Tumgik
neusadesouza · 4 years
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É dezembro
Um menino da cor dos ventos atravessa o Portal do Planeta. Seus cabelos em forma de nuvens brilham à luz de um dourado sol que se esconde por detrás dos montes de uma terra que não se sabe onde. Olha ao redor e sorri _ Seu sorruso reflete a ternura de uma mãe que amamenta o filho e a beleza de uma revoada de pássaros migratórios ao entardecer.
É fácil Sua missão; veio apenas ensinar o verdadeiro amor, a unicidade ao homem.
Observa a natureza com alegria. Árvores maduras oferecendo seus frutos e emprestando sombra qualquer quem passe.
Regatos oferecem água revigorante ao caminhoneiro fatigado, e animais que assorvem numa comunhão perfeita. Flores abrem-se em pétalas radiantes. ofertando néctar às abelhas arboriosas que fabricam o alimento por excelência. Vendo que tudo está em harmonia estende as mãos servis, apanha lençóis tecidos do mais puro fio da humildade, ajeita os travesseiros da compaixão e adormece no leito do conhecimento. Milênios se foram desde que atravessaste aquele portal. Hoje o homem, ser intelectual, num planeta dividido entre fronteiras bem demarcadas empreende custosos estudos para descobrir qual é a cor dos teus cabelos, o tom da tua pele. Amanhã, num planeta sem fronteiras o homem, ser espiritual, viajando para além do imponderável poderá experienciar a extensão do Teu divino amor.
Feliz Natal, Mestre Jesus!
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neusadesouza · 4 years
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Caminhada
Caniços pedras pedaços de alga
Conchas abertas maçunins enterrados
Estrelas do mar já mortas
Siris assustados
Ar mar sal pés na areia
Vento suor arrepio _ pele e pêlo
Sol nos cabelos
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neusadesouza · 4 years
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Alma Gêmea
Quero falar porque trago no peito estórias caladas
Suspensas no tempo, aguardando a presença
_ Falar para um ouvido amigo. De tudo e de nada.
Quero caminhar por toda a infinita estrada
_ Passos espaçados às vezes, outras vezes apressados
Às vezes firmes, bem direcionados
Outras sem rumo. Passos embriagados
Caminhar acompanhada, de mãos dadas
Espero sem saber quem
Nem de onde seja o outro lado meu, que tanto almejo
Há sempre uma esperança, entretanto
Que uma vez chegada, esta pessoa saiba ouvir e cantar
Como eu ouço e canto.
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neusadesouza · 4 years
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A mão do tempo
Lá se vai o rio do destino, correndo liberto, enquanto traça decidido curso nas veias de indefeso coração, que ao meio partido e sem alternativa, sangra um caminho sem volta feito de vida e de tempo.
As águas alheias ao rigor do inevitável aproveitam pedriscos e desvãos para transbordar margens afora, mudando e recriando a paisagem.
À direita, centenas de borboletas emprestam leveza à exuberância de um lindo jardim; profusão de rosas e seus espinhos...
Na esquerda, a vegetação rasteira vai aos poucos cedendo espaço a vastos campos de trigo, de onde se avista um bosque: árvores esquálidas cujas folhas estão se indo uma a uma, obedientes aos ciclos da natureza; apontam braços quase nus em direção ao poente, onde um Sol de outono clareia fracamente o horizonte antes de se pôr.
Ali, entre o infinito azul do céu e o vermelho de uma estrada de terra batida, um vulto. Mudo a contemplar o espetáculo ímpar desta tarde de Outono a morrer.
No peito, ferido coração. Na mente, cenas de uma longa caminhada. Volta para trás o olhar, ensaia tímido aceno de adeus e observa a mão, que por instantes exibe no ar os sinais de muitas tardes de primavera que se foram, simplesmente esquecidas de que - símbolos de eterna juventude - deveriam permanecer para todo o sempre, impedindo o Outono de envelhecer as folhas e de morrer no fim da tarde.
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neusadesouza · 4 years
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Meu filho
Há em você um mulato
_ engambelão
Sons de batuque e cantoria
presumidos
Um circulo no meio do terreiro
Roupas brancas e farofa
Mandingueiro!
Vive em você um índio velho
Sangue forte e rosto rugoso
A comer de pesca e caça pequenas
Do dia o restante, descansa e diverte
Preguiçoso!
Mora em você um príncipe jovem
Belo príncipe de muitas estórias e propaladas aventuras
Afloram emoções e lágrimas
Contos de muita tristeza
Desventura!
Existe um anjo ancorado em você
Na frincha da alma resguardado
Tanta doçura a ninguém mostra
Guarda contidos _ sua aura seu halo
Encantados!
Um quê de taba, farinha mexida
Dança da chuva e terreiro
O manto e a coroa, asas tão brancas
Um reino inteiro...
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neusadesouza · 4 years
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Prece I
Bendito seja o despertar de cada dia HIM SHRIM KLIM...
O exato momento em que uma língua de fogo vem lamber pálpebras. Este momento precioso em que olhos se abrem.
Bendito! Quando o novo chega obrigando a alvorada espreguiçar lençóis brancos e sem nenhuma mácula. Eu Sou o Juiz e o Júri...
Seja feliz dia tão novo, de brilho roubado em filigranas nos espaços siderais. Empreste teu brilhantismo a este mundo velho. Dê-lhe um pouco de clareza para que a vida persiga um caminhar mais tranquilo, mais pacífico, inteligente. Que nossas palavras sejam agradáveis e úteis...
Que a vida aprenda o amor de outras vidas. E esta calmaria que antecede o despertar chegue prenhe de ações novas parindo no imo do ser velho um modo novo de ser. Que tenhamos fortaleza moral...
Que sua luz tanta: tanta vida, tanta beleza, dê ao trabalho _ contemplação. Às preces de muitos aos calos na alma ao desprendimento _ força extrema. Não se percam ante a indiferença e a ignorância _ fé e devoção.
Dia bailarino! Chega dançando por entre as cortinas, invade a casa e o resto de sono. Explode um tom irisado nas gotículas equilibradas nos frutos e folhas que ainda dormem. Eu Sou o Teu amor que protege aqui...
Abençoado seja por ser tão lindo, por sacudir o orvalho inconsciente e pela incipiência santa e tão casta.
Enaltece a alegria nas horas que passam comoventes... O lusco fusco no ar e a doçura nas auroras. Esta luz, esta beleza. Estou firme sobre a rocha do verbo vivo...
Embevecido nessas premissas, um mítico ser desperto eleva ao céu do próprio coração uma prece:
Onde houver tristeza...
Dias benditos clareados a cavalgar a melodia dos ventos e do Sol. Réstias curiosas esgueiradas por todo canto a iluminar fios do arrebol e as madrugadas diáfanas que chegam envoltas nos sons desta sinfonia eterna. Te adoramos todos os dias...
No silêncio de melodia tão contrita vestais orladas de um branco véu.
Do coração do homem, O Cristo no céu.
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neusadesouza · 4 years
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Escrevi este pequeno texto por gratidão a um lugar aqui em Sergipe onde passei finais de semana inenarráveis. É um lugar onde mora a luz
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Mãe Natureza
À beira do São Francisco
cravada
Por mãos divinas
cercada
Remanso onde a alma descansa
Onde todo trabalho é sagrado
Lugar de gente feliz, que Deus
quis
Às margens do São Francisco,
Francisco.
Neusa de Souza
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neusadesouza · 4 years
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Desde que vieste
Há sempre uma música em nossas manhãs
Notas tiradas de um piano imaginário
entrelaçando sonho e poesia
o quarto pequeno e simples
_ perfumado todavia
Na cama desarrumada
um anjo de asas brancas
Seu corpo entre os lençóis abandonado
dorme sereno no quarto simples
_ todavia perfumado
Lá fora: muros altos
velhos telhados e bonitas cumeeiras
O céu, o sol e o hálito do mar
é a natureza com todo esmero
linha, agulha, ponto e nó
tece o teu despertar
Mais tarde no caminho que leva à praia
você e eu
Tua mão na minha segura
na confiança de quem sabe que é teu este carinho
esta amizade assim tão pura
Há sempre um brilho em nossas tardes
mesmo com tempo nublado e pingos de chuva a explodir no telhado
as notas cristalinas de tuas risadas
são pontos de luz na sala fechada
Teu riso é um borbulhado bonito e feiticeiro
É como um filhote que escapa do ninho e então
vendo-se livre assim de repente
bate as asas
Audaz e fagueiro deixa um risco feliz na imensidão...
Há um clima de festa em nossas noites
Nós duas namoramos a lua no terreiro
enquanto lança faíscas um vagalume brejeiro
Há sempre festa, música, emoção
desde que vieste.
Doce encantada criança
atender aos chamados do meu coração
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neusadesouza · 4 years
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Riachos
Riachos correm verde-água.
Cantarolam verde sonoro e liquefeito.
Se um raio de sol atinge a crista destas águas, estes riachos tisnados choram.
Em verde dourado. Perfeito.
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neusadesouza · 4 years
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Rompendo casulos
Por sobre um campo tranquilo baila frágil borboleta. Suas asas ligeiras mesclam de azul a paisagem já salpicada de florinhas multicores, cujo perfume se encarna no canto dos pássaros, nas águas brincalhonas da chuva; inventoras de lagos, ilhas, rios e riachos cantarolantes que borbulhoneteiam colinas abaixo. No assobio dos ventos, nas nuvens do céu; nas suas figuras e no seu colorido. Na cor das folhagens, no formato das ramagens, no balanço de samambaias e avencas suspensas nas alturas. _ Observadas à distância por um lírio solitário, nascido ao acaso à beira das águas.
Reviravolteando ao sabor da brisa a rainha dos insetos vem pousar no âmago do lírio em terno abraço. Feliz atrito entre o anil e o branco, num breve instante de simbiose, pois que transitório é o paraíso. Nos olhos claros do lírio, lágrimas cheirosas lamentam a falta de liberdade. As asas trêmulas da borboleta recolhem-se ante a força dos ventos por ciência da própria leveza.
Assim é minha alma: prisioneira dos ventos, por inclemência do destino; retirante faminta e sem forças para haurir das estrelas a magia de permanecer brilhando na solidão do Cosmos. Alma de borboleta e flor; morre sempre ao cair da noite, sem saber que na Terra, o que é da Natureza à Natureza torna. Cai flor, brota semente, morre a noite, nasce o dia.
Ao raiar de cada madrugada _ rompendo novo casulo _ lá se vai minh'alma em feliz jornada rumo ao Sol _ batendo asas de pétalas azuis.
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neusadesouza · 4 years
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Curso Natural
Se vires uma rosa solitária, fresca de orvalho a exalar perfumes, deixe_a em paz no galho que a ostenta, seguir da vida o curso natural: murchar aos poucos, secar, cair, sumir...
Este é o destino das flores; nascer tão belas e morrer em silêncio. Sem uma lágrima sequer de desalento.
Só um aroma vago a rolar no vento.
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