nobodyknows-it - Tumblr blog

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O silêncio que te cura, me maltrata. Não sei como vamos lidar com isso.

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Eu não sei se você quer saber como eu me senti, não sei nem se deveria falar.

Eu me senti esperando, sentada dentro de um quarto vazio apenas te esperando. Esperando você se decidir quando seria a melhor hora de me tirar do castigo. Você não apenas quer ficar sozinho, você também quer me punir. Me punir por algo que já aconteceu, que não tem nem como eu mudar. Algo que precede você, que precede nosso relacionamento. E você sabe exatamente como fazer isso, mesmo que inconscientemente. Isso faz com que eu fique com MUITA raiva e muito triste. Parece que eu te dei todas as armas que funcionam contra mim e você as usou. Você usou do silêncio (que é bem diferente de um silêncio pessoal, individual), você não queria ficar sozinho, você não queria ficar COMIGO. A sua solidão era um desejo de ficar longe de mim. Você vai sair com seu amigo pra beber enquanto eu fico sofrendo aqui em casa sozinha, “só pra avisar”. A vontade que eu tenho é a de te punir também. E eu nem sei como. Parece que quando a gente vai pra batalha só eu me machuco, só eu sofro. E quando eu abro uma portinha minha é quando te machuca. Quando eu me abro, você se fecha e me pune. Como é isso? É um relacionamento que desconsidera as cicatrizes, as feridas, a bagagem? A profundidade assusta?

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Você negar a existência de uma parte do meu passado não vai fazer com que não tenha acontecido. Se você ama a Natalie de hoje você deve, no mínimo, honrar as coisas boas e ruins que fiz no passado, porque todas elas, absolutamente todas elas, fizeram com que eu chegasse até aqui. Todas elas fizeram com que eu fosse essa Natalie que você ama. Eu posso deixar de falar sobre meus relacionamentos passados, mas saiba que negar a existência deles é negar uma parte de mim.

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Essa noite dormi muito mal. Acordei algumas vezes sem saber onde estava, sonhei com você e acordei pior do que quando fui deitar. Acordei e fui limpar a casa, abri as cortinas e janelas, para deixar o ar e o sol entrar. Arrastei as camas, tirei o pó, troquei as toalhas e lençóis. Limpei os vidros, arrumei as roupas e guardei todas as suas coisas em uma mala. Limpar a casa foi como me limpar por dentro. Enquanto limpava e arrumava me senti como se me organizasse também, fui ficando mais leve e mais em paz. Então te vi escrevendo uma mensagem, uma longa mensagem, dada a demora. Tanta coisa passou pela minha cabeça, pelo meu coração e pelo meu corpo. Senti medo, início de uma crise de ansiedade e insegurança. Tudo isso antes mesmo de saber o que você tinha pra falar. Li. O choro veio. É um choro diferente, sabe? Um choro bem triste, diferente dos que você costuma ver. Acho que você nunca me viu chorar assim. Foi (ainda é) o mesmo choro de quando você foi embora ontem.

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Nunca conheci outra forma de me entregar sem ser pelo corpo.

Te conheci e tudo o que eu sabia era entregar meu corpo à você.

Não era isso que você pedia. Não era só isso que você queria

Ali, naquele momento, eu me apaixonei.

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Enquanto seu corpo estava em cima de mim eu te olhei e não te vi.

Eu vi o meu passado.

Fechei os olhos e gozei.

Seus olhos eram verdes, a pele queimada de sol e o sorriso que não chegava aos olhos.

Eu me entreguei à você porque sempre vi essa sombra do passado te acompanhando.

Para mim, sofrer sempre foi uma forma de amar.

Que triste isso, hoje eu penso, mas isso está gravado. Está gravado no meu corpo.

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Quando a baiana me puxa pela cintura para dançar,

Quando vejo aquela mulher em seu vestido vermelho com seu cigarro entre os dedos,

Quando o peso nas costas é tão insustentável que não há nada para fazer além de se curvar,

Quando minhas pernas querem correr sozinhas,

Quando a imponência e a estabilidade é tanta que eu não consigo controlar meu corpo

E quando aquele chocalho toca; ah! quando aquele chocalho toca...

É aí, exatamente aí, que se diferencia o acreditar do saber e o saber do sentir.

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Eu não se por onde vou, eu não sei o que sinto, mesmo sabendo que sinto. Eu me perco dentro da minha cabeça, principalmente quando tento achar meu coração. Tu também. Como duas pessoas que não conseguem se achar vão seguir juntas? Um dia, quem sabe...

Eu não sei me expressar, nem nomear meus sentimentos. Eu tenho medo e dificuldade de dizer, principalmente o que transborda pelo meu peito. Tu também. Como duas pessoas que não conseguem nem dizer o que sentem vão se olhar nos olhos e se permitir sentir? Um dia, quem sabe...

Um dia, quem sabe... Mas antes eu preciso decidir.

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Minhas mãos estão agarradas, quase que num pedido pedido desesperado para vocês não me soltarem. Eu estou no meio de vocês como o ponto de equilíbrio. Isto aqui só existe porque eu seguro com todas as minhas forças suas mãos. Eu não consigo pensar em um lugar mais seguro para se estar do que aqui, entre vocês. Vocês são paz, vocês são porto, vocês são lar.

Suas mãos estão agarradas, quase que num pedido desesperado para eu não soltar. Vocês são estáveis e quem está em desequilíbrio sou eu. Isto aqui só existe porque vocês me seguram com todas as forças as minhas mãos. Para eu ficar. Não há lugar mais inseguro para se estar do que aqui, ao meu lado. Eu sou caos, eu sou tempestade, eu sou mar.

Eu não sei quem precisa mais um do outro, mas eu sei que quando as mãos estão entrelaçadas, quando o riso é frouxo e coração está em paz, a gente esquece quem está agarrando a quem, e só importa que estamos aqui, ainda, juntos.

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Fazer palavras que se formam no meu coração sair pela minha boca sempre me foi difícil, mas hoje eu percebo que quando a palavra é realmente formada pelo coração ela sai sem nem pensar. O que minha boca não dizia, era o que meu estômago queria regurgitar.

Não era amor, era a necessidade de ser amada.

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Quando foi que a gente virou gente grande? Quando foi que eu comecei a sentir no meu corpo coisas que não sei explicar só de dizerem seus nomes? Quando foi que vocês começaram a sentir coisas que não sabiam explicar só de dizerem o meu nome?

Sempre me foi fácil dizer que eu amo vocês. Mas, hoje, falar isso só pode ter um significado: ou eu amo vocês exatamente como antes, ou eu amo vocês de uma forma que nada mais será como antes.

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A gente cresceu. Você deixou de ser aquele menino insuportável - que só eu conseguia suportar - e passou a ser um cara bem difícil de lidar. Eu tenho facilidade para lidar com pessoas difíceis de lidar. Você sempre me foi fácil. Sempre me foi confortável. Não digo no sentido deturpado, onde ser fácil é coisa ruim e confortável é apenas para preencher vazios tediosos. E sim no sentido que tudo deveria ser. 

A gente se tromba e quando se tromba, aproveita para se dar um abraço. A gente se olha e quando se olha, aproveita para trocar uns pares de palavras sem abrir a boca. A gente se desafia e quando se desafia, aceita quando tá errado. A gente conversa e quando conversa, se olha nos olhos. A gente brinca e quando brinca, se questiona se só é brincadeira. A gente se ama e quando se ama é como se nunca tivéssemos crescido. 

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Queria saber em qual momento eu resolvi tirar as minhas peças para por as de um outro alguém. De vários outros alguém.

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peças.

Eu sei que eu mudei. Eu sei que eu não sou mais a Natalie do começo do ano. Mesmo assim, quando eu paro para ler a Natalie do ano passado é quase assustador. 

Talvez eu não tenha mudado, apenas me perdido. 

Aos poucos eu tenho achado pedaços de mim largados pelos cantos, empoeirados debaixo da cama, embolados com as roupas sujas e jogando no fundo do armário. Esses pedaços são como relíquias. Quero vestí-los, mas já estou vestida com muitos pedaços que não me perdem e que eu fui achando por aí. Pedaços que não encaixam perfeitamente e sempre ficam frouxos. Eu estou achando os meus pedaços, estou tirando o pó e limpando, como se fosse um daqueles objetos que fazem a gente parar de fazer a faxina só para ficar contemplando e lembrando. 

Fico me perguntando se não tenho feito a faxina sempre da forma errada. Será que as coisas realmente importantes não são essas relíquias? Será que a faxina não deveria começar por se despir de tudo que acreditamos ser importante, mas que está sempre frouxo, e colocar no lugar aquele pedaço empoeirado, enferrujado e quase sem brilho, mas que encaixa perfeitamente?

Em todo meu período de [real] mudança eu percebi que meu chão era tirado todas as vezes que eu conseguia me erguer. Eu me desmontava e quando conseguia colocar as peças de volta no lugar, elas caiam novamente. Aos poucos fui mudando as peças, fui confiando naquelas que não são moderninhas, nem da moda, nem convencional. Para minha surpresa, eram elas que me sustentavam e permaneciam toda vez que as outras peças caiam.

Então, agora, sempre que eu caio eu tento lembrar: essa peça não é minha, porque se fosse, ela não teria caído.

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The sadness will last forever.

Suicide note of Vincent van Gogh (1853-1890)

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Agradecer

Obrigada pai, obrigada amigo, por sempre me abraçar e me embalar em seus braços nas noites solitárias; por cuidar de mim quando eu esqueço de cuidar de mim mesma; por me guiar mesmo quando me entorpeço de forma a não saber por onde vou. Obrigada por conversar comigo, por me dar bronca e me envolver em seus braços de tal forma que toda a tristeza se vai pelos meus olhos. Obrigada por todos os diálogos epifânicos e pelos risos frouxos. Quando eu penso em ti, eu te vejo, eu te sinto e eu me preencho com o teu amor. Obrigada por ter me acolhido tão amorosamente nessa família que meu espírito faz parte. Eu te amo 💚💙

Okê Caboclo

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Meu terapeuta me recomendar começar a correr, que assim vou conseguir me escutar. Fui correr. Você já viu alguém chorar enquanto corre? Eu chorei.