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A pior foto do mundo:

- Me deparo com a pior foto do mundo diariamente, a imagem que está eternizada nela faz minha cabeça gritar a cada olhada.

Não é uma questão de iluminação, pois ela pode ser vista com luz natural, luz fria, luz quente, luz direta ou indireta, nada disso melhora ou deforma mais a imagem.

Também não é uma questão de localização, visto que essa foto pode estar em qualquer lugar da casa, na sala, no quarto ou na cozinha. O local aonde ela mais se encontra é o banheiro.

O tamanho da imagem também não é uma questão, ela tem uma forma amorfa, pode ser comprida, quadrada, redonda, dividida em diversos tamanhos ou em uma larga e sólida moldura.

A pior foto do mundo, a imagem que emite o som de desespero está sempre lá para me encara de volta quando eu olho no espelho.

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Dissociação:

- A estranha aparece novamente no espelho, com seus seus olhos escuros, profundos e completamente perdido em desespero.

Boca seca, rachada, garganta áspera e sem conseguir emitir um som.

Cabelos presos, caindo perto de seus olhos, sem vida, sem brilho, como se fosse uma cortina pronta para esconder o rosto que é refletido.

Coração desparrado, cabeça gritando de dor, mas com o corpo sem vida, incapaz de dar qualquer passo.

A estranha se submerge em paralisia.

Segundos, minutos, horas e dias se misturam com a falta de ar, falta de tempo e falta de posicionamento.

A mente imersa em caos, ansiedade, desespero e fatiga, enquanto o corpo, numa tentativa de controle, se move e tenta estar presente para que ninguém perceba o que ela já sabe.

A estranha ri de volta para a cara acabada que a está encarando, ela sabe que não tenho forças para lutar contra ela. A estranha sente an aura do isolamento e de mim se apodera.

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Uma nova esperança:

- Anos se passaram e o desespero que eu sentia tomou uma nova forma, com o rosto deformado e um corpo que não funciona, nada parece funcionar.

As lembranças do relacionamento conturbado ainda me assombram, ainda me fazem questionar a realidade e ainda ouço os gritos de tormento na minha cabeça.

Mas uma nova fase se iniciou trazendo um amor que muito me salvou, me deu carinho, conforto, entendimento, companheirismo e, a faca que fica perto do meu peito, esperança.

O novo sorriso a minha frente aquece e preenche o vazio, sua voz ecoa pela minha alma e meu corpo pede seu toque a toda hora, mas, minha cabeça grita comigo nesses momentos trazendo a questão “Sou mesmo digna de você? Sou mesmo a companhia que seu ser deseja? Sou eu mesma, esse misto de destruição e solidão que seu coração almeja?”

Sua chegada trouxe uma sensação de esperança e calma como nunca havia me permitido sentir. Escutar sua respiração dormindo ao meu lado me faz querer parar o tempo e apenas apreciar seu sono, seu ritmo, seu som e seu cheiro.

Não sei se sou digna de você, não sei se um dia me sentirei a altura da sua pessoa, mas Deus, seja ele quem foi, por favor não me tire a esperança de que poderei ter você ao meu lado até nosso último suspiro.

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Final

Infelizmente as coisas estão perto do desespero. Viramos duas bombas solitárias em um campo minado onde ninguém mais passa. Estamos eternamente nos encarando. Pensando como seria se alguém passasse por ali. Bastaria apenas um passo em falso. Falso como nossos novos acenos, sorrisos e olhares. Eis que uma pessoa para a nossa porta.

Nossos sensores começam a funcionar. A estranha começa a andar. Para nossa surpresa concordamos em um sentimento: Medo

Em alguns momentos eu devo admitir trair meus pensamentos e fui em busca de algo maior, um Deus se podemos dizer. Mas ele não estava lá. Você não estava lá. Ninguém poderia estar lá.

Fecho os olhos. Sinto meu corpo vibrando, mudando. A estranha grita com toda força que ainda lhe resta. E eu? Eu abafo a voz dela com a lembrança de uma risada falsa que você me deu.

Abro os olhos. A vibração para. Os restos da estranha estão cobrindo o chão. Olho para o seu lugar. Cinzas. Acabou. O silêncio venceu.