunicando suas energias criativas às imagens do mundo exterior” A obra deixa de ser considerada um reflexo da natureza e o leitor passa a poder enxergar dentro do poeta.
Meu sonho, Álvares de Azevedo
Sonoridade expressiva: galope; sonho com tonalidade noturna (trevas)/apreensiva
Muita repetição
Vocabulário simples
Hipérbato simples (inversão)
Sintaxe simples
Esquema de rimas (aabccb)
Subjetividade: angústia devida à frustração
Diálogo x Monólogo
“eu” (21 versos) e “o fantasma” (4 versos)
O ritmo seria o galope do fantasma + ofego de angústia do “eu”. Duas partes ilusórias já que o ritmo é o mesmo? 
Hipótese: as duas partes não exemplificam um diálogo entre as personagens, mas sim um monólogo que demonstra um “desdobramento da personalidade”
Gênero: balada -> funebre; toda a matéria é apresentada pelos interlocutores/ personagens (narrador desaparece)
IV.             FUNÇÃO DA LINGUAGEM
Não se reduz à poesia, mas se manifesta a outros tipos de enunciado;
Obra em função da obra; “Arte pela Arte”
Héterocosmo – leis próprias;
“o enfoque da mensagem por ela própria”
Como tal função chama a atenção para a própria mensagem ela se torna opaca – “não podendo ver o mundo através dela”
Parâmetro sonoro; o que é melhor acusticamente; regularidade. Exemplo: I like Ike (ai laic aic) – seguidos de sons consonantais
“quando consideramos poesia, precisamos considerá-la em primeiro lugar como poesia e não como outra coisa” T.S. Elliot
“Um poema não deve significar, mas ser” MacLeish
“Considera a obra de arte isolada de todos esses pontos de referência exteriores, analisa-a como uma entidade autossuficiente constituída de suas partes em suas relações internas e se propõe a julgá-la unicamente por critérios intrínsecos ao seu próprio modo de ser” Abrams, O Espelho e a Lâmpada
Redefinição de poética: “o que faz de uma mensagem verbal uma obra de arte?” – arte verbal x condutas verbais
Sincronia (simultânea) x Diacronia (estudo histórico)
Jakobson defende que, sendo a poética parte da linguística, ela deve ser descritiva e analisada sincronicamente (analisar o que é do tempo que se estuda e as influências passadas/históricas)
Poética: “análise científica e objetiva da arte verbal”
Diacrônica – transformações e permanências
Sincrônica – engloba a tradição atuante no momento do estudo
A ênfase em cada um dos fatores determina diferentes funções da linguagem:
Referencial – contexto
Emotiva – remetente
Conativa – destinatário
Fática – contato
Metalinguística - código
Poética – mensagem
O uso de outras funções em paralelo à função poética determina gêneros diferentes
Poema isolado – a função poética não “faz” o poema sozinha;
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Critérios da Função poética
Seleção (eixo paradigmático - semelhança) e combinação (eixo sintagmático – regras internas do sistema da língua)
Pegar o princípio da semelhança, do eixo paradigmático, e projetá-lo sobre o eixo sintagmático.
A semelhança pode indicar o comprimento dos versos; se manifestar na escolha e repetição de rima e na localização repetida dos acentos graves e fortes.
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nayarastudies-blog · 7 years ago
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Considerações iniciais
“É um lugar-comum¹ a afirmação de que é próprio à língua mudar, evoluir. Auroux (1992), por exemplo, diz que a mudança é um processo tão natural das línguas vivas que, se não existir a língua morrerá. [...] o constante movimento da língua é simples: o uso propicia variações linguísticas.”
Língua viva: mudança constante, inovações, dinamismo
Língua morta: conservação, paralisação, estatismo
Para os que não acreditam na mudança da língua ela é “entendida como uma entidade monolítica²” e suas mudanças são consideradas erros.
Língua e comunidade linguística
Língua: Meio de comunicação³ verbal usado por um corpo social (contínuo de variedades).
Comunidade linguística: “grupo de homens que se consideram a si mesmos falar a mesma língua”; que se compreendem mutualmente.
Os usuários e os dialetos; os usos e os registros
Fontes da variação linguística
“As variedades linguísticas são devidas tanto a fatores inerentes ao próprio usuário como aos dados devidos à situação de comunicação em que ele se encontrar.”  
Dialeto: variante própria do falante como origem geográfica e classe social.
Registros: típicos de diversos contextos de comunicação em que se integra o usuário ao longo do dia.
Ambos se configuram pelo grau de formalidade ou informalidade nos contatos sociais.
“Conforme Preti (1994, pp.26-30), os fatores ligados ao falante, que determinam/influenciam a fala de um indivíduo, são: idade, sexo, raça, profissão, posição social, grau de escolaridade, local em que reside na comunidade. Já os fatores pertinentes à situação de comunicação são, principalmente: ambiente, tema, estado emocional do falante, grau de intimidade entre os interactantes.”
“os registros distinguem-se quanto ao campo do discurso, o modo do discurso (fala e escrita) e o estilo do discurso (coloquial ou polido)”
Concluindo, existem dois eixos básicos de variação da língua: o usuário com sua configuração sociogeográfica (dialeto) e o uso com variações diante de cada situação (registro). 
continua......
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