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Divulgação Científica do planetaBio
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As novidades do universo científico
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planetabio · 4 months ago
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Um parentesco não tão próximo, mas que rompeu as fronteiras filogenéticas
Cães e Gatos, os pets domésticos mais presentes na vida das pessoas, têm algum parentesco entre si por terem capacidade de interagir com seus tutores?
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Sim, cães e gatos são "primos", mas o parentesco entre eles não tem relação com a capacidade que ambos têm de "seduzir" seus donos.
Fique sabendo que o parentesco entre um cão e uma e uma foca é maior que entre um cão e um gato. E até mesmo o parentesco entre um gato e uma hiena é maior que o parentesco entre um gato e um cão.
O DNA não mente!
Só para se ter uma ideia com base no genoma desses animais, a porcentagem de semelhança de DNA entre cães (Canis lupus familiaris) e gatos (Felis catus) é de aproximadamente 90%, porém a semelhança de DNA entre gatos e hiena é de cerca de 95%.
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Taxonomicamente falando, cães e gatos compartilham o mesmo Reino (Animalia), Filo (Chordata), Classe (Mammalia) e Ordem (Carnivora). Mas a partir daí passam a pertencer a unidades taxonômicas diferentes.
As Unidades Taxonômicas de Classificação Biológica
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Então claro que cães e gatos apresentam características anatômicas, embrionárias e bioquímicas semelhantes , afinal ambos são vertebrados mamíferos que fazem parte da ordem Carnivora.
E do ponto de vista taxonômico, o termo "Carnívora" não significa apenas que preferencialmente comem carne. Na verdade, os mamíferos que pertencem a essa ordem são incríveis caçadores, dignos de várias tomadas em slow motion de documentários e de vídeos curtos que assistimos por ai.
O fato é que os mamíferos da ordem Carnivora apresentam uma série de características morfofisiológicas que os adaptam à vida predatória:
Dentição especializada: dentes caninos bem desenvolvidos, adaptados para rasgar a carne.
Sistema digestório: relativamente simples e curto em comparação com herbívoros, já que a carne (proteínas) é mais facilmente digerida do que plantas (celulose). A maioria dos carnívoros possui um estômago simples e um intestino delgado mais curto, adequados à dieta rica em proteínas e gorduras.
Membros adaptados para caça e captura: com garras afiadas, adaptadas para capturar e segurar suas presas. A locomoção é frequentemente rápida, são predadores ágeis, ou em grandes carnívoros como os ursos, que, apesar de serem mais lentos, têm força considerável.
Adaptabilidade alimentar: embora a maioria dos membros da ordem Carnivora sejam carnívoros obrigatórios, como os gatos, há espécies que se alimentam de uma dieta mais variada, como ursos e cães, que podem consumir alimentos vegetais (são onívoros).
Anatomia craniana: apresentam crânio robusto, com mandíbulas fortes e articulações que permitem movimentos eficientes para agarrar e rasgar carne.
Pertencem a ordem Carnivora várias figurinhas bem conhecidas como leões, cães, hienas, focas, guaxinins, gatos, ursos, lontras, onças, lobos, suricatos, doninhas etc.
Como manda a figurino e os alicerces da ciência, todo o bom biólogo, ou estudioso de biologia adota as premissas da Teoria Sintética da Evolução quando o assunto é parentesco entre os seres vivos.
Assim, alguns comportamentos e adaptações de cães e gatos em relação aos humanos resultaram de convergência evolutiva, isto é, quando diferentes linhagens desenvolvem características semelhantes devido a pressões ambientais semelhantes.
Mas vamos detalhar um pouco mais os aspectos taxonômicos aqui.
Filogenia da Ordem Carnivora
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Dentro da ordem Carnivora, temos duas subordens:
Subordem Feliformia: dotados de bulbo timpânico (estrutura óssea que protege o ouvido médio) dividido por um septo em duas câmaras distintas; mandíbula mais curta e robusta, com maior capacidade de força na mordida, adaptada a predar e segurar presas e dentes carnívoros mais especializados para cortar carne, com um padrão de tesoura mais eficiente. Além disso, os membros dessa subordem apresentam garras retráteis ou semirretráteis adaptadas para capturar presas de forma silenciosa e precisa. A locomoção desses animais é muito ágil, favorecendo saltos e perseguições curtas. Dentro dessa subordem, temos as famílias Felidae (gatos, leões, tigres, onças, leopardos, jaguatiricas, caracais etc), Viverridae (civetas), Hyaenidae (hienas) e Herpestidae (suricatos). Embora muitos Feliformes sejam predominantemente carnívoros estritos (felídeos), algumas espécies têm dietas mais diversificadas, como insetívoros e onívoros (algumas civetas e suricatos).
Subordem Caniformia: apresentam bulbo timpânico simples ou parcialmente dividido, geralmente sem um septo completo; mandíbula mais longa e menos robusta, favorecendo maior amplitude de movimento para mastigar alimentos mais variados e dentes carnívoros menos especializados, com molar adicional adaptado para triturar vegetação, especialmente em espécies onívoras como os ursos. Nesse grupo encontramos animais com maior diversidade alimentar. Essa subordem é composta pelas famílias Canidae (cães, lobos, coiotes etc), Ursidae (ursos), Otariidae (lobos-marinhos e leões-marinhos), Phocidae (focas verdadeiras) e Odobenidae (morsas), Procyonidae (quatis, guaxinins) e Mustelidae (texugos, doninhas). Dentro dessa subordem há grande diversidade alimentar (de carnívoros obrigatórios a onívoros e até herbívoros extremos, como o panda-gigante).
Tanto canídeos quanto os felídeos evoluíram a partir de um ancestral comum na ordem Carnivora, que surgiu há cerca de 55-65 milhões de anos, após a extinção dos dinossauros. A divergência evolutiva entre Feliformia e Caniformia deve ter ocorrido provavelmente por volta de 40 milhões de anos atrás.
Mas do ponto de vista evolutivo, quando surgiram os cães e os gatos?
Os cães domésticos (Canis lupus familiares) surgiram há cerca de 20.000 a 40.000 anos atrás. Eles são descendentes do lobo cinzento (Canis lupus lupus). A domesticação dos cães começou durante o Pleistoceno Superior, quando humanos caçadores-coletores estabeleceram uma relação simbiótica com lobos, provavelmente aproveitando sua habilidade de caça e comportamento social. Essa relação resultou no surgimento dos primeiros cães domesticados.
O Lobo Cinzento (ancestral direto dos cães atuais)
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Já os gatos domésticos (Felis catus) provavelmente surgiram há cerca de 9.000 a 10.000 anos. Os bichanos são descendentes do gato selvagem africano (Felis silvestris lybica), que vive em regiões do Oriente Médio. A domesticação ocorreu durante o início da agricultura, quando humanos começaram a armazenar grãos, atraindo roedores e, consequentemente, gatos selvagens que ajudaram no controle de pragas. Essa convivência próxima levou à domesticação gradual.
O Gato Selvagem Africano (ancestral direto dos gatos)
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Bem, cães e gatos talvez sejam os animais que melhor se adaptaram ao nosso estilo de vida. Vários estudos mostram inclusive que ambos são capazes de interpretar nossas expressões faciais, uma linguagem corporal que está intimamente ligada às nossas emoções. Experimentos com cães mostraram que eles conseguem identificar emoções humanas como raiva e felicidade em nossas faces.
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Os gatos também!
Pesquisadores estudaram a resposta comportamental dos gatos a diferentes tons de voz e expressões faciais humanas e eles reagiram de maneira mais positiva a vozes suaves e expressões faciais amigáveis, sugerindo que eles podem perceber a emoção transmitida pela voz e pelo rosto humano. Embora a reação dos gatos fosse mais sutil e menos óbvia do que a dos cães, ainda assim mostrava uma preferência por interações mais positivas.
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Cães e gatos são primos relativamente distantes, mas que ao longo da história evolutiva, estabeleceram vínculos afetivos com seus "tutores", mas de maneiras diferentes.
Apesar das diferenças, ambos os animais passaram por processos de domesticação que favoreciam compreensão mútua entre eles e os humanos, cada um ao seu modo.
Esses pets amados foram selecionados para interagir de maneira adaptativa com os humanos, um exemplo fantástico de convergência evolutiva.
Leia também
1-https://www.planetabio.com.br/evolucionistas.html (mecanismos evolutivos).
2- https://sites.usp.br/psicousp/caes-avaliam-postura-e-expressoes-faciais-ao-interagir-com-humanos-diz-pesquisa/ (acesso em janeiro de 2025).
3-https://cultura.uol.com.br/radio/programas/estacao-cultura/2022/03/23/787_estudo-indica-que-cachorros-sao-capazes-de-interpretar-emocoes-humanas.html (acesso em janeiro de 2025).
4-Gatos têm quase 300 expressões faciais, segundo estudo - Mega Curioso (acesso em janeiro de 2025).
5-Projeto - Leitura de emoções a partir das expressões faciais de cães por humanos - nap_emocoes (acesso em janeiro de 2025)
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planetabio · 10 months ago
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Tubarões do Rio de Janeiro contaminados com Cocaína
Estudo inédito realizado por pesquisadores do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC/Ficocruz (RJ) detectou a presença de cocaína e de benzoilecgonina em tubarões da espécie Rhizoprionodon lalandii (cação rola-rola), pequeno elasmobrânquio costumeiramente achado nas praias fluminenses, como as do bairro Recreio dos Bandeirantes da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
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Fonte: Fiocruz (https://portal.fiocruz.br/noticia/2024/07/pesquisa-inedita-da-fiocruz-detecta-contaminacao-por-cocaina-em-tubaroes)
O estudo, conduzido entre setembro de 2021 e agosto de 2023, foi parte da avaliação de como certas substâncias e microrganismos causam impactos à vida marinha.
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Recreio dos Bandeirantes - Cidade do Rio de Janeiro
No total, foram coletados e analisados 13 tubarões e todos eles. testaram positivo para cocaína (cloridrato de cocaína). Em 12 desses 13 tubarões também foi detectada a benzoilecgonina, subproduto do metabolismo da cocaína no fígado.
A cocaína foi detectada em maior quantidade nos músculos e em menor quantidade no fígado, enquanto a benzoilecgonina concentrou-se mais no fígado.
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Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969724049477?via%3Dihub
Vale ressaltar que nos vertebrados em geral a benzoilecgonina pode ser produzida no fígado após o consumo ou intoxicação por cocaína.
Quando a cocaína é metabolizada pelo corpo, ela passa por um processo de hidrólise enzimática, principalmente no fígado, que resulta na formação da benzoilecgonina. Nos seres humanos, a benzoilecgonina é excretada na urina e pode ser detectada em exame antidoping, por exemplo.
Mas como é que a cocaína foi parar no organismo dos tubarões?
Bem, boa pergunta!
Segundo Enrico Mendes Saggioro, um dos responsáveis pelo estudo, "a cocaína foi encontrada em maior concentração no músculo, que é um tecido de acúmulo, o que pode sinalizar a abundância da presença da substância no ambiente marinho. Os tubarões estariam se contaminando de diversas formas, seja pelo fato de habitarem a região ou se alimentarem de outros animais contaminados".
A cocaína pode entrar nos peixes principalmente por dois meios:
Absorção Direta pela Água: a cocaína dissolvida na água pode ser absorvida diretamente pelas brânquias, que são altamente permeáveis.
Alimentação: os peixes também podem se contaminar ingerindo alimentos contaminados com cocaína. Embora faltem estudos mais conclusivos, suspeita-se que a cocaína possa ter efeito cumulativo desencadeando magnificação trófica. Há evidências científicas de que essa droga e seus metabólitos podem se acumular em organismos menores, como algas, invertebrados aquáticos e pequenos peixes que compõem a dieta carnívora dos tubarões da espécie Rhizoprionodon lalandii.
A literatura científica sobre o assunto mostra que a cocaína e seus metabólitos, como a benzoilecgonina, são descartados no meio ambiente, principalmente em corpos d'água, pelo esgoto.
Estudos e relatórios das autoridades de saúde e segurança pública frequentemente indicam níveis elevados de uso de cocaína na cidade do Rio de Janeiro. As análises de esgoto têm sido usadas em várias cidades para medir o consumo de drogas, e o Rio de Janeiro frequentemente aparece com altos índices de resíduos de cocaína. Muito provavelmente corroboram para esses resultados o fato de o Rio de Janeiro ser um grande polo turístico, com uma intensa vida noturna, além de ser rota do tráfico internacional dessa droga.
A cocaína afeta a vida marinha?
Sim, afeta!
 Segundo a bióloga Rachel Ann Hauser-Davis, outra pesquisadora envolvida no estudo, " é necessário realizar estudos específicos para determinar as consequências exatas dessa contaminação nos animais. Acredita-se que pode haver impacto no crescimento, na maturação e, potencialmente, na fecundidade dos tubarões, uma vez que o fígado atua no desenvolvimento de embriões".
Estudos semelhantes conduzidos pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA), desde 2017, revelaram que a cocaína também vem contaminando a Baía de Santos. A cidade de Santos comporta o maior porto da América do Sul, alvo frequente dos traficantes de cocaína.
Segundo os pesquisadores dessas universidades, a cocaína está presente não só na água, mas também em sedimentos e em diversos organismos marinhos do litoral paulista. Os estudos mostraram que a cocaína intoxica peixes, mexilhões (Perna perna) e ostras de mangue (Crassostrea gasar), alterando não só as atividades fisiológicas como também o material genético das células (a cocaína tem propriedades mutagênicas).
Cientistas de todo o mundo temem que cocaína descartada no meio principalmente por esgoto não tratado cause outros tipos de impactos à vida aquática, tais como:
Alterações Comportamentais nos Peixes: alterações nos padrões de alimentação e no comportamento reprodutivo.
Estresse Fisiológico: a cocaína pode causar estresse fisiológico nos peixes, afetando o sistema nervoso e outros sistemas corporais.
Efeitos Endócrinos: Alguns estudos sugerem que a cocaína pode interferir no sistema endócrino dos peixes, afetando o crescimento, a reprodução e o desenvolvimento.
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Não há consenso entre os cientistas se a cocaína é um potencial candidato a vilão ambiental, pois apesar de tudo, seu descarte é aparentemente localizado e ainda contamina o mar e os rios em baixas concentrações. Também não se sabe se o consumo de animais contaminados por cocaína pelos seres humanos trará a longo e médio prazos riscos significativos à saúde, mas o sinal amarelo está aceso!
De qualquer forma, é muito triste saber que animais como tubarões e outras espécies aquáticas, alheias ao mundo dos humanos, correm risco de se contaminar por substâncias nocivas provenientes de vícios, ilusões e paixões muitas vezes tão sem sentido.
Leia também:
1-https://portal.fiocruz.br/noticia/2024/07/pesquisa-inedita-da-fiocruz-detecta-contaminacao-por-cocaina-em-tubaroes (acesso em julho de 2024)
2-https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969724049477?via%3Dihub (acesso em julho de 2024)
3-https://agencia.fapesp.br/cocaina-e-contaminante-emergente-preocupante-na-baia-de-santos-afirma-pesquisador/51489 (acesso em julho 2024)
4-https://www.terra.com.br/byte/ciencia/como-a-cocaina-esta-contaminando-peixes-e-mexilhoes-no-mar-de-santos,432571ee4dc63919f3222adb5bb99cabepl4bvdz.html (acesso em julho de 2024)
5-https://www.newsweek.com/huge-concentration-cocaine-sea-life-high-brazil-1894537 (acesso em julho de 2024)
6-http://www.planetabio.com/drogas.html
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planetabio · 10 months ago
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Ação do Ozempic no Organismo Humano
Não é para uso estético!
Princípios Ativos
Você conhece uma substância chamada de semaglutida?
Você disse não?
Bem, e o medicamento conhecido como "ozempic", já ouviu falar?
Muita gente conhece o "ozempic" como aquela "injeção que faz emagrecer".
Pois é, mas não foi exatamente para esse propósito que a estadunidense Food and Drug Administration (FDA) e que a brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberaram esse tipo de medicamento.
A semaglutida, vendida com o nome comercial "ozempic" ou ainda "wegovy", é um peptídeo sintético semelhante ao hormônio GLP-1 (glucagon-like peptide-1) produzido pelas "células L" (endócrinas) do intestino delgado.
O GLP-1 ajuda a regular a glicemia (concentração de glicose no sangue), pois ele estimula as células  β do pâncreas a produzir insulina, hormônio responsável pela diminuição da taxa de glicose no sangue.
O "ozempic" imita ( é agonista) o GLP-1 e é por essa razão que esse medicamento foi liberado pelas agências controladoras (FDA e ANVISA) no tratamento da Diabetes Mellitus tipo 2.
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Mecanismos Fisiológicos
No organismo humano, o "ozempic" (assim como o GLP-1) promove diversos efeitos:
1- Aumento da Produção de Insulina: como já mencionamos, a semaglutida age nas células  β do pâncreas estimulando-as a produzir insulina, com consequente diminuição da glicemia.
2-Inibição da Produção de Glucagon: a semaglutida inibe as células α do pâncreas, responsáveis pela produção de glucagon, hormônio que promove o aumento da glicemia por meio da glicogenólise (quebra do glicogênio no fígado).
3-Retardamento do Esvaziamento Gástrico: a semaglutida diminui o processo de esvaziamento do estômago. Esse efeito faz diminuir a fome, pois quando o estômago está "cheio", o hipotálamo (área cerebral) fica mais "saciado". Além disso, estudos sugerem que níveis altos de semaglutida inibem a produção de grelina, hormônio produzido pelo estômago que age no hipotálamo promovendo a sensação de fome.
4-Inibição do Hipotálamo: a semaglutida age também diretamente no sistema nervoso central, principalmente no hipotálamo, diminuindo a sensação de fome.
5-Proteção das Células  β: estudos científicos sugerem que a semaglutida retardam a apoptose (morte celular programada) das células  β, um outro ponto a favor da utilização do "ozempic" no controle da Diabetes Mellitus tipo 2.
6- Aumento da Sensibilidade à Insulina: estudos científicos sugerem que a presença de semaglutida na corrente sanguínea aumenta a sensibilidade das células corporais à ação da insulina, o que promove diminuição da glicemia.
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Uso Terapêutico da Semaglutida
Embora o "ozempic" e o "wegovy" tenham a semaglutida como princípio ativo, eles não são exatamente os mesmos medicamentos, pois apresentam dosagens diferentes.
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O "ozempic" pode ser utilizado no tratamento de Diabetes Mellitus tipo 2; sua dose inicial geralmente começa com 0,25 mg por semana, aumentando gradualmente até atingir a dose de manutenção de 2,4 mg por semana.
O "wegovy" pode ser utilizado no tratamento de adultos com obesidade (IMC ≥ 30) ou com sobrepeso (IMC ≥ 27), portadores de doenças associadas como como hipertensão, Diabetes Mellitus tipo 2, ou dislipidemia.
Administração da Semaglutida no Organismo
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Bem, primeiramente é sempre bom lembrar que a aplicação desses medicamentos deve ser prescrita por um médico e nesse caso, geralmente tanto o "wegovy" quanto o "ozempic" são administrados por meio de injeções subcutâneas.
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Ambos os medicamentos são projetados para administração em casa, pelo próprio paciente. Para isso, é importante seguir as instruções fornecidas pelo médico e pelo fabricante para garantir a eficácia e segurança do tratamento. Se houver dúvidas sobre a administração ou possíveis efeitos colaterais, é sempre recomendável consultar um profissional de saúde.
Na maioria dos caso, a administração desses medicamentos ocorre uma vez por semana. A injeção pode ser feita na parte superior da coxa, no abdome ou na parte superior do braço.
Uso Indevido da Semaglutida
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Esses medicamentos não foram feitos para alimentar a "indústria da vaidade", principalmente aquela que se propaga nas redes sociais, inclusive por algumas "celebridades" de ocasião. Na verdade, o uso off label (fora da bula) do "ozempic" ou do "wegovy" pode trazer diversos prejuízos à saúde, entre eles:
1-Efeitos Colaterais: náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e perda de apetite.
2-Problemas Gastrointestinais: mal funcionamento do estômago e intestinos com desencadeamento de diarreias e vômitos que levam à desidratação e ao desequilíbrio eletrolítico.
3-Hipoglicemia: a semaglutida utilizada de forma inadequada somada à inadequada orientação nutricional pode aumentar o risco de hipoglicemia (falta de glicose no sangue).
4-Problemas de Saúde Subjacentes: a semaglutida utilizada de forma inadequada pode agravar doenças pré-existentes, como insuficiência renal, doenças gastrointestinais, ou histórico de pancreatite.
5-Efeitos sobre a Perda de Peso: a semaglutida utilizada sem necessidade médica faz o organismo perder peso de forma perigosa e ocasionando efeitos adversos significativos, como desnutrição, desequilíbrios eletrolíticos e problemas cardíacos.
6-Dependência e Uso Excessivo: O uso não prescrito e monitorado pelo médico desses medicamentos, pode se transformar em utilização excessiva com padrões de dependência.
Vida Saudável
Vamos caminhar? Fumar nunca! Beber só com moderação! Preciso tirar o açúcar da minha vida! Vamos de bike? Que tal um corridinha no calçadão? Desliga esse celular!
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Essas são apenas algumas das atitudes que podem nos trazer inúmeros benefícios para a preservação do bem estar físico e mental.
Claro que os medicamentos descritos são muito benvindos quando o assunto é tratamento da diabetes ou da obesidade, duas das principais doenças dos tempos modernos.
Mas a utilização da semaglutida sem necessidade pode levar o usuário ao outro lado do espectro, com outros tipos de malefícios, muitas vezes apenas para atender uma demanda fantasiosa que valoriza apenas padrões estéticos insustentáveis.
Leia também:
1-https://pharmacia.pensoft.net/article/104481/ (acesso em julho de 2024).
2-https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/03/26/ozempic-como-funciona-quais-os-efeitos-colaterais-e-os-relatos-de-quem-usou-o-remedio-para-emagrecer.ghtml (acesso em julho de 2024).
3-https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/01/03/semaglutida-anvisa-aprova-injecao-para-tratar-obesidade.ghtml (acesso em julho de 2024).
4-https://falandofarmacologia.ufms.br/semaglutida-e-aprovada-pela-anvisa-para-o-controle-da-obesidade/ (acesso em julho de 2024).
5-https://jornal.usp.br/podcast/pilula-farmaceutica-139-uso-indevido-do-ozempic-para-o-emagrecimento/#:~:text=%E2%80%9COs%20riscos%20do%20uso%20indevido,%C3%A0%20obesidade%20est%C3%A1%20sendo%20estudada. (acesso em julho de 2024).
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planetabio · 1 year ago
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Até 150 relações significativas!
Você já ouviu falar no "número de Dunbar"? Bem, nem todos conhecem! Mas provavelmente muitos conhecem a anedota "quantidade é inversamente proporcional à qualidade", não é?
O número de Dunbar é a hipótese proposta pelo antropólogo e psicólogo evolutivo britânico Robin Dunbar, que defende que o cérebro humano, selecionado ao longo da evolução, consegue estabelecer um número limite de relacionamentos significativos com outras pessoas. Esse número gira em torno de 150.
Até 150 relações significativas! Até 150 pessoas realmente importantes!
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Passou desse número, nosso cérebro tem dificuldade de "processar" respostas emocionais e vínculos afetivos realmente significativos. Será?
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De onde Dunbar tirou o número "150"?
Bem, da ciência!
A hipótese formulada por Dunbar sobre o tal "número de Dunbar" baseou-se em uma possível relação entre o tamanho do neocórtex humano e dos primatas em geral (região cerebral ligada à cognição e linguagem) com o tamanho médio dos grupos sociais em que vivem os primatas. O cerne central dessa relação parece ser bem lógica e direta: "primatas com neocórtex maior tendem a viver em grupos sociais maiores".
Ao extrapolar essas observações para os seres humanos, Dunbar sugeriu que, com base no tamanho médio do neocórtex humano, o número máximo de relacionamentos sociais estáveis que uma pessoa pode manter é de cerca de 150.
Dunbar também levou em consideração vários outros fatores, entre eles o comportamento social de 38 gêneros diferentes de primatas e as organizações sociais humanas desde de o período Neolítico. Considerou evidências antropológicas e históricas sobre as diversas estruturas de grupos sociais em comunidades humanas e observou padrões em relação ao tamanho médio desses grupos.
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Robin Dunbar é Atualmente é chefe do Grupo de Pesquisa em Neurociência Social e Evolutiva do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford. 
Segundo o cientista britânico, em muitas sociedades humanas, as comunidades costumavam se organizar em grupos de até aproximadamente 150 pessoas para realizar trabalhos importantes. Ele encontrou evidências históricas de tais estruturas sociais em tribos, clãs, comunidades religiosas e outros grupos humanos. Essas observações históricas e antropológicas forneceram suporte adicional a sua hipótese de que há um limite cognitivo para o número de relacionamentos sociais significativos que um indivíduo pode manter.
Bem, mas talvez você esteja se perguntando: "e se uma pessoa vive em comunidades constituídas por mais de 150 pessoas"?
Então! Segundo Dunbar, há implicações significativas para as pessoas que convivem em grupos maiores que 150 pessoas. Ele sugeriu que, à medida que os grupos sociais crescem além desse limite, poderão surgir desafios no gerenciamento de relacionamentos significativos, entre eles:
1-Dificuldade de Manter Relacionamentos Próximos: à medida que os grupos sociais se tornam muito grandes, as interações e relações pessoais tendem a se tornar mais superficiais. Manter relacionamentos profundos e significativos com um grande número de pessoas torna-se cada vez mais desafiador.
2-Complexidade na Comunicação e Coordenação: grupos muito grandes podem enfrentar dificuldades na comunicação eficaz e na coordenação de atividades. Dunbar sugere que a capacidade de manter um consenso e uma coesão eficientes torna-se mais difícil à medida que o grupo cresce.
3-Dificuldade em Manter a Cooperação Social: a cooperação social eficaz pode ser mais difícil em grupos muito grandes. Dunbar aponta que a confiança e a cooperação são fundamentais para o funcionamento harmonioso de grupos sociais, e esses aspectos podem ser comprometidos em comunidades muito extensas.
4-Desafios na Manutenção de uma Identidade de Grupo Forte: grupos sociais menores podem ser mais eficientes na promoção de uma identidade coletiva e de um sentido de pertencimento. Em grupos muito grandes, a coesão e a identidade compartilhada podem ser mais difíceis de manter.
Dunbar idealizou "círculos hierárquicos" para as relações humanas. O círculo mais restrito tem apenas 5 pessoas, geralmente entes queridos. Depois, seguem as outras camadas circulares sucessivas de relacionamento na seguinte ordem hierárquica de significância: "15 bons amigos", "50 amigos", "150 contatos significativos", "500 conhecidos" e "1.500 pessoas com algum reconhecimento". As pessoas podem migrar para dentro e para fora destas camadas, mas a ideia é que seja necessário criar espaço para quaisquer novos participantes.
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Mas muita calma nessa hora!
Embora a hipótese de Dunbar forneça uma perspectiva interessante sobre a dinâmica dos grupos sociais e de suas limitações cognitivas baseadas em evidências científicas, a maioria dos especialistas diz que o número "150" é uma generalização, pois a capacidade de gerenciar grupos sociais varia de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.
As Redes Sociais
Dunbar, assim como outros cientistas, chamaram a atenção para as implicações da hipótese de Dumbar não só para as relações humanas do mundo físico, mas também no "universo virtual", aquele das redes sociais.
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Em plataformas de redes sociais online, tais como Facebook, Twitter e outras, as pessoas muitas vezes têm uma quantidade muito maior de "amigos" ou "seguidores" do que seria possível manter como relacionamentos significativos na vida offline, na vida real. Muitas dessas conexões online tendem a ser mais superficiais.
Ora, claro que as redes socias fizeram uma verdadeira revolução nas comunicação, mas não necessariamente na "qualidade" dos relacionamentos humanos. Na verdade, segundo muitos especialistas em comportamento humano, na prática as redes sociais transformaram a comunicação e a interações humanas mais superficiais.
Embora a hipótese de Dunbar não tenha sido desenvolvida especificamente para explicar as dinâmicas das redes sociais online, muitos pesquisadores e observadores exploraram sua aplicação a esses contextos, fornecendo insights sobre como as pessoas interagem e mantêm relacionamentos em ambientes digitais.
Segundo Dunbar, as redes sociais trazem novos seguidores localizados em novos círculos hierárquicos de relacionamento mais distantes daquelas primeiras camadas mais essenciais que contemplam os 150 relacionamentos. Maior parte dos seguidores não representa um relacionamento próximo e significativo.
No universo online, as "relações cara a cara", as informações sensoriais não verbais, tais como o olhar, o cheiro, o calor, a expressão facial e a linguagem corporal inexistem. O cérebro primata foi concebido evolutivamente para estabelecer algum vínculo afetivo significativamente importante por meio dessa aparelhagem sensorial. " Quando precisamos de um amigo, é extremamente difícil chorar em um ombro virtual", disse Dunbar.
A Superpopulação Mundial e a Hipótese de Dunbar
Vivemos um "boom" populacional humano; 8 bilhões de pessoas vivendo na Terra. Estima-se que cerca de 5 bilhões têm acesso à internet. Falar sobre como toda essa gente impacta os recursos naturais do planeta geraria uma outra longa postagem aqui no tumblr, mas vamos focar apenas nas relações humanas desse "mundaréu de gente". Afinal, existem muitos estudos científicos que relacionam diversos distúrbios de saúde física e mental com a elevada densidade populacional, dependendo do contexto cultural e das condições socioeconômicas.
Alguns estudos sugerem que a superpopulação em áreas urbanas densamente povoadas pode estar associada aos níveis elevados de estresse, ansiedade e transtornos do humor. A falta de espaço, privacidade e uma maior exposição a estímulos urbanos podem contribuir para esses efeitos. Vale ressaltar que em ambientes densamente povoados, a disseminação de doenças infecciosas é muito maior também
Quando aplicamos a hipótese de Dunbar a ambientes altamente povoados, como grandes cidades ou áreas urbanas densamente habitadas, surgem reflexões importantes sobre como as pessoas gerenciam seus relacionamentos em meio a uma grande variedade de rostos e interações diárias.
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Em São Paulo, em Nova York, na Cidade do México, em Tóquio, assim como outros grande centros urbanos, temos milhões de pessoas compartilhando os mesmos espaços , e as interações diárias podem envolver uma diversidade de faces desconhecidas. Nesse contexto, a hipótese de Dunbar nos leva a refletir sobre as possíveis consequências desse excesso de estímulos sociais.
Ora, sejamos honestos! Em ambientes altamente povoados, maior parte dos relacionamentos tende a se tornar superficial. À medida que o número de interações aumenta, a profundidade emocional de cada conexão pode diminuir, tornando desafiador cultivar relações verdadeiramente íntimas. A abundância de rostos e interações em ambientes urbanos pode levar à fadiga social. O cérebro humano pode enfrentar dificuldades em processar e assimilar um grande volume de informações sociais, levando a uma sensação de sobrecarga e exaustão social.
A coesão social em ambientes altamente povoados é muito mais difícil. Manter um senso de comunidade e identidade coletiva nesse contexto pode ser prejudicado quando o número de interações ultrapassa a capacidade do cérebro humano em gerenciar relações profundas e significativas. Isso ai é "dois palitos" para que as cidades densamente povoadas se tornem uma "bomba relógio" de cidadãos que sofrem de depressão, ansiedade ou outros transtornos.
Talvez um dos grande desafios dos novos tempos, principalmente nas comunidades densamente povoadas, seja construir tanto no mundo offline como no mundo online relações humanas realmente significativas, para que nós não percamos a essência que nos torna realmente felizes e dotados de saúde física e mental.
Leia também:
1-https://www.bbc.com/future/article/20191001-dunbars-number-why-we-can-only-maintain-150-relationships#:~:text=The%20theory%20of%20Dunbar's%20number,today's%20world%20of%20social%20media%3F (acesso em 20 de janeiro de 2024).
2-https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2020/11/25/teoria-de-dunbar-somos-mesmo-incapazes-de-ter-mais-de-150-amigos.ghtml (acesso em 21 de janeiro)
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planetabio · 2 years ago
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Saúde é dormir Bem!
E dormir no horário certo, sem interrupções, é essencial para a homeostase corporal.
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Fortalecimento do sistema imunológico, reparação de tecidos, crescimento da massa muscular, regulação das funções cardíacas e da pressão arterial. Tudo isso é muito importante para o nosso equilíbrio físico e mental, não é mesmo?
Pois é, mas você sabe quando esse "pit stop" fisiológico ocorre? Quando dormimos e dormimos bem!
Você já passou por "noites mal dormidas"? Se sim, então você conhece as consequências fisiológicas resultantes de uma noite mal dormida. No dia seguinte, mesmo sob a luz do sol, ficamos sonolentos, com a cabeça pesada, o estudo (ou trabalho) não rende e o humor fica péssimo.
E é pelo chamado ciclo circadiano (do latim: "circa" = cerca de ; "diem"= dia), que nosso organismo mantém a homeostase ao longo das vinte quatro horas, comportando-se fisiologicamente durante dia de um jeito e durante a noite de outro.
Geralmente, durante o dia nosso metabolismo aumenta, a atividade cerebral se intensifica, assim como a disposição física. De dia, a temperatura corporal média oscila entre 36,5 e 37,5ºC.
Ao anoitecer, nosso corpo se prepara para um "descanso fisiológico merecido", para uma espécie de "reorganização metabólica". Nosso metabolismo tende a cair durante o meio da noite, nossa temperatura corporal média oscila entre 35,5 e 36,5ºC, as atividades mentais diminuem e aí pegamos nos sono! Tudo bem, porque é hora de descansar!
O ciclo circadiano é mantido por um mecanismo de feedback complexo envolvendo diversos hormônios, mas principalmente a melatonina (produzida pela glândula pineal) e o cortisol (produzido pelo córtex das glândulas suprarrenais).
Vamos começar pela noite. Quando o relógio marca um horário entre 20 e 22 horas, a glândula pineal (localizada no centro do cérebro entre os dois hemisférios) passa a liberar melatonina na corrente sanguínea. Durante a menor intensidade luminosa do período noturno, a retina (no fundo do olho) envia sinais nervosos (pelo nervo óptico) ao núcleo supraquiasmático localizado no hipotálamo. Por uma complexa rede neural, o núcleo supraquiasmático passa a estimular a glândula pineal, que por sua vez passa a liberar no sangue grandes quantidades do hormônio melatonina.
A melatonina provoca os seguintes efeitos no organismo:
Diminuição da atividade cerebral induzindo ao sono.
Inibição das suprarrenais, que passam a liberar pouco hormônio cortisol na corrente sanguínea.
Queda do metabolismo e da temperatura corporal.
Entre 22h e 02 da madrugada, os níveis de cortisol no sangue ficam mínimos. Isso significa menor gliconeogênese (formação de glicose a partir de gordura ou proteínas). Com menos glicose no sangue, o metabolismo energético diminui, porém em nível suficiente para atender à baixa demanda metabólica do momento.
Repare que durante a noite a melatonina aumenta e o cortisol diminui. Na prática, essas variações hormonais induzem ao sono e reduzem a taxa metabólica. No entanto, durante o sono, a "equipe de manutenção (enzimas e outros hormônios)" está trabalhando silenciosamente na reconstrução de tecidos, na produção de substâncias essenciais e no fortalecimento das funções vitais.
Afinal de contas, amanhã é outro dia!
Exposta à luz (especialmente sob a chamada luz azul), a retina passa a enviar outros tipos de sinais nervosos ao núcleo supraquiasmático, fazendo com que as conexões neurais dessa estrutura passem a inibir a produção de melatonina pela glândula pineal, especialmente entre 06 e 08 da manhã. A princípio, nesse horário o cérebro está despertando, enquanto que o sono está diminuindo. É hora de acordar!
Há algum tempo aqui em São Paulo, o paulistano que saia cedo para trabalhar escutava numa rádio local (na época imparcial) uma musiquinha famosa que dizia assim: "vambora, vambora, olha hora vambora, vamobora". De forma parecida com a musiquinha, a redução da melatonina de dia provoca em nosso cérebro um maior estado de atenção.
Entre 08 e 10h da manhã, o cortisol assume o controle metabólico, e passa a ser mais intensamente liberado pelas suprarrenais. O resultado disso são as maiores taxas de gliconeogênese e de glicemia para atender às maiores taxas metabólicas do período diurno.
Repare que de dia a melatonina diminui enquanto que o cortisol aumenta. Se você preferir, podemos afirmar de uma forma mais poética que "na escuridão reina a melatonina enquanto que sob a luz, reina o cortisol".
Uso de Celular Antes de Dormir
Você utiliza muito celular durante a noite, antes de dormir? Bem, ocorre que algumas pesquisas científicas sugerem que o uso do smartphone pode levar à alteração na secreção hormonal de melatonina e bagunçar o ciclo circadiano. Isso faz mal à saúde!
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Publicada na Revista de Medicina da USP,  uma pesquisa sobre o assunto tinha como objetivo verificar alterações na qualidade e duração do sono, assim como na sonolência diurna após abstenção do uso de smartphone próximo ao horário de dormir. A estratégia foi aplicar questionários, testes e estatísticas em estudantes de medicina voluntários, na faixa de idade entre 17 e 40 anos. Os resultados dessa pesquisa apontaram para o perfil sociodemográfico da amostra dos 76 estudantes:
93% dos alunos voluntários mantinham o celular próximo de si.
76% dos alunos utilizavam o celular mesmo já na cama.
68% dos alunos acordavam em caso do celular tocar.
79% dos alunos utilizam o celular por pelo menos 15 minutos após se deitar.
As pesquisadoras que publicaram o artigo associam o uso frequente de celular principalmente no período noturno antes de dormir a um grande fator desencadeador de estresse ocasionado pela diminuição da produção de melatonina.
Segundo as pesquisadoras, a adoção de hábitos que melhorem o descanso noturno, como a restrição do uso de celular antes de dormir, aumentam a disposição diária e diminuem os indicativos de estresse. "Definitivamente, celular e sono não combinam", elas disseram.
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Picaretagem Comercial?
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda não autoriza o uso de melatonina como medicamento, mas apenas como suplemento alimentar destinado exclusivamente a pessoas com idade igual ou maior que 19 anos e para o consumo diário máximo de 0,21 mg.  A ANVISA ainda determina que os suplementos de melatonina deverão conter advertência de que o produto não deve ser consumido por gestantes, lactantes, crianças e pessoas envolvidas em atividades que requerem atenção constante. 
No entanto, desde 2017, a empresa do setor farmacêutico Active Pharmaceutica Ltda, após vencer ação contra a ANIVISA, importa e comercializa melatonina para as chamadas "farmácias de manipulação". Alguns consumidores estão adquirindo facilmente melatonina, inclusive com receita médica, nas farmácias de manipulação.
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A utilização da melatonina para fins terapêuticos carece de comprovação científica, mesmo assim, a indústria farmacêutica vende o produto alegando que a melatonina combate ansiedade, insônia e obesidade (a melatonina indiretamente age no cérebro reduzindo a fome).
Médicos especialistas advertem, no entanto, que a ingestão de cápsulas contendo melatonina de forma descontrolada e fora do horário da produção natural pelo organismo, pode desencadear doenças crônicas, como diabetes. Segundo José Cipolla Neto, professor de fisiologia no Instituto de Ciências Biomédicas da USP e pesquisador sobre os efeitos fisiológicos e mecanismos de ação da melatonina, "a quantidade de melatonina que precisa ser administrada para o paciente no começo da noite não pode ser grande o suficiente para permanecer (no organismo) durante o dia. Do contrário, pode trazer resistência insulínica pela manhã para o indivíduo, o que significa iniciar o desenvolvimento de um quadro diabético".
Além disso, a utilização inadvertida de melatonina pode trazer dores de cabeça, sonolência durante o dia, tonturas, náuseas, dor abdominal e irritabilidade.
Estudos sugerem que para os mais idosos, a melatonina poderia ter utilidade terapêutica mais significativa, uma vez que a produção desse hormônio sofre redução com o passar da idade.
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O fato é que a maioria das pessoas já nasceu com uma maquinaria bioquímica capaz de manter o corpo humano em harmonia com a natureza, de acordo com o ritmo natural do dia e da noite, conforme as premissas do ciclo circadiano. Produzimos melatonina e cortisol na hora certa, e também no momento certo, nosso organismo reduz a produção desses hormônios tão importantes. Essa oscilação hormonal nos traz equilíbrio físico e mental.
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Não seria mais importante adotarmos um modo de vida que não interfira de forma bombástica nesse ciclo?
Ignorar o ciclo circadiano e terceirizar a melatonina sem necessidade, talvez até atenda aos anseios da indústria farmacêutica, mas certamente, trará riscos desnecessários à saúde.
Leia também:
1- Uso de celular antes de dormir pode retardar a sensação de sono – Jornal da USP (acesso em 25 de julho de 2023).
2-Vista do Relação entre uso do telefone celular antes de dormir, qualidade do sono e sonolência diurna (usp.br) (acesso em 25 de julho de 2023).
3-Especialista alerta para consumo excessivo e desregulado de melatonina no Brasil - BBC News Brasil (acesso em 25 de julho de 2023).
4-http://www.planetabio.com/circadiano.html (lição do ciclo circadiano do planetaBio)
5- https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-autoriza-a-melatonina-na-forma-de-suplemento-alimentar (acesso em 25 de julho de 2023)
6-https://revistapesquisa.fapesp.br/uma-conexao-entre-o-sono-e-a-fome/#:~:text=N%C3%ADveis%20mais%20altos%20de%20melatonina,energia%20pelo%20tecido%20adiposo%20marrom. (acesso em 25 de julho de 2023).
7-Pílula Farmacêutica #107: Suplementação inadequada de melatonina pode causar dores de cabeça, tonturas e irritabilidade – Jornal da USP (acesso em 25 de julho de 2023).
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planetabio · 2 years ago
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O elixir da juventude está dentro de nós....
Telômeros são as "pontas" dos cromossomos que protegem o material genético e modulam a longevidade das células.
Há tempos, os alquimistas acreditavam na existência de um elixir da juventude, que supostamente se encontrava no chamado ouro potável, cujas propriedades permitiriam a cura e a regeneração do organismo, prolongando a vida. Na alquimia, o ouro era considerado um metal puro e perfeito, associado ao sol e à imortalidade.
Acredita-se que o ouro potável, por ser uma forma mais refinada e purificada de ouro, poderia transmitir essas propriedades aos humanos, proporcionando-lhes juventude eterna.
Nessa mesma linha de pensamento, alguns filósofos antigos acreditavam em um suposto elixir da longa vida, também conhecido como a água dos filósofos, que traria longevidade aos seus consumidores. Na Bíblia, inclusive, o precioso elixir foi referido como "a água da vida".
Mas histórias a parte, o fato é que nunca ninguém conseguiu produzir até o momento um elixir da longa vida, talvez porque o segredo dessa longevidade esteja muito perto. Dentro de nós!
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Os telômeros são formados por sequências repetitivas de bases nitrogenadas de DNA (TTAGGG) localizadas nas extremidades dos cromossomos. Essas sequências repetitivas de nucleotídeos atuam como "capas protetoras" do material genético localizado no restante do cromossomo, desempenhando papel importante na estabilidade e segurança dos genes durante a divisão celular (mitose), assim como na "regulação" da longevidade das células.
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À medida que as células se replicam por mitose ao longo do tempo, os telômeros tendem a encurtar gradualmente. Isso ocorre porque antes da mitose, mais precisamente na fase S da intérfase , a DNA polimerase (enzima responsável pela replicação do DNA), não consegue completar a replicação até o final do cromossomo. Como resultado, as extremidades dos cromossomos são gradualmente perdidas a cada ciclo celular (são perdidos de 50 a 100 nucleotídeos a cada divisão celular).
Quando os telômeros se tornam muito curtos, as células podem entrar em senescência (um estado de parada do crescimento) ou sofrer apoptose (morte celular programada). Estudos científicos demonstraram que o encurtamento dos telômeros está relacionado ao envelhecimento e ao desenvolvimento de doenças associadas à idade.
As células-tronco e certas células do sistema imunológico, no entanto, são dotadas de telomerase, uma enzima que pode "regenerar" os telômeros mantendo a integridade dos cromossomos nessas células. A telomerase adiciona sequências repetitivas de DNA às extremidades dos cromossomos, compensando o encurtamento natural que ocorre durante a replicação do DNA.
A atividade da telomerase é geralmente alta em células-tronco embrionárias, permitindo que elas permaneçam com telômeros longos. Assim, as células-tronco embrionárias preservam a capacidade de se dividirem e se diferenciarem em diferentes tipos de células. Já as células-tronco adultas e principalmente as células permanentes diferenciadas apresentam níveis menores de telomerase quando comparadas às células´ embrionárias.
Diversos estudos científicos demonstraram que o encurtamento dos telômeros ao longo do tempo está também indiretamente relacionado ao desenvolvimento de algumas doenças, entre elas:
Doenças cardiovasculares: o encurtamento dos telômeros tem sido associado a um maior risco de doenças cardiovasculares, como doença arterial coronariana, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral.
Câncer: telômeros mais curtos estão frequentemente presentes em células cancerígenas. O encurtamento dos telômeros pode levar a instabilidade genômica, o que favorece a ocorrência de mutações que contribuem para o desenvolvimento do câncer.
Doenças pulmonares: pacientes com doenças pulmonares crônicas, como fibrose pulmonar idiopática e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), geralmente apresentam telômeros mais curtos em suas células pulmonares.
Doenças neurodegenerativas: há evidências sugerindo que o encurtamento dos telômeros pode estar envolvido em doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer, doença de Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Síndromes genéticas: certas síndromes (raras) estão associadas ao encurtamento dos telômeros, tais a Síndrome de Werner, a Síndrome de disqueratose congênita e a Síndrome de Bloom.
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Recentemente, pesquisadores da USP verificaram que animais com carência da enzima telomerase nas células-tronco da medula óssea geram número insuficiente de células de defesa (leucócitos), ou geram células de defesa menos eficazes, além de problemas no fígado. Linhas de pesquisa em outras universidades espalhadas nos Estados Unidos e Europa apontam que a diminuição da atividade da telomerase nas células-tronco da medula óssea pode ter consequências negativas, tais como:
Envelhecimento do sistema hematopoiético: com o encurtamento dos telômeros nas células-tronco da medula óssea ao longo do tempo, as capacidades de autorrenovação e de diferenciação em células sanguíneas diminuem. Isso pode contribuir para o envelhecimento do sistema hematopoiético e para o desenvolvimento de doenças relacionadas à idade, como a anemia.
Aumento do risco de doenças hematológicas: a diminuição da telomerase nas células-tronco da medula óssea pode estar associada a um maior risco de desenvolvimento de certas doenças hematológicas, como a Síndrome Mielodisplásica (SMD) e a leucemia mieloide aguda (LMA).
Disfunção imunológica: a diminuição da atividade da telomerase pode afetar a capacidade das células-tronco da medula óssea de produzir células do sistema imunológico (leucócitos). Isso pode resultar em uma diminuição da resposta imunológica eficiente e em aumento da suscetibilidade a infecções e doenças relacionadas ao sistema imunológico.
No entanto, é importante ressaltar que a relação causal direta entre a diminuição da telomerase nas células-tronco da medula óssea e o desenvolvimento de doenças ainda precisa ser completamente esclarecida.
Pesquisadores da University College de Londres, no Reino Unido, liderados pelo Dr. Alessio Lanna, acenaram com um método preventivo promissor contra o envelhecimento do sistema imunológico. Esses cientistas descobriram que no combate a determinados agentes invasores, determinadas células do sistema imunológico (macrófagos e células dendríticas) podem "transferir telômeros" para os chamados linfócitos T (células de defesa fundamentais) por meio de vesículas membranosas extracelulares. Essa transferência resulta em aumento do comprimento de determinados telômeros dos linfócitos T em até 30 vezes mais que a ação da enzima telomerase. 
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Após a incrível descoberta, a equipe da University College passou a investigar e a purificar as vesículas carregadas de telômeros. A ideia é tentar adicioná-las aos linfócitos T para aumentar a longevidade dessas células em estado natural, independentemente da ocorrência de uma infecção. No decorrer da pesquisa, os cientistas concluíram que as vesículas membranosas carregadas de telômeros poderiam ser administradas com sucesso, por exemplo, quando combinadas com uma vacina, de modo a prolongar a duração da resposta imunológica do imunizante.
Mas será que, em tese, seria possível aplicar para fins preventivos ou regenerativos a enzima telomerase nas células de algum paciente?
Bem, sim!
Mas o fato é que ainda não há relatos de ensaios clínicos que utilizaram essa abordagem, afinal mexer com telomerase e telômeros não é tão simples assim!
A aplicação da telomerase como uma abordagem terapêutica ainda é uma área de pesquisa em andamento. É verdade que teoricamente a aplicação ou a ativação da enzima telomerase poderia prolongar a vida útil das células e retardar o encurtamento dos telômeros, reduzindo os efeitos do envelhecimento e prevenindo certas doenças associadas ao encurtamento dos telômeros.
Só que a utilização indiscriminada da telomerase poderia também resultar em efeitos negativos à saúde, pois sabe-se que algumas células cancerígenas são capazes de ativar mecanismos que preservam os telômeros, permitindo que continuem se dividindo indefinidamente. Esses mecanismos incluem a ativação da enzima telomerase. Nesse caso, adicionar telomerase extra poderia significar "apagar o fogo com gasolina", isto é, estimular a atividade da telomerase em células normais também poderia aumentar o risco do desenvolvimento de tumores.
No entanto, a pesquisa sobre a manipulação da telomerase e da extensão dos telômeros continua em andamento, e várias abordagens estão sendo exploradas para o desenvolvimento de tratamentos potenciais.
Tudo é recente! A descoberta dos telômeros e a relação deles com o envelhecimento ocorreu na década de 1970. Os cientistas Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak foram premiados com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2009 pela descoberta da telomerase e do papel dos telômeros na proteção do material genético. Desde então, muitas pesquisas estão sendo financiadas para entender melhor a função dos telômeros e da telomerase.
Embora ainda haja muito a aprender sobre telômeros e telomerase, avanços na tecnologia permitirão melhor entendimento sobre os impactos desses elementos à saúde humana.
O que acontecerá nas relações humanas, o dia em que a ciência mostrar formas seguras e eficazes das células preservarem seus telômeros? Envelheceríamos de forma mais lenta? Nesse caso, o sonho dos alquimistas seria alcançado? O que viria depois?
Leia também:
1-https://jornal.usp.br/ciencias/cientistas-descobrem-efeitos-importantes-da-doenca-dos-telomeros-no-sistema-imunologico/ (acesso em 06 de julho de 2023)
2-https://www.scielo.br/j/rbhh/a/rrjrCBxN8KFgtKh8FmccNwG/?lang=pt (acesso em 06 de julho de 2023)
3-https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2022/09/longevidade-descoberto-mecanismo-que-retarda-envelhecimento-do-sistema-imunologico-mostra-estudo-da-nature.ghtml (acesso em 06 de julho de 2023)
4-https://genotipia.com/genetica_medica_news/transferencia-de-telomeros/ (acesso em 06 de julho de 2023)
5-https://www.ucl.ac.uk/news/2022/sep/new-mechanism-extends-life-immune-system?_ga=2.107367938.1640029816.1688673765-1213671299.1688673765 (acesso em 06 de julho de 2023)
6-https://sentcell.life/about/ (acesso em 06 de julho de 2023)
7-https://www.nature.com/articles/s41423-022-00949-z (acesso em 06 de julho de 2023)
8-https://www.ucl.ac.uk/news/2022/sep/new-mechanism-extends-life-immune-system (06 de julho de 2023)
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planetabio · 2 years ago
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A visão do colonizador que se transformou (sem querer) em uma linda história de amor
Quem nunca ouviu falar na história de Tarzan e Jane?
É, mas a história parece ter nascido no "mar de lamas" da visão do supremacista branco europeu.
Em 1912, o estadunidense Edgar Rice Burroughs (1875-1950) publicou a primeira série do romance de sucesso Tarzan of the Apes (Tarzan, o filho das Selvas) na All-Story Magazine. A história de Tarzan é tão surpreendente que desde aquela época diversas versões foram publicadas em quadrinhos, revistas, séries de TV, animações e cinema.
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No romance original de Burroughs, Tarzan é o filho de John Clayton e Alice Clayton, um casal britânico que naufragou na costa oeste da África e que passou a tentar sobreviver às condições locais. Mas em certo dia, os pais de Tarzan foram atacados e mortos por Kerchak, o líder dos "grandes macacos". O bebê Tarzan foi adotado e criado por Kala, uma macaca que lhe ensinou habilidades físicas sobre-humanas.
Graças à Kala e aos outros macacos do grupo, Tarzan aprendeu a se mover rapidamente pelas árvores, a se comunicar com outros animais selvagens e a lutar contra poderosos predadores.
Certa vez, supostamente já adulto, Tarzan encontrou Jane Porter, uma exploradora estadunidense que pesquisa a vida na selva africana, junto com o seu pai, o Professor Archimedes Q. Porter. No romance original de Burroughs, Jane é retratada como uma personagem compassiva e empática.
Um momento marcante do romance original, é quando Jane vê Tarzan pela primeira vez na selva. Ela foi capaz de superar o choque inicial de encontrar um homem selvagem e desconhecido e se aproximou dele com curiosidade e empatia.
Mas em qual contexto geopolítico nasceu a história de Tarzan idealizada por Burroughs?
É importante observar que na época em que o romance original de Tarzan foi escrito (1912), havia uma prevalência de atitudes e crenças colonialistas que sustentavam a ideia de superioridade europeia sobre os povos africanos e outras culturas consideradas "não ocidentais". Essas visões coloniais frequentemente retratavam os europeus como civilizados, avançados e superiores, ao mesmo tempo que descreviam os povos indígenas e africanos como selvagens, primitivos e inferiores. Essa mentalidade estava enraizada em noções de supremacia racial e cultural.
Embora Tarzan seja um personagem excepcional que se destaca tanto entre os europeus quanto entre os nativos da selva, a narrativa original de Burroughs mostra-se impregnada de percepções coloniais da época. O protagonismo de Tarzan e sua habilidade superior na selva podem ser interpretados como uma reafirmação dessas noções de superioridade europeia, apesar de ele ter sido criado por macacos.
Alguns romancistas afirmam que Burroughs não descreveu com tanta ênfase o amores improváveis entre uma mãe-macaca e um bebê humano, ou entre uma mulher civilizada e um homem notadamente selvagem.
O foco da história original foi outro!
Burroughs talvez tenha sido mais enfático na descrição das incríveis habilidades de um homem branco e de como ele conseguiu superar seus problemas, em um cenário selvagem, impregnado de nativos primitivos. Vale ressaltar que nas primeiras décadas do século XX (época em que as diversas histórias de Tarzan "bombavam" nas livrarias e até nos cinemas) algumas representações literais e culturais traziam traços racistas como:
Salvagismo e primitivismo: muitas vezes, os povos africanos eram retratados como selvagens, primitivos e menos desenvolvidos em comparação aos europeus. Eles eram frequentemente mostrados como sendo mais próximos da natureza e menos "civilizados" do que os europeus.
Exotismo: os povos africanos eram frequentemente retratados como exóticos e diferentes. Suas culturas, aparência física, tradições e costumes eram muitas vezes apresentados como estranhos ou curiosos para os europeus.
Inferioridade: visões raciais prevalentes na época afirmavam a suposta superioridade dos europeus sobre os povos africanos. Isso incluía a crença de que os europeus eram mais inteligentes, avançados e superiores em termos de civilização e cultura.
White Savior Complex (Complexo do Salvador Branco): ideia de que um personagem branco, como Tarzan, poderia ser visto como superior e capaz de salvar ou "civilizar" os povos africanos nativos.
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Filme: A Companheira de Tarzan (1934)
Mas o tempo passa, o mundo se transforma, os hábitos também.
Esse Tarzan "gostosão" branco não cola mais e passa um ideia racista que não tem mais cabimento no mundo de hoje (nunca teve em tempo nenhum).
Elementos éticos, ambientalistas e científicos transformaram o romance entre Tarzan e Jane em uma das histórias mais belas de amor. A relação maternal entre a gorila Kala e o bebê Tarzan transmite um sentimento gostoso de respeito à vida selvagem.
Em 1999, a Disney lançou a animação Tarzan que se tornou um estrondoso sucesso de cinema (US$ 448,2 milhões no mundo, tornando-se a quinta maior bilheteria daquele ano).
Ora, vai dizer que você nunca ouviu a canção tema de Tarzan, interpretada por Phil Collins?
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Em um cenário que enfatiza a importância da vida selvagem (e de sua preservação), temperada com uma trilha espetacular, Tarzan (da Disney) emociona crianças e adultos com ingredientes que fazem bem para a alma. Ao contrário da obra original, essa versão de Tarzan trabalha muito bem o amor maternal demonstrado pela gorila Kala, assim como enfatiza o inusitado amor entre duas pessoas pertencentes a mundos e hábitos tão diferentes. Que bela animação!
Ainda bem que a história Tarzan mudou!
Mas a história de Tarzan não foi a primeira a descrever bebês humanos criados por outras espécies de animais. Há histórias semelhantes na mitologia e no folclore de diversas culturas.
Uma das mais conhecidas é a lenda de Rômulo e Remo, história mitológica que descreve a fundação da cidade de Roma. Segundo a lenda, Rômulo e Remo eram irmãos gêmeos e filhos do deus Marte (ou Marte) com a princesa Reia Silvia. A história foi registrada por vários escritores antigos, incluindo Tito Lívio, Plutarco e Virgílio, cada um com algumas variações nos detalhes. A narrativa tradicional relata que, após o nascimento, os gêmeos foram abandonados às margens do rio Tibre, onde foram encontrados e amamentados por uma loba. Mais tarde, foram adotados por um pastor chamado Fáustulo e cresceram como pastores. Quando os irmãos se tornaram adultos, eles descobriram sua verdadeira linhagem e decidiram fundar uma cidade no local onde foram encontrados e criados pela loba. No entanto, surgiu um desentendimento entre eles sobre quem seria o governante da cidade. Rômulo matou Remo durante uma disputa, tornando-se assim o primeiro rei de Roma.
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Ok, mas e na vida real? Algum bebê humano já foi criado por um animal de outra espécie"?
Bem, existem relatos de casos excepcionais em que bebês humanos foram cuidados por fêmeas de outras espécies. No entanto, essas situações são extremamente raras e geralmente ocorrem em circunstâncias extraordinárias. Talvez o exemplo mais conhecido é o caso de Marina Chapman, uma mulher colombiana que alega ter sido criada por macacos depois de ter sido abandonada na selva quando criança. Segundo seu relato, ela foi acolhida e cuidada por um grupo de macacos, aprendendo a viver e se comunicar com eles até ser encontrada por caçadores e reintegrada à sociedade humana.
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Capa do Livro "La niña sin nombre: La increíble historia de una mujer criada por monos (Spanish Edition)"
Outro exemplo envolve a história de uma menina russa chamada Natasha, que supostamente foi cuidada por uma matilha de cães de rua em 2008. Ela teria passado vários anos vivendo com os cães antes de ser resgatada.
Embora esses relatos sejam fascinantes e tenham recebido alguma atenção midiática, é importante observar que eles são casos isolados e muitas vezes carecem de evidências científicas sólidas. O cuidado e a sobrevivência de bebês humanos por outras espécies animais são eventos extremamente raros e não são uma ocorrência comum na vida real.
Por outro lado, embora muito raros, no Reino Animal já foram observados diversos casos de mamães adotando bebês de outra espécie não humanos. Aqui estão alguns exemplos notáveis:
Cães adotando filhotes de outras espécies: os cães têm mostrado comportamento de adoção em relação a filhotes de outras espécies, como gatos, coelhos e até mesmo filhotes de animais selvagens. Em alguns casos, cães têm sido conhecidos por fornecer cuidados maternais e amamentação a filhotes órfãos.
Macacas Rhesus adotando filhotes de outras espécies: em alguns estudos, macacas Rhesus foram observadas adotando filhotes de outras espécies, como cães, gatos e ratos. Esses comportamentos podem ocorrer quando as macacas estão privadas de seus próprios filhotes ou quando têm uma forte motivação materna.
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Golfinhos adotando filhotes de outras espécies: há relatos de golfinhos adotando filhotes de baleias órfãs. Os golfinhos demonstram comportamento de proteção e cuidado em relação a esses filhotes desamparados, oferecendo-lhes companhia e apoio social.
Gatos adotando filhotes de outras espécies: gatas domésticas às vezes adotam filhotes de outras espécies, como coelhos, pintinhos ou ratos. Esses casos podem ocorrer quando a gata está em um estado de maternidade e exibe comportamentos de cuidado e proteção.
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Gata 'adotou' filhotes de coelhos órfãos em Cuiabá. (Foto: Anne Caroline da Costa)
Mas por que essas adoções interespecíficas raras ocorrem?
Os animais têm instintos maternais direcionados principalmente aos membros de sua própria espécie, porém circunstâncias específicas, como a ausência de seus próprios filhotes, a presença de estímulos maternais fortes e a liberação de hormônios ligados à maternidade (como a oxitocina) podem ocasionar esses comportamentos adotivos em relação a outras espécies.
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Galinha que "adotou" os filhotes de cachorro em Jaraguá do Sul (SC) — Foto: (Maristela Klutckowski)
Claro que não podemos "romantizar" esses comportamentos inusitados que eventualmente ocorrem no Reino Animal, mas nós somos humanos e é natural pensar que talvez gestos de amor e empatia observados em muitas espécies, inclusive a nossa, não são apenas resultados de uma sequência de bases nitrogenadas e das reações metabólicas decorrentes, não é mesmo?
Para saber mais:
1-https://vidadebicho.globo.com/comportamento/noticia/2022/05/entenda-como-funciona-o-instinto-materno-no-mundo-animal.ghtml
2-https://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2017/01/gata-adota-filhotes-de-coelho-que-perderam-mae-em-cuiaba.html
3-Livro Tarzan gratuito: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://livrogratuitosja.com/wp-content/uploads/2022/04/Tarzan.pdf
4-https://www.independent.co.uk/news/science/dolphin-adopts-whale-bottlenose-melon-headed-calf-french-polynesia-a9029276.html
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planetabio · 2 years ago
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Esperança contra a recaída: vacina anticocaína e anticrack.
Um verdadeiro drama! Talvez esta seja a forma mais branda de descrever o sofrimento dos dependentes e seus familiares na tentativa de se livrar das "garras" da cocaína e drogas derivadas, como o crack.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 18 milhões de pessoas no mundo consomem cocaína. Aproximadamente 25% desses usuários vão se tornar dependentes da droga. O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Claro que a raiz do problema está na produção e tráfico ilegais de cocaína gerenciados por poderosas organizações criminosas. Tentar combater a epidemia de cocaína e de crack nas cidades, na sociedade, nas famílias, sem adotar medidas de combate ao financiamento e à logística do tráfico de drogas é "tapar o sol com a peneira". No entanto, o que queremos aqui é mostrar mais uma promissora medida preventiva contra o consumo de cocaína e derivados.
Muita gente vai dizer ou pensar de forma correta que a educação, o lazer e o esporte, além da convivência harmoniosa entre as pessoas são os principais instrumentos para a prevenção contra o uso de drogas e todo o caminhão de malefícios que elas trazem.
Por sua vez, a ciência está nos mostrando uma outra poderosa arma preventiva contra as drogas: a vacina! Porém, antes de falarmos sobre ela, que tal se déssemos uma lembradinha de como a cocaína age em nosso cérebro?
A cocaína (cloridrato de cocaína) é uma potente droga estimuladora do sistema nervoso central, que bloqueia os canais de recaptação de dopamina (neurotransmissor ligado ao prazer) localizados na membrana plasmática dos neurônios pré-sinápticos. Assim, a cocaína provoca indiretamente "excesso" de dopamina na fenda sináptica, o que significa maior tempo de estimulação dos neurônios pós-sinápticos. Ocorre que todo esse processo é mais frequente nas áreas cerebrais ligadas ao chamado "sistema de recompensa". Nessas áreas, quanto "maior for a presença de cocaína, maior será o tempo de permanência da dopamina, o que resultará em mair sensação de prazer!"
O fato é que o mundo pode parecer "chato" para um usuário de cocaína quando ele não está utilizando a droga. "Dois palitos" para que ele volte a procurar a droga para se sentir "poderoso". Essa é a força motriz da dependência química!
A cocaína dura para sempre no organismo humano? Não, o fígado degrada a cocaína transformando-a em outros metabólitos. Em geral, o cloridrato de cocaína tem meia vida entre 30 e 90 minutos, porém os metabólitos originários da degradação da cocaína podem permanecer no organismo atuando por períodos mais longos.
Claro que o tratamento ideal para diminuir a dependência de cocaína passa pelo não consumo da droga, tarefa nem um pouco simples. Apoio da família, supervisão profissional e modo de vida harmonioso são os alicerces para enfrentar a dependência química.
E sim, é possível se livrar do vício dessa droga!
A ciência acena com grandes possibilidades terapêuticas. Já pensou se, de alguma forma, algum medicamento bloqueasse as recaídas, isto é, a vontade de obter novamente cocaína? A boa notícia é que pesquisadores de vários lugares do mundo, inclusive do Brasil, estão tentando desenvolver uma vacina contra a cocaína e drogas derivadas. Isto é fantástico!
A ideia é "aplicar" um antígeno (no caso seria a união da cocaína com algum tipo de proteína transportadora) no organismo do dependente químico para que ocorra uma resposta imunológica, isto é, a produção de anticorpos específicos contra a cocaína, além de uma memória imunológica por meio da formação de linfócitos de memória.
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Nessa perspectiva, o usuário imunizado (vacinado) que tivesse, por alguma razão, uma recaída e que se drogasse, desta vez não sentiria (ou sentiria bem pouco) os efeitos prazerosos da droga, pois seu organismo seria capaz de lançar (ou produzir) anticorpos que se acoplariam à cocaína formando um complexo molecular muito grande, incapaz de transpor a barreira hematoencefálica e produzir algum efeito psicoativo no cérebro.
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Bem, talvez você esteja se perguntando: o que é essa tal de barreira hematoencefálica?
Trata-se de uma estrutura formada por células endoteliais (tecido endotelial) que revestem os vasos sanguíneos que irrigam o sistema nervoso central, especialmente o cérebro. As células endoteliais têm alto poder de adesão entre elas, pois são unidas por diferenciações da membrana plasmática que limitam a passagem de moléculas e íons do sangue para o cérebro. Assim, a barreira hematoencefálica protege o cérebro, impedindo que determinadas toxinas e micro-organismos presentes na corrente sanguínea consigam penetrar no sistema nervoso central. A cocaína consegue passar por essa barreira.
Tendo como base a premissa descrita, a vacina anticocaína induz o organismo a produzir anticorpos que se acoplam à cocaína (e proteínas transportadoras) para formar complexos moleculares grandes que não atravessam totalmente a barreira hematoencefálica. Isso é bom, pois em tese a cocaína fica impedida de agir nas áreas cerebrais ligadas ao sistema de recompensa, diminuindo a presença de dopamina na fenda sináptica e limitando a "vontade" de experimentar novamente a droga.
Certo, mais em quais lugares do mundo há cientistas pesquisando a tão promissora vacina anticocaína?
Estados Unidos: universidades e instituições de pesquisa estadunidenses têm realizado estudos e ensaios clínicos para o desenvolvimento de vacinas contra a cocaína, dentre elas: Mayo Clinic, Baylor College of Medicine e Scripps Research.
Europa: países europeus, como o Reino Unido, a Alemanha, a Suíça e a Espanha, também apresentam instituições de pesquisa envolvidas no desenvolvimento de vacinas contra a cocaína, dentre elas: King's College London e a Universidade de Basileia.
Canadá: a University of British Columbia anunciou linhas de pesquisa nessa área.
China: os chineses investem em pesquisas relacionadas à vacina contra a cocaína, além de outras abordagens terapêuticas para fins preventivos.
Brasil: a gloriosa Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vem desenvolvendo também uma vacina contra a cocaína, utilizando matéria prima importada dos Estados Unidos. Isso ocorre porque, por foça de Lei, é proibida a utilização de cocaína no Brasil, mesmo para finalidade científica.
A vacina "mineira" contra a cocaína, batizada de "Calixcoca", demonstrou segurança e eficácia em estudos pré-clínicos com a utilização de animais em laboratório, inclusive mostrou-se segura na gravidez, resultando na produção de uma série de anticorpos que impediram a ação da droga sobre a placenta e fetos de ratas grávidas.
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A Calixcoca vem chamando a atenção das autoridades sanitárias. A Prefeitura de São Paulo anunciou ajuda financeira aos pesquisadores mineiros para o desenvolvimento das fases sequentes da produção dessa vacina, inclusive com ensaios em humanos voluntários. Mas até à aprovação da vacina pela ANVISA "tem chão"! Alguns anos ainda serão necessários.
Fala a verdade, a ciência não é fantástica?
Leia também:
1-https://www.medicina.ufmg.br/vacina-para-dependencia-de-cocaina-e-crack-e-finalista-em-premio-de-inovacao-tecnologica/
2-UFMG cria vacina para dependentes de crack e cocaína - Sechat
3-https://www.medicina.ufmg.br/vacina-para-dependencia-de-cocaina-e-crack-e-finalista-em-premio-de-inovacao-tecnologica/
4-https://exame.com/ciencia/vacina-brasileira-contra-dependencia-em-crack-e-cocaina-e-finalista-de-premio-internacional/
5-https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0264410X20313359
6-https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/05/22/vacina-contra-dependencia-de-drogas-em-desenvolvimento-pela-ufmg-pode-ser-eficaz-em-bebes-de-gestantes-usuarias.ghtml
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planetabio · 2 years ago
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Zumbis sim, marionetes não!
Nem os zumbis, nem os fungos têm consciência do que fazem (ou deixam de fazer).
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Espécies de fungos que infectam o sistema nervoso de algumas espécies animais, produzindo nestes mudanças comportamentais, NÃO É FICÇÃO!
Isso existe mesmo!
Um exemplo bem conhecido é o Ophiocordyceps unilateralis, espécie de fungo ascomiceto que infecta os gânglios nervosos de insetos e outros artrópodes, especialmente formigas.
Formigas infectadas por esses fungos comportam-se como se fossem "zumbis". A mudança de comportamento mais notável é o abandono do "lar", o próprio formigueiro, para escalar determinadas espécies de plantas a procura de um lugar com cerca de 25 centímetros de altura. Neste local, as formigas param de se mover e esperam a própria morte. Esporos dos fungos parasitas, liberados pelas hastes que se projetam do corpo dos cadáveres das formigas, são liberados para o ambiente.
Esse comportamento atípico, conhecido como "zumbificação das formigas", é resultado da liberação de substâncias produzidas pelas hifas do Ophiocordyceps unilateralis, que alteram o funcionamento dos gânglios cerebrais localizados na cabeça da formiga.
As hifas do Ophiocordyceps unilateralis projetam-se e espalham-se para as partes internas e externas por meio de diversas ramificações e passam a absorver a matéria orgânica do corpo da vítima zumbificada.
Ao mesmo tempo, copos de frutificação dos fungos, em forma de hastes, se projetam para fora do corpo da formiga. Na ponta dessas hastes, existem estruturas reprodutivas (ascocarpos) que liberam esporos (ascósporos) para o ambiente, facilitando o processo de reprodução e disseminação do Ophiocordyceps unilateralis. Inclusive, é por meio desses esporos que as formigas contaminadas espalham a doença para as outras formigas.
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Vale ressaltar, no entanto, que o fungo não tinha "segundas intenções" quanto produziu mudanças de comportamento nas formigas contaminadas. Na verdade, a mudança comportamental das formigas foi selecionada ao longo do tempo por meio de processos evolutivos.
Basicamente, o princípio é "darwinista", isto é, os fungos que provocaram mudanças de comportamento animal que resultavam em maiores chances de sobrevivência para o próprio fungo parasita, foram selecionados positivamente. Assim, ao longo do tempo, o Ophiocordyceps unilateralis foi favorecido porque passou a ter maiores chances de sobrevivência, reprodução e dispersão.
Ora, não foi nada pensado!
Portanto, é incorreto afirmar que o comportamento das formigas infectadas é resultado de uma "manipulação" intencional por parte dos fungos. A interpretação de que a formiga passou a se comportar para atender desejos, aspirações e anseios do fungo é INCORRETA! Essa interpretação seria uma ficção, um devaneio, um roteiro da série The Last of Us!
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O Ophiocordyceps unilateralis é um fungo que tem como hospedeiro específico algumas espécies de formigas, principalmente da subfamília Myrmicinae. Dentre as espécies mais frequentemente afetadas pelo Ophiocordyceps unilateralis estão a formiga-cabo-verde (Camponotus fellah), a formiga-cabo-verde-preta (Camponotus pennsylvanicus), a formiga-do-fogo (Solenopsis saevissima) e a formiga-lava-pés (Aphaenogaster senilis).
Embora a maioria dos casos de infecção pelo Ophiocordyceps unilateralis seja observada em formigas, há relatos de outras espécies de insetos que também podem ser afetadas por fungos parasitas semelhantes, como as mariposas da família Geometridae.
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E os humanos?
Bem, embora existam fungos parasitas que infectam o sistema nervoso humano, até o momento não há evidências científicas da existência de uma espécie de fungo capaz de produzir mudança comportamental humana significativa.
Por outro lado, sabe-se que infecções fúngicas podem ter efeitos neurológicos em humanos, como ocorre na meningite fúngica, um dos tipos de infecção (não muito comum) que provoca inflamação das meninges.
Enfim, as pobres formigas infectadas podem até ser zumbis, mas não são gado!
Leita também:
1-https://earthsky.org/earth/research-zombie-ant-fungus-doesnt-invade-ants-brains/#:~:text=Bottom%20line%3A%20Ophiocordyceps%20unilateralis%20sensu,ant%20to%20do%20its%20bidding. (acesso em 24/03/2023)
2-https://www.nationalgeographic.com/animals/article/cordyceps-zombie-fungus-takes-over-ants (acesso em 24/03/2023)
3-https://www.npr.org/2023/01/30/1151868673/the-last-of-us-cordyceps-zombie-fungus-real (acesso em 24/03/2023)
4-https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/01/poderia-um-fungo-parasita-evoluir-e-transformar-humanos-em-zumbis (acesso em 24/03/2023)
5-https://www.reed.edu/biology/courses/BIO342/2014_syllabus_old/2014_WEBSITES/khsite/ontogeny.html (acesso em 24/03/2023)
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planetabio · 2 years ago
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Você quer se transformar em um tubo de ensaio com novas variantes de coronavírus?
Não? Então, vacine-se!
O fato é que há grande probabilidade de surgirem coronavírus mutantes cada vez que eles se reproduzem livremente em uma população com baixa cobertura vacinal, que não adota adequadamente medidas preventivas comprovadamente eficazes, como o uso de máscaras.
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É o que vem ocorrendo no Brasil!
Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura vacinal em nosso país é baixa quando comparada a outros países. Até o dia 16 de fevereiro de 2023, cerca de 129,5 milhões de pessoas tinham recebido a primeira dose da vacina contra a COVID-19 (60% da população brasileira). Já a segunda dose, foi aplicada em cerca de 86 milhões de pessoas, o que corresponde a aproximadamente 40% da população.
Convenhamos, que várzea!
Por mais que cientistas renomados de todo o mundo, assim como um número altamente expressivo de Universidades e Centros de Pesquisa, além da própria OMS, terem ressaltado a importância da vacinação (comprovadamente eficaz e segura) para a prevenção da COVID-19, parte considerável da população brasileira não foi tomar a vacina.
Por quê?
Ora, você sabe o porquê!
Em alguns lugares não tinha vacina, é verdade. Mas há pessoas que "escolheram" não se vacinar. Que várzea!
Desde o início da pandemia, a população mundial sofreu com a desinformação e com as fake news, muitas delas orquestradas por grupos organizados de negacionistas que, infelizmente, se tornaram por algum tempo, "a voz oficial de desorientação".
Que fase triste de nossa história, mas esperamos que isso tenha passado!
Quando um vírus circula sem controle, ele tem a oportunidade de se replicar e se propagar mais rapidamente. Durante esse processo, é mais provável que ocorram mutações aleatórias no genoma do vírus. Algumas dessas mutações podem tornar os vírus mais transmissíveis, ou mais patogênicos ou, até mesmo, menos suscetíveis às vacinas e tratamentos existentes. Além disso, a baixa cobertura vacinal também pode levar à formação de "pontos cegos" na imunidade da população, ou seja, criar grupos de pessoas não imunizadas que permanecem suscetíveis aos vírus. Nessas pessoas, os vírus podem continuar a se replicar e a evoluir, permitindo que surjam novas variantes do vírus.
Repare que a vacinação, mais que um direito individual, É UM DIREITO COLETIVO!
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Em abril de 2022, um estudo brasileiro realizado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP), além do Hospital Sírio-Libanês, alertou para o surgimento de novas variantes de coronavírus com alta probabilidade de escape do sistema imunológico, fenômeno que será comum nos próximos meses ou anos, no Brasil e no mundo.
Embora o surgimento da variante Ômicron do Sars-CoV 2 não tenha sido resultado apenas de uma baixa cobertura vacinal, acredita-se que a vacinação incompleta tenha favorecido a disseminação dessa variante em algumas regiões do mundo. A variante Ômicron foi identificada pela primeira vez na África do Sul em novembro de 2021 e, desde então, se espalhou rapidamente pelo globo, incluindo países com altas taxas de vacinação. Acredita-se, então, que a variante Ômicron surgiu como resultado de uma série de mutações no genoma do coronavírus, algumas das quais ocorridas em pessoas que não tinham sido vacinadas.
Ok, mas que tipo de mutação do coronavírus poderia complicar para o nosso lado?
Bem, depende!
O estudo realizado pelos pequisadores brasileiros aponta que 9,5% das mutações das novas variantes de coronavírus resultaram em mudanças na região N Terminal [NTD] da glicoproteína spike do coronavírus. Isso não é bom, pois a região NTD da spike é um dos principais alvos dos anticorpos neutralizantes produzidos pelo sistema imunológico em resposta à infecção ou à vacinação. Isso pode tornar a infecção mais difícil de combater e reduzir a eficácia das vacinas e terapias baseadas em anticorpos.
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Por exemplo, as variantes Beta (B.1.351) e Gamma (P.1) do Sars-CoV 2 têm mutações na região NTD da glicoproteína spike associadas à redução na eficácia das vacinas e da resposta imunológica humana. Por outro lado, as variantes Alpha (B.1.1.7), Delta (B.1.617.2) e Ômicron (B.1.1.529) têm mutações em outras partes da spike que também podem afetar a resposta imunológica, embora de maneiras diferentes.
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Os pesquisadores brasileiros também constataram um número expressivo de mutações (7,7%) na subunidade S1 da glicoproteína spike responsável pela adsorção do coronavírus à membrana plasmática da célula hospedeira. A subunidade 1, que se liga ao receptor de membrana ACE2 (angiotensina 2) da membrana plasmática da célula, é na verdade uma pequena sequência de aminoácidos conhecida como domínio de ligação ao receptor (RBD, do inglês "receptor-binding domain"). A interação (conexão) entre o domínio RBD e a ACE2 é um passo crítico para a infecção, pois permite que o vírus primeiramente se conecte à célula, para depois iniciar os processos de penetração e replicação. Existem mutações que aumentam significativamente a interação entre o domínio RBD e a ACE2, fato que aumenta a probabilidade do coronavírus ser bem-sucedido no processo de invasão celular.
Um exemplo, é uma mutação conhecida como N501Y, que ocorre na região do domínio RBD da spike. Essa mutação, presente em algumas variantes do Sars-CoV 2, incluindo a variante Alpha (B.1.1.7) e a variante Delta (B.1.617.2), aumenta a afinidade da spike pela ACE2. Outra mutação que tem sido associada ao aumento da capacidade de ligação entre a spike e a ACE2 é conhecida como E484K. Essa mutação também ocorre no domínio RBD e foi detectada em várias variantes preocupantes do Sars-CoV 2, incluindo as variantes Beta (B.1.351), Gamma (P.1) e Ômicron (B.1.1.529).
Vale ressaltar que existem ainda mutações que podem levar a um aumento considerável de glicoproteínas spike no envelope viral. Por exemplo, a mutação conhecida como D614G, aumentou a quantidade de glicoproteínas spike na superfície do coronavírus em comparação à linhagem original. Esse tipo de mutação favoreceu a infecção do coronavírus na espécie humana, uma vez que quanto maior for o número de spikes no envelope viral, maior a probabilidade de "encaixe" com o receptor ACE2 da membrana plasmática das células hospedeiras. Alguns cientistas consideram a D614G a mutação chave que possibilitou que as variantes de Sars-Cov 2 se espalhassem com muito mais precisão e rapidez nos humanos do que outros tipos de coronavírus.
Então, fique ligado, pois "dentro nós" (brasileiros com baixa cobertura vacinal) existem variedades de coronavírus mutantes.
E qual mutante tem maior prevalência na população brasileira?
Ora, o coronavírus da variante Delta!
A variante mais predominante no país no início de 2022 é a variante Delta (B.1.617.2), que foi originalmente identificada na Índia em dezembro de 2020, mas que se espalhou para muitos países em todo o mundo. Em relação as outras variantes genéticas de coronavírus que ainda circulam em humanos que habitam solos tupiniquins, a Delta é considerada a mais transmissível e potencialmente a mais resistente à resposta imunológica dos hospedeiros.
Não podemos esquecer que, quando o assunto é virose, o cenário pode mudar à medida que o vírus continuam a evoluir. Portanto, é importante monitorar continuamente a prevalência de diferentes variantes do Sars-CoV 2 em todo o mundo e em diferentes regiões dentro de cada país, a fim de desenvolver estratégias de saúde pública eficazes para controlar a pandemia.
Em uma população vacinada, a probabilidade do vírus evoluir diminui. Ao contrário, em uma população não vacinada ou incompletamente vacinada, humanos se tornam verdadeiros tubos de ensaio ou incubadoras de variedades genéticas de coronavírus, com maior capacidade infecciosa e, até mesmo, mais perigosas.
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As vacinas contra a COVID-19 continuam a ser aprimoradas e atualizadas à medida que a pandemia evolui. Algumas mudanças que estão sendo consideradas, ou já implementadas nas vacinas incluem,
1-Formulação de vacinas específicas para novas variantes: algumas empresas farmacêuticas, como a Moderna e a Pfizer/BioNTech, estão desenvolvendo versões atualizadas de suas vacinas que são específicas para as variantes do Sars-CoV 2, incluindo a variante Delta. Essas novas vacinas podem incluir mudanças na sequência de RNA mensageiro (RNAm) usado para codificar a glicoproteína spike, o que possibilitaria melhorar a resposta imunológica contra as variantes.
2-A eficácia das vacinas contra a variante Ômicron ainda está sendo avaliada: há evidências iniciais de que as vacinas podem oferecer algum grau de proteção contra essa variante. No entanto, pode ser necessária a atualização das vacinas para que elas sejam mais específicas para a variante Ômicron, especialmente se ela se tornar a variante dominante. A Pfizer e a Moderna, já anunciaram que estão trabalhando em versões atualizadas de suas vacinas para melhorar a eficácia contra a Ômicron e outras variantes. Além disso, as autoridades de saúde em todo o mundo estão recomendando que as pessoas recebam reforços de vacinas existentes para aumentar a proteção contra todas as variantes do vírus, incluindo a Ômicron.
3-Reforço de vacinas: os reforços de vacinas estão sendo recomendados em muitos países para aumentar a proteção contra o Sars-CoV 2, especialmente em indivíduos de alto risco, como idosos e profissionais de saúde. Os reforços podem consistir em doses adicionais das vacinas já existentes, com ou sem atualizações específicas de variantes.
4-Combinação de vacinas: em alguns casos, as autoridades de saúde estão recomendando a combinação de diferentes tipos de vacinas (por exemplo, uma dose de uma vacina de vetor viral, como a produzida pela FioCruz, seguida por uma dose de uma vacina de RNAm, como a produzida pela Pfizer) para aumentar a proteção e a eficácia contra o coronavírus.
5-Testes de novas vacinas: muitas outras empresas farmacêuticas e centros de pesquisa estão desenvolvendo novas vacinas contra a COVID-19, incluindo vacinas de vírus inativados, vacinas de subunidades proteicas e vacinas de vetores virais diferentes daqueles atualmente em uso. Essas vacinas ainda estão em fase de teste e podem levar algum tempo para serem aprovadas e disponibilizadas para uso em massa.
Em resumo, a pandemia da COVID-19 continua a evoluir e as vacinas contra o coronavírus também estão evoluindo para lidar com novas variantes e desafios. É importante continuar acompanhando as notícias e orientações das autoridades de saúde pública sobre as vacinas contra a COVID-19 para manter-se atualizado sobre as últimas informações.
Que venham mais vacinas!
Leia também:
1-https://agencia.fapesp.br/estudo-aponta-alta-probabilidade-de-surgirem-variantes-mais-perigosas-do-sars-cov-2-nos-proximos-meses/38488/ (acesso em 17 de fevereiro de 2023).
2-https://www.mdpi.com/1999-4915/14/4/827 (acesso em 17 de fevereiro de 2023).
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planetabio · 3 years ago
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Feito de carne, osso e PLÁSTICO!
Bem, talvez alguém esteja se perguntando "tem plástico dentro de mim?
TEM Sim!
E em quase tudo e todos, também!
Tartaruga na iminência de engolir uma garrafa pet
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Microplásticos (partículas inferiores a 5 mm) e nanoplásticos (partículas inferiores a 0,001 mm) já foram detectados nas fezes e urinas humanas. Também há evidências científicas da presença dessas partículas em diversos órgãos humanos, dentre os quais, fígado, baço, pulmões e rins.
Recentemente, cientistas holandeses coletaram sangue de 22 doadores anônimos. No sangue de 17 desses doadores foram encontradas partículas de micro e nanoplásticos com concentração média de 1,6 microgramas por mililitro (equivalente a uma colher de chá em mil litros de água).
Em outras medições realizadas por cientistas da Universidade do Arizona (EUA), micro e nanoplásticos derivados de diversos tipos de polímeros foram detectados em tecidos humanos, dentre eles policarbonato (PC), tereftalato de polietileno (PET), polietileno (PE) e bisfenol A (BPA).
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Tá ok, mas os micros e nanoplásticos podem trazer malefícios à saúde humana?
Bem, embora não se saiba com exatidão de que forma essas partículas interferem no metabolismo celular, é preocupante saber que dentro de nosso organismo existem partículas que não são biodegradáveis. Uma garrafa PET, por exemplo, demora cerca de 500 anos para se degradar na natureza.
Microplásticos acumulados em larva de peixe
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Sabe-se que os polímeros plásticos podem se acumular nas mucosas do trato digestivo interferindo no funcionamento do estômago e do intestino delgado, sobretudo na absorção de nutrientes efetuada pelas vilosidades intestinais.
Diversos animais acabam ingerindo macro, micro e nanoplásticos, especialmente animais marinhos e aves aquáticas. Muitas vezes, confundem utensílios plásticos com comida. Tartarugas, peixes, baleias, focas, gaivotas e golfinhos estão entre as principais vítimas de obstrução do tubo digestório por excesso de plástico ingerido.
Outro fato importante que preocupa os cientistas é que alguns tipos de polímeros presentes nos micro e nanoplásticos podem ser degradados por enzimas digestivas com consequente liberação de substâncias potencialmente tóxicas e carcinogênicas.
O bisfenol A, por exemplo, composto utilizado na fabricação de plásticos de policarbonato (chamado de PC), pode causar câncer e mimetizar determinados hormônios sexuais, como os estrógenos. O policloreto de vinila (PVC) é outro tipo de plástico capaz de liberar substâncias carcinogênicas no organismo.
Mas o mundo sempre utilizou plástico no seu dia a dia?
Não!
Os primeiros tipos de plástico sintético surgiram no final do século XIX. Mas foi no início do século XX, por volta de 1930, que polímeros plásticos passaram a ser utilizados como matéria prima na produção de canos d'água, utensílios e embalagens, dentre eles o poliestireno (PS) e o policloreto de vinila (PVC), ambos obtidos a partir de derivados de petróleo. Em 1938, a chamada poliamida (nylon) foi inventada e passou a ser uma das principais matérias primas na produção de vestuários.
A partir de 1950 a utilização de plástico na produção de diversos produtos que consumimos aumentou vertiginosamente. Além disso, a cultura do "descartável" ganhou força em nosso modo de consumir. Em questão de poucos anos, diversos objetos de plástico passaram a ser "descartáveis": copos, garfos, colheres, pratos, garrafas, fraldas etc.
Microplástico acumulado em larva de lagosta
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Segundo a revista científica Science Advances (2017), desde 1950 o mundo já produziu 8,9 bilhões de toneladas de plástico.
Onde todo esse plástico está?
Bem, cerca de 29% de todo esse plástico ainda estão "por aí", em uso, porém, cerca de 70,9% foram acondicionados em aterros sanitários, ou pior, descartados em lixões, isto é, como diriam "dois palitos" para boa parte desse plástico ir parar nos rios, florestas e oceanos. Apenas uma pequena parcela do plástico é reciclada (0,06%).
Nos Alpes, nas Fossas das Marianas, no Rio Amazonas, nos charcos pantaneiros, nas águas de todos os oceanos.....
Nada escapa do plástico!
Quantos continentes existem no mundo? Você falou 6? Errou, são 7! Temos América, Ásia, Oceania, África, Europa, Antártida e a ILHA DE PLÁSTICO!
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A Ilha de Plástico situa-se no Oceano Pacífico ,entre a Califórnia e o Havaí, ocupando atualmente uma área equivalente a três Franças. Essa ilha é formada por um acúmulo de 1,8 trilhões de pedaços de plástico flutuantes descartados por diversas pessoas do mundo. Todo esse lixo flutuante acumulou-se devido ao chamado "Giro do Pacífico Norte", uma espécie de rodamoinho natural das águas que direcionam lixo, por meio de correntes marinhas, para aquele local do Pacífico. Anualmente, milhares de mamíferos marinhos, peixes, tartarugas e aves aquáticas morrem, ou por ficarem presos nos entulhos plásticos, ou por ingerirem plástico.
Uma tragédia!
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Vale ressaltar que, por meio das cadeias e teias alimentares, micro e nanoplásticos acumulados nos tecidos de diversas espécies animais, dentre eles peixes, moluscos e crustáceos, chegam também aos humanos. Não escapamos dessa tragédia, como advertiu em 2016, um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO).
Baleia Grávida Morta devido à grande ingestão de plástico
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Talvez a solução para esse grande problema ambiental esteja na revisão de nossas posturas como consumidor. Descartar a cultura do descartável e substitui-la pela cultura do reutilizável é certamente um dos caminhos.
Para que utilizar saquinhos plásticos, se podemos levar os produtos que compramos nos supermercados da vida em caixas de papelão ou simplesmente em sacolas de tecido reutilizáveis?
Jogar lixo na rua, nos bueiros, nos rios e nas praias, então, nem pensar!
Claro que a ciência está fazendo a parte dela, pesquisando materiais biodegradáveis que possam substituir alguns tipos de plásticos. Mas tudo isso será em vão se não fizermos a nossa parte.
Leia também:
1-https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/ilha-de-lixo-pacifico-setimo-continente (acesso em 03 de novembro de 2022).
2-https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2022/03/24/cientistas-encontram-microplasticos-na-corrente-sanguinea-humana.ghtml (acesso em 03 de novembro de 2022)
3-https://www.bbc.com/portuguese/geral-48518601 (acesso em 03 de novembro de 2022).
4-https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2022/11/02/baleias-azuis-engolem-10-milhoes-de-pedacos-de-microplastico-por-dia.ghtml (acesso em 03 de novembro de 2022)
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planetabio · 3 years ago
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Prêmio Nobel de Medicina 2022 premia a relação existente entre a saúde humana e o DNA que herdamos de hominídeos extintos
O paleogeneticista sueco Svante Pääbo, afiliado ao Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig (Alemanha), e ao Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (Japão), foi agraciado com o Nobel de Medicina de 2022, graças às suas valiosas colaborações no sequenciamento do DNA de hominídeos extintos como o homem de Neandertal.
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O Homo neanderthalensis (homem de Neandertal) viveu entre 500 e 28 mil anos atrás, principalmente na Europa , e foi contemporâneo do Homo sapiens (nossa espécie) durante boa parte dos últimos 300 mil anos.
Os Neandertais eram pequenos atarracados (1,60 m em média) inteligentes. Fabricavam ferramentas de caça e outros utensílios. Utilizavam roupas (peles de outros animais) e enterravam seus mortos, muito provavelmente com algum tipo de ritual religioso.
Não é fácil obter DNA de fósseis muito antigos, pois ele se degrada facilmente quando submetido a diversas condições do meio, como acidez do solo, ação microbiana, variações de temperatura, umidade etc.
Mas Svante Pääbo  conseguiu obter significativas amostras de DNA neandertal (DNA mitocondrial) a partir de fragmentos de ossos preservados há mais de 40 mil anos, por meio de técnicas avançadas de análise genômica.
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Os estudos de Pääbo demonstram que, o DNA mitocondrial dos Neandertais tem características distintas das dos humanos e chimpanzés. Posteriormente, porém, Pääbo conseguiu obter DNA nuclear Neandertal que, após análise, revelou alto grau de semelhança com o DNA nuclear humano (cerca de 99,7% de semelhança). Uau!
Em 2008, Pääbo e equipe descobriram uma falange (osso do dedo) na caverna Denisova, no sul da Sibéria. Os cientistas conseguiram extrair DNA mitocondrial dessa amostra e, posteriormente, compararam esse DNA com sequências de DNA mitocondrial de fragmentos ósseos de Neandertais e de amostras biológicas dos humanos modernos. A análise do DNA mitocondrial desses hominídeos sugere uma relação filogenética forte entre Neandertais, humanos modernos e Denisovanos.
É Incrível imaginar, ainda mais com fortes evidências científicas, que por volta do intervalo entre 300 e 28 mil anos atrás, além dos humanos modernos (Homo sapiens), outros hominídeos contemporâneos, Neandertais e Denisovianos (entre outros) perambulavam por "aí e por ali", especialmente na Europa, na Ásia e na Oceania.
Mas onde foi parar essa galera hominídea? Por que não estão mais por aí?
Bem, porque talvez estejam "dentro de nós".
Há fortes evidências científicas que em algum "momento" da história evolutiva dos hominídeos, os humanos modernos , os Denisovanos e os Neandertais se misturaram por meio de relações sexuais. Essa miscigenação "misturou" nossos materiais genéticos. Como a espécie humana era dominante naquela época, muito provavelmente ocorreu declínio da população pura de Neandertais e Denisovanos.
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Pääbo e equipe acreditam que os cruzamentos sexuais entre humanos modernos, Neandertais e Denisovanos, possibilitou a transferência de genes dos Neandertais e Denisovanos para nossa espécie, especialmente após as virtuosas ondas migratórias dos humanos modernos da África para a Europa, Ásia e Oceania, há cerca de 70.000 anos.
Ok, mas o que tem a ver o estudo genômico de hominídeos extintos com medicina?
Ora, tudo! Alguns genes que herdamos dos nossos primos hominídeos arcaicos interferem no metabolismo e na fisiologia dos humanos atuais.
Por exemplo, um gene conhecido como  EPAS1, originalmente Denisovano, foi encontrado nos tibetanos modernos. Parece que o EPAS1 favorece  pessoas daquela localidade a sobreviver e a se adaptar em áreas de grande altitude. 
Acredita-se que outro grupo de genes que remonta aos nossos ancestrais está envolvido em reações alérgicas e imunológicas. Em  2020 , Pääbo e sua equipe descobriram que pessoas com certas variantes antigas de DNA Neandertal poderiam estar mais suscetíveis ao Sars-Cov2. Porém,  em  2021, a equipe de Pääbo descobriu que certos genes que herdamos dos Neandertais parecem conferir resistência a formas graves de COVID-19.
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A premiação do Nobel de Medicina de 2022 coloca na vanguarda a paleogenética e enaltece a importância desse ramo da ciência para entendermos as diversas facetas fisiológicas, anatômicas e bioquímicas do homem moderno.
Outro viés interessante de toda essa linha de pesquisa é a pergunta que ela lança sobre nós. Afinal, a partir de quando nos tornamos "humanos"?
Leia também
1-https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63129632
2-https://www.nytimes.com/article/nobel-prizes-2022.html
3-https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2022/10/quem-e-svante-paabo-vencedor-do-premio-nobel-de-medicina-2022.html
4-http://www.planetabio.com.br/hsapiens.html
5-https://super.abril.com.br/ciencia/nobel-de-medicina-2022-entenda-as-descobertas-que-levaram-ao-premio/
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planetabio · 3 years ago
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A luz da sabedoria..............do rock and roll!
Antes de se apresentar no dia 08 de setembro no Rock in Rio, os integrantes do grupo californiano The Offspring demitiu seu costumeiro baterista,  Pete Parada.
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Por qual motivo?
Bem, o músico recusou-se a receber as doses de vacina anti-COVID 19, orientado pelo seu médico. Pete Parada alegou ser portador de  síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune muito rara que afeta o sistema nervoso, especialmente os nervos.
No entanto, maior parte da comunidade científica defende que o risco de ocorrerem efeitos indesejáveis graves relacionados às vacinas é consideravelmente menor do que o risco de desenvolver quadros graves decorrentes da infecção por Sars-Cov 2.
Especialistas afirmam que a vacina contra a COVID-19 não está contraindicada para pacientes com histórico pregresso de síndrome de Guillain Barre, a não ser que eles estejam manifestando sintomas ou sequelas da doença.
Ocorre que o líder do The Offspring é nada mais, nada menos que Dexter Holland, PhD em Biologia Molecular pela USC (University of Southern California).
Já viu, né? Um cara com o perfil de Dexter não suporta negacionistas! Aliás, qual cientista com "C" maiúsculo" suporta?
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O tema de doutorado de Dexter Holland, Discovery of Mature MicroRNA Sequences within the Protein-Coding Regions of Global HIV-1 Genomes: Predictions of Novel Mechanisms for Viral Infection and Pathogenicity, está disponível no acervo digital da USC.
O trabalho científico de Dexter disserta sobre a importância dos chamados microRNAs (miRNA) na capacidade do vírus HIV (causador da AIDS) infectar as células do sistema imunológico.
Sabe-se que os   miRNAs pertencem a um pequeno grupo de moléculas de RNA, que embora não codificantes, parecem ser fundamentais na regulação da expressão gênica de múltiplos processos celulares. Vários estudos científicos apontam que anormalidades dos miRNAs podem desencadear certos tipos de câncer, doenças inflamatórias e autoimunes.
Além disso, os miRNAs afetam as interações entre a célula hospedeira e os vírus de diversas maneiras, dentre elas, os estágios da replicação viral e a suscetibilidade das células à infecção.
Na verdade os miRNAs podem ajudar ou atrapalhar o HIV. De um lado, o HIV pode fazer com que a célula hospedeira se defenda produzindo certos tipos de miRNA que se ligam ao RNA viral, interferindo em etapas variadas da replicação viral, principalmente na produção de proteínas virais. Por outro lado, há certos tipos de miRNA que podem desencadear um período de latência do HIV no interior da célula, o que não é exatamente sua destruição.
Desvendar os complexos mecanismos de ação do miRNA e a relação dessas moléculas com a patogenicidade do HIV é um dos desafios atuais dos biólogos moleculares. Uma extensa área de pesquisa está se abrindo para o desenvolvimento de vários medicamentos antirretrovirais. O vocalista Dexter Holland é mais uma das mentes que colaboram para o desenvolvimento de novas terapias contra o HIV, vírus que infecta aproximadamente 40 milhões de pessoas no mundo e que mata cerca de 1 milhão de pessoas por ano.
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E quando a ciência caminha com o rock and roll, ou, se você preferir, quando o rock and roll caminha com a ciência, bem, aí a jornada rumo ao conhecimento se torna mais prazerosa.
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Aliás, a apresentação do The Offspring no Rock in Rio foi sensacional, e o baterista substituto, Josh Freese, mandou muito bem!!
Leia também
1-https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fgene.2022.862642/full (acesso em 09 de setembro de 2022).
2-https://www.rollingstone.com/music/music-news/offsprings-dexter-holland-finishes-ph-d-thesis-on-hiv-research-193282/
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planetabio · 3 years ago
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Bota a criançada para correr aí! E os "véios" também!
Afinal de contas, há provas científicas de que a prática de exercícios aeróbios pode provocar neurogênese (surgimento de novos neurônios), além de ampliar as sinapses nervosas, processos essenciais para a memória e aprendizado.
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Em 1964, a bióloga Marian Diamond, da Universidade de Berkeley (EUA) demonstrou a plasticidade do sistema nervoso em ratos. No laboratório a cientista manteve durante um tempo ratinhos vivendo em gaiolas separadas. Na primeira gaiola muito simples e sem muitos recursos e adereços , havia três ratinhos. Em outra gaiola semelhante à primeira, um único ratinho ficou confinado. Já na terceira gaiola mais ampla, dotada de vários brinquedos e dispositivos (parecida com um parque de diversões) , 12 ratinhos foram mantidos e puderam se exercitar continuamente.
Na década de 70, o experimento de Diamond foi divulgado na revista científica  Scientific American, com ilustrações do desenhista Bunji Tagawa (veja abaixo).
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Após 90 dias, Diamond analisou os cérebros dos ratinhos das três gaiolas e constatou um maior número de terminações dendríticas, assim como terminações axônicas, nos cérebros dos ratinhos mantidos no "parquinho".
E o que isso significa? Ora, um número muito maior de sinapses nervosas nos cérebros dos ratinhos mantidos no "parquinho".
E o que isso significa? Bem, significa que a prática de exercícios físicos parece aumentar as conexões neurais e, por conseguinte, a cognição, a memória e o aprendizado.
A chamada plasticidade do sistema nervoso se caracteriza não só pela capacidade de criação de novas sinapses nervosas, mas também pela neurogênese, isto é, pela criação de novos neurônios a partir da atividade do hipocampo.
Segundo Rudolph Tanzi, cientista da Universidade de Harvard, entre 700 e 1500 novos neurônios são produzidos por dia a partir da diferenciação de células-tronco adultas presentes no hipocampo (ilustração abaixo).
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Muitos estudos apontam que o aumento da capacidade cognitiva devido à prática de exercícios aeróbios regulares (sem exageros) se deve aos seguintes motivos:
1- Aumento da irrigação sanguínea cerebral. Isso significa maior aporte de oxigênio e nutrientes aos neurônios. Estudos específicos apontaram intensa angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) nos cérebros de pessoas que praticam atividades aeróbias regulares.
2- Aumento da atividade de neurotransmissores. Sabe-se que a sensação de bem-estar experimentada após uma sessão de exercícios físicos moderados parece estar relacionada a maior ação de determinados neurotransmissores, tais como a noradrenalina, β-endorfina e a dopamina.
3-Aumento do número de sinapses nervosas. Exames específicos como eletroencefalograma, ressonância magnética e estudos histológicos apontaram para uma maior atividade de regiões específicas do cérebro, tais como o lobo frontal, o córtex cingulado anterior, o lobo infratemporal e o córtex parietal, em decorrência do aumento das conexões neurais.
4- Aumento da neurogênese. Estudos bioquímicos apontaram que o hormônio Insuline Growth Factor I (IGF-I) é produzido em maior quantidade pelo fígado de pessoas que praticam atividades físicas aeróbias regulares e moderadas. O IGF-1 parece promover a neurogênese a partir de células-tronco localizadas no hipocampo. Sabe-se também que o aumento da concentração de IGF-1 inibe o aumento da concentração de homocisteína, um aminoácido sulfuroso derivado da desmetilação da metionina que, em altos níveis, pode causar lesões cerebrais e transtornos neuropsiquiátricos.
Outras substâncias relacionadas à neurogênese e à melhoria da memória e aprendizado também são produzidas pelo próprio cérebro após à prática de exercícios físicos moderados. Uma delas é a proteína conhecida como Brain-derived neurotrophic factor (BDNF).
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Ok, mas nem tudo é um mar de rosas! A influência da prática dos exercícios físicos sobre a plasticidade do sistema nervoso e, por conseguinte, da cognição, parece que funciona só até a "página 3".
Os neurônios são produzidos intensamente no cérebro durante o desenvolvimento embrionário. Após o nascimento, a geração de novos neurônios cai gradativamente durante os primeiros anos de vida. Nas crianças, embora a neurogênese continue no hipocampo de forma menos intensa, há um nítido crescimento das sinapses nervosas, principalmente naquelas que são estimuladas mentalmente e fisicamente, de forma adequada.
Brincar, pintar, calcular, ler, praticar esportes, em suma, viver a infância com alegria, com o aporte de uma nutrição adequada, parece ser essencial para a formação de conexões neurais que melhoram a cognição. Mas o ritmo desse processo cai gradativamente com o passar dos anos, especialmente nos indivíduos mais idosos.
Recentemente, inclusive, a revista científica American Scientist publicou um artigo, assinado por um grupo de cientistas (Shawn Sorrells, Arturo Alvarez-Buylla e Mercedes Paredes), apontando para uma ausência de neurogênese no hipocampo de cérebros de pessoas adultas. Mesmo assim, há diversos estudos demonstrando que idosos ativos parecem ser menos propensos ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer.
Além de neurônios, o tecido nervoso possui as chamadas "células da glia", dentre elas, a micróglia, uma grupo de células de defesa do cérebro capazes de eliminar corpos estranhos e de inibir processos inflamatórios que podem causar lesão cerebral, além da diminuição da memória e cognição. Diversos estudos já haviam demonstrado redução de micróglia no cérebro de ratos idosos sedentários, que sofriam com doenças mentais degenerativas decorrentes de processos inflamatórios no cérebro. No entanto, o mesmo não se observou em ratos idosos ativos, cujos cérebros continham maior quantidade de micróglia.
Mas e nos humanos?
Cientistas da Universidade da Califórnia (EUA), em um projeto inédito, monitoraram centenas de idosos moradores de Chicago, a maioria na casa dos 80 anos, durante alguns anos. A maioria desses idosos era sedentária, mas alguns praticavam leves exercícios físicos. Os idosos foram submetidos a alguns exames clínicos e a testes específicos de memória. O velhinhos "atletas" pareciam manter uma atividade mental mais robusta, com menor perda de memória. Durante o período de estudo, necrópsias de 167 cérebros de velhinhos que morreram foram realizadas e advinha qual foi o resultado?
Pois é, o tecido cerebral da maioria dos cérebros pertencentes a idosos que realizavam atividades físicas apresentava micróglia mais preservada e menor indício de processo inflamatório.
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Talvez, parte de todos os processos ligados à plasticidade do sistema nervoso esteja em nosso DNA hominídeo, afinal, o ser humano evoluiu para explorar o meio, numa "vibe" do tipo "keep walking".
Mentes e corpos sempre trabalharam juntos durante a história evolutiva do Homo sapiens e nosso DNA não foi moldado, ou melhor, selecionado, para o sedentarismo. Nem o nosso cérebro!
Leia também:
1-https://blogs.scientificamerican.com/sa-visual/remembering-marian-c-diamond/ (acesso em 12 de agosto de 2022).
2-https://www.scielo.br/j/rbme/a/WWjJfVxVrhMTJ9HF8YP5VGM/?format=pdf&lang=pt (acesso em 12 de agosto de 2022).
3-https://g1.globo.com/bemestar/viva-voce/noticia/2021/09/01/como-exercicio-fisico-pode-criar-neuronios-e-ajudar-memoria.ghtml (acesso em 12 de agosto de 2022)
4-https://www.americanscientist.org/article/no-evidence-for-new-adult-neurons (acesso em 12 de agosto de 2022).
5-https://www.nature.com/articles/s41598-017-03641-9 (acesso em 13 de agosto de 2022).
6-https://www.anad.org.br/como-a-atividade-fisica-pode-proteger-o-cerebro-dos-dosos/ (acesso em 13 de agosto de 2022).
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planetabio · 3 years ago
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Mais de você em você mesmo.....
Olha, não é propaganda de cursinho não!
Estamos falando aqui de alguns tipos de linfócitos T, dentre eles linfócitos conhecidos como células NK (do inglês Natural Killer), que são capazes de reconhecer e destruir células cancerígenas.
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As células NK ligam-se a receptores específicos localizados na membrana plasmática das células tumorais e passam a liberar citotoxinas, moléculas que levam as célula tumoral à apoptose.
Mas acontece que as células NK não são invencíveis e diversos tipos de tumores "escapam" da vigilância exercida por essas células.
E agora?
Talvez a resposta esteja na biotecnologia, mais precisamente na TERAPIA CELULAR.
Por meio de equipe capacitada e laboratórios equipados, é possível modificar geneticamente linfócitos T para que eles se tornem mais "atentos" às células tumorais. Esses linfócitos T geneticamente modificados são chamados de CÉLULAS CAR-T. As CÉLULAS CAR-T podem ser utilizadas terapeuticamente no tratamento de pacientes acometidos por alguns tipos de cânceres.
Digamos que a TERAPIA CELULAR seja utilizada para se tratar determinado tipo de câncer em um paciente. Quais seriam, então, os passos procedimentais dessa terapia?
Então vamos lá:
1- Aférese: é a retirada de componentes sanguíneos específicos do sangue do paciente por meio de equipamento automatizado em uma clínica ou hospital. Quando a aférese tem como objetivo retirar leucócitos (como os linfócitos) do sangue, ela passa a ser denominada leucaférese.
No caso da terapia celular que estamos descrevendo, o paciente é submetido a uma punção de uma das veias do braço por meio de agulhas e canaletas esterilizadas. O sangue então é retirado do paciente, e os linfócitos T são separados pelo equipamento, enquanto que os outros componentes sanguíneos são devolvidos ao paciente por canaletas ligadas a outra veia. 
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2-Modificação Genética dos Linfócitos T: no laboratório, por meio de lentivírus (vetores) modificados geneticamente, são introduzidos nos linfócitos T retirados do paciente genes específicos que farão com que essas células sejam ativadas e passem a expressar na membrana plasmática receptores de antígenos quiméricos normalmente presentes em células tumorais. Esses receptores são conhecidos como receptores CAR.
Durante o processo de ativação, culturas de linfócitos T são incubadas com lentivírus modificados que possuem RNA genômico codificante de receptores CAR. 
Os lentivirus pertencem à família Retroviridae, portanto são retrovírus capazes de converter RNA genômico em DNA, por meio da enzima viral transcriptase reversa.
Os lentivírus introduzem o RNA genômico modificado, além das enzimas transcriptase reversa e integrase, no interior dos linfócitos T. No citoplasma, a enzima transcriptase reversa sintetiza DNA viral a partir do RNA genômico. Posteriormente, a enzima integrase, no núcleo celular, integra o DNA viral ao DNA celular. No DNA viral há instruções genéticas para a síntese dos receptores CAR.
Os linfócitos T infectados passam a expressar o DNA viral e sintetizam receptores CAR que se aderem à membrana plasmática.
Esses linfócitos T modificados geneticamente passam agora a ser chamados de CÉLULAS CAR-T.
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3- Replicação das Células CAR-T: ainda em ambiente laboratorial, as células CAR-T são cultivadas e amplamente replicadas em meios de cultura específicos e em condições ideais de armazenamento.
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4- Reintrodução das Células CAR-T no paciente: a ideia é fazer uma infusão das células CAR-T no organismo do paciente para combater o câncer. As células CAR-T reintroduzidas não serão rejeitadas pois apresentam basicamente o mesmo material genético e propriedades bioquímicas similares às células do paciente.
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Dentro do corpo do paciente, as células CAR-T, por meio de seus receptores CAR de membrana, ligam-se aos antígenos quiméricos presentes nas células tumorais. Em seguida, as células CAR-T destroem as células tumorais por meio de citotoxinas.
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Segundo especialistas da USP e do Instituto Butantan, pacientes com alguns tipos de leucemia e linfoma responderam bem à terapia celular obtendo cura.
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A terapia celular promete ser a grande arma contra o câncer no anos que virão. Estão sendo realizadas pesquisas em vários centros médicos do Brasil e do mundo que investigam a utilização das células CAR-T no tratamento de outros tipos de cânceres, além de leucemia e linfomas.
Mais uma prova que aplicar dinheiro em pesquisas científicas não é gasto, mas investimento e investimento de alta relevância social.
Veja também:
1- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6735593/ (acesso em 15 de julho de 2022).
2-https://ctcusp.org/celulas-t-car/o-que-sao-celulas-car-t/ (acesso em 15 de julho de 2022).
3-https://www.creative-biogene.com/support/Lentiviral-Vectors-the-Application-for-CAR-T-Therapies
4- https://www.youtube.com/watch?v=IdPsYoKifkQ (acesso em 15 de julho de 2022)
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planetabio · 3 years ago
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Vai se acostumando, porque eles virão e virão e virão........
Os novos (velhos) vírus virão! Afinal, quanto mais os recursos naturais forem explorados inadvertidamente, por meio do desmatamento e pelo tráfico de animais, maior a probabilidade de micro-organismos que circulam naturalmente nos animais silvestres pularem para os humanos, ou para os animais de criação. Não foi isso que provavelmente ocorreu com o Sars-Cov2, com o HIV e até mesmo com o H1N1?
Pois é, parece que a "bola da vez" é o monkeypox , vírus causador dos atuais surtos da chamada "Varíola dos macacos".
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A Família Poxviridae
Abrange vírus (poxvírus) grandes, encapsulados de DNA, amplamente espalhados pela natureza, especialmente os Orthopoxvirus, Parapoxvirus e Yatapoxvirus, gêneros que infectam diversos animais, dentre eles ovinos, bovinos, macacos, roedores, gatos, cães e diversos invertebrados, além de humanos.
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A Varíola, responsável pela morte de milhões de pessoas ao longo da história, erradicada em 1980 (graças às campanhas de vacinação), é a doença causada por poxvírus mais famosa.
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O Causador da Varíola dos Macacos
Outros poxvírus estão circulando por aí, dentre eles o chamado "monkeypox", causador da "Varíola dos macacos", virose endêmica da África, com vários casos registrados na República Democrática do Congo, mas também com alta incidência em países como Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
Ocorre que surpreendentemente, esse ano, a OMS (Organização Mundial de Saúde) registrou mais de 1000 casos fora da África de pessoas infectadas pelo monkeypox, maior parte delas no Reino Unido, Espanha e Portugal. Mais de 30 países membros da OMS já notificaram casos de indivíduos suspeitos (ou confirmados) de terem contraído a "Varíola dos macacos", inclusive o Brasil (dia 09 de junho com o primeiro caso confirmado em São Paulo).
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Como é que o monkeypox conseguiu se espalhar da África para outros continentes? Boa pergunta, viu! Provavelmente "viajando".
Indivíduos de outras partes do mundo (especialmente os europeus) que visitaram as regiões endêmicas da África podem ter sido contaminados. Quando retornaram a seus países de origem, transportaram involuntariamente o monkeypox para fora da África.
Mas até o momento, a OMS ainda não têm certeza absoluta de como a "Varíola dos macacos" saiu do continente africano.
O que preocupa as autoridades sanitárias é que boa parte das pessoas infectadas em outros países, contraiu a "Varíola dos macacos" fora da África. Trata-se, portanto, de uma forte evidência de que o monkeypox está "entre nós", circulando de humanos para humanos, inclusive com risco alto de estar sendo transmitido de humanos para animais fora da África, o que é preocupante.
A Transmissão da Varíola do Macaco
Segundo a OMS e a CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos), a transmissão da "Varíola dos Macacos" pode ocorrer das seguintes formas:
De animais infectados (roedores, macacos etc) para humanos por meio de arranhões ou mordidas. O manuseio de pele, carne e sangue obtidos por meio da caça oferecem maior risco aos usuários desses produtos.
De humanos infectados para humanos por meio de contato com as secreções presentes nas feridas espalhadas na pele, ou através da inalação de gotículas de secreção respiratória contaminadas com o vírus. O contato íntimo (sexual ou não) aumenta risco de transmissão.
Manuseio de materiais contaminados com a secreção das feridas, tais como roupas, toalhas e lençóis.
Da mãe contaminada para o bebê, durante a gravidez ou no momento do parto (transmissão vertical).
Embora muitas pessoas infectadas pareçam ter contraído a doença por meio de relações sexuais, ainda não há provas científicas de que o sêmen ou a secreção vaginal de pessoas contaminadas espalhem o monkeypox.
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Os Principais Sintomas da Varíola dos Macacos
Os primeiros sintomas da doença (muito mais brandos que a Varíola humana), surgem de 5 a 21 dias após a infecção e podem durar de 2 a 4 semanas. Os principais sintomas são:
Febre.
Ínguas (inflamação dos linfonodos).
Dor de cabeça.
Dor nas costas.
Cansaço.
Aparecimento de feridas espalhadas na pele, parecidas com "pústulas" ou "bolhas", especialmente nas mãos.
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Profilaxia da Varíola dos Macacos
Segundo a OMS, não há motivos para alarmismos e que é improvável que a "Varíola dos macacos" passe a ser epidêmica ou pandêmica. Portanto, dessa forma, a vacinação em massa ainda não está sendo recomendada pela OMS.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por sua vez, recomenda o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento como medidas preventivas contra um eventual surto de "Varíola dos macacos" no Brasil.
Há cientistas, porém, que manifestaram alguma preocupação quanto à chegada do monkeypox no Brasil e em outros lugares fora da África.
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O Professor Eliseu Waldman, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP afirmou que " o escape da infecção de humanos para animais dificilmente será controlado depois e a infecção poderá se tornar endêmica fora do continente Africano". Segundo Waldman, o monkeypox por apresentar um genoma constituído por DNA é menos propenso a sofrer mutações. "Então, se o vírus não mudou, quem mudou fomos nós e isto precisa ser melhor estudado. O que estamos fazendo para facilitar a dispersão desse vírus?”, questiona Waldman.
Parece que as preocupações de Waldman são corroboradas pelo artigo publicado pelo site estadunidense Science Org , que relata uma suposta infecção de monkeypox por uma menina de 3 anos, no Wisconsin, que fora mordida pelo seu bichinho de estimação, um simpático "cão da pradaria", em 2003. Será?
O fato é que nunca foi comprovada a existência de reservatórios naturais do monkeypox fora da África, mas teme-se que humanos contaminados em regiões fora da África passem a transmitir o monkeypox para "novos" reservatórios animais não africanos, como roedores ou outras espécies. Bem, como diriam por aí, e isso é "dois palitos" para o surgimento de novas variantes de monkeypox, o que pode se tornar um problema futuro.
Mas eles continuarão vindo! Bactérias, vírus, fungos e protozoários presentes na vida selvagem estão cada vez mais próximos das cidades e fazendas. Ou será, ao contrário, isto é, os humanos por meio de seu modo de vida insustentável que está invadindo ecossistemas que abrigam reservatórios de micro-organismos desconhecidos? Provavelmente a deusa Gaia concorda com essa hipótese.
Leia também:
1-https://www.fsp.usp.br/site/noticias/mostra/35815 (acesso em 10 de junho de 2022).
2-https://www.poder360.com.br/saude/mundo-chega-a-1-000-casos-de-variola-dos-macacos-fora-da-africa/ (acesso em 10 de junho de 2022).
3-https://www.cdc.gov/poxvirus/monkeypox/about.html (acesso em 10 de junho de 2022).
4-https://g1.globo.com/saude/noticia/2022/06/08/variola-dos-macacos-sem-morte-relatada-oms-ve-risco-moderado-em-surto-global-veja-o-que-sabe.ghtml (acesso em 10 de junho de 2022).
5-https://www.science.org/content/article/concern-grows-human-monkeypox-outbreak-will-establish-virus-animals-outside-africa (acesso em 10 de junho de 2022).
6-https://www.science.org/content/article/rename-monkeypox-remove-geographic-stigma-researchers-say (acesso em 10 de junho de 2022).
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planetabio · 3 years ago
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As plantas transformam gás carbônico em oxigênio, SÓ QUE NÃO!
Quando as plantas realizam fotossíntese, transformam CO₂ em O₂, certo? ERRADO!
Muitas pessoas têm uma ideia errada sobre o processo bioquímico mais importante da Terra e nem todas elas têm a real compreensão da importância da fotossíntese para o ser humano, aliás para todos os seres vivos.
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Ainda é muito comum ouvir por aí conceitos errados em relação à fisiologia das plantas, como por exemplo "as plantas purificam o ar transformando gás carbônico em oxigênio", ou ainda, "as plantas respiram gás carbônico e eliminam oxigênio". Pois é meu amigo vestibulando, você não pode entrar nessa "vibe", porque tudo isso são conceitos errados.
Na verdade, o O₂ que as plantas liberam durante a fotossíntese é proveniente da H₂O (água) que suas raízes absorvem. Por outro lado, os átomos de carbono e de oxigênio presentes no CO₂ que as plantas absorvem na fotossíntese (pelas folhas), são utilizados na síntese de compostos orgânicos, especialmente C₆H₁₂O₆ (glicose).
De forma muito, muito, muito simplificada, a fotossíntese pode ser representada pela seguinte equação geral, quimicamente balanceada e colorida intencionalmente para mostrar o "destino" de cada um dos átomos presentes nas substâncias consumidas:
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Bem, talvez você esteja se perguntando, como assim "muito, muito, muito simplificada"? Por acaso a fotossíntese não é uma única reação química? NÃO!!!!!!
A fotossíntese abrange diversas reações químicas, sendo algumas delas impulsionadas pela energia luminosa (etapa fotoquímica ou etapa clara), enquanto outras sem depender diretamente da luz (etapa química ou etapa escura).
Nos organismos autótrofos eucariotos, tais como plantas e algas protistas, as reações da fotossíntese ocorrem nos cloroplastos, organelas naturalmente coloridas (as bolinhas verdes nas células da foto abaixo) devido à presença de pigmentos fotossintetizantes (captadores de luz), principalmente a clorofila.
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A etapa fotoquímica da fotossíntese ocorre em estruturas dos cloroplastos denominadas "tilacoides" (discos membranosos repletos de clorofila em sua superfície), enquanto que a etapa química ocorre em outra parte do cloroplasto denominada "estroma" (parte interna repleta de enzimas e outras substâncias).
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Se retomarmos às reações da fotossíntese (muito, muito, muito simplificada), mas agora identificando em qual etapa fotossintética as substâncias envolvidas são consumidos e produzidas, chegaremos à seguinte equação geral:
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Mas a fotossíntese tem HISTÓRIA! Quem descobriu a fotossíntese?
Bem, a autoria é controversa. Parece que muita gente lá trás contribui gradativamente para o conhecimento científico referente à fotossíntese.
Talvez tudo tenha começado pelos antigos gregos que achavam que o crescimento das plantas dependia apenas de "minerais" absorvidos diretamente solo. Ora, isso está apenas parcialmente correto!
Séculos depois, o belga Jan Baptista van Helmont (1580-1644), certa vez, plantou sementes de salgueiro em uma massa definida de solo. Cinco anos depois, a massa do solo continuava a mesma, mas o salgueiro se transformou em uma robusta planta de 74 kg. Então, "de onde vieram os 74 kg?" Van Helmont concluiu que os 74 kg vierem da "água" utilizada para regar o salgueiro. Ora, mas isso também está apenas parcialmente correto!
O britânico Stephen Hales (1667-1771), publicou a obra Vegetais Staticks (1727), uma grande referência em fisiologia vegetal. Por meio de diversos experimentos, Hales concluiu que parte considerável da massa obtida durante o crescimento vegetal vinha do ar. Além disso, observou que a luz entra nas superfícies das folhas e flores e desempenha um papel importante no crescimento e desenvolvimento das plantas. Ora, isso esta muito correto!
Em 1754, o naturalista suíço Charles Bonnet  (1720-1793), demonstrou que "bolhas" de gás que se desprendiam de folhas submersas em água e submetidas à luz, poderiam servir de parâmetro indireto para se medir a "fotossíntese". Mais tarde, outros cientistas (como Joseph Priestley) descobriram que as bolhas na verdade continham O₂.
Em 1771, o britânico Joseph Priestley (1733 - 1804) ganhou notoriedade nesse assunto.  Ele colocou uma planta de hortelã em um recipiente fechado com uma vela acesa. A chama da vela consumiu o oxigênio e se apagou. Após 27 dias, Priestley conseguiu acender novamente a vela. Isso mostrou que as plantas produziam um gás que permitia que os combustíveis queimassem. Tratava-se do O₂.
Outro experimento atribuído a Priestley utilizou um rato colocado em uma campânula com uma vela acesa. Em pouco tempo, o animal morreu por falta de oxigênio, em parte consumido pela combustão da vela. No entanto, quando se adicionou um vaso com plantas no interior da campânula iluminada, mesmo com a presença da vela acesa, o rato sobreviveu por mais tempo, graças ao O₂ liberado pela planta durante a fotossíntese.
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O holandês Jan Ingen-Housz (1730-1799), em 1779 realizou um experimento semelhante ao experimento de Charles Bonnet. Ingen-Housz descobriu que, na presença de luz, as plantas emitiam bolhas de O₂ em suas áreas verdes submersas e iluminadas, mas as bolhas paravam de ser liberadas quando as mesmas áreas verdes ficavam no escuro. Ingen-Housz também descobriu que as plantas produziam CO₂ quando ficavam no escuro. Seus experimentos permitiram concluir que as plantas também respiravam. 
No século XIX, em 1804, o suíço Nicolas-Théodore de Saussure (1767-1845) demonstrou experimentalmente que tanto a H₂O (água) como o CO₂ são essenciais para a formação da massa corporal da planta durante seu crescimento.
Mas o prefixo "foto" da palavra fotossíntese tenha realmente feito mais sentido com os experimentos do alemão Julius Robert Meyer (1814-1878), em 1845. Meyer concluiu que a energia luminosa do sol é absorvida pelas plantas e transformada em energia química, na forma de compostos orgânicos, durante a fotossíntese. Se não bastasse isso, Meyer afirmou que "as plantas não apenas produzem  matéria orgânica,  mas também fornecem a energia que sustenta a vida", conceito que fundamenta a transferência de energia (na forma de energia química) de um nível trófico para outros nas cadeias e teias alimentares. Para Meyer, "basicamente o sol é a única fonte de energia para quase toda a vida na Terra". Uau, isso está muito correto!
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Bem, em outras palavras, o Meyer quis dizer nas entrelinhas que nós e os outros animais dependemos das plantas para sobreviver. Mais do que isso, Meyer chamou nossa atenção para o fato de que praticamente toda a vida existente depende da ocorrência da fotossíntese, lá na base (no primeiro nível trófico) das intrincadas cadeias e teias alimentares que regem a existência das florestas, campos, mares, rios e lagos do planeta Terra. Que incrível visão holística da importância da fotossíntese!
No século XX, diversos experimentos científicos robustos e sofisticados permitiram "turbinar" os conhecimentos relativos à fotossíntese.
Em 1920, o holandês Cornelis Bernardus van Niel (1897-1985) demonstrou a ocorrência de fotossíntese também em bactérias autotróficas. Van Niel, trabalhava com as chamadas bactérias púrpuras sulfurosas, micro-organismos naturalmente coloridos (devido à presença do pigmento bacterioclorofila de cor lilás) que habitam fontes termais. Van Niel demonstrou que a fotossíntese bacteriana abrangia reações de oxirredução desencadeadas pela energia luminosa, em que basicamente compostos inorgânicos "hidrogenados" eram capazes agir como aceptores de elétrons. Sugeriu então uma equação genérica para representar a fotossíntese:
2 H₂A +CO₂ → CH₂O + H₂O + 2A
Nessa equação, o componente "A" age como aceptor de elétrons, enquanto que o composto "CH₂O" é a fórmula simplificada de um composto orgânico sintetizado (como a glicose).
Van Niel concluiu que as bactérias púrpuras sulfurosas utilizavam o H₂S (ácido sulfídrico) presente no meio como doador de "hidrogênios" e "agente redutor (aceptor de elétrons)", fato que pode ser expresso pela seguintes equações gerais (simplificada ou detalhada):
Simplificada: 2 H₂S + CO₂ → CH₂O + H₂O + 2S
ou
Detalhada: 12 H₂S + 6CO₂ → C₆H₁₂O₆ + 6H₂O + 12S
Os princípios da fotossíntese bacteriana também puderam ser aplicados à fotossíntese vegetal, porém tendo a H₂O (água) como fonte de "hidrogênios" e de "agente redutor (aceptor d de elétrons). Note que nesse caso o O₂ liberado na fotossíntese é proveniente das moléculas de H₂O. Assim, a fotossíntese vegetal (e da maioria das algas protistas) pode ser expressa por meio das seguintes equações gerais:
Simplificada: 2 H₂O +CO₂ → CH₂O + H₂O + O₂
ou
Detalhada: 12 H₂O + 6CO₂ → C₆H₁₂O₆ + 6H₂O + 6O₂
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Em 1939, o bioquímico inglês Robert Hill (1899 - 1991) demonstrou um processo denominado "fotólise da água", a partir de cloroplastos isolados na presença de luz e aceptores "artificiais" de hidrogênios adicionados ao meio. A fotólise da água é apenas uma das diversas reações químicas que ocorrem na etapa fotoquímica (nos tilacoides dos cloroplastos). Parte da luz absorvida pela clorofila é capaz de promover a quebra da molécula de água culminado com a liberação de íons H+, elétrons e O₂, conforme mostra a seguinte equação química:
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Por volta de 1940, o bioquímico estadunidense Melvin Calvin (1911-1997) realizou diversos experimentos provando que os átomos de oxigênio e de carbono presentes no CO₂ (dióxido de carbono) absorvido por algas e plantas durante a fotossíntese se incorporavam aos compostos orgânicos sintetizados no final do processo (especialmente carboidratos), durante uma série de reações químicas conhecidas como "ciclo de Calvin", principal evento da chamada etapa química da fotossíntese.
Em um de seus experimentos, Calvin iluminou uma espécie de "pirulito" repleto de algas verdes, fornecendo a elas CO₂ constituído de uma forma radioativa  de  carbono (o carbono-14). A ideia era  traçar o caminho (rastreamento) que o carbono percorria no cloroplasto das algas. Basicamente, por meio desse método, Calvin demonstrou que o carbono no final da fotossíntese ficava retido nas moléculas de carboidratos sintetizadas.
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Ou seja meus "bacanos", a fotossíntese abrange diversas reações químicas, algumas bem complexas. Quando o assunto é fotossíntese, pode-se concluir que:
I) Por meio da fotossíntese, organismos autótrofos produzem seus próprios compostos orgânicos (alimento), especialmente carboidratos (entre eles, a glicose).
II) Além de energia luminosa (absorvida pela clorofila), os autótrofos utilizam H₂O e CO₂ para realizarem a fotossíntese e produzem basicamente C₆H₁₂O₆, H₂O e O₂.
III) O O₂ liberado no final da fotossíntese provém das moléculas de H₂O.
IV) Os átomos de carbono e oxigênio presentes nas moléculas de CO₂, consumidas na fotossíntese, e parte dos átomos de hidrogênio presentes nas moléculas de H₂O, também consumidas na fotossíntese, são utilizados na fabricação de C₆H₁₂O₆.
V) É conceitualmente errado dizer que as plantas (ou algas) transformam CO₂ em O₂, mas é muito correto afirmar que as plantas "sequestram" o carbono, na forma de CO₂, para produzir a matéria orgânica que constitui seus corpos.
Mas vestibulando, se você quiser saber mais sobre os detalhes bioquímicos do processo fotossintético, especialmente os "segredos" das etapas fotoquímica e química, recomendamos uma visitinha à página http://www.planetabio.com.br/citoplasma.html .
Leia também:
1-https://education.nationalgeographic.org/resource/sweet-secret (acesso em 05/06/2022).
2- http://www.planetabio.com.br/citoplasma.html
3-https://www.bbc.co.uk/bitesize/guides/zq8s2nb/revision/4 (acesso em 05/06/2022).
4-http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2011/08/estudos-de-seis-cientistas-ajudaram-desvendar-processo-de-fotossintese.html
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