outono-emplutao

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Sabe quando vc dá um passo sabendo exatamente onde pisa e o te espera? Vc acorda, coloca os pés fora da cama e sabe que ali em baixo tá o piso, quando vai ao banheiro e faz tudo no automático pq vc simplesmente já sabe o que vem depois? É assim que eu me sinto me propondo a estar mais uma vez ao teu lado. Eu já sei o que me espera, o que vem depois, nada me supreende, pouco me faz vibrar e sentir vontade, eu já conheço tua versão quebrada que insiste em me machucar. E sabe o que é mais curioso nisso tudo? Eu fico. Eu levanto e piso o chão que me machuca. Esperando que desaa vez não doa tanto, esperando e esperando. Espero que eu canse também de esperar

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Será?

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Vc é de muitos verbos e poucas ações. Você promete muito pra alguém indisposto a cumprir, não gaste seu estoque de promessas comigo. Eu já te vi do avesso, aquele teu lado com medo e raiva, incompreensível, doce, indisposto e incrível. Eu vi tu por dentro tantas vezes que esqueci de te ver por fora, quis tanto entender teus porquês, que eu esqueci dos meus. E eu te revejo e percebi que em ti pouca coisa mudou, talvez nada tenha mudado e eu só tô criando coisas, mais um vez.

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Ja se passou um tempo desde que vc me disse que não seria capaz de ser pra mim o que eu fui pra vc. A gente n se afastou tanto, nem deixou de se falar, pelo contrário, td dia vc busca um assunto, um meme, alguma coisa que leve a uma troca de mensagens. Eu não sei quanto tempo vamos ficar assim, mas eu tô me curando. Me acostumando a ter vc perto, mas sabendo que vc não é meu. As vezes acho que ainda vai doer muito, quando a gente, de fato, não souber mais da vida um do outro. Acredito que quando puxa a casquinha da ferida de uma vez só, dói menos do que se o fizer aos poucos, mas eu sinto q posso ver a ferida fechar e se curar, virat cicatriz, sem que eu precise cutucar. Eu quero vc na minha vida, n pq eu precise de vc, como disse no começo de tudo, é a nossa inutilidade na vida do outro que dá significado a presença. Eu quero vc na minha vida pq vc me ensinou algumas coisas sobre como viver (e vc mal sabe disso). Iremos sair juntos, vai ser uma provável última vez, e parte de mim quer sentir como se sentiu um dia, mas parte maior quer sentir algo novo, quer sentir mais, quer sentir qualquer coisa que não seja querer vc na minha vida. Eu espero que consiga.

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A gente sofre pelo "se". Se tivesse tentado mais, se tivesse tido mais tempo, se tivesse sido diferente, se fossemos melhores, se fizéssemos mais, se, se, se... as memórias do que se passou são menos dolorosas do que as memórias do "se" que criamos. Eu não choro por ter ficado onde não deveria, eu choro por pensar em como seria se aquele lugar fosse meu. A tortura está aí, na sua esperança do que teria sido, porque quando dói, é no "e se" que nos apegamos. Esquecemos, por hora, o que nos trouxe ao agora, os momentos não tão bons, a falta de consideração, de afeto, de responsabilidade. A gente sofre pelo "poderia ter sido", nem tanto pelo que foi, talvez além apenas de como acabou.

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Pois é, eu do passado. Estou quebrada, ele foi embora e eu só agradeci pelos momentos, desejei uma boa vida, e pedi que se cuidasse. E por incrível que pareça, não quis que ele se arrependesse sa decisão, nem me arrependi de ter o conhecido, o único arrependimento é de ter dado tantas oportunidades pra que ele me machucasse, e ele fez sem pestanejar, a cada vez. Eu estou quebrada, mas é estado, estado muda.

Eu não sou mais eu de ontem, hoje ainda dói, dilacera, mas um pouco menos. Eu não posso dizer que imaginar viver uma parte da vida sem vc me faz ter náuseas e me tira o chão, não vou te dizer que se for embora eu vou ficar incompleta, afinal nunca fui metade, nem que vc não vai fazer falta alguma. Eu quero poder dizer obrigada por tudo, viva bem, e espero que não se arrependa, mas sei que o que meu peito iria querer dizer é que me arrependo de ter conhecido vc e ter te perdoado todas as vezes que vc me machucou, pq eu vou estar quebrada.

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Sofá.

Meu colo nunca deveria ter sido teu lugar pra descanso, porque o teu nunca foi o meu, era apenas um sofá não muito confortável que eu escolhi e não queria me desfazer, porque a madeira era boa, era bonito e fazia boa parte da função. Eu devia ter levantado e me desfeito dele na primeira vez que senti desconforto, mas ele estava ali, tão solícito e só, e eu tenho síndrome de madre teresa, achando que posso salvar o mundo, queria salvar ele também. Talvez eu devesse ter ficado até a segunda vez que não gostei de como me fez sentir, só pra ter certeza que era aquele sofá que não tava fazendo bem, que não tava casando com o ambiente, e não o contrário. Mas aí eu fui ficando, eu chegava cansada e procurava o sofá, com sono e dormia no sofá, com fome e jantava no sofá, no meio da tarde quando estava perdida, lá estava eu, no sofá. E o tempo foi passando, eu já não conseguia abrir mão do sofá que tanto me acolheu, mesmo me fazendo sentir dores sempre que eu saia dele, afinal, ele era bom, foi meu descanso e abrigo. Mas ai, num dia normal, eu me deparo com a ausência do sofá, eu procuro e não encontro, eu sento no chão e sinto o vazio que a falta dele me trás. Era um bom sofá, combinava com a estética da sala e fazia bem sua função, agora só tenho as almofadas. O que aconteceu com o sofá? Meu Pai, Aquele que sabe todas as coisas, cansou de me mostrar que o sofá era bom, mas que eu merecia o melhor, Ele tirou o sofá sem aviso prévio, como quem tira um curativo de uma ferida ainda aberta e não se importa com a dor. Ele não me falou pra onde iria o sofá, se mudaria a estampa, se iria para o marceneiro pra ficar mais confortável para servir outra pessoa, eu suponho e espero que sim. Aquele sofá realmente precisa de conserto, ele me machucou muito, mas que culpa tinha ele, se era eu quem me diminuía para caber naquele pequeno espaço, se era eu quem insistia que cabia, e que era confortável assim, ainda que todas as vezes levantasse com torcicolo e dor na lombar. O sofá só carregava a culpa de não querer sair de onde era tão bem tratado e também, acolhido. Aquele sofá viu minha melhor fase, minha felicidade estampada no rosto e corpo, meu anseio por dias melhores, minhas fragilidades, minha força, minha saúde e meus dias não tão bons, e nos últimos dias aquele sofá, viu meus desconfortos, minha inquietude e descontentamento. Pela primeira vez ele se pôs no meu lugar, ou ao menos tentou, e percebeu que era bom, mas não pra mim, que precisava me moldar à ele sempre que estávamos juntos, e então, ele me machucou mais forte dessa vez, fez um corte enorme na minha nuca, e eu levantei assustada e sem entender. Depois de tantos momentos juntos, de tanto insistir e não desistir, depois de tantos planos que existiam apenas na minha cabeça, ser apunhalada pelas costas é maldade. E eu ainda fiquei uns momentos de longe, observando o sofá, mas sentada no chão com as almofadas, como estou agora. As almofadas também eram boas, algumas meio empoeiradas, outras mais densas e pesadas, uma ou duas, apenas, em perfeito estado. Mas eu gostava das empoeiradas, aquelas que tenho a mais tempo, que me fizeram sentir muito bem com aquele sofá, que juntos, por um momento, era um ótimo lugar para se estar. E eu me apegava aquelas almofadas, como as lembranças boas que te mantém em um lugar que não é mais seu. Aquelas almofadas, de tão empoeiradas, me fizeram espirrar diversas vezes, mas eu as queria por perto, e hoje é só o que eu tenho. Meu Pai levou o sofá, deixou algumas almofadas, mas pediu pra que guardasse-as no armário do passado. Esse texto não é sobre sofá, ou almofadas...

21/10

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Acabou.

Hj vc colocou ponto final, em uma história que já tinha muitas vírgulas. Vc odeia português, mas ao menos entende algumas regras.

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Eu não sou mais eu de ontem, hoje ainda dói, dilacera, mas um pouco menos. Eu não posso dizer que imaginar viver uma parte da vida sem vc me faz ter náuseas e me tira o chão, não vou te dizer que se for embora eu vou ficar incompleta, afinal nunca fui metade, nem que vc não vai fazer falta alguma. Eu quero poder dizer obrigada por tudo, viva bem, e espero que não se arrependa, mas sei que o que meu peito iria querer dizer é que me arrependo de ter conhecido vc e ter te perdoado todas as vezes que vc me machucou, pq eu vou estar quebrada.

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Eu queria que... eu queria tantas coisas

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Eu aprendi 2 coisas nessa vida, uma delas é que palavras não ditas engasgam, ecoam em nossa mente e amargam o coração; a outra é que ninguém pode esperar do outro algo que ele não está pronto para oferecer, seja por estar vivendo um momento difícil ou, por simplesmente, você não ser a pessoa que ele desejaria q fosse. Observando isso, me dou conta de que ambas situações são prejudiciais a nós mesmos e dependem apenas de nós para que aconteçam. Falar evita adoecimento e é capaz de curar, e perceber que o lugar que vc ocupa hoje não é seu, te liberta e te coloca em seu devido lugar. As vezes é só vc se autossabotando, as vezes não é. Aprenda a diferença.

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