𝒉𝒆𝒓 𝒎𝒂𝒋𝒆𝒔𝒕𝒚 : half in bloom , half in shadow , she wears the crown of two worlds — too soft for the dark , too strange for the light , and destined to belong entirely to neither .ayzere gülsoy , 28 !
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most perfect face card there is.
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* countenance⠀⠀⠀੭#ô gente hoje eu juro que tentei vencer. dei o que pude e pude pouco#amanhã to na ayze dnv pra quitar meus starters quilométricos
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o tom das palavras dele escapava à compreensão de ayzere . ou talvez não — era como se tivesse ouvido exatamente o que queria . a porta se fechando atrás dele apenas lhe concedeu mais liberdade para avançar alguns passos pela suíte , as sacolas equilibradas nos braços , enquanto o perfume de flor de laranjeira , peônias e jasmim branco se mesclava ao frescor persistente do esfoliante de camomila . ⸺ é como eu disse , estou em uma missão para salvá-lo . — lançou uma piscadela por cima do ombro . ⸺ não é o meu lugar falar o que estou prestes a dizer , mas... já que somos amigos , talvez seja sim . enfim... na festa as pessoas te encaravam , e não de maneira positiva , mas com certa apreensão . e bem , eu sei que foi porque parecia absorver todas as sombras do ambiente , trajado completamente de preto em meio a um oceano de brancos e dourados . — disse no mesmo tom doce que usava para acalmar crianças em dias difíceis .
com um giro gracioso , pendendo o quadril para a esquerda , apoiou a destra na cintura . ⸺ um momento de paz , você diz... — repetiu , os olhos cintilando em humor . ⸺ se paz é apenas o ato de não sair , já não deveria estar transbordando dela ? — arqueou a sobrancelha , avaliando . admitia não saber muito sobre ele , afinal haviam trocado uma dúzia de palavras , mas se fosse julgar pela aura de solidão , e pela falta de cor que parecia se estender até a tez masculina , a conclusão seria inevitável . sem esperar resposta , avançou com naturalidade , o tecido leve do vestido roçando contra o mármore , até espalhar as sacolas coloridas sobre o sofá , a mesa de centro e a poltrona .
⸺ essas sacolas são o meu , ou melhor , o seu socorro . — sem hesitação , prendeu os fios em um penteado improvisado e começou a retirar as roupas dobradas , espalhando-as pelas superfícies como se fossem relíquias recém-descobertas . para ela , cada peça era salvação não apenas estética , mas existencial . uma explosão de cor capaz de resgatar alguém que parecia ser feito de penumbra . quando terminou de alinhar linho , algodão e jeans em tons que iam do cinza profundo ao marfim , recuou para avaliar o ambiente , que já vibrava em outra frequência . sorriu sozinha , satisfeita , antes de voltar o olhar para ele . ⸺ aqui está ! talvez , só talvez , eu tenha me empolgado um pouco na quantidade , mas sempre podemos devolver algo se for demais . — deu de ombros , e então avançou até ele , fechando a mão sobre o pulso alheio com um gesto quase fraternal , embora não soubesse de onde surgia aquela familiaridade . o puxou suavemente em direção à sua obra colorida . ⸺ então , o que achou ? seja sincero , prometo não ficar chateada . — embora , no fundo , sabia que ficaria caso ele detestasse .
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Josh achou que aquele dia seria perfeito para apenas ficar em seu quarto do hotel. Tinha saído o suficiente nos dias anteriores e agora estava precisando de um tempo só pra ele. Sem contar que o sol de Santorini era bem mais forte que o da Inglaterra, e Josh sentia que estava ficando vermelho mesmo com o tanto de protetor solar que passava. Decidiu deitar-se na cama e colocar um filme clichê de romance que se passava em época de Natal; o que certamente não era algo que parecia que alguém como Josh assistiria, mas ele só estava passando o tempo, é claro.
Antes que o filme sequer chegasse na metade, escutou uma voz feminina vinda do outro cômodo. Josh levantou-se abruptamente, colocando a primeira camisa que viu pela frente: uma preta que combinava com a cor da calça também, pra variar. "O que...?" Ele piscou algumas vezes quando percebeu que uma mulher que conheceu no aniversário das donas do hotel estava ali segurando um monte de sacolas. A porta estava aberta...? "O que você está fazendo?" Mesmo que tivesse ficado bêbado no dia do evento, lembrava-se bem de Ayzere, e por algum motivo ela acabou marcando-o com sua presença. Mesmo que fossem bem diferentes em praticamente tudo.
Sem tirar os olhos dela, Josh disfarçou enquanto fechava a fechar a porta do seu quarto, pois a última coisa que ele queria era que ela percebesse que ele gostava de filmes bregas. Isso certamente seria um tópico por dias caso a visse de novo. "Me salvar...?" Aquelas palavras eram bem familiares pra ele; durante anos as pessoas iam até sua casa para checar se ele estava bem e não tinha se afogado em drogas sozinho. Por muito tempo, ele não esteve realmente bem. Certamente não estava totalmente bem agora mesmo. Mas ainda era estranho que Ayzere estivesse preocupada. "Olha, eu não saí hoje porque preciso de um momento de paz. Só isso. Você não precisa se preocupar." Explicou, dando alguns passos na direção da mulher. Por mais que estivesse vestido de um jeito mais despojado, não se sentiu desconfortável com a presença dela ali. Por muito tempo foi cuidadoso quando se tratava de fãs loucos, mas sentia que Ayze não o faria mal. "Além disso, ainda posso sair à noite para o jantar..." Não estava em seus planos, mas tentou a tranquilizar... se essa realmente fosse a razão dela estar ali. Seu olhar foi para os sacos de compras coloridos que Ayze tinha em mãos. "O que são essas sacolas?"
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* threads⠀⠀⠀੭#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* joshua : tânatos !#eu não me aguento kkkkkkk#as pessoas encarando ele com apreensão : vendo ele pela primeira vez em quinze anos#delulu em sua forma mais pura
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em sua pressa por agarrar-se ao mais próximo dos seres e na tentativa subsequente de apenas movê-lo , não percebia o calor úmido da pele sob seus dígitos . somente então , na iminência de ser repelida e relegada à própria sorte diante das revelações que o universo parecia ansiar em sussurrar-lhe , que juntava as peças . e enfim , em foco , o via por inteiro . o sotaque cantado lhe roçava os tímpanos de forma divertida , ainda que lânguida , um som que poderia rivalizar com o estalar de uma lança contra pedra . estremecia-se , não de medo , embora os gestos e os pequenos detalhes que o compunham pudessem intimidar — mas tampouco sabia nomear aquele sentimento , algo próximo da familiaridade que a rondava antes . o questionamento dele a ancorava dos breves devaneios , e a simplicidade do tom bastava para provocar um rubor súbito nas bochechas femininas . ⸺ ora , e por que não ? mesmo que não acredite , embora eu possa garantir que seria uma imensa perda de oportunidade da sua parte , que mal fará ouvir palavras sábias capazes de mudar o rumo da sua vida ?
embora àquela altura já pudesse ter desvencilhado o aperto sobre os músculos alheios , por algum motivo mantinha-se presa ali . com a secura que ele exibia nas respostas , preparava-se para desviar a mão em direção a quem passasse ao outro lado , quando sentiu — mais do que ouviu — a lufada de ar escapar do tórax masculino e o nome ser pronunciado a contragosto . o suspiro que rompeu dos lábios era de puro triunfo , como se houvesse acabado de vencer uma guerra . as íris brilharam em um deleite imediato e desproporcional , como se alexander tivesse jurado-lhe devoção eterna . seus dedos se fecharam ainda mais em torno do braço dele , um troféu raro , e talvez o fosse , dado o semblante carregado que exibia .
⸺ alexander ... — repetiu o epíteto , deixando a língua enrolar-se na mesma cadência da pronúncia dele . ⸺ eu sabia que poderia contar com você . disse que era destino , não disse ? — inclinou a cabeça de modo conspiratório , a voz descendo um tom , tingida de falsa solenidade que quase escondia o júbilo . ⸺ não se preocupe , não pedirei que sorria a ninguém , isso virá por livre vontade . mas , caso demore além do esperado , posso muito bem sorrir por nós dois . tente apenas não pesar a energia da minha leitura com esse cenho franzido . — ergueu a destra até onde o vinco se formava entre as sobrancelhas , moldura para olhos límpidos que continham o mesmo caos que por vezes lhe refletia . deixou o toque pairar por um instante , antes que uma unha enfeitada de adesivos florais roçasse a pele por milésimos . um riso leve , como sopro , percorreu o espaço entre os dois , e então o puxou de novo , mais firme , mais determinada , e desta vez com o consentimento dele .
o tecido barato da tenda agitava-se ao vento quente da viela ensolarada , enquanto os brilhos falsos do cartaz quase cegavam qualquer transeunte mais curioso . ao atravessar a abertura estreita , foi como mergulhar em um microcosmo à parte — a claridade ofuscante se dissolveu de imediato , substituída por um espaço acolhedor , impregnado do doce aroma de incensos mal queimados . as sombras esticavam-se em ângulos irregulares , como se as paredes não obedecessem às mesmas leis do espaço que haviam deixado para trás . ao menos era o que a gülsoy sentia , não podia dizer se a sensação era uma compartilhada somente de roubar um olhar de soslaio para o mais alto . ⸺ viu só ? o destino adora dramatizar entradas de jornadas épicas . — murmurou , em reverência quase ofegante de encantamento , ao mesmo tempo em que lhe oferecia um sorriso genuíno e maravilhado . seria a primeira experiência de ayzere em quiromancia , e ela mal podia esperar . antes que dissesse mais alguma coisa , embora encorajá-lo já não fosse necessário , uma voz rouca e feminina se ergueu do interior da tenda . ⸺ a partir daqui , nada será como antes .
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Alexander não precisou de mais do que um segundo para sentir o puxão em seu braço, pronto para se recolher, mas imediatamente sendo sugado para dentro do absurdo da situação como um todo. Claro que seu primeiro instinto foi o de recuar, virar-se bruscamente, o corpo inteiro armado contra a ideia de ser arrancado de sua rota por uma estranha qualquer, principalmente depois de ter passado as duas últimas horas correndo e suando, desejando, agora, somente o conforto do chuveiro de seu quarto no hotel. Mas havia algo na pressa daquela voz, no jeito como as palavras se atropelavam como se o mundo fosse desmoronar sem aquela intervenção, que o fez parar por um instante.
Os olhos desceram até a figura alheia desconhecida então, estreitados, como se tentassem compreender de onde vinha tanta insistência. O contraste entre a delicadeza dos dedos dela e a firmeza pétrea do músculo sob a regata encharcada de suor era quase ridículo; ela parecia tentar mover uma parede, uma pedra, como Alex realmente era em vários aspectos de sua vida. Era tão patético que chegava a ser cômico.
— Tá de brincadeira comigo? — Rosnou baixinho, o sotaque texano indicando mais incredulidade do que necessariamente incômodo. O olhar seguiu até a tenda colorida na esquina, onde a tinta barata do cartaz quase lhe agredia os olhos, repelindo-o como um sapo venenoso todo colorido. Voltou então para ela, a atenção se concentrando em um cenho franzido. — Você realmente acha que vou entrar num lugar desses pra ouvir que “meu destino” tá escrito na palma da minha mão?
E tanto seu tom de voz quanto sua linguagem corporal eram indicativos de que Alexander estava pronto para se soltar da menor. Ainda assim, não o fez: a súplica no olhar dela o deteve, irritante e, de alguma forma, difícil de ignorar, principalmente porque as pálpebras meio abertas, o brilho quase infantil da lágrima que insistia em se formar lembrava-lhe de uma plateia que clamava pelo golpe final, incapaz de aceitar um “não” como resposta. Acontece que o cenário de outra época era bem diferente do atual, mas ainda assim, profundamente familiar.
Por fim, Alexander respirou fundo, de forma pesada, a carranca marcando nas linhas de expressão, como quem se rende mais ao cansaço de resistir do que à persuasão em si. Os dedos passaram pelo próprio rosto, esfregando a barba por um instante, e então soltou, seco:
— Me chama de Alexander. Mas não espere que eu sorria pra cigana nenhuma. — Seu braço, entretanto, continuava preso ao dela; e a verdade era que ele já tinha cedido, embora não admitisse. Sorte a dela que era bonita e não que havia topado com uma pessoa completamente incapaz de negar pedidos de mulheres em geral.
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ayzere estava disposta a oferecer o mundo à loira , se assim fosse necessário , apenas para compensar o vexame que provocara . aliviava-se ao perceber a leveza com que a outra tratava toda a cena , e agradecia silenciosamente aos anéis de saturno que a regiam , por tê-la livrado de um constrangimento ainda maior — bem , além do que já havia causado . ⸺ mas se fosse , teríamos escrito uma história épica bem aqui , já pensou ? — devolveu , o sorriso se ampliando no olhar . observou-a domar o drone como quem acalma um animal de estimação , e registrou mentalmente pedir , depois , que lhe mostrasse as fotos capturadas pela pequena aberração . diante da constatação final , assentiu com seriedade cerimoniosa , como quem sela um pacto . ⸺ então não se fala mais nisso .
os olhos castanhos acompanharam a luta inglória contra os fios rebeldes . inclinando a cabeça para a esquerda , arqueou uma sobrancelha em humor discreto . do bolso oculto na fluidez da saia , retirou um elástico , exibindo-o entre os dedos indicador e médio . gesticulou em direção ao cabelo que se debatia contra o vento . ⸺ posso ? — ofereceu , já se movendo para trás da outra . entre suas sementinhas , acostumara-se a lidar com toda sorte de curvatura e coloração , e sabia que poderia rapidamente refrear aquela dança mirabolante .
à menção da raiz e flor , companheira em tantas ocasiões , escapou-lhe um riso breve , dissolvendo-se no espaço entre ambas . ⸺ hm , bem que notei um sotaque familiar . de onde venho , também são quase divindades . mas , bem , suponho que a natureza nos ofertou tanto para que fizéssemos muito mais do que apenas consumi-las em infusão . não acha um desperdício que lavanda seja apenas um calmante , quando se é tão aromática ? ou que rosas apenas adornem buquês , enquanto infundidas podem relaxar melhor do que passiflora ? — propôs com entusiasmo leve , dando de ombros ao retornar à sua frente , a tempo de vê-la se aproximar . replicou o gesto como se fossem cúmplices e confidentes de longa data .
⸺ ah , montrose como o cruzeiro ancorado no porto de skala ? — arriscou suavemente . era impossível não reparar na embarcação , permanente como um monumento sobre as águas safira da ilha . sempre tivera curiosidade quanto à serventia de um navio que nunca partia , mas conteve-se , receosa de parecer ávida demais diante de alguém ligado a uma família influente . ⸺ bom , srta. chariot , ainda que não tenha aceitado uma xícara preparada pela maior mestra de chás desta ilha , espero que aceite que eu a compense de algum modo — não , não por aquilo que concordamos em não mencionar , claro . — acrescentou depressa , com humor no timbre .
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Chariot, claro, não ia perder a oportunidade de fazer daquilo uma cena divertida, porque dificilmente tratava as coisas com a seriedade que deveria, desde que se dava por gente; sem contar que o tom constrangido e o pedido de desculpas múltiplo de Ayzere só serviram para acender o seu humor ainda mais, realmente levando aquele cenário como uma de suas maiores diversões em meses. — Você quebrou sua xícara favorita e ainda me deu um encontrão digno de alguns ossos quebrados, mas felizmente estou bem. A sua sorte é que não sou nenhuma donzela indefesa. — Brincou, arqueando a sobrancelha e puxando o drone para perto de si, sem pressa, enquanto ouvia a perplexidade dela no fato de Chariot estar realmente fotografando a paisagem com aquele drone. — Eu diria que estou em dívida, mas considerando que quase morri de susto junto com você, acho que ficamos empatadas. — Deu de ombros, fingindo seriedade, antes de aceitar a mão estendida para se levantar. Quando ficou de pé, ajeitou a roupa com delicadeza, num gesto que contrastava com o estilo dos jeans rasgados e da regata de um ombro só, também customizada por ela. Chariot era doce e gentil em meio aos surtos de impulsividade e teimosia, o que parecia não condizer muito com o que esperavam dela quando aparecia naqueles trajes, mas se comportava daquela forma. Por fim, o comentário sobre a camomila lhe arrancou outra risada curta, ao que, com a mão livre, Chariot guardava o controle remoto do drone e, em seguida, tentava segurar os cabelos loiros no lugar, tentando domá-los contra o vento forte daquela altura toda. — Eu percebi, sim. E achei bem interessante, porque de onde eu venho, chás são praticamente sagrados. — Inclinou-se um pouco para frente, como se fosse contar um segredo, deixando o olhar preso ao dela por alguns segundos a mais. — Chariot Montrose. É ótimo saber que minha agressora salvadora tem um nome.
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o vestido curto , justo , coberto por flores bordadas em coloridas miçangas translúcidas , era uma das relíquias de ayzere . relíquia esquecida , desde o instante em que o vira dependurado no manequim e o levara para casa , apenas para vê-lo repousar no cabide por meses inteiros , sem ocasião e companhia para brilhar . até que vivian surgira , a justiceira do vestuário , oferecendo-lhe a oportunidade de enfim estreá-lo , e ainda em um palco onde o riso e e diversão se misturavam em partes iguais . o grave da música eletrônica confundia-se ao fervor de uma torcida que , em poucos dias , vibraria pela super liga grega , e ambos os sons pareciam suspensos no ar , alcançando até os que nada tinham a ver com a celebração . de braço dado com a blackwood , atravessou as portas do euphoria , o olhar refletindo as luzes intensas . concordou com o que a nova amiga dizia junto ao balcão , girando o corpo com curiosidade de quem desejava absorver cada detalhe — as cores , os gritos , os lampejos , tudo pulsava no mesmo compasso que seu coração .
o espelho devolveu-lhe o rosto de vivian , desviando sua atenção para as feições mais intrigadas . a pergunta demorou a se registrar sob o estrondo da música , mas quando veio , arrancou uma concordância veemente . ⸺ sim , sim ! as vibrações são muito estranhas , e minhas cartas parecem concordar . não importa o que eu mentalize além , todas as vezes que tento tirá-las no hotel , saem as mesmas . a lua , o julgamento e a torre . — ainda que não fosse uma cartomante consumada , e almejasse um dia adquirir conhecimento e conexão com o universo suficiente para o ser , caso desejasse , sabia o suficiente para interpretar o que revelavam , ilusões , perigos , segredos , um chamado , ruína e transformação . um arrepio percorreu-lhe a espinha , irônico sob a noite abrasadora . ⸺ venho tentando queimar feixes de louro , alecrim , oliveira e murta nos lugares que sinto mais pesados — já foi à biblioteca ? parece um mausoléu . tentei começar por lá , mas fui ameaçada de expulsão . pensaram que eu incendiaria os livros . logo eu ! — terminou com indignação , sem desviar os olhos da outra , que verificava a maquiagem impecável . ⸺ então não consegui progresso algum nesse quesito por enquanto . — aguardava ansiosa qualquer resposta , porque adorava os polos de conhecimento entre elas , e uma boa troca de opiniões , de maneira respeitosa , era sempre um desafio o qual ayzere via-se ávida por participar .
inclinou-se mais perto , a pequena reticência a deixando nas pontas dos pés para ouvi-la , quando um brutamontes esbarrou na estadunidense . acompanhou a trajetória do espelhinho quase em câmera lenta , retraindo em si mesma ao vê-lo espatifar por completo contra o chão . era um péssimo , péssimo agouro . agachou-se de pronto para ajudar , recolhendo os diminutos estilhaços de vidro . ⸺ oh , viv , quando voltarmos , vou preparar um banho de arruda e manjericão para você , nem que para isso eu precise assaltar a horta do chefe . e talvez eu tenha um quartzo branco que vai servir para você dormir protegida pelos próximos di— estava para completar o raciocínio , já ponderando sobre suprimentos emergenciais , quando na posição que estavam , quase foram pisoteadas . sentiu e ouviu , mais do que viu , a garrafa de mais um dos fanáticos por futebol quicar no balcão e derramar-se por completo em sua cabeça . ⸺ ah , não , não , não . o seu azar é contagioso , vivian ! — exclamou em desespero , olhos desproporcionais e marejados , levantando-se em um ímpeto . somente para ter outro homem enebriado ao se redor , e assustando-o com seus movimentos bruscos , fez com que o copo de cerveja tombasse , o líquido fazendo caminho direto para a frente do vestido . ⸺ o meu vestido não ! — gritou , lívida , antes de apanhar o objeto mais próximo e arremessá-lo contra o inimigo da noite .
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@persysphony
A boate Euphoria estava bem badalada naquela noite, então estava feliz por ter escolhido aquele lugar para passar a noite com sua nova amizade do hotel. Ayzere era uma mulher divertida, e Vivian sentia que podia falar sobre qualquer coisa com ela. Sentia que Ayzere não a julgaria. "Eu preciso de uma bebida." Vivian falou assim que chegou na área do balcão, mexendo em sua bolsa para procurar pelo pequeno espelho para checar se seu batom ainda estava perfeito. Ao encontrar o objeto, estendeu-o na altura de seu rosto para dar uma boa olhada na sua aparência. "Sabe, esse hotel... você também acha estranho?" Ela perguntou para Ayzere, pensando na sua má sorte dos últimos dias: tinha se engasgado no meio do evento de aniversário e teve que ser socorrida, quase caiu nas escadas do hotel, acordou com um torcicolo... isso era algum tipo de karma divino? Por ter feito seu trabalho errado lá nos Estados Unidos? "Não sei... parece que..." Como se o universo quisesse fazê-la calar a boca, um pessoal que estava no bar começou a gritar em comemoração. Aparentemente, tinha algum jogo de futebol passando na televisão. Só que alguém acabou esbarrando em Vivian naquele momento, fazendo-a derrubar seu espelhinho. "Ai, meu Deus!" Ela arregalou os olhos para a cena do objeto quebrado no chão, abaixando-se para pegar os cacos com cuidado. "Tá de brincadeira!" Bufou, mostrando aquilo para Ayzere. A amiga saberia como reverter aquilo, certo? Tinha que existir algum cristal para tirar o azar de Vivian. "Eu não aguento mais sete anos de azar! Eu não estou aguentando nem mais sete minutos."
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* threads⠀⠀⠀੭#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* vivian : nêmesis !#sério demais!!!!!!!!!!!!!!!! eu não dou conta delaaaaaaaaa a a a a
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❝ 𝑠ℎ𝑒 𝑤𝑎𝑠 𝑝𝑖𝑐𝑘𝑖𝑛𝑔 𝑓𝑙𝑜𝑤𝑒𝑟𝑠 , 𝑟𝑜𝑠𝑒𝑠 , 𝑐𝑟𝑜𝑐𝑢𝑠 , 𝑎𝑛𝑑 𝑏𝑒𝑎𝑢𝑡𝑖𝑓𝑢𝑙 𝑣𝑖𝑜𝑙𝑒𝑡𝑠 . 𝑢𝑝 𝑎𝑛𝑑 𝑑𝑜𝑤𝑛 𝑡ℎ𝑒 𝑠𝑜𝑓𝑡 𝑚𝑒𝑎𝑑𝑜𝑤 . 𝑖𝑟𝑖𝑠 𝑏𝑙𝑜𝑠𝑠𝑜𝑚𝑠 𝑡𝑜𝑜 𝑠ℎ𝑒 𝑝𝑖𝑐𝑘𝑒𝑑 , 𝑎𝑛𝑑 𝑑𝑒𝑙𝑝ℎ𝑖𝑛𝑖𝑢𝑚𝑠 . 𝑎𝑛𝑑 𝑡ℎ𝑒 𝑛𝑎𝑟𝑐𝑖𝑠𝑠𝑢𝑠 , 𝑤ℎ𝑖𝑐ℎ 𝑤𝑎𝑠 𝑔𝑟𝑜𝑤𝑛 𝑎𝑠 𝑎 𝑙𝑢𝑟𝑒 𝑓𝑜𝑟 𝑡ℎ𝑒 𝑓𝑙𝑜𝑤𝑒𝑟-𝑓𝑎𝑐𝑒𝑑 𝑔𝑖𝑟𝑙 𝑏𝑦 𝑔𝑎𝑖𝑎 . 𝑠ℎ𝑒 𝑤𝑎𝑠 𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑑 𝑤𝑖𝑡ℎ 𝑎 𝑠𝑒𝑛𝑠𝑒 𝑜𝑓 𝑤𝑜𝑛𝑑𝑒𝑟 , 𝑎𝑛𝑑 𝑠ℎ𝑒 𝑟𝑒𝑎𝑐ℎ𝑒𝑑 𝑜𝑢𝑡 𝑤𝑖𝑡ℎ 𝑏𝑜𝑡ℎ ℎ𝑎𝑛𝑑𝑠 𝑡𝑜 𝑡𝑎𝑘𝑒 ℎ𝑜𝑙𝑑 𝑜𝑓 𝑡ℎ𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑡𝑡𝑦 𝑝𝑙𝑎𝑦𝑡ℎ𝑖𝑛𝑔 . 𝑎𝑛𝑑 𝑡ℎ𝑒 𝑒𝑎𝑟𝑡ℎ , 𝑓𝑢𝑙𝑙 𝑜𝑓 𝑟𝑜𝑎𝑑𝑠 𝑙𝑒𝑎𝑑𝑖𝑛𝑔 𝑒𝑣𝑒𝑟𝑦 𝑤ℎ𝑖𝑐ℎ 𝑤𝑎𝑦 , 𝑜𝑝𝑒𝑛𝑒𝑑 𝑢𝑝 𝑢𝑛𝑑𝑒𝑟 ℎ𝑒𝑟 . ❞
homeric hymns ( 7th century bce )
o dia tinha sido longo , mas de um jeito doce . as horas gastas em meio a papéis , estojos de giz e pilhas de cadernos tinham deixado nos dedos o cansaço da preparação , mas também uma satisfação tranquila . setembro se aproximava , e com ele a promessa de pequenas novas vozes ocupando a sala que agora cheirava a tinta fresca e pó de giz . ao sair , deixou que os pés escolhessem por ela , como se soubessem melhor que a mente onde repousar depois de tanto e santorini sempre lhe oferecia fins de tarde como presentes inesperados . naquele , especialmente , havia algo que parecia pulsar sob o chão , como se a rua mesma respirasse no compasso de seus passos . o vento morno trouxe um aroma floral que a fez suspirar , e então vieram as cores , espalhando-se diante de seus olhos como se o caminho estivesse vivo , como se saídas de um conto de fadas , do mais puro ar , onde podia jurar nunca as tê-las visto .
parou diante de um muro coberto de buganvílias , florescendo em rosa tão intenso que quase feria a vista . ao lado , rosas rubras e magentas se enroscavam entre si como confidências antigas , os crocus arroxeados despontavam discretos como centelhas de ametista , tênues violetas se aninhavam nas frestas , e íris erguiam o rosto altivo para o céu como delicadas bailarinas . lírios alvíssimos pareciam respirar com a própria luz , espalhando um perfume impossível de ser ignorado , delphiniums elevavam-se em hastes infinitamente delicadas , e os narcisos refletiam beleza em excesso , quase insolente . ao fundo , os asfódelos estendiam sua brancura silenciosa , florescendo tímidos em lugar que não lhes pertencia . teve vontade de se abaixar , colher uma de cada , como recordação secreta . mas algo dentro de si a deteve , um temor inexplicável de que bastasse o toque para que tudo desmoronasse , como se a beleza fosse apenas uma miragem , frágil demais para suportar suas mãos .
naquele instante , jurou ouvir risadinhas leves ao redor , como se as próprias flores concordassem com sua hesitação , mantendo um segredo entre si . sorriu , inclinando-se ligeiramente para elas , murmurando em cumplicidade ⸺ vocês estão particularmente mais belas do que o normal hoje . — ousou traçar o caule de um lírio . ⸺ tão bem comportadas ! — ao dizer , sentiu que as pétalas estremeceram como resposta , e um calor inesperado lhe subiu ao peito . a alegria veio primeiro , mas logo foi tingida por uma pontada de tristeza . não queria deixá-las para trás . sabia que , dali a pouco , seriam apenas memória — e memórias costumavam desbotar . respirou fundo , abriu a bolsa abarrotada e tirou de dentro o celular de tela trincada , que ainda carregava desde o acidente com dante . ergueu-o devagar , quase num gesto de devoção , e capturou o instante .
a fotografia era imperfeita , manchada por rachaduras no vidro . mas guardava o essencial — não apenas as flores , mas a lembrança de como tinham falado com ela . como se por um momento inteiro , o mundo tivesse se curvado à sua solidão e respondido com riso e cor .
@aletheiahotelrp
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* tasks⠀⠀⠀੭#a minha habilidade de manip se resume a pessoas e isso ficou HORROSO. porém é o que to sendo capaz no momento!!!!!
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𝒎𝒆𝒔𝒎𝒐 𝒔𝒐𝒃 𝒂 𝒕𝒊𝒓𝒂𝒏𝒊𝒂 𝒅𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒏𝒆 , 𝒉𝒂́ 𝒍𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂𝒏𝒄̧𝒂𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒋𝒂𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒔𝒆 𝒆𝒔𝒗𝒂𝒆𝒎…
⸺ dante , a quem o próprio silêncio reverencia , é o eco vivo de hades . ele não é a morte , mas seu soberano oculto , seu senhor e patronato ; não o fim , mas o guardião do entremeio . seus olhos são abismos onde nenhuma chama ousa tremular . a coroa que ostenta não é de ouro , mas de trevas e jamais lhe será arrancada . — @dantelethakis
⸺ ayzere , filha da luz e prisioneira da penumbra , carrega nos passos o desabrochar e o murchar de tudo que toca e tudo que se permite sentir . há primavera em seu hálito , mas correntes invisíveis enlaçam-lhe a alma , como ocorreu nos domínios de seu cativeiro ; seu perfume é o de flores nascidas à beira de túmulos e sepultadas às pressas como quem deseja enterrar vestígios de crimes .
⸺ chariot , outrora caronte , guarda nos olhos o reflexo perpétuo de águas insondáveis , tão escuras quanto o ventre da noite e a melancolia da alma que habita seu corpo agora . cada batida de seu coração reverbera como se rasgasse a correnteza silenciosa que em aeons anteriores ela habitou e dominou ; cada olhar , um convite à travessia que não conhece retorno , não se identifica com o que está por vir e nem o que já se foi . — @tieachary
⸺ e joshua , que já foi tânatos , não mais caminha : apenas desliza , recolhendo-se dentro do eterno rito fúnebre que sua presença proclamou e ainda proclama . sua presença é como o tom gélido que se infiltra nas veias dos recém acolhidos por ele ou um murmúrio que antecede o último suspiro . no entanto , há clemência em seu toque : ele não ceifa , liberta ; não mata , aquieta . basta apenas que lembre-se de fazer isso consigo próprio . — @joshsharlow
o submundo respira por suas bocas , pulsa em suas artérias e , quando se encontram , não é o humano que se reconhece , mas a eternidade que arde , inexorável , por trás de cada rosto , amargando diante de práticas cada vez mais carnais . cada vez mais humanas .
— palavras por @drakonianwar !
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* musings⠀⠀੭#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* dante : hades !#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* chariot : caronte !#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* joshua : tânatos !#os submunders!!!!!!!!1
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opposite deity : @sleepinlyre !
location : sauna !
ela o tinha visto de longe , entre a multidão , rindo com a mulher mais velha e chamando-a carinhosamente de avó . mas aquela figura de cabelos grisalhos não era uma mera senhora encantadora — era madame diamantis , a cartomante mais famosa e requisitada de santorini . não nascera na ilha e havia chegado há pouco tempo , o que , na opinião de ayze , era prova incontestável da força e habilidade dela . por sorte , as feições loiras do neto eram fáceis de reconhecer quando o viu perambulando pelo hotel alguns dias depois . e assim , uma ideia disparou em sua mente , límpida como cristal . segurando com certo esforço um vaso de louro , atravessou cada ambiente do aletheia com um único propósito , encontrá-lo , onde quer que estivesse .
foi ao abrir uma porta de madeira , liberando no ar aromas densos de sálvia e lavanda , que finalmente o avistou — leon vitali , como ela já sabia após uma breve investigação nada discreta . ⸺ olá ! oi ! bom dia ! eu… — pausou , quase dramaticamente derrubando o vaso no chão . ⸺ eu sou ayzere gülsoy e… bem , veja só , eu tenho aqui uma planta ! mas não é qualquer planta , é louro , símbolo de proteção aos viajantes , já que você… hm — é um piloto , não é ? — a última frase escapou quase num grito , enquanto ela chacoalhava o pequeno arbusto para garantir que o aroma intenso da laurus nobilis se espalhasse pelo ar .
encostou-se por um instante na parede mais próxima , sentindo o tecido da manga absorver a umidade do ambiente . percebeu que respirava mais rápido do que o habitual — talvez fosse a possibilidade real de estabelecer uma conexão com alguém de quem pudesse aprender a canalizar as energias que absorvia do universo na tiragem de cartas . seus olhos brilhavam , divididos entre expectativa e nervosismo , atentos a cada micro reação dele , pronta para qualquer eventualidade . o suor escorreu lentamente pela nuca , provocando um incômodo súbito , mas ela ignorou . afinal , quando ayzere traçava um plano de ação com um objetivo em mente , não havia espaço para meios termos .
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* threads⠀⠀⠀੭#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* leon : hermes !#eu procurei e louro é a planta símbolo de hermes e a ideia veio do gif kkkkkkkkkkkkkkk
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opposite deity : @drakonianwar !
location : centro de fira !
as ruas fervilhavam sob o sol que derretia até a mais teimosa das sombras , turistas em câmera lenta registrando fotos , vendedores anunciando preços em um inglês torto , e o aroma de baklava fresca se enredando à maresia , compondo uma cacofonia de sentidos . ayzere caminhava com passos ligeiros , o vestido de linho esvoaçando , sandálias de tiras coloridas com pompons dançando sobre as pedras quentes , enquanto o coração palpitava de antecipação . ainda que vivesse ali havia dezoito anos , cada esquina sempre parecia guardar a promessa de um acontecimento improvável . como a candidatura de horace newton , cujos anúncios espalhados pela cidade haviam lhe causado breves segundos de perplexidade .
mas então , por cima do burburinho , uma voz em grego explodiu como fogos de artifício em réveillon , chamando atenção para algo que parecia cintilar no canto da rua . lá estava a tenda , kitsch , colorida , armadilha perfeita para qualquer um com um mínimo de curiosidade . “ leitura de palma , mapa astral grátis , leve um amigo e descubra seu destino ! ” sem pensar , ayze agarrou o primeiro braço que encontrou , pronta para arrastar qualquer alma humana que se prestasse à função . o azar — ou sorte — foi que o braço pertencia a um homem gigante , sólido como estátua , músculos tensionando sob a camiseta com uma naturalidade quase intimidante . por um instante , ela cogitou recuar , mas o impulso era mais forte . sacudiu-o com a delicadeza possível ao seu corpo inquieto , enquanto pensamentos atropelados competiam por espaço na sua cabeça .
⸺ sei que isso pode parecer extremamente fora do normal em interações humanas , mas seria um gesto de pura solidariedade . — declarou , como se anunciasse uma causa nobre . ⸺ não vou te pedir a lua , apenas que dê um passo comigo na direção da magia do universo . — talvez ele sentisse a urgência na sua voz , a importância quase vital que depositava naquele gesto . e , no entanto , algo nele despertou uma familiaridade inquietante . não era do hotel — ali , ela se lembrava dele envolvido em um argumento fervoroso no estacionamento , palavras cuspidas como fagulhas — mas de algum outro lugar , um que sua memória se recusava a revelar .
⸺ vê aquela tenda ali ? — apontou com o queixo , o entusiasmo crescendo . ⸺ não sei o seu conhecimento de grego moderno , ou clássico , aliás , mas está escrito que , se eu levar alguém e pagar pela leitura de mão , ganho um mapa astral completo de brinde . e o meu… bem , só tenho aquela versão básica que fazemos online , entende , não entende ? preciso saber o que está acontecendo ultimamente , sinto que é um sinal do cosmos . como o fato de eu passar exatamente agora , no instante em que a vidente anunciou , e você… você estar aqui ao meu lado . não tem curiosidade de saber o que te espera no futuro ? porque eu sim , desde pequena , é uma necessidade incontrolável ! — o sorriso se alargou enquanto tentava arrastá-lo , os braços se enrolando ao dele com insistência , o corpo quase sendo erguido junto . mentalmente , recitava argumentos como mantras , disposta a quase tudo para aceitar o chamado do destino , reivindicá-lo e , quem sabe , decifrar o incômodo familiar que lhe vinha sendo causado .
⸺ ah , meu nome é ayzere , caso ela pergunte . — completou , com a naturalidade de quem já assumia o aceite . ⸺ se quiser me dizer o seu , é menos uma coisa para discutirmos nos dez segundos que leva para chegar até lá . — o consentimento dele não era uma possibilidade incerta , mas uma inevitabilidade . a gülsoy tinha a habilidade irritante de obter seus caprichos — talento cultivado junto às suas sementinhas do universo . por fim , lançou-lhe um último olhar suplicante , pálpebras ligeiramente abertas , pequenas lágrimas cintilando à luz ensolarada , e inclinou a cabeça num gesto calculado . o mesmo que seus alunos , e nicos , faziam quando queriam algo e ela não tinha escolha senão ceder .
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* threads⠀⠀⠀੭#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* alexander : ares !#mais uma vez não achando o gif que eu quero e me contendo com um qualquer que encaixe
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opposite deity : @joshsharlow !
location : quarto do josh !
aquele encontro na festa de aniversário das três proprietárias do hotel fora quase um ataque pessoal . não importava o fato de ayzere ter trocado apenas duas ou três frases com joshua , aquilo bastava para elevá-lo ao status de amigo — e amigos não deixam amigos andarem por aí como se fossem a personificação da morte , ainda mais num cenário que mais parecia a locação de um comercial de perfume . o traje preto , dos pés à cabeça , exalava uma energia sombria tão intensa que , embora houvesse algo de estranhamente familiar nele que a atraía , também parecia fazer os garçons hesitarem em oferecer-lhe champagne . foi ali , entre um gole e outro , que ayzere decidiu que aquilo era um chamado . talvez até um teste do universo . deveria abrilhantar e colorir a vida das pessoas ao seu redor — exceto dante , porque , honestamente , ele merecia continuar nas trevas cromáticas em que se encontrava . mas josh ? ah , ele ainda podia ser salvo .
dias depois , já no centro de fira , pegou-se entrando e saindo de lojas discretas , infinitamente mais baratas do que aquelas abarrotadas de turistas , como se estivesse escalando o everest da moda mediterrânea . calças de algodão , linho em tons de areia , camisas de botão com mangas curtas que respiravam liberdade , jeans claros que prometiam vida além do escuro existencial . até os sapatos ela escolheu — nada que remetesse ao estilo inspirado em drácula que ele parecia cultivar . o que começou como um compromisso silencioso terminou com cinco sacolas abarrotadas de tecido — uma equilibrada em cada ombro , outra pendurada no antebraço e duas firmemente presas em cada mão como troféus . ao encará-las , sentiu um orgulho quase familial , justificando-se mentalmente que era pelo bem da integridade física de joshua , e convenientemente ignorando qualquer possibilidade de estar ultrapassando limites .
e foi assim que , sem aviso , sem mensagem , e sem sequer um leve toque na porta — afinal , as sacolas não lhe deixavam mãos livres — a turca entrou no quarto alheio , carregando o que só poderia ser descrito como um arsenal cromático . estava pronta para apresentá-lo a redenção . e se ele estivesse no meio de algo importante… bom , problema dele . porque , naquele instante , havia uma missão em curso — e a gülsoy não era mulher de voltar atrás . ⸺ josh… — alongou a última sílaba , aguardando na entrada como quem anuncia um evento inevitável , depositou as bolsas no chão . esperava sua atenção imediata , embora tivesse noção de que poderia pegá-lo em um momento delicado . ⸺ é a ayze ! vim te salvar de você mesmo . não precisa se esconder ou ter medo , estou em uma missão de paz , prometo !
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ㅤㅤㅤ
o zumbido de um pequeno motor rotatório ainda rondava os ouvidos de ayzere , mas sua atenção logo se fixou de novo na mulher à sua frente . soltou , enfim , o braço alheio ao constatar que tudo estava sob controle — e bom , aos olhos atentos da gülsoy , ela realmente parecia inteira e longe de qualquer perigo iminente . orgulhosa de ter chegado a tempo , deixou escapar um riso ao responder à pergunta . ⸺ tinha acabado de entrar no bar quando te vi , e meu coração quase saiu pela boca . inclusive , acho que na pressa por te alcançar não só desperdicei meu chá , como provavelmente quebrei minha xícara preferida . — lamentou , passando os dedos pelo tecido delicado e levemente florido , tentando desfazer os amassados . ainda vasculhava mentalmente a lembrança da peça de vidro soprado , guardada como recordação de kissamos , quando foi surpreendida por uma risada leve e contagiante .
fitou os lábios curvados em um sorriso de canto , e , quase sem perceber , abriu o seu próprio — um sorriso pequeno , mas só dela , que se espalhou pelas bochechas e chegou até os olhos . não sabia bem o motivo da graça , mas se contentou com o humor alheio . se ela estava rindo , então tudo ficaria bem . só que , ao prestar atenção nas palavras que vieram depois , o sentido se alinhou e a compreensão chegou como um golpe seco . a expressão antes aberta congelou , para logo se contorcer em pura mortificação . se alguém a tocasse naquele momento , poderia acender uma lareira com o calor que sentia na pele . por um instante , jurou que as lágrimas viriam , não fosse o olhar divertido que sua vítima — sim , vítima de suas conclusões precipitadas — lançava em sua direção .
⸺ pelo lírio sagrado ! eu… eu… francamente , eu nem sei o que dizer . — bufou , levando as palmas aos olhos e pressionando as pálpebras até ver pequenas estrelas . ⸺ desculpa ? — ofereceu , com um encolher de ombros quase imperceptível . ⸺ eu só vi você se equilibrando no parapeito e… minha conclusão imediata foi perigo ! e eu preciso ter um raciocínio rápido , ou teria dezenas de pequenos desastres em minhas mãos diariamente . mas , então , estou acostumada com crianças , não com adultos com o lobo frontal completamente desenvolvido… — a voz foi minguando até virar quase um murmúrio . ⸺ desculpa , desculpa , mil vezes desculpa . eu posso simplesmente voltar de onde vim . talvez seja mesmo o melhor , esses últimos dias não estão sendo meus melhores momentos , confesso .
a menção à fotografia fez seus olhos buscarem a câmera nas mãos da outra — afinal , a vista devia estar espetacular , com o céu mergulhando em tons noturnos e o mediterrâneo como pano de fundo . mas não viu equipamento algum , até lembrar-se do zunido anterior . girou o corpo , e lá estava , não muito longe do emaranhado que formaram no chão . um pequeno drone descansando com ar inocente . já vira muitos iguais nas mãos de turistas excessivamente entusiasmados — e , quase sempre , excessivamente inconvenientes — em busca da captura perfeita . ⸺ estava tirando fotos com aquilo ali… ? — indagou , torcendo o nariz , antes de voltar o olhar para ela a tempo de ouvir como se referia à si . a risada escapou de imediato , sacudindo os fios que se desprenderam do penteado apressado da manhã . ⸺ heroína ? mais para sua agressora . — incrédula , levantou-se , estendendo a canhota para ajudá-la . ⸺ quanto ao cheiro de camomila… você percebeu ? estou testando uma nova fórmula de esfoliante , mas não achei que tivesse ficado tão agradável assim . — aproximou o braço do próprio olfato e , sim , o aroma de camomila parecia impregnado na pele . talvez não fosse tão agradável… mais como repulsivo . ⸺ ayzere gülsoy , não é tão o seu prazer me conhecer , mas é o meu !
ㅤㅤㅤ
— Eu tô bem. Mas de onde foi que você saiu? — Chariot ainda estava tentando entender como, em questão de segundos, tinha passado de controlar o drone a estar jogada no chão do rooftop, com as costas contra a parte do piso e as pernas um pouco emboladas nas da desconhecida.
A queda não tinha sido exatamente dolorida; na verdade, soava mais como um tropeço meio cinematográfico, mas definitivamente tinha rendido uma boa dose de confusão e risadas contidas por parte da herdeira. Enquanto isso, milagrosamente, o drone, repousava intacto a poucos metros delas, com as hélices ainda girando aos poucos.
Chary soltou, por fim, uma risada curta, balançando a cabeça e apoiou o cotovelo no joelho para se recompor, colocando-se meio sentada. — Bom… — Começou, olhando para a outra com um sorriso enviesado, ainda meio atordoada. — Não é todo dia que alguém me salva de uma morte inexistente e ainda me arrasta pro chão como se estivéssemos em Hollywood, mas... — O tom era leve, carregado de ironia, mas sem nenhum traço de hostilidade, afinal, via a cena toda com bom humor: os olhos claros da Montrose brilhavam mais de divertimento do que de indignação e Chary parecia quase apreciar a situação, justamente pelo absurdo que permeava o momento. — Só pra constar: eu estava fotografando a vista. De qualquer forma, já que estamos aqui, no chão, no meio de todo mundo... Posso pelo menos saber o nome da minha heroína com cheiro de camomila?
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* threads⠀⠀⠀੭#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* chariot : caronte !#não achei o gif que eu queria então vai dela se apresentando mesmo
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opposite deity : @dantelethakis !
location : baía de amoudi !
o fim de tarde em santorini pintava o céu com tons quentes , lembrando a promessa suave da primavera , refletindo nas paredes brancas do hotel e nas varandas cobertas por buganvílias . ayzere , no entanto , não estava ali para admirar a paisagem — estava em uma missão . de pés leves e olhar certeiro , movia-se pelos corredores como uma sombra vestida de flores , o tecido longo roçando no mármore liso , seguindo de perto a silhueta inconfundível de dante , que avançava com aquele ar sério e impenetrável que ela achava absolutamente insuportável .
o vento trazia o sal do mar e o som distante das ondas quebrando nas rochas enquanto ela atravessava o pátio , descendo pela trilha estreita que levava à baía de amoudi , onde barcos de casco polido descansavam amarrados lado a lado . gaivotas riscavam o ar com seus gritos ásperos , e o mais velho seguia adiante , passo firme , sem nunca olhar para trás . ayze , por sua vez , se esgueirava atrás de turistas , bancos e postes , tentando passar despercebida — mas produzindo , sem perceber , um espetáculo para qualquer um que a observasse . então ela viu . no extremo oposto do cais , alguém que não poderia encontrá-la ali , um alguém que o neto de voula não poderia encontrar sob hipótese alguma , ou seus planos iriam direto para o fundo do mar .
foi aí que o impulso falou mais alto . acelerou o passo e , sem medir consequências , empurrou dante para dentro de um pequeno barco . a força — alimentada pelo desespero — foi tanta que ela mesma perdeu o equilíbrio no degrau estreito , caindo junto a ele , o tecido das suas vestes se enroscando no convés até que tropeçou sobre o painel de controle . um estalar de alavancas e o ronco súbito do motor anunciaram que , sem querer , ela havia libertado o barco das amarras frouxas .
a bolsa de macramê escorregou da mão , espalhando seu conteúdo pelo chão . o celular quicou duas vezes antes de sumir com um estilhaço surdo , seguido de um choramingo indignado . ⸺ lethakis ! o que você fez !? — porque culpar o outro sempre parecia uma boa ideia em momentos como aquele . a embarcação balançava ao sabor das ondas , afastando-os rápido demais do porto seguro . ⸺ pelas raízes do inferno , eu juro que vou te envenenar assim que encostarmos em terra firme .
o porto encolhia à distância , o vento frio cortava e seu estômago afundava junto com a lembrança de que… não sabia nadar . fechou o espaço entre eles e se agarrou ao primeiro ponto firme , o braço masculino , as unhas cravando no tecido caro . ⸺ dante , eu não sei nadar ! eu . não . sei . nadar ! — a respiração curta e o tom cada vez mais alto acabaram berrando no ouvido dele . ⸺ eu já vejo a manchete do jornal : “ professora querida de santorini desaparece em alto mar ao lado de um velho em um terno preto ” . e as minhas sementinhas do universo ? e o nicos ? eu devia ter ido atrás dele quando te vi saindo . mas não , eu sabia que você ia tentar sabotar a escola da sua avó ! e eu estava certa , não estava ? eu vi quem você ia encontrar . não vou deixar você destruir a memória de voula , dante graveson lethakis , não vou ! para isso você terá que passar por cima do meu cadáver gelado .
respirou fundo e percebeu o quão longe estavam da costa , o mar vasto se fechando ao redor e o céu já tingindo de noite . ⸺ diz que você sabe pilotar isso , por favor ! eu até prometo apresentar você para as minhas sementinhas como o novo diretor bondoso e não o bicho-papão como da outra vez . não que tenha funcionado — eles começaram a te admirar no minuto em que você disse oi com esse sotaque pomposo . — uma onda mais forte fez o barco balançar , e ela enlaçou os braços ao redor do pescoço dele , voz já à beira do pânico absoluto . ⸺ dante , por favor não me deixa morrer , eu tenho muitas plantas para plantar e muitas pequenas almas para cuidar ! — e , a poucos segundos de escalar o corpo masculino para fugir da água , o grito dela se perdia no vento .
#𓂅⠀ 🥀 ⠀ 𝒑𝒆𝒓𝒔𝒆𝒑𝒉𝒐𝒏𝒆 𝒂𝒔 ayzere⠀⠀* threads⠀⠀⠀੭#𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* dante : hades !#k k k k k k k a ideia da dizi foi perfeita que ódio
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opposite deity : @tieachary !
location : bar da cobertura !
o bar aberto , iluminado por luzes suaves , parecia um refúgio elegante para hóspedes que buscavam um fim de noite tranquilo . o céu tingia-se de tons índigos , e a brisa salgada subia da costa até a cobertura do hotel , trazendo consigo um murmúrio de maré e promessas distantes . para ayzere , porém , aquilo era menos um espaço de lazer e mais um campo de observação , quase um laboratório improvisado de comportamento humano . caminhava distraída , xícara fumegante nas mãos , a saia floral ondulando no vento , quando os olhos captaram uma silhueta incomum à beira do parapeito .
o coração deu um solavanco . a figura feminina , elegante , equilibrava-se com perigosos milímetros de sobra entre o salto e o vazio . para um olhar displicente , poderia ser apenas alguém apreciando a vista — mas , para a gülsoy , aquilo acendia o mesmo alarme interno que disparava sempre que uma de suas sementinhas ameaçava subir numa cadeira para alcançar o pote de tintas . sem pensar , o chá foi jogado sobre a primeira mesa à frente , e avançou com passos firmes , pulseiras tilintando em protesto contra a pressa .
⸺ não , não , não ! — escapou mais alto do que pretendia . em um movimento rápido , agarrou o braço da mulher e a puxou para longe da borda . o gesto , no entanto , trouxe as duas juntas ao chão frio , num tropeço compartilhado e pouco gracioso . ainda arfando , a gülsoy apoiou-se nos cotovelos e inclinou-se para examinar a outra de perto . ⸺ você está bem ? machucou ? — disparou , a voz carregada de urgência e aquela doçura firme que usava para acalmar crianças depois de um tombo . ⸺ porque , olha , susto é perigoso , sabia ? coração dispara , pressão sobe... você bebeu alguma coisa ? quer água ? ou um chá ? eu tenho camomila no quarto e uma chaleira elétrica , leva só um minutinho para preparar !
as palavras vinham em cascata , sem pausas , enquanto o olhar fazia um inventário rápido da cabeça aos pés da outra , procurando qualquer indício de dor ou desorientação . a mão , por sua vez , continuava presa ao braço que havia puxado — como se , ao soltá-lo , permitiria que a mulher simplesmente flutuasse de volta ao parapeito . em volta , alguns hóspedes observavam com curiosidade , mas ayzere parecia alheia aos olhares , concentrada unicamente em cumprir sua mais nova missão improvisada , garantir que , pelo menos naquela noite , ninguém encontraria um fim precoce no aletheia .
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she blooms in the shadows — roots tangled in the underworld , petals aching for the sun . half of her belongs to the earth above , the other to the dark below , and neither can claim her wholly . she remembers pomegranate seeds like stolen kisses , remembers chains disguised as touch . she moves like the turning of seasons , speaks like a secret the wind refuses to carry , and when her gaze lingers too long , you’ll swear you feel the weight of spring and death in the same breath .
pelos deuses ! aquela ali passeando na praia é perséfone ? ah , não , é só ayzere gülsoy , uma professora nos agraciando com sua beleza nos halls do aletheia hotel . as moiras avisaram : mesmo com os vinte e oito anos nesse novo corpo , segue tão acolhedora e inconstante quanto na antiguidade . repararam também que ela lembra muito hande erçel ? a maldição levou tudo , menos sua beleza . que prazer tê-lo como hóspede do nosso hotel !
𝐁𝐈𝐎𝐆𝐑𝐀𝐅𝐈𝐀 :
do coração antigo de balat , em istambul , nasceu fahriye demirci — filha única de uma costureira de mãos ligeiras e paciência infinita , e de um estivador que carregava nas costas não apenas caixotes e redes , mas também um desejo mudo por mais do que a vida simples podia lhe dar . o trabalho honesto pagava o pão , mas não os sonhos . e foi num desses dias de desencanto que ilhan , seduzido por promessas de poder e segurança , atravessou a fronteira invisível que separa o mundo comum das sombras do crime organizado . por um curto verão , a existência modesta conheceu um brilho que jamais vira . vestidos novos pendurados atrás da porta , sapatos que refletiam a luz das lâmpadas , comida farta que perfumava o ar , um quarto só para ela , uma televisão que parecia uma janela para todos os lugares onde nunca estivera . fahriye pensou , por um instante , que aquele era o início de uma nova vida . mas o brilho era frágil como vidro , e quando ilhan foi acusado de traição pelos mesmos que lhe prometeram lealdade , desapareceu sem deixar uma única pista — ou despedida .
na madrugada em que o vento soprava gélido das margens do bósforo , fahriye foi acordada pelo toque firme da mãe . botas pequenas , um casaco pesado sobre o pijama florido , e o silêncio urgente de quem sabe que não pode fazer perguntas . partiram pela noite como sombras , deixando para trás tudo o que conheciam . a rota da fuga foi desenhada em portos e ilhas : thessaloniki , atenas , rodes , creta , até que o mar as levou a santorini — um vilarejo branco e azul , onde o sal secava na pele e o horizonte parecia infinito . ali , entre paredes simples e nomes inventados , fahriye tornou-se ayzere gülsoy .
ensinada em casa , com a mãe como única mestra , cresceu afastada dos risos de outras crianças e das pequenas aventuras que a idade costuma permitir . em vez de correr por pátios , explorava sozinha as encostas , colecionava conchas e inventava histórias para cada uma delas , observava pássaros como quem decifra sinais e ouvia o rugido do mar como se fosse uma língua antiga . aprendeu a reconhecer rostos e vozes , a captar gestos que revelavam histórias antes mesmo que fossem contadas . e foi assim , caminhando com pés pequenos e curiosos , que passou a acreditar que as forças que nos guiam vão muito além do que se pode ver , tocar ou medir .
nesse compasso lento que cruzou o caminho de voula lethakis — mulher de presença cálida , mãos acolhedoras e um olhar que parecia ver até as partes escondidas da alma . voula , dona de uma pequena escola infantil , enxergou na jovem não apenas curiosidade , mas uma luz viva . ofereceu-lhe trabalho como assistente , e ayzere mergulhou de corpo inteiro naquele universo . ali , descobriu mais que um ofício , descobriu um chamado . as crianças a seguiam como quem segue o sol , riam de suas histórias inventadas na hora e aprendiam em jogos e músicas que surgiam do nada . antes mesmo dos vinte e cinco , já era a professora mais querida de toda a escola e sua sala abarrotada de sementinhas do universo .
com o passar dos anos e o peso do tempo sobre voula , vieram maiores responsabilidades para ayzere . e quando a mulher que fora sua bússola partiu , ela vestiu o luto como quem veste uma segunda pele . manteve a escola viva , não por dever , mas por amor — como se cada parede guardasse a risada de voula e cada sala fosse uma lembrança a ser preservada . até que o destino bateu à porta com alguém que ela nunca esperou encontrar , o neto , herdeiro legítimo não apenas da escola , mas também de nicos — o vira-lata que era a última memória física de sua mãe de coração .
sério , pragmático , de roupas escuras e sem vida e olhar analítico , parecia tudo o que ayzere não era . e , para seu desespero , as crianças o acolheram como acolhem uma novidade doce . para alguém que acredita que o universo conspira , aquilo só podia ser uma provocação do destino . e ayzere , que é cor , vento e caos , não poderia permitir que ele transformasse o legado de voula num lugar cinzento e sem alma .
foi então que , reunindo todas as economias de anos , reservou uma estadia no hotel mais luxuoso de santorini . oficialmente , para descansar . na prática , para lutar — pelo cachorro , pela escola , e para ser uma pedra no sapato do ó poderoso obstetra . porque ayzere tem algo que ele precisa para tomar posse completa da herança , e ela jurou , com lágrimas e sob o caixão daquela que amou como segunda mãe , que não deixaria sua memória desaparecer .
e se ele não carrega sequer uma centelha do espírito de voula , talvez seja um impostor . algo que ela está disposta a descobrir no aletheia , entre idas ao spa , noites no teatro e a inesperada chance de , pela primeira vez , socializar com pessoas de sua própria idade .
𝐇𝐄𝐀𝐃𝐂𝐀𝐍𝐎𝐍𝐒 :
nunca dá aula calçada — acredita que ao sentir a energia da terra em seus pés , passa o conhecimento da mesma para as suas sementinhas do universo , as crianças !
serve chá de camomila para todo mundo , crianças , colegas , visitantes e até para o carteiro , acredita que “acalma a alma e abre o coração” !
acende incenso na sala de aula todos os dias , escolhendo o aroma de acordo com “a energia da manhã” !
chama cada criança por apelidos diferentes , geralmente ligados à natureza !
tem certeza de que as cores influenciam no humor e sempre planeja suas roupas do dia com isso em mente . por tal se recusa a usar preto , diz que já viveu em escuridão suficiente , e que prefere carregar a luz em si mesma , mesmo que seja “à força” !
chama todas as crianças de “sementinhas” , mas nunca conseguiu cuidar de uma planta por mais de uma semana — secretamente teme que isso seja um mau presságio . guarda sementes de todas as frutas que come , jurando que um dia vai plantar um pomar no quintal da escola !
acredita em leituras de tarô , das palmas , de chakras e de auras . com certa frequência tenta ler os colegas , os pais das crianças , as próprias crianças e até mesmo estranhos , mesmo sem saber ao certo o que faz !
acredita que sonhos , animais que aparecem no caminho e até quedas de objetos são sinais que o universo manda . acredita ainda mais que todos esses sinais , recorrentes , são mensagens diretas do destino , e mantém um caderno de anotações consigo para registrá-los assim que se repetem !
tem um armário cheio de cristais que usa para decorar a sala e “harmonizar a energia” do ambiente !
inventa músicas na hora para atividades , cantando junto com as crianças — às vezes com rimas meio sem sentido , mas cheias de entusiasmo !
ao ensinar , tem mania de se agachar para falar olho no olho com as crianças , como se quisesse provar que elas estão no mesmo nível de importância que qualquer adulto !
vive se metendo em conversas com desconhecidos por acreditar que o universo coloca as pessoas certas no caminho na hora certa . sente desconforto com silêncios muito longos , preenchendo-os automaticamente com histórias ou perguntas curiosas !
se refere a nicos como “o guardião da escola” e acha que ele entende cada palavra que diz !
recusa-se a usar despertador porque acredita que o corpo sabe quando é hora de acordar !
evita falar sobre o pai . quando é questionada , responde com histórias vagas e inconsistentes, como se estivesse tentando proteger algo , ou alguém !
escreve cartas para voula todas as semanas , contando sobre novidades e acontecimentos , e as guarda dentro de livros infantis na biblioteca da escola !
tem medo irracional de portas trancadas , especialmente por dentro . dorme sempre com uma fresta aberta !
acorda frequentemente no meio da noite com a sensação de que o tempo passou mais rápido do que deveria , como se tivesse perdido meses ou anos em um piscar de olhos !
guarda pequenas recordações dos lugares por onde passou com a mãe — um botão solto de uma jaqueta, uma pedra da praia de rodes, uma chave de atenas que não abre nada !
nunca aprendeu a nadar , apesar de viver cercada pelo mar . diz que prefere ficar na beira porque o fundo parece chamá-la !
evita comer romãs , mesmo gostando — não consegue explicar bem o porquê !
apesar de se dizer muito espiritual , não suporta cemitérios , diz que a energia é “densa demais” , mas na verdade é porque sente um peso familiar e difícil de nomear !
quando se sente triste ou sobrecarregada , senta sozinha à noite e conversa com a lua como se fosse uma amiga antiga !
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