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passaportesepanelas · 27 days ago
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Sábado, 17 de maio de 2025
Cliffs of Moher: Escolhemos ficar
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Nossa viagem pela Irlanda foi muito além do turismo — foi sobre reencontros, paisagens que nos tocam profundamente e escolhas que dizem muito sobre quem somos.
Deixamos a Irlanda do Norte rumo à costa oeste, cruzando o país até chegar a um dos lugares mais impressionantes que já vimos: os Cliffs of Moher. Foram mais de cinco horas de estrada, mas o destino fez tudo valer a pena.
Com seus 14 km de extensão e até 210 metros de altura, as falésias são um verdadeiro espetáculo natural. A vista do Oceano Atlântico, o ar gelado no rosto, o céu azul limpo e o mar lá embaixo, se movendo suavemente (nem rápido, nem devagar) criaram uma atmosfera quase mágica. Subimos, paramos, fotografamos… até que, sem perceber, estávamos com as pernas ao ar, rindo, livres.
Foi nesse momento que escolhemos ficar.
Sim, ficar. Não se jogar. Não fugir. Estar ali, inteiros. Escolhemos permanecer na vida, mesmo com suas vertigens e seus abismos. Escolhemos nos renovar. Cada um de nós, à sua maneira, entendeu que aquela parada era também um recomeço. Estar diante daquela força da natureza nos lembrou o quanto estar vivo pode ser arrebatador.
Durante toda essa viagem, estivemos cercados de cantoria, estrada, silêncio confortável e conversas que curam. Criamos entre nós um espaço seguro, onde pudemos ser exatamente quem éramos naquele momento. Nos apoiamos, nos escutamos, e nos permitimos viver tudo com verdade. 🍀
De volta à Dublin, encerramos nossa passagem pela Irlanda em grande estilo: à noite, fomos ao pub McGowans, onde o Thits trabalha. Naquele dia, ele foi nosso anfitrião. Ganhou vales de drinks, nos apresentou aos colegas, circulou entre mesas com alegria, contou como o lugar e a relação acolhedora foi construída noite por noite — e a gente só observava, felizes por vê-lo tão à vontade, tão respeitado e tão ele mesmo. Aquele lugar tem a energia dele.
Brindamos com Guinness, rimos alto e celebramos a vida. Porque foi isso que fizemos por aqui: celebramos a vida. E agora, voltamos para nossas rotinas mais inteiros, mais conscientes e, principalmente, mais gratos.
Essa "trip" foi o lembrete de que é possível parar, respirar, escolher — e ficar. E que sorte a nossa por termos feito isso juntos. 🌊
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passaportesepanelas · 1 month ago
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Sexta-feira, 16 de maio de 2025
Titanic e Calçada dos Gigantes? Na Irlanda do Norte isso aqui é chic!
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Acordamos em Belfast com dois destinos bem diferentes no radar: um, afundado na história (literalmente, para nossa tristeza); o outro, esculpido pelo tempo e envolto em mitos. E sim — ambos na Irlanda do Norte, terra que mistura natureza bruta, boa dose de drama e um sotaque que soa como música.
A primeira parada foi o Museu do Titanic, erguido no exato local onde o famoso transatlântico foi construído e lançado ao mar no início do século passado. A arquitetura do museu é toda futurista, cheia de ângulos ousados — quase como se dissesse: “Ok, a gente construiu o Titanic, mas também aprendemos com ele”.
Caminhar por ali é uma aula de história viva. E mesmo que Jack e Rose sejam personagens fictícios, não tem como não se emocionar com os relatos reais, as recriações dos interiores do navio e a linha do tempo que nos lembra que o “navio dos sonhos” também foi palco de tragédia. Catarina e eu, que nos conhecemos na época da faculdade, viramos cúmplices nessa emoção.
Mas o dia estava só começando. Pegamos a estrada rumo a um dos lugares mais incríveis (e estranhamente simétricos) que já vimos: o Giant’s Causeway — ou, em bom português, Calçada dos Gigantes.
Agora, vamos aos fatos e à lenda.
Geologicamente falando, o lugar surgiu há cerca de 60 milhões de anos, quando uma série de erupções vulcânicas esfriaram o magma de forma tão precisa que criaram cerca de 50 mil colunas de basalto com formas hexagonais quase perfeitas. É como se a natureza tivesse resolvido brincar de Lego em escala épica.
Mas é claro que os celtas, muito mais poéticos (e dramáticos) do que os geólogos, preferem outra explicação:
Reza a lenda que o gigante irlandês Finn MacCool foi desafiado para uma briga por um rival escocês, Benandonner. Determinado a enfrentar o desafeto, Finn construiu uma ponte de pedra até a Escócia — a tal calçada — para o duelo acontecer.
Só que, quando o gigante escocês chegou, Finn teve um plano brilhante: se disfarçou de bebê gigante. Ao ver o “bebê”, Benandonner entrou em pânico. Se o bebê já era daquele tamanho, imagine o pai! Fugiu imediatamente, destruindo a ponte atrás de si.
Moral da história: subestimar a criatividade irlandesa pode ser mais perigoso do que enfrentar um vulcão.
Depois de uma hora e meia de estrada, finalmente pisamos nas tais pedras. E que sensação estranha (e grandiosa) foi caminhar por ali.
As colunas pareciam se encaixar como se alguém tivesse passado horas arrumando tudo. A gente subiu, desceu, sentou, observou… e em algum momento, o corpo silencia, porque é impossível não se sentir pequeno diante daquela imensidão milenar.
O céu estava limpo, o vento batia com força e, entre uma risada e outra, aquela paisagem parecia nos dizer: “Vocês fazem parte disso tudo também.”
No fim das contas, foi um dia entre a ficção que virou tragédia e a lenda que virou pedra, mas sedimentou nossos corações.
Nós, que fomos por curiosidade, saímos de lá com um pouco mais de história, mitologia e reverência à força da natureza — e, claro, com ótimas fotos para revelar.
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passaportesepanelas · 1 month ago
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Quinta-feira, 15 de maio de 2025
The Dark of Hedges (NIrL): Até onde o amor pode ir?!
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Quando vi minha mãe com os braços abertos e aquele sorriso que parecia iluminar o mundo, tive a certeza: por amor, ela poderia ir a qualquer lugar.
Essa foto, tirada em Dublin em 2018, guarda muito mais do que uma paisagem bonita — ela carrega uma travessia. Mostra uma mãe que, sem pensar duas vezes, atravessou barreiras, medos e um oceano para abraçar o filho.
Meu irmão estava longe de casa há dois anos. Não podia voltar, mas seguia firme no desejo de recomeçar, de tentar até dar certo. Nossa mãe, com sua forma terna e firme de amar, sempre o encorajava: “Vai ficando… uma hora as coisas se ajeitam.”
Mas um dia, o coração dela apertou — como só o coração de mãe sabe apertar — e ela decidiu que era hora de ir até ele. Foi assim que viveram dias incríveis juntos, naquele maio inesquecível.
Tudo o que vivemos juntas antes da viagem — a ansiedade, os preparativos, a troca de mensagens, os sorrisos contidos — ficou marcado em mim. E depois, cada registro que ela me mandava de lá, cada paisagem que parecia ter saído de um sonho… tudo ficou.
Um dos lugares que me tocou profundamente foi The Dark Hedges, famoso entre fãs de Game of Thrones, mas que para eles foi muito mais do que cenário. As árvores retorcidas, lado a lado, como se se abraçassem, formavam um corredor de sombras e luz. Para eles, foi um caminho bonito demais para olhar para trás.
Guardei em mim esse desejo por anos. Sabia que, quando chegasse minha vez de pisar na Irlanda, aquele seria um caminho que eu precisaria refazer.
E o tempo passou.
O assunto "viagem à Irlanda" voltou — mas, dessa vez, num contexto mais sombrio.
O coração de mãe gritou de novo, mas agora por mim. E, diante de sua partida, no meio do luto, ouvi sua voz em eco: “Vá viajar. Faça as suas coisas.”
A Ilha Esmeralda continuava lá, me esperando. Mas eu ainda não estava pronta.
Demorei horas, dias, meses para aceitar que talvez estivesse.
Porque, para seguir, eu também precisava atravessar novas barreiras.
E no meio da escuridão, fui.
Em maio de 2025, um dia depois daquela antiga viagem, eu e meu irmão voltamos ao mesmo lugar.
As árvores estavam lá. Duas tinham sido cortadas, uma continuava meio caída — mas as que se entrelaçavam permaneciam firmes.
Tentamos refazer a foto, no mesmo ponto de oito anos atrás. E, de algum jeito, ele ainda estava lá.
As árvores guardavam aquela energia.
Dessa vez, o céu estava mais azul, o sol brilhava com mais intensidade — foi o que meu irmão disse.
Tudo era igual, mas diferente.
Estávamos ali no mesmo lugar, no mesmo mês, mas a razão que nos levou até lá já não era a mesma.
Um portal da natureza se abriu diante de nós.
Tínhamos que estar ali, naquele instante.
Minha mãe esteve ali antes, porque atravessou o portal do amor — porque o dia seguinte não importava. Ela precisava acolher. Precisava estar com ele.
Agora, éramos nós. E também nos acolhemos.
Eu abri os braços, como ela fez, e me entreguei ao momento.
Aquela pergunta inicial — até onde o amor pode ir? — já não precisava de resposta.
Eu senti. Eu soube.
O amor que recebi por tantos anos seguia ali, em cada passo, em cada respiro.
Nossa viagem foi uma resposta do tempo ao amor que nos trouxe até aqui.
Viemos por amor.
Recebemos amor.
E nele, encontramos luz para continuar.
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passaportesepanelas · 1 month ago
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Quarta-feira, 14 de maio de 2025
A Dublin nerdinha que aprendemos e vivenciamos.
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Dublin é um dos destinos favoritos dos brasileiros para intercâmbio. Estudar inglês em um país da União Europeia, com boa qualidade de vida, possibilidade de trabalhar legalmente durante o curso e um custo relativamente acessível, é o combo dos sonhos para muita gente — o que explica a comunidade brasileira cada vez mais presente por aqui (presenciamos até um irish comendo coxinha em um restaurante tupiniquim por aqui!)
Mas, além do inglês e das oportunidades, tem um motivo que identificamo-nos de primeira: a charmosa, histórica e nerdíssima Trinity College. Fundada em 1592 pela Rainha Elizabeth I, a universidade é um dos maiores ícones acadêmicos da Irlanda — e tem um campus de cair o queixo, com arquitetura georgiana e neoclássica e uma biblioteca histórica que te faz sentir dentro de um filme de época (ou do Harry Potter).
Passamos horas por lá: admiramos as faculdades e institutos, fizemos um piquenique nos gramados verdinhos dos jardins e, claro, visitamos a joia da coroa intelectual do lugar — o Book of Kells.
Esse livro, ou melhor, essa obra de arte, foi produzido por monges por volta do ano 800 em um mosteiro celta. Esse manuscrito, um mais importantes da Idade Média e um tesouro da arte cristã medieval foi trazido para Irlanda após um ataque bárbaro ao mosteiro original. O que o torna tão especial? Nos impressionamos com dois fatores principais:
📖 1. O formato – Enquanto a maioria dos textos antigos era escrita em rolos (sim, aqueles pergaminhos que precisavam ser desenrolados sem fim, tipo scroll infinito de rede social), o Book of Kells já adotava o formato de códice, ou seja, páginas encadernadas como um livro de verdade.
🎨 2. A beleza – A caligrafia rebuscada, os desenhos entre os trechos bíblicos e os detalhes minuciosos de cada página são simplesmente impressionantes. É arte, é a construção da fé cristã, é paciência em forma de tinta e pergaminho.
E o mais legal: já conhecíamos o Book of Kells antes mesmo de vê-lo ao vivo, graças às aulas de História da Arte do canal da Vunesp no YouTube (gratuitas e maravilhosas!). Estar ali, vendo com os próprios olhos algo que estudamos na tela do computador, foi daquelas experiências que conectam teoria e prática de um jeito inesquecível.
Quando o conhecimento encontra a vivência, algo se transforma: o olhar muda, o coração se agita e a memória ganha um novo brilho. Foi exatamente isso que sentimos ali — e seguimos, felizes, transformados e com o coração cheio de gratidão.
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passaportesepanelas · 1 month ago
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Terça-feira, 13 de maio de 2025
Dublin: um destino fraternal
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A capital da Irlanda nunca esteve na minha lista de desejos. Tirando o U2 e, mais tarde, The Cranberries, meu interesse pelo país sempre foi discreto. Na adolescência, estudei com entusiasmo temas como o IRA e a luta pela independência, mas, com o tempo, esse fascínio cedeu espaço a outras prioridades. A Irlanda, afinal, ainda mantém vínculos fortes com o Reino Unido e com a Irlanda do Norte — relações visíveis em questões de fronteira, políticas migratórias e até mesmo na cultura cotidiana, com a mão inglesa, o whisky e outros traços compartilhados.
Catarina também nunca manifestou vontade de conhecer a Ilha Esmeralda — até que, em 2016, seu irmão se mudou para lá. Desde então, a Irlanda passou a ocupar um espaço especial no nosso imaginário. Tornou-se, pouco a pouco, um destino de afeto.
Fomos recebidos pela Spire of Dublin, a agulha metálica que se ergue como símbolo da modernidade e liberdade irlandesa, sob um céu surpreendentemente azul. E por Thiago, que, depois de um abraço apertado, nos conduziu pelas ruas do centro com a segurança de quem conhece bem a cidade e o carinho de quem há muito esperava por esse reencontro.
Logo no primeiro dia, nos impressionamos com a organização urbana e a arquitetura da cidade, além dos passeios que nos aguardam — de tirar o fôlego. Serão cinco dias de abraços fraternos, de alívio diante das decisões incertas que ainda precisaremos tomar (já que o Thits comandará o rolê) e de paisagens que jamais imaginamos ver e sentir de perto.
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passaportesepanelas · 1 month ago
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Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Edimburgo: uma abocanhada nos sabores e no idioma
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Era 12h30 e, pelo ingresso que compramos com antecendência, faltava exatamente uma hora para entrarmos em um dos castelos mais cinematográficos da nossa jornada. A visita era tão envolvente que precisaríamos de aproximadamente 3h para vivenciarmos com calma e observar cada detalhe dessa paisagem que contém ares de contos de fadas, de jogos de RPG da Idade Média ou mesmo da magia de histórias de bruxos (e trouxas).
Mas aí tínhamos um problema no roteiro: a loja de fudge, doce tradicional a base de caramelo, que é bem típico na Escócia, fecharia às 16h30.
Saímos da magestosa St Giles Cathedral, uma igreja que nos impressionou em cada detalhe, e descemos, apressados, a encantadora Canongate Street até nos depararmos com a "Fudge Kitchen", uma loja do doce que tanto procurávamos. A placa da loja nos convidava a entrar. O lugar era aconchegante, conseguimos observar o processo de produção artesanal dos fudges e degustar esses doces que derretiam em nossas bocas. Ao conversamos com o proprietário, Catarina se embananou com a palavra “receita/recipe” e foi a deixa para conversamos em português com o escocês, que estava praticando no duolingo nossa língua materna.
Foi um momento desses que ficará guardado em nossas memórias: a fala devagar, esforçada e feliz do escocês e nossa interação genuína e carinhosa.
Comentamos: 'This is a great place'. E ele respondeu: 'Vocês também são muito bonitos'.
Aliás, uma coisa que notamos, tanto na Inglaterra como na Escócia, foi a educação e a tentativa de compressão da população para conosco. Nosso inglês está evoluindo, a comunicação está acontecendo. Estar ambientalizado, imerso e ter tantas pessoas empáticas facilitam o processo e deixam nossa passagem por esses lugares nada passageiras em nossas mentes.
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passaportesepanelas · 1 month ago
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Domingo, 11 de maio de 2025
Edimburgo: cidade ou cenário medieval?
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Pernoitamos em um busão apertado (cadê o leito/semi-leito nessas horas?! 😫) e depois de 8h chegamos em uma cidade que mais parecia um cenário de filme.
Com seu imponente castelo sob um penhasco e suas ruas medievais, a capital da Escócia nos encantou.
Cada casa, comércio ou becos pareciam sorrir para as fotos que, empolgados, íamos tirando pelo caminho. Aliás, o caminho aqui foi o nosso grande destino. Nos perder por entre ruas, escadarias e vielas se tornou um ponto incrivelmente magnífico nessa curta passagem por Edimburgo.
Ao visitarmos o Museu Nacional da Escócia, ficamos petrificados com tamanha beleza e emoção ao vermos a ovelha Dolly, primeiro clone bem sucedido de mamífero do mundo.
A gastronomia também foi destaque ao proporcionar experiencias que a ambientação e a comida se harmonizavam perfeitamente. No almoço experimentamos o típico Sunday Roasted no The Dome, restaurante de arquitetura renascentista que se localiza em um antigo banco, mas que ainda guarda toda a riqueza de detalhes que brilham os olhos de admiradores de arte e boa gastronomia, que também contou com um atendimento simpático, cuidadoso e impecável. No final do dia fomos ao Sandy Bell’s, pub tradicional escocês onde a variedade de whiskys e a música ao vivo celta ativaram memórias que sensibilizaram todos os nossos sentidos. Quando fomos dormir em nossa hospedagem, nos deparamos com uma linda igreja medieval diante da nossa janela.
Edimburgo afirmou durante o dia inteiro o seu lado mágico e fotogênico.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Sábado, 10 de maio de 2025
Londres em Mercados: Onde Tradição e Inovação se Encontram
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Ao planejar nosso roteiro por Londres, uma surpresa logo se revelou: a quantidade e diversidade dos mercados de rua. Longe de serem apenas pontos turísticos, esses espaços são um convite a explorar sabores, histórias e culturas. E não demorou para que nos perdêssemos — felizmente — entre cheiros, degustações e conversas.
Começamos pelo icônico Borough Market, onde o hype não é à toa. Entre morangos cobertos de chocolate e a gigantesca fila da paella, o destaque foi um sanduíche de queijo inesquecível, preparado por um italiano que viveu no Brasil. O Bread Ahead também nos conquistou com seu doughnut de crème brûlée (sim, lembramos da querida “brullezinha”) e com um brownie macio e poderoso que parecia um abraço em forma de sobremesa.
No Apple Market, em Covent Garden, foram as flores que roubaram a cena, colorindo o espaço já cheio de vida. Enquanto o Leadenhall Market fez mais do que inspirar a J.K. Rowling na criação do Beco Diagonal em Harry Potter, nos impressionou com as nuances cromáticas e com os detalhes de sua arquitetura vitoriana. Em Portobello Market, o cotidiano era cenário de puro cinema, como em “Um Lugar Chamado Notting Hill”, e o Camden Town Market virou nossa cabeça com sua proposta alternativa, onde o criativo e o excêntrico se misturam sem esforço.
Mas Londres não se contenta apenas em manter mercados tradicionais; ela os reinventa. No Mercato Mayfair, uma antiga igreja se transformou em um espaço de gastronomia e economia circular. Sob os vitrais e a arquitetura clerical, drinks, comidas e presentes criativos dividem espaço. Rimos (e suspiramos) com os cartões para presentes e datas especiais bem-humorados e cheios de trocadilhos que encontramos por lá.
A criatividade na reutilização de espaços históricos é mesmo o ponto alto deles. No Host Café, uma igreja que, de segunda à sexta, é uma cafeteria. No fim de semana, ela volta a ser espaço religioso. Já o Attendant Café, irônico e intrigante, funciona em um antigo banheiro público. Sim, tomamos café onde um dia foi um toalete, e hoje em dia sequer há banheiro por lá.
Esses mercados não foram apenas paradas gastronômicas. Foram encontros e possibilidades de expandir nossas ideias. Conhecemos pessoas, descobrimos novos sabores e percebemos como Londres encontra formas de preservar seu passado sem abrir mão da inovação e das necessidades do hoje. São lugares que, ao mesmo tempo, mantêm histórias vivas e inspiram novas memórias.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Sexta-feira, 9 de maio de 2025
Londres: O Meridiano Verde da Hora Zero
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É curioso como os símbolos e as representações nos pegam, mesmo quando conhecemos o que há por trás delas. Hoje, foi dia de explorar o Parque Real de Greenwich, visitar o Observatório Astronômico e nos emocionar diante da famosa linha do meridiano 0’0’. Aquela que divide o mundo em Ocidente e Oriente e marca o início dos fusos horários globais.
Para quem já desenhou essa linha de verde no quadro — tanto para diferenciá-la didaticamente, quanto por causa do “green” do nome — o impacto foi imediato. E como não lembrar das aulas do professor Fouto? Na época, entender as linhas de fuso horário parecia uma missão quase mística. Hoje, foi como encontrar pela primeira vez uma velha conhecida, como aquela pessoa que trabalhamos todos os dias no home office e conhecemos ela de carne e osso no escritório.
E, mantendo o clima simbólico, descobrimos que Greenwich abriga a primeira obra arquitetônica clássica do Reino Unido, inspirada nos gregos e romanos: a Queen’s House. Um espaço que, além de ser um museu, faz parte de um complexo de arte e história imperialista, incluindo o Museu Marítimo.
Mas o dia não poderia terminar sem um novo olhar através das águas. Embarcamos no Uber Boat pelo Rio Tâmisa, navegando entre os cartões-postais de Londres vistos de ângulos menos óbvios. Porque, afinal, um dos propósitos desta viagem é justamente esse: olhar o mundo por diferentes perspectivas.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Quinta-feira, 8 de maio de 2025
Primavera em Londres
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Os girassóis de Van Gogh é um dos quadros mais famosos (ao menos, o mais fotografado e que a loja do museu explora em diferentes produtos) da National Gallery.
Mas o clima floral foi para além do quadro do pintor modernista holandês. Jardins, floreiras e canteiros bem ornamentados estão espalhando cores e beleza por diferentes pontos da cidade. Uma paisagem colorida nas flores e o céu azul vibrante para completar a paleta.
Durante nosso almoço de hoje, o famoso ‘fish and chips’, no Rock and Solle Place (primeiro restaurante a servir essa iguaria londrina), não foi diferente e entre um casal francês e outro italiano, estávamos rodeados por flores em lindos arbustos.
Ao caminhar pelo Convent Garden e pelo Soho, diferentes florzinhas apareceram pelo caminho (algumas recém regadas pingando água na calçada). No Apple Market, grandes carroças floreiras embelezavam a rua de maneira natural e plena.
Entre um ponto do roteiro e outro, vimos uma loja com mais destaque do que as outras. Encontramos um comércio que era, simultaneamente, floricultura, vinhos e comida, onde workshops de artesanato de flores são oportunizados para os amantes desse trio a cada estação. Ficamos encantados com a delicadeza do ambiente e o que ele emana. Um conceito que chamou nossa atenção para ampliar os horizontes da confeitarina. Afinal, o desabrochar de uma flor, possibilita toda uma primavera.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Quarta-feira, 7 de maio de 2025
Londres Real
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As expressões tupiniquins “tive um dia de rei” e “um dia de princesa” não refletem a experiência monárquica da qual vivenciamos em Londres nessa quarta-feira.
Por mais que nosso ideal não se adeque a um sistema político composto por reis e rainhas, mesmo na presença de um parlamento, baixamos a guarda e nos permitimos nos comprometer por um dia nas tradições da realeza britânica.
A honraria da troca da guarda no Palácio de Buckingham foi uma impactante revelação, sobretudo porque escolhemos um tour guiado para acompanhar os movimentos harmônicos dessa icônica cerimônia, além de dirigir o nosso olhar para perceber nuances simbólicas e nos posicionar nos lugares mais estratégicos.
Pontualmente às 17h mantivemos a tradição de tomar o chá da tarde (com leite) e degustar seus lanchinhos caprichados, scones crocantes por fora e macios por dentro e sobremesas de nos fazer suspirar.
Entre os dois eventos, fomos a National Galerri apreciar obras de arte que estudamos e admiramos por entre as telas e cursos. A possibilidade de ver as pinceladas de grandes nomes renascentistas e do modernismo europeu, como os girassóis de Van Gough, deixou o dia, que já estava com o céu azul, ainda mais colorido.
Realmente o lema de hoje foi estar no lugar certo, na hora certa para sentirmos as emoções mais latentes de grandes movimentações reais.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Terça-feira, 6 de maio de 2025
Mil e uma Londres
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Se durante a confecção do roteiro percebemos o quanto Londres era uma cidade complexa em termos de atrações culturais e históricas, constatamos parte dessa multiplicidade explorando diferentes pontos da cidade no nosso primeiro dia na capital da Grã-Bretanha.
O café da manhã foi diferente para nós. No menu, nos aventuramos em um café tipicamente londrino com feijão, bacon, salsicha, ovo frito, toast e uma caneca de café com leite no Regency Café. Após comer com os olhos e o coração, seguimos com os clássicos pontos turísticos: Palácio de Westminster, Big Ben, Cabine Telefônica e London Eye. Fomos impressionados com o dourado que reluz em cada prédio, sobretudo na torre do relógio mais famoso do mundo. O brilho foi tão marcante para nós, que fez a torre parecer menor, quando comparada à torre do Palácio. Já a roda gigante, parecia alcançar as nuvens.
A Abadia de Westminster foi outro local que nos surpreendeu. Seu interior é repleto de história, seja pela grandiosidade (em tamanho e riqueza) de sua arquitetura, pelos vitrais expostos, pessoas que estão sepultadas ou que foram homenageadas em seu interior, pelas obras de arte expostas ou pelas diferentes capelas que a forma. Nos momentos que percorremos a abadia com o audioguia em português de Portugal, tivemos verdadeiras aulas de história e de artes!
E para explorar ainda mais a cidade, fomos conhecer outros dois lugares muito especiais que estávamos contando os segundos para contemplar!
Descemos de metrô na estação Paddington para admirar três esculturas: a escultura do fofo urso peruano que desembarcou em Londres na literatura infantil escrita por Michael Bond - uma graça em forma de bronze.
Na mesma estação, mas ao lado de fora, as esculturas de Gillie and Marc nos convidaram para um banquete animal e uma sessão de fotos com cãotógrafos (risos!) - sabe aquele post que você salva de inspiração? Essas obras há tempos tínhamos marcado para vivenciar, então foi muito especial. Inclusive, depois dos cliques, uma criança que estava próxima nos viu com uma câmera na mão e nos encantou com a surpresa e alegria ao dizer: Uau, the same camera! Cachorros e humanos com câmeras fotográficas nas mãos, uma cena encantadora mesmo.
Para o final do primeiro ato, fomos a um bairro chamado Notting Hill, e observamos as lindas casinhas coloridas onde Júlia Roberts e Hugh Grant gravaram o famoso filme da porta azul, com a livraria icônica e um aconchego arquitetônico - nos apaixonamos como eles.
Ah! Londres, quantas cidades em apenas um dia!
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Londres: okiseisaum?
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Depois de onze horas em um voo direto — tão cansativas no aperto da classe econômica, que até o jantar servido à 1h30 da manhã parecia mais uma provação do que um prazer (nunca pensei que escreveria isso sobre comida, risos!) —, finalmente pousamos em Londres!
Ainda dentro do avião, ativamos nosso chip de internet ilimitada da Holafly e nos preparamos para o primeiro momento tenso do dia: a retirada das bagagens.
Uma a uma, nossas duas malas de mão (que, por pouco, foram recusadas na cabine e acabaram sendo despachadas) e a bagagem principal apareceram rolando na esteira. Primeiro grande alívio do dia!
Seguimos então para a imigração. Pelo caminho, notamos que muitos dos atendentes eram indianos, com um sotaque mais marcado no inglês, o que, curiosamente, acabou ajudando na nossa compreensão e localização dentro do aeroporto.
Na imigração, separaram os portadores de passaportes europeus dos demais — e lá fomos nós para a fila dos “outros” (com um leve emoji de revirar os olhos mental)
Felizmente, caímos com uma atendente tranquila. Ela perguntou o motivo da viagem, quantos dias ficaríamos, quais cidades visitaríamos (explicamos que além de Londres, passaríamos dois dias em Edimburgo), e pediu a reserva do Airbnb — que eu, precavido, tinha impresso. Também conferiu nosso ETA diretamente no sistema.
A pergunta mais “desafiadora” veio quando ela quis saber o que éramos um do outro. A fala foi tão rápida que não entendemos de primeira. Ela repetiu, desta vez com gestos, e aí a Catarina, iluminada por uma memória do Duolingo, lembrou: What are you to each other? Risos!
Catarina respondeu: we are engaged. E eu, para reforçar, mostrei a mão e apontei para o dedo anelar. Salvos pela aliança! 💍
Para fechar, ela perguntou nossas ocupações no Brasil, carimbou os passaportes e liberou nossa primeira entrada oficial no Reino Unido. O processo todo durou uns cinco minutos e foi mais tranquilo do que esperávamos. Saímos comemorando o carimbo, mas minutos depois a Catarina ficou brava porque não dissemos we are married na “pergunta do milhão”. Tudo bem… somos eternos rolinhos mesmo.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Domingo, 04 de maio de 2025
O início, o fim e o meio: Honeyropa, aí vamos nós!
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Quando, pela primeira vez sentamos na sala vip do Mastercard do aeroporto de Guarulhos, sentimos um alívio, um frio na barriga e uma sensação de relaxamento, em meio às taças de vinho.
A semana foi muito corrida. Na segunda fomos buscar nossas alianças novas no shopping perto de casa e um sentimento de amor transbordou em nossos corações, passando um filme da nossa vida real, o que nos relembrou porque estamos juntos e para onde vamos. Na terça, compramos um adaptador de tomadas universal para as diferentes entradas de tomadas nas hospedagens que virão. Quarta feira não levamos a Bruleezinha para a creche, pois precisávamos ficar mais um tiquinho com nossa bdoguinha. No almoço, na quinta, resolvemos pedir um prato tipicamente brasileiro para matar a saudade do tempero e dos sabores que tanto gostamos, dessa vez, não foi feijoada, como de costume nessas ocasiões, e sim 'baião de dois e dadinho da tapioca', porque o nordeste habita em nossos corações. Ainda faltavam alguns itens... Na sexta, voltamos para o shopping e compramos acessórios de viagem, como organizadores de malas, capa para passaporte e doleira, assim, não nos perderemos entre roupas e documentos. Aproveitamos para checar as companhias de telefonia, mas só em casa finalizamos o e-sim da Holafly. Malas quase arrumadas, chip conectado... tudo para deixar nossa viagem mais segura e organizada. No sábado, uma ida ao aeroporto para buscar o vô de pet. Meu pai chegou de Aracajú para ficar com a Brûllée e passamos as principais informações sobre a casa e as coisas da "netinha" para ele. Tudo isso acompanhado de outras demandas da casa, itens que levamos para consertar, produção do roteiro de viagem e a rotina do dia a dia, notando algo diferente nos passos corridos.
Quando finalmente o dia de hoje chegou, estávamos cansados mas com uma sensação de orgulho diante de tantas áreas distintas que fomos dando check. Fechamos as malas, nos arrumamos, curtimos as mensagens de carinho recebidas por pessoas queridas, nos despedimos da Brûlée e do meu pai (eita momento difícil) e partimos, com um Uber Bag, para o aeroporto de Guarulhos.
Já no carro, entre nós dois, conversávamos sobre os sentimentos de aperto e orgulho que estávamos sentindo, quando o motorista errou uma entrada, deu a volta e de repente: pum! Ele bateu o carro com velocidade sobre uma guia. O pneu começou a fazer um barulho, o motorista parou no acostamento da via Anchieta e trocou rapidamente o pneu. Carro que segue. Quando ele deu a partida novamente, o estepe anunciou, trepidação, cheiro de borracha queimada, mais uma vez ele parou no acostamento.
Nossa Honeyropa já começou com perrengue!
A Catarina com um celular na mão ligando para a Ecovias para prestar apoio, afinal estávamos na sargeta. Ao mesmo tempo, o motorista do carro, que iniciou a viagem contente em nos receber em seu retorno para casa, acionou o seguro, e meu pai, que já tínhamos nos abraçado e despedido, recebeu um pedido de socorro. Foi o destino o Carecão nos levar ao aeroporto para começarmos essa jornada depois de tanto que fizemos no último mês.
Quando, pela primeira vez sentamos na sala vip do Mastercard do aeroporto de Guarulhos, sentimos um alívio, um frio na barriga e uma sensação de relaxamento, em meio às taças de vinho.
Logo na sequência... embarcamos. O avião, nosso sonho, nossa jornada, nossa expectativa, nossa Honeyropa... Decolou! ✈️
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Domingo, 27 de abril de 2025
Quando Roma encontra o Wi-Fi: aulas de arte e novos caminhos para a Honeyropa
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Hoje concluímos um dos preparativos mais inusitados — e, curiosamente, mais transformadores — da nossa jornada sabática: terminamos de assistir às aulas de História da Arte II, oferecidas pelo Instituto de Artes da UNESP em parceria com a UNIVESP, disponíveis gratuitamente no YouTube.
A disciplina, ministrada com impressionante clareza pelo Prof. Dr. José Leonardo do Nascimento, fez parte do currículo regular da graduação de 2013 e conta com 32 aulas de cerca de 25 minutos cada. O conteúdo abrange desde a arte e arquitetura etruscas até o embrião do Renascimento florentino no século XIV. Sim, é um curso completo que, mesmo à distância de mais de uma década e algumas telas, nos deu uma base sólida — e apaixonante — sobre a construção visual e simbólica do mundo ocidental.
Criamos um novo ritual durante as noites do último mês, com os olhos semicerrados de cansaço e as cabeças acesas de curiosidade : dar play no vídeo, pausar para discutir, abrir abas e mais abas de pesquisa, voltar ao vídeo, discutir de novo. Era aula e era debate. Era um momento do saber. E era viciante.
Foi assim que descobrimos, por exemplo, que a famosa estátua da loba que amamenta Rômulo e Remo — símbolo da fundação de Roma — era, na verdade, originalmente apenas uma loba etrusca. Os gêmeos fundadores foram “photoshopados” depois por um escultor romano. Aprendemos também sobre a importância da arte bizantina e sua rigidez simbólica, e sobre como os mosteiros medievais eram, ao mesmo tempo, bibliotecas e editoras pré-imprensa — e como esse trabalho de Copistas Anônimos influenciaram a arte interna dos mosteiros.
O impacto das aulas foi direto e prático: revisitamos nosso roteiro da Honeyropa, ajustamos cidades, encaixamos paradas estratégicas e aprofundamos o olhar. Não se trata mais de apenas ver uma igreja ou ruínas antigas, mas de entender o que aquela forma quis dizer, o que aquela cor pretendia provocar, o que aquele templo representava em seu tempo. Viajar, assim, passou a ser também um ato de decifrar o passado com os próprios pés.
E há um mérito especial aqui: o acesso. Essas aulas — e tantas outras, incluindo de professores que lecionaram em nossos cursos na USP — estão abertas e gratuitas no YouTube, graças a parcerias entre universidades públicas e plataformas digitais. Isso democratiza o conhecimento de forma exemplar e reforça o valor da educação pública como um patrimônio coletivo.
Mais do que uma introdução ao universo da arte, esse curso foi uma lupa. Conseguimos enxergar para além do olho nu, afinou o nosso olhar e aprofundou o sentido da nossa viagem. Afinal, quando se viaja com história na bagagem, tudo ganha mais densidade: uma escultura fala, uma fachada sussurra, uma rua antiga nos olha de volta.
No fim das contas, não estávamos apenas vendo vídeos — estávamos fazendo as malas com mais consciência, traçando mapas com mais intenção e, principalmente, nos preparando para vivenciar com mais profundidade aquilo que está por vir.
Porque arte é isso: uma lente para ver o mundo — e uma forma de fazer da viagem uma experiência que permanece, mesmo depois que o avião (re)pousa.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Sábado, 26 de abril de 2025
Organizar antes de partir: um gesto de cuidado e permanência
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“Organizar é resgatar memórias, redescobrir tesouros e dar espaço para novas conquistas.” Inspirados nesse princípio de Marie Kondo — e ainda mais considerando que, entre as muitas habilidades da Catarina, ser personal organizer é uma delas — hoje foi dia de praticar um exercício profundo de cuidado: com a casa, conosco e com o meu pai, que ficará enquanto estivermos fora.
Na mala vão roupas, documentos e alguns gadgets. Mas também levamos conosco fragmentos da casa que deixamos: a lembrança dos cantos que mais gostamos, os objetos que nos acolhem, os cheiros familiares, os sons cotidianos. Porque viajar, no fundo, é isso: multiplicar lares. Deixar um em pausa enquanto outros, temporários e cheios de descobertas, se revelam pelo caminho.
E, por isso, cuidamos dos detalhes: esvaziamos a geladeira e a despensa, mas deixamos tudo abastecido com o essencial para o meu pai e com os itens do dia a dia da Brûlée. Dobramos, guardamos, reorganizamos e também nos desfizemos do que não fazia mais sentido. Cada canto parecia nos chamar, como se a casa também quisesse se preparar para esse tempo de ausência.
Não embalamos em caixas, mas em gestos. Cada objeto tocado com a intenção de manter viva a nossa presença — mesmo na ausência.
Quando apagarmos as luzes, fecharmos a porta e o som da chave ecoar pelo hall, saberemos: um pedaço de nós ficará aqui, guardado entre os móveis e os novos silêncios, esperando pelo nosso retorno.
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passaportesepanelas · 2 months ago
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Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Nosso Período Sabático: Uma Pausa para Respirar e Redescobrir
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Os últimos cinco anos foram intensos.
Entristecemo-nos com perdas irreparáveis — minha mãe e minha sogra. Enclausuramo-nos durante uma pandemia mundial. Realizamos transições profundas de carreira: ambos deixamos a sala de aula para nos tornarmos empreendedores — eu, consultor pedagógico na Geekie; Catarina, como chefe confeiteira autônoma. Estudamos — finalizei meu doutorado na USP e Catarina concluiu uma pós-graduação no SENAC. Ainda nos mudamos de casa, reorganizando nossa vida e nossos afetos.
Foram muitas alterações, adaptações e obstáculos superados dia após dia. E, por isso, decidimos nos dar algo precioso: tempo.
Sim, estamos prestes a embarcar em um período sabático. E hoje foi o último dia de trabalho.
Catarina esteve na confeitaria, organizando tudo para que seu espaço ficasse preservado durante nossa pausa. Eu estive na Geekie, participando das últimas reuniões, almoçando com o time e devolvendo os equipamentos.
O período sabático é uma pausa estendida do trabalho, tradicionalmente associada à renovação pessoal, ao descanso profundo e à abertura de espaço para novos projetos e aprendizagens. Sua etimologia vem da palavra hebraica shabbat, que significa "descanso" — mas, mais do que simplesmente parar, é um tempo para se reconstruir.
No nosso caso, será um momento multidimensional: viagens para novos lugares, reencontros com antigos sonhos, expansão cultural, dias de puro ócio, aprofundamento de projetos que vínhamos desenhando e também tempo dedicado a estudo e criação.
Não se trata apenas de "não trabalhar". Trata-se de nos reconectar com o que realmente nos move — com aquilo que, na rotina corrida, às vezes se perde de vista. Trata-se de ouvir melhor o mundo ao redor e, sobretudo, a nós mesmos.
Sabemos que é um privilégio poder fazer essa escolha. Queremos honrá-la vivendo com presença, sem a pressão de resultados imediatos.
Nosso maior objetivo é cultivar aquilo que tantas vezes deixamos para depois: tempo de qualidade com quem amamos, projetos de longo prazo e experiências que nos transformam de verdade.
A ideia é simples, mas profundamente poderosa: parar para continuar. Respirar para mergulhar de novo — mais inteiros, mais leves, mais conscientes de quem somos e do que queremos construir daqui para frente.
Estamos animados, gratos e, naturalmente, um pouco ansiosos — afinal, sair do automático também assusta.
Mas, acima de tudo, estamos abertos: ao novo, ao desconhecido, às infinitas possibilidades que surgirão para que possamos escrever, com consciência e afeto, nossos próximos capítulos.
[Box: Dica do Viajante]
Fazer um planejamento, não só financeiro, mas que envolva a assistência aos bens e seres que ficarão faz com que a jornada seja mais tranquila e previsível;
Estar aberto às possibilidades que aparecerão, pois, por mais que tenha organização e planejamento, estamos nos jogando no mundo;
Equilibrar experiências culturais, descanso e aprendizagem é fundamental para respeitar o nosso próprio tempo e fazer valer o período sabático.
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