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Nemesis Prime
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nemesis-prime666 · 20 days ago
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A INFLUÊNCIA DOS MANGÁS NA CRIAÇÃO DAS TARTARUGAS NINJA
texto de gabriel aguiar
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Teenage Mutant Ninja Turtles, conhecido no Brasil como As Tartarugas Ninja, é uma serie de quadrinhos criada em 1984 pelos autores/ilustradores Kevin Eastman e Peter Laird, utilizando sua própria editora independente, a Mirage Comics.
O quadrinho foi inicialmente lançado como uma sátira a temas recorrentes de outros quadrinhos adultos da época, como Watchmen, Sin City, as graphic novels de X-Men e principalmente Demolidor, no qual a origem das tartarugas é implicitamente interligada com o vigilante da Marvel Comics.
Eram obras sobre vigilantes urbanos, com elementos fantásticos e violência gráfica, um contraste do mundo de fantasia com o mundo urbano decadente.
Porém, outra influência forte (incluindo para os quadrinhos citados acima), é o Mangá Japonês.
Não apenas pela estética preto e branco, e o uso de sombras fortes nos traços, mas também do enquadramentos cinematográficos, sequências visuais silenciosas, e o estilo de narrativa, que se alinham com o estilo do Gekiga japonês.
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Esse gênero de mangá mais maduro, influencia diretamente obras como Kozure Ōkami (Lobo Solitário) e Golga 13. Por consequência, obras ocidentais se inspiraram no gênero, como Rōnin e Demolidor (mais especificamente as graphic novels de Frank Miller).
Em uma entrevista à The Comics Journal, Kevin Eastman expressou:
"Somos grandes fãs de Lobo Solitário (Kozure Ōkami), e sempre fomos atraídos pela intensidade e ritmo dos quadrinhos japoneses. Há uma profundidade nessas histórias, o silêncio entre os painéis, o código de honra, que tentamos capturar à nossa maneira."
Gekiga significa literalmente "imagem dramática" e surgiu no Japão nos anos 50 e 60, termo cunhado por Yoshihiro Tatsumi, como uma forma mais madura e séria de mangá, voltada para leitores adultos.
O estilo conta com temas de violência, introspecção, psicologia, silêncio narrativo e o uso forte de sombras e composição cinematográfica (inspirado nos filmes de samurai da época), e é visivelmente retratado nos primeiros quadrinhos de 1984 da Mirage, em contraste com o desenho animado deb1987, que seguiu um caminho diferente, voltado para o público infantil e estética mais colorida.
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TEMAS
Mesmo sendo uma “moda” da época a indústria cinematográfica e de quadrinhos retratar a cultura japonesa no ocidente (pela popularidade dos filmes de Akira Kurosawa, Godzilla, entre outros), Kevin Eastman e Peter Laird, logo na primeira edição, demonstraram a coerência cultural na obra.
Mesmo com a proposta de satirizar temáticas da época, com referências diretas a Demolidor (cujo inimigo é o Clã da Mão, já o das Tartarugas é Clã do Pé), ao contrário de outras obras que exploravam ninjas, samurais e yakuza, que fazia parte do “exploitation” da cultura japonesa da época, o quadrinho incorpora elementos que refletem os princípios do bushidō, conferindo profundidade à narrativa e diferenciando-a de outras obras da época que tratavam a cultura japonesa de forma superficial.
Como citado por Eastman, o estilo foi inspirado pelo mangá Kozure Ōkami (Lobo Solitário), criado pelo autor Kazuo Koike e pelo ilustrador Goseki Kojima, mangá conhecido pela narrativa visual e cinematográfica, junto com temas sombrios e realistas, um contraste com o teor satírico da origem das tartarugas, adaptando o estilo para a forma de expressão dos autores.
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Outra retratação, mais sutil, são dos personagens Oroku Saki (que viria a ser o Destruidor) e seu irmão Oroku Nagi, assim como o mestre Hamato Yoshi e seu “aprendiz” Hamato Splinter (rato de estimação que viria a se tornar o Mestre Splinter e adotar o nome Hamato).
 Embora os sobrenome Oroku e Hamato não tenham significado literal conhecidos, sendo utilizados para impacto sonoro, sutilmente mostra o conhecimento dos autores sobre a ordem japonesa dos nomes, onde o sobrenome vem antes do nome próprio, revela um cuidado cultural incomum para a época, principalmente se tratando de adaptações de obras japonesas no ocidente.
O uso de nomes/sobrenomes sonoros também é uma prática comum em mangás japoneses, como os conceitos de Onshōchōgo (impacto fonético) e Gitaigo (onomatopeias que simbolizam emoções).
Mesmo os autores tendo a oportunidade de “justificar” o uso de nomes japoneses com trocadilhos considerados “engraçados” (recurso usado constantemente em obras da época de forma estereotipada), o uso sutil reforça ainda mais a influência e o respeito pelo mangá japonês.
PARCERIAS
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Além disso, a colaboração com Stan Sakai, autor nipo-estadunidense conhecido pelo mangá Usagi Yojimbo, reforça a conexão com a cultura japonesa. Os crossovers entre as Tartarugas Ninja e Usagi Yojimbo sendo um evento recorrente em várias adaptações de ambas as obras.
Em uma entrevista à CBR, Stan Sakai relembra o início da amizade com Eastman e Laird:
"Usagi e as Tartarugas começaram praticamente ao mesmo tempo, em 1984. Naquela época, havia poucos quadrinhos em preto e branco, então nos apoiamos mutuamente. Escrevíamos cartas uns aos outros e nos tornamos amigos."
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Com isso, é possível afirmar que os primeiros quadrinhos das Tartarugas Ninja, entre outros quadrinhos da época, foram totalmente inspirados em mangás japonesas. Porém, a obra se destacava dos demais quadrinhos da época, que usavam constantemente do “exploitation” da cultura nipônica.
Embora tenha começado como uma obra satírica em certas áreas (principalmente das graphic novels violentas dos anos 80), é possível argumentar que uma obra não precisa ser desrespeitosa com as culturas representadas, até mesmo obras satíricas podem ser feitas com coerência cultural e respeito, sem precisar apelar aos estereótipos e a generalização, homenageando e adaptando estilos de arte e narrativa.
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nemesis-prime666 · 6 years ago
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Rosa Laranja 🌹 🍊 (em Muniz Freire, Espirito Santo) https://www.instagram.com/p/Bx4wn7og-go/?igshid=1bnsplicqdl4f
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