procurandomeubuda
procurandomeubuda
Procurando meu Buda
41 posts
É fato que todas as respostas que procuramos estão dentro de nós. Essa é uma tentativa de encontrar as minhas.
Don't wanna be here? Send us removal request.
procurandomeubuda · 4 years ago
Text
Sobre todas as conexões
Tumblr media
Ilustração: James R Eads
Nos conectamos com tudo o tempo todo. Uma cadeia reacional de fios invisíveis que se interligam e átomos que se modificam sem a necessidade do toque. E é com essa reflexão que eu inicio o que pode ser um novo ciclo. Quando dizemos que o caminho da iluminação não é linear, demonstramos nossa inconstância diante de tudo. Nossa resiliência (ou a falta dela) nos prega peças o tempo todo. Pois é isso que somos: resilientes na nossa não-resiliência. Lutamos para encontrar um caminho de luz e, vezes sem fim, abrimos mão dele ou tomamos esse caminho como se ele fosse rígido, como se fosse uma verdade absoluta.
Essa é uma das peças que as tentativas de autoconhecimento nos prega também, não? As rotinas, afinal, têm que ser tão mutáveis quanto nós e o ambiente que nos cerca. Uma vez bem fundado o alicerce, o processo se torna mais fácil... Mas como esse alicerce é construído? A paz de alguns meses atrás se modificou e só agora, pouco a pouco, se molda de novo enquanto tento encontrar um caminho por essa teia de escolhas e consequências que nunca sabemos explicar.
O que me vem à mente hoje é que, por mais mutáveis as circunstâncias, as conexões verdadeiras sempre dão um jeito de se adaptar também.
Nada é por acaso, e ninguém é por acaso.
Continuo grata pelas mesmas pessoas que era antes e, por sorte ou destino, por algumas mais, de formas completamente diferentes. Somos instantes na existência que conhecemos, e esses instantes são muito pouco. Isso muda suas prioridades? Quando pensamos na tão temida morte, esquecemos que ela pode nos garantir um norte necessário para toda a espécie. Se eu te lembrar que você pode morrer amanhã, você mudaria a forma que vive hoje? Tentaria traçar rumos diferentes? Esperamos pela vida e esperamos pela morte: mas quanto tempo perdemos nesse intervalo com prioridades que não são realmente importantes? A irritação, a frustração, o medo... Qual é o ponto de tudo isso?
Quantas certezas você abandonou no caminho pelas dúvidas de outras pessoas?
Esse ciclo, como todos os bons ciclos, se inicia com essa montanha de perguntas que eu não preciso responder, pois só de existirem já mudam completamente todo o rumo dessa canalização doida de energia que tem me circundado. A minha mensagem pra mim mesma hoje é: confie nos seus processos. Ninguém viverá eles por você e ninguém poderá intervir sem a sua permissão, então porque as incertezas de outras pessoas te incomoda?
"Do stuff. be clenched, curious. Not waiting for inspiration's shove or society's kiss on your forehead. Pay attention. It's all about paying attention. attention is vitality. It connects you with others. It makes you eager. stay eager.” ― Susan Sontag Tradução: "Faça coisas. Seja apegada, curiosa. Não espere que a inspiração apareça ou a sociedade beije e sua testa. Preste atenção. É tudo sobre prestar atenção. Atenção é vitalidade. Isso te conecta os outros. Isso te torna ansioso. Continue ansioso." F, 23 de abril de 2021.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
O Fim do Primeiro Ciclo
Tumblr media
A carta número 23 foi a última carta desse Primeiro Ciclo. Ao terminar de escrevê-la, e mesmo depois de reler por vezes mais, ainda é difícil diferenciar o que eu sempre fui e o que eu passei a ser depois do experimento. A sensação que eu tenho é a de que hoje sou muito mais consciente, talvez até uma pessoa um pouco melhor do que eu era antes. Se isso é um fato ou não, acho que não tem muito como saber, não é? O máximo que posso fazer é comparar as minhas reações frente às adversidades e situações em geral antes e depois dos processos meditativos.
Talvez eu não tenha mudado de uma forma tão óbvia, mas as mudanças internas são inquestionáveis. Poderia escrever um livro com todos benefícios físicos e mentais da rotina que adotei. Mas, pra mim, naquele momento, alguns pontos foram os principais:
• A capacidade humana de mudar; • Conhecer e identificar o que é bom pra mim; • Aprender a me acalmar.
A capacidade humana de mudar... Ah, nós não temos a mais leve noção do quanto essas mudanças são possíveis e de como elas podem acontecer rapidamente. Somos capazes de nos transformar em praticamente tudo o que quisermos. O que significa também, que somos capazes de enfrentar coisas das quais nem temos conhecimento. Ao reconhecer essa capacidade em mim, reconheço-a no meu próximo também, e isso me motiva não só a sonhar mais e lutar para alcançar meus sonhos, mas também a incentivar que todos façam o mesmo, dentro das possibilidades que temos. Eu quero lembrar aqui, de novo, que nada é só “força de vontade” e que ninguém vive só de incentivo. Mais uma vez, quero enfatizar que a desigualdade social existe e que, quando aponto isso, não estou dizendo que as pessoas que não têm uma série de privilégios não vão alcançar seus sonhos, nem que as pessoas que têm privilégios com certeza vão alcançá-los. Estou querendo, mais uma vez, que a noção da realidade que nos cerca é imprescindível e que temos que respeitar e entender as causas e condições das outras pessoas antes de apontarmos dedos. A capacidade de mudança também me trouxe curiosidade sobre a vida, a vontade de querer saber o que vai acontecer depois e como eu vou lidar com as adversidades que vão ser apresentadas no meu caminho.
Entender a capacidade humana de mudar é entender que, quando eu te reconheço como um ser humano completamente mutável, não há porque não ter fé ou esperança em você, mesmo quando a minha concepção sobre o seu caminho é negativa. Isso me trouxe mais empatia e menos ódio. É mais difícil se deixar levar pela irritação quando você vê na sua frente uma pessoa como reflexo de várias situações das quais você provavelmente nunca vai saber nem a metade.
E, se eu sou um ser humano e o ser humano é dotado da capacidade de transformação, por que eu não poderia transformar as coisas que não me fazem bem? Os meus sentimentos negativos excessivos? Andava muito triste antes do experimento, um estado imutável de incontentamento e desesperança com a vida... Comecei a prestar mais atenção. Mudar requer uma série de observações e experiências.
A meditação me proporcionou, como já falamos, um conceito mais amplo da minha mente. Olhei mais de perto como tudo o que eu via, interagia, consumia, falava, lia e ouvia me afetava. Algumas coisas a gente se sente “bem” fazendo, mas nos fazem mal. Outras coisas, não parecem agradáveis no processo de fazê-las, mas nos trazem um bem imenso. Essas coisas não são fixas, e podem se encaixar nas duas categorias conforme o momento que vivemos. E nós PRECISAMOS entender a diferença! Vamos exemplificar isso de uma forma muito óbvia? Um alcoólatra se sente bem bebendo, mas isso só o afunda mais. A sensação de beber pode ser boa, mas as consequências que causa em excesso são totalmente destrutivas. Por outro lado, fazer exercícios pode parecer torturante alguns dias, mas costumam trazer uma sensação de bem estar e saúde depois de realizados.
No fundo, nós sabemos o que nos faz bem e o que não faz e, algumas vezes, pra melhorar, precisamos nos submeter à alguns processos que não são agradáveis. Eu fazia muitas coisas que me traziam uma falsa sensação de bem estar, mas que me faziam sentir muito mal horas ou dias depois. E eu sabia disso, mas não me submetia ao que me faria bem a longo prazo por serem difíceis de serem feitas no presente. Isso, pra mim, nesse experimento foi uma das principais mudanças. Hoje, a minha capacidade de analisar e de não me prender só ao que parece trazer satisfação imediata sem pesar as consequências é muito clara pra mim.
E aqui entra o terceiro ponto: aprender a me acalmar. A sensação de explodir, às vezes, é muito satisfatória. Parece muito fácil, não? Você está irritado, então faz qualquer coisa pra explorar essa sensação, sem se dar conta de que as consequências disso podem ser brutais, e alimentam a própria irritabilidade.
Aí voltamos ao conceito budista: a sua vida é resultado de uma série de condições, causas e consequências. Bom, hoje eu quero séries de causas, condições e consequências boas pra mim. E, ao mesmo tempo que a mudança é inerente ao ser humano, é preciso querer mudanças positivas pra que elas tenham a possibilidade de acontecer.
E é com essas reflexões que eu encerro as transcrições do primeiro ciclo. A minha rotina hoje não é tão restritiva quanto foi enquanto escrevia as cartas, mas muitas coisas e reflexões desses 23 dias continuam comigo: acordar cedo, meditar, me exercitar e refletir como eu me apresento pro mundo e o que eu estou fazendo pra me manter bem todos os dias, e tentar entender o que não está certo quando me sinto mal, e saber como mudar sempre que for necessário. Isso é uma coisa que todos nós podemos fazer, e eu posso te garantir, por experiência própria, que vai mudar a sua percepção da sua vida e da vida das pessoas ao seu redor.
Quando escrevi as cartas, esperava que a minha versão que as lesse fosse mais sábia e mais controlada do que a minha versão que as escreveu. Não sei dizer se estou mais sábia, mas creio que, se soubesse, não estaria.
Se alguém ler isso, espero que você saiba que, se você está tentando, você é uma pessoa incrível e que tudo o que você faz de bom vai te fazer viver melhor em algum momento. Não desista.
F,
1 de setembro de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XXIII: Primeiro Ciclo
Tumblr media
Acho que já é hora de encerrar o primeiro ciclo e, à partir de amanhã, começar a reler as primeiras cartas.
É difícil diferenciar o que aprendi ou não nesses dias. Algumas coisas nós normalizamos e parecem que fazer parte da gente desde sempre. Outras, identificamos que precisamos desenvolver. Algumas outras, longe de serem menos importantes, não conseguimos segurar e partem em retirada, caindo no esquecimento da mente consciente.
Uma coisa, entretanto, é certa: hoje observo mais meus pensamentos, minhas palavras e minhas ações, embora algumas, mais impulsivas, ainda escapem vez ou outra. Talvez uma das principais armadilhas do caminho seja, ao começar a rearranjar as coisas de dentro, deixar que as de foram sejam um pouco mais neglicenciadas.
O que eu quero que você entenda agora é que você é humana, e vai cometer erros. Aprenda a lidar com eles e sinta-se orgulhosa. Foram 23 dias de meditação, sem álcool, com muito menos açúcar, jejuns e acordando cedo.  Você é sim capaz de ser persistente e resistir pelos seus objetivos.
F,
30 de junho de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XXII: Primeiro Ciclo
Tumblr media
A carta número 22 não vai ser reproduzida na íntegra aqui por conter aspectos muito pessoais. Não vou reescrevê-la para que se adeque ao blog, mas vou deixar um pequeno trecho que a compõem e que acredito ser uma reflexão válida:
• Conforme o tempo passa, às vezes é mais difícil se ater aos princípios iniciais. Mas hoje tive experiências novas e a gente sempre se esquece de como elas são importantes e de como não é necessário que sejam feitas coisas “excepcionais” para termos experiências novas de fato.
F,
29 de junho de 2020.
1 note · View note
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
A meditação (Zazen)
Tumblr media Tumblr media
Como já puderam perceber, gosto muito de utilizar objetos e expressões da saga Harry Potter pra exemplificar as coisas que quero dizer. O mundo dos livros sempre me acolheu quando a realidade que me cercava me parecia insuficiente, e os livros (e os filmes também) da saga me acolheram em vários desses momentos, me trazendo a sensação de segurança de tempos mais jovens.  Por isso, me parece muito natural utilizar elementos desse outro mundo pra externalizar algumas coisas que a minha mente traz na forma de reflexões. Afinal, como dito em uma outra saga que também me marcou, escrita por Carlos Ruiz Zafón:
 “Qualquer pessoa que pretenda conservar o juízo precisa um lugar no mundo onde possa e queira se perder. Esse lugar, o último refúgio, é um pequeno anexo da alma onde, quando o mundo naufraga em sua absurda comédia, a gente sempre pode se trancar e perder a chave.”
Na primeira imagem, está retratada o que seria um item do mundo mágico denominado “penseira”. O GIF abaixo retrata um dos usos da mesma. Deixo aqui a definição da penseira e de sua utilização:
“A Penseira é um objeto usado para revisar memórias. Tem a aparência de uma pedra rasa ou bacia de metal, na qual runas e símbolos estão esculpidos e pedras preciosas são encaixadas. É preenchido com uma substância prateada que parece ser um líquido/gás semelhante a uma nuvem; as memórias coletadas de pessoas que têm desviado suas lembranças para isso.
As memórias podem então ser vistas de um ponto de vista de terceira pessoa não participante. Devido à natureza altamente pessoal das memórias extraídas e ao potencial de abuso, a maioria das penseiras é colocada por seus donos junto com as lembranças que eles contêm. Algumas bruxas e bruxos transmitem suas memórias para outra pessoa.
“Uso a Penseira. Escoo o excesso de pensamentos da mente, despejo-os na bacia e examino-os com vagar. Assim fica mais fácil identificar padrões e ligações, compreende, quando estão sob esta forma." — Alvo Dumbledore explicando o que é uma penseira.” (Fonte: WikiFandom)
A meditação pra mim, é como observar uma penseira. Várias pessoas me falam da dificuldade do “não pensar” ao tentar realizar as meditações, e não entendem quando explico que a meditação não é o ato de não pensar, pois isso seria impossível.
Mas como assim “a meditação é como observar uma penseira”? Quando voltamos nossa observação para a nossa própria mente, eventualmente vemos vários fragmentos de pensamentos e lembranças que transitam por ela. E, assim como na penseira, nós teríamos o poder de nos aprofundar nesses fragmentos de memória e pensamentos.
A diferença é que, durante a meditação, não o fazemos. Observamos o fluxo da mente com todas as informações que ela contém, porém sem se deixar aprofundar em nenhum deles. Quando a tentação de se aprofundar em algum elemento é muito grande, voltamos nossa atenção para a respiração e, consequentemente, ao momento presente.
É isso que permite disciplinar nossa mente, observando quadros gerais de tudo o que existe dentro de nós sem sermos consumidos pelo passado ou pelo futuro. Percebemos então a impermanência de tudo, inclusive dos nossos próprios pensamentos, e entendemos que essa visão mais desapegada daquilo que já foi, ou daquilo que será, é essencial para organizarmos nossa consciência e para nos manter alertas à tudo o que acontece.
A reflexão sobre atos do passado ou futuro é necessária em diversos momentos da nossa existência, mas não durante a sua totalidade. Quando paramos para pensar, o tempo que passamos com a mente no momento em que vivemos é pouquíssimo comparado ao tempo que relembramos acontecimentos ou à ansiedade pelo futuro. A meditação, além de todos os seus outros benefícios, pode ser um lembrete de que, se nossa mente não acompanha o que estamos vivendo, não vivemos de verdade.
“Wakefulness is the way to life. The fool sleeps As if he were already dead, But the Master is awake And he lives forever. He watches. He is clear. How happy he is! For he sees that wakefulness is life. How happy he is, Following the path of the awakened. With Great perseverance He meditates, seeking Freedom and happiness.” 
Tradução livre: A vigília* é o caminho para a vida. O tolo dorme Como se já estivesse morto, Mas o mestre está acordado E ele vive para sempre.
Ele observa. Ele é livre.
Como ele é feliz! Pois ele que vê que a vigília* é vida. Como ele é feliz, Seguindo o caminho dos despertados.
Com grande perseverança Ele medita, procurando Liberdade e felicidade.” *Nota: a palavra “wakefulness“ pode ser traduzida como vigília, mas aqui traz um significado muito parecido ao do “mindfulness”, pois diz respeito ao despertar pleno, ou seja, a atenção pela para aquilo que nos cerca.
F,
26 de agosto de 2020.
2 notes · View notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XXI: Primeiro Ciclo
Tumblr media
Esse seria o dia 21, suponho eu. Mas resolvi seguir com as cartas - e a rotina - pelo menos 3 dias mais, já que estou na casa dos meus pais. É preciso se inovar, é preciso se reinventar. É preciso ser maleável aos planos e expectativas porque a verdade é que não temos a mais ligeira ideia do que vai acontecer no dia seguinte.
Eu não sei o que vai acontecer amanhã. Não sei se vou ter o presente da vida por tempo o suficiente pra ler todas as cartas - mesmo estas últimas tão desleixadas. Mas, se as ler, não sei se esses aproximadamente 21 dias vão fazer mais sentido, ou se parecerão um passatempo bobo ou sem importância. Não é bom? Não é maravilhoso não ser capaz de prever tudo e ainda ter o benefício da dúvida?
Os seus amanhãs vão chegar, e quando chegarem você vai saber o que vai acontecer neles, não é necessário tentar vivê-los por antecipação.
Você ainda tem um baita caminho a seguir, mas você vai saber o que fazer se souber quem você é no momento.
Ainda aqui,
F,
28 de junho de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
O sonho lúcido
Tumblr media
Obra: Sixteen Waterfalls of Dreams, Memories and Sentiment Artista: Pat Steir
Sonho muito e, na maior parte das vezes, são sonhos muito lúcidos que, por vezes, me fazem questionar se o que estou vivendo é um sonho ou não. Não consigo me lembrar quando eles começaram, se sempre me acompanharam ou se foi algo que surgiu no último ano, embora tenha certeza de que a frequência deles aumentou muito de um ano pra cá.
São sonhos que são capazes de me marcar muito, pois sou capaz de pensar racionalmente, controlar minhas ações nos sonhos e, como acontece em muitos deles, até me questionar se estou sonhando. Sou capaz de pensar pra responder as pessoas nesses sonhos e também de tentar me acordar.
Essa noite, o cenário de um dos meus sonhos foi meu próprio quarto - o que também acontece com frequência. Aos pés da minha cama, havia uma criatura quase não humana, que imediatamente classifiquei como um “espírito ruim”. Ele se agarrava aos meus pés e o sentimento de pânico tomou conta de mim imediatamente ao ver a cena.
Tentei me acordar sem sucesso, tentei rezar, andar pelo quarto, e várias outras coisas. Conseguia sentir outras presenças no quarto e no restante da casa e, sem entender bem o que fazia, peguei o rosto daquela criatura nas mãos e comecei a dizer-lhe coisas das quais não me lembro bem. O rosto então começou a se tornar novamente humano, até que era possível identificar um ser humano diante de mim.
Peguei-lhe pela mão e o tirei da casa comigo, enquanto ele questionava o que estava acontecendo e porque fazia aquilo. Eu disse que ele sairia daquele lugar comigo e se tornou um companheiro, me ajudando a passar por aquela situação de medo e desespero. Mais algumas coisas aconteceram no sonho, mas não acho que foram tão relevantes quanto isso. Ao fim, meu então companheiro de sonho me advertiu de algumas coisas das quais não sou capaz de me lembrar.
Acordei com a sensação de medo e desentendimento que só os pesadelos são capazes de provocar. Foi um tempo depois que fui capaz de perceber o quanto aquele sonho foi bonito. Ele não era um monstro, ele era só uma pessoa em uma situação que eu não fui capaz de compreender num primeiro momento e, ao entender isso, fui capaz de vê-lo como humano e ele foi capaz de me ajudar. Isso não acontece na vida também? Quantas pessoas em situações difíceis nós não encaramos como monstros, mesmo que não no sentido literal da visão?
Somos capazes de transformar tudo com novos pontos de vista, o tempo todo, que lembrete importante, não é?
“Look not to the faults of others, nor to their omissions and commissions. But rather look to your own acts, to what you have done and left undone.” Tradução: Não olhe para as faltas dos outros, ou para suas omissões e missões. Em vez disso, olhe para os seus próprios atos, para o que você fez e deixou de fazer.
F,
25 de agosto de 2020.
2 notes · View notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XX: Primeiro Ciclo
Tumblr media
Eu sempre achei muito difícil conviver com pessoas, e talvez por isso tenha tido tanto ímpeto em afastá-las sempre que possível, mesmo sem perceber. O que eu não sabia é que afastá-las me tiraria experiências muito valiosas e, diferente do que eu pensava, não me auxiliaria a ter mais autoconhecimento.
Quando penso nas experiências passadas com as pessoas, é difícil não me arrepender de uma série de ações imaturas que tomei. Mas eu me prendo ao fato de que elas foram necessárias para que as reconheça como imaturas hoje, e toda a energia que poderia ser gasta com arrependimentos, pode ser empregada para não cometer os mesmos erros.
Já falamos muito sobre paciência mas, correndo o risco de ser repetitiva, acho uma repetição válida, porque a paciência é muito fácil de ser perdida e requer um lembrete constante a sua importância - pelo menos agora no início.
A impulsividade anda de mãos dadas com a falta de paciência e, você sabe, a impulsividade se fez presente várias vezes, e muitas você você a considerou como uma coisa positiva. A questão é: toda a impulsividade te fez viver coisas incríveis, mas, na maior parte das vezes, te deixou em situações terríveis - que foram necessárias. Mas será que você também não teria vivido essas coisas incríveis sem a impulsividade? E, ao contrário, quantas das coisas horríveis você não poderia ter evitado não sendo impulsiva?
A impulsividade (que é diferente dos reflexos que nós treinamos) é um instinto extremamente primitivo e se correlaciona com o sistema nervoso central simpático, ou seja, luta ou fuga. Lembre-se que a mente Buda vai além da sobrevivência, muito além do primitivo. A mente Buda é calma, iluminação e reflexão. Você precisa conhecer a sua mente e moldá-la, do contrário, é tão irracional (e por opção), que é fadada a cometer os mesmos erros.
F,
27 de junho de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XIX: Primeiro Ciclo
Tumblr media
De fato, a gente nunca sabe como será o dia seguinte. Temos que nos desprender da cegueira e do foco seletivo habitual pra vermos o que acontece ao nosso redor, e que todos têm seus desafios, suas experiências e suas fontes de sofrimento. Temos pessoas ao nosso lado e frequentemente nos esquecemos disso, deixamos que o ego nos preencha e nos limite, e colocamos limites muito sólidos na vida, que não precisariam existir e que deixam a nossa existência muito mais leve quando abrimos mão deles.
Hoje o dia foi cansativo. Eu aprendi a agradecer quando os dias são cansativos, porque isso significa que foram desafiadores e que eu pude aprender algo com eles.
Vale a pena pensar: quantas limitações você colocou pra você e pros outros pra se manter no personagem que achava que deveria ser?
As reflexões não têm sempre que vir em turbilhões. Elas podem ser simples, diretas e, mesmo assim, complexas às vezes.
Agradeça pelas suas dificuldades.
Enquanto você tiver medo, significa que tem algo a aprender.
F,
26 de junho de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Precisamos falar sobre a solitude
Tumblr media
Obra: Day of the Hawk Artista: Lynd Ward Ward foi um dos fundadores do romance gráfico americano, foi o primeiro a produzir uma novela inteiramente em xilogravuras. (Fonte: WikiArt)
Algumas distinções cabem muito bem quando falamos sobre solitude:
Solitude: é o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão. Pode representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos, porém não diretamente associados a sofrimento. (Fonte: Wikipédia) Solidão: estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento. 
Embora a solitude e a solidão se encontrem no campo comum do que chamamos de “isolamento”, não são a mesma coisa. Aqui, mais uma vez, as diferenças sutis fazem diferença, e ela se encontra na nossa consciência. Duas pessoas podem estar passando exatamente pelas mesmas situações de restrições sociais, ou “isolamento”, e mesmo assim uma delas pode estar num estado de solitude, enquanto a outra sente solidão.
Como já diferenciamos com as definições, a solitude é estar sozinho, mas não há sofrimento por isso. No lugar do sofrimento, há satisfação pela própria companhia e pelo ser e o existir.
Tememos tanto a solidão que, por vezes, nos distanciamos da solitude. Mas a solitude é absolutamente necessária quando falamos do bem estar com o ser que somos e do autoconhecimento. Se sozinhos ficamos perdidos e perdemos a referência do que somos naquele momento, então não há o conhecimento de si mesmo. A solitude pode, inclusive, nos acompanhar mesmo nos momentos de não isolamento, de interação absoluta com outras pessoas.
Mas também não podemos subestimar o medo que sentimos do autoconhecimento, que se relaciona muito com reflexões anteriores, quando falamos sobre o medo da própria mente. Esse medo, por sua vez, se associa com o medo que sentimos do desconhecido, tão aparente quando pensamos no medo da morte ou no medo do escuro. Há coisas muito piores a serem temidas do que o desconhecido. Isso porque, conhecendo nossas próprias reações e nossa capacidade de resiliência frente aos desafios da existência, sabemos que é possível ter boas reações mesmo ao nos depararmos com o desconhecido.
Absolutamente tudo o que conhecemos hoje nos foi, em algum momento, desconhecido e, passando-se esse momento, tornou-se familiar e natural. E aqui torna-se necessário a identificação do que é natural em sua essência. A morte é natural, pois nos acompanha enquanto seres que vivem e não pode ser modificada (pelo menos não até onde sabemos). Por outro lado, temos coisas que foram naturalizadas, e aqui estamos falando sobre imposições sociais. Por exemplo: quando ligamos a televisão e nos deparamos com situações violentas, como crianças sendo mortas a tiros. Ainda sentimos pesar, mas se tornou tão frequente, que foi um comportamento naturalizado: acontece com frequência. Isso não é natural, isso foi naturalizado. E o que não é natural e pode ser evitado não necessariamente deve ser assimilado e encarado como uma certeza ou verdade absoluta. Portanto, cabe a reflexão: o que é natural?
Quando conseguimos estabelecer o que é, de fato, natural, e entender que certos eventos são naturais e vão acontecer em algum momento, podemos nos preparar pra eles e tentar entender, até onde a mente humana é capaz de compreender. Por exemplo: é natural que vamos ter, irremediavelmente, que encarar infinitos desconhecidos durante a nossa existência. E, como é natural, não deve ser aterrorizante.
É natural, em várias ocasiões, nos encontrarmos sozinhos e sem auxílio que não o de nós mesmos. E, nesses momentos, você pode sentir a solidão ou a solitude. Por vezes, podemos sentir ambos. Mas a questão da solidão é que ela tem o hábito de nos dominar e nos tornar reféns, desesperados, aflitos... Pode nos levar à atitudes desesperadas que, por sua vez, traz consequências em proporções igualmente catastróficas.
Não tem nada de errado em estar sozinho, e a solitude só pode te trazer coisas positivas se você tiver um pouquinho de coragem pra enfrentar o medo do desconhecido que nos é tão inerente.
Por trás de cada descoberta, existia alguém disposto a enfrentar o desconhecido.
“She who knows life flows, feels no wear or tear, needs no mending or repair.” Tradução: Aquela que sabe que a vida flui, não sente desgaste ou despedaçar, não precisa ser consertada ou reparada.
F,
21 de agosto de 2020.
2 notes · View notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XVIII: Primeiro Ciclo
Tumblr media
“Esse crânio é o meu refúgio Ninguém me impede de meditar.”
“Hoje eu vou escrever de caneta roxa pra mudar um pouco” - a caneta preta acabou. hahaha Isso diz muito sobre a maioria de nós, né? Precisa acontecer alguma coisa pra gente mudar. E, na verdade, mudar é tão bom, deixa as coisas bem menos tediosas. Se eu soubesse disso antes talvez eu não tivesse feito tanta coisa errada só por estar entediada.
A verdade é: a gente quase nunca sabe o que vai acontecer a não ser que viva.
A gente pode tentar fazer o que é certo e esperar pelo melhor, mas não há muitas certezas. Você tem que arriscar e encarar o que está a sua frente enquanto você ainda pode fazer isso. Não existe nenhuma fórmula.
Mas você pode escolher se o seu crânio é o seu refúgio ou a sua perdição. Você pode escolher estar desperto, da mesma forma que está quando vê o sol nascer ou quando olha os passarinhos de manhã. Vai te exigir treino, mas tudo é treino, não é?
Seja luz, só isso.
De novo: tenha paciência!
F,
25 de junho de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
O que é fácil?
Tumblr media
Temos, com certa frequência, o péssimo hábito de dividir as coisas entre “fáceis” ou “difíceis”. E eu te pergunto: O que é fácil?
O fácil e o difícil não são fixos, eles dependem de uma série de circunstâncias e condições pra serem classificados dessa forma. Quando pensamos nas questões sociais, isso se torna muito óbvio: pra algumas pessoas, por exemplo, é muito fácil ter alimento e, pra outras, é muito difícil. Mas, além das questões sociais que são, provavelmente, as mais relevantes, ainda temos as questões mentais.
Absolutamente tudo pode parecer fácil ou difícil, de acordo com o modo que a sua mente lida com determinada coisa. Tem dias que levantar da cama é tão difícil, né? Mas o ato de levantar em si é tão fácil...
Por isso, se alguma coisa é muito fácil pra você, mas alguém encara com uma dificuldade imensa, ajude a passar essa facilidade ao outro. Não julgue, não aponte dedos. Se você tem a chance e a capacidade de facilitar algo, porque pra você é muito simples, faça isso. Simplesmente faça, independente de quem for ou das suas opiniões pessoais sobre o assunto. Você também pode ter dificuldades que soariam ridículas para algumas pessoas que te cercam, porque facilidade não é uma questão de ser ou não fácil, é, em partes, um processo mental, como todo o resto. Tudo é impermanente, algo que era muito fácil pode se tornar muito difícil pra você em algum momento e você gostaria de ser ridicularizado por isso? Ou de ter os seus problemas subestimados?
E, além do outro, também temos o indivíduo aqui: Você tem a capacidade de facilitar ou de dificultar as coisas pra você mesmo. E perceba que entender isso é muito diferente que passar por cima dos privilégios e das questões sociais. Você não diria pra uma pessoa que não tem a capacidade física de andar que ela deveria simplesmente ser otimista que levantaria e sairia andando pelas ruas, diria? Quando alguém tem uma condições social vulnerável - o que é tão frequente frente à desigualdade do nosso país - você não pode simplesmente dizer que ela tem que ser otimista e trabalhar e tudo vai se resolver, porque não é assim que funciona.
Quando eu falo sobre a nossa capacidade de dificultar ou facilitar as coisas pra nós mesmos, isso deve caminhar com a visão e entendimento da realidade à sua volta da forma como ela é (o que representa, em partes, o processo de iluminação). Você tem que ser capaz de enxergar a sua realidade e a realidade que te cerca de forma realista para, então, traçar estratégias que podem funcionar para te ajudar a lidar com as suas dificuldades fazendo uso, muitas vezes, das suas facilidades.
Identificar o problema, não negar a existência dele, mas não se desesperar por essa existência, e sim encarar as coisas de forma clara e racional, que te ajude a superar o que te aflige. O não dificultar não quer dizer negação. Não quer dizer que eu não vou lutar contra algo que existe e que não parece certo. O facilitar é encarar as coisas de forma clara e objetiva, sem dramatizar ainda mais as situações, sem desistir porque algo está errado.
Quando você começa a ver as coisas como elas são, tudo se simplifica e, por mais que os problemas ainda sejam complexos em vários momentos, você sabe que precisa agir e não se coloca na posição do vulnerável, entende o seu papel e sabe que, em alguns casos, outras pessoas devem ser confrontadas quanto ao papel delas, mas não espera que ninguém resolva o que só você pode resolver. Você entende a sua parte e a parte do outro.
Facilite as coisas, você tem essa poder em mais situações do que imagina.
Antes do fim, queria deixar alguns conceitos Budistas que me agradaram muito. Diz-se que Buda tinha visão em 360º, a visão iluminada. Ele não via atrás da cabeça, ele não tinha poderes sobrenaturais... Essa visão era simplesmente atribuída a total conhecimento da realidade que o envolvia, que aflorou-lhe os sentidos e o fazia ver e entender mais que maioria das pessoas. Buda também não tem nada a ver com a visão, tão famosa no cristianismo, de Deus ou Jesus. Buda não pregava obediência, tampouco que seus ensinamentos fossem encarados como verdades absolutas. Muito pelo contrário: pedia que as pessoas não acreditassem em tudo só por ler ou ouvir, pedia questionamento. Buda funciona como um modelo: um ser humano que foi capaz de alcançar coisas que os seus iguais não conseguiram, por meio da meditação e reflexão. E, por isso, qualquer um de nós é capaz de fazer o mesmo. A visão iluminada exige o conhecimento de todos os elementos da sangha. O saber que a sua realidade não necessariamente representa a realidade do outro, portanto, mais uma vez: ao facilitar as coisas pra você, cuidado pra não exigir do outro coisas que ele não pode fazer.
“You are the community now. Be a lamp for yourselves. Be your own refuge. Seek for no other. All things must pass. Strive on diligently. Don’t give up.” Tradução: Vocês são a comunidade agora. Sejam lâmpadas para vocês mesmos. Sejam os seus próprios refúgios. Não procure outro. Todas as coisas deverão passar. Esforcem-se com diligência. Não desistam.”
F,
20 de agosto de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XVII: Primeiro Ciclo
Tumblr media
Realmente, nenhum dia é igual, por mais que nos termos gerais algumas coisas se repitam.
Alguns dias temos mais a dizer, outros, nem tanto. Nos prendemos nas rotinas, mas elas não nos livram das oscilações da mente e dos turbilhões externos.
Mas hoje eu vou voltar num assunto muito recorrente: seja gentil. Pensando em todas as pessoas que foram embora, eu me arrependo de duas coisas: não ter seguido o meu coração e, principalmente, não ter sido gentil com eles ou comigo.
A paciência está intimamente ligada à gentileza: nem sempre é fácil ser gentil, mas quando o tempo passa e fica só o que é realmente relevante, dá pra perceber que a gentileza é sim importante.
Eu espero que, quando você reler isso daqui há algum tempo (eu, desse jeitinho, já não vou existir mais), você esteja mais sábia, mais tranquila e mais estável. Que você não tenha desistido desse caminho nem dos seus objetivos, e que você tenha crescido além de mim e entendido coisas que eu ainda não entendo.
Nem todo dia vai ser fácil de levantar, sabe? Mas levante mesmo assim. :)
F,
24 de junho de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
O compartilhar e a compaixão
Tumblr media
Se ontem falamos sobre o cérebro, hoje falaremos sobre o coração. Afinal, não são coisas excludentes ou duais como temos o hábito de classificá-las. Se tenho um fraco por faróis, também confesso carregar a mesma admiração pelos corações. A imagem acima é de uma tatuagem que carrego, com orgulho, no braço esquerdo. Foi feita logo após o falecimento de minha avó, no ano passado. Minha avó foi a pessoa que mais admirei em toda a minha vida e, por isso, sua partida foi muito dolorosa. O desenho retrata um coração anatômico que, em seu ápice, se transforma em duas mãos dadas. Marquei minha pele pra me lembrar que, quando a saudade atingisse os níveis em que me apertava o coração, era só eu e minha avó apertando a mão uma da outra.
Teremos ocasiões inúmeras para falar sobre perdas, mas hoje vamos focar no amor. O amor não precisa ser o tão famoso amor romântico pra ganhar esse nome. E um ponto importante sobre ele é que, quando é verdadeiro, sentimos o desejo de compartilhar e esse compartilhar não só não é incômodo, como é prazeroso.
No budismo, ao fim de uma prática é muito comum que seja dito:
“Que os méritos de nossa prática se estendam a todos os seres e que possamos todos nos tornar o caminho iluminado.”
Isso me pareceu muito bonito desde o primeiro momento e, depois de refletir um pouco mais, me pareceu ainda  mais bonito. Isso porque, com isso, desejamos que todas as pessoas se beneficiem de uma atividade realizada por nós. Percebe como esse desejo é um desejo difícil?
Explico:
Se você fizer um trabalho com excelência no seu emprego, enquanto seu colega de trabalho não dá atenção ou faz outra tarefa, e o seu chefe parabeniza vocês dois por terem realizado um trabalho tão bom quando, na verdade, o fez sozinho, você ficaria feliz? Ou você teria o senso de injustiça e se incomodaria com o fato do seu colega, tão alheio àquela situação a qual você se dedicava, recebesse crédito também?
Os cenários são diferentes, mas têm a mesma funcionalidade na prática, porque quando você deseja que os méritos da sua prática meditativa ou de qualquer outro tipo se estendam aos outros seres, você está desejando que todas as coisas boas que você alcançou buscando ser uma pessoa melhor também beneficiem alguém que pode, por exemplo, não querer melhorar e, às vezes, até fazer coisas significativamente negativas pra atingir outras pessoas.
E isso só o torna um pedido ainda mais bonito, no meu ponto de vista. Porque quando falamos sobre compaixão - o que, pra mim, vem do amor - em muitos momentos carregamos a impressão de que o ser humano que recebe essa compaixão tem que ser “digno” dela, que “mereça” a compaixão que lhe é oferecida quando, na verdade, a compaixão não diz respeito à outra pessoa, mas a você.
A compaixão e o compartilhar podem ser percebidas em atitudes tão pequenas da nossa rotina. Cabe a nós mudar (ou não) essa concepção de que as pessoas precisam oferecer algo em troca da compaixão. Isso não quer dizer ser abusado ou explorado por outras pessoas, e aí entra outro aspecto importante da compaixão: ela também nos ensina a impor limites.
“True love is born by understanding.” Tradução: O amor verdadeiro nasce do entendimento.
F,
18 de agosto de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XVI: Primeiro Ciclo
Tumblr media
Transcrição da imagem: 9h: O tempo é cíclico. Seu passado, presente e futuro estão, na mesma intensidade, convergindo nesse momento, e nenhum outro momento jamais será igual. Tudo é uma projeção da sua mente. “Está acontecendo na sua mente, mas isso significa que não é real?” - Tudo começa e termina na sua mente. Todo resto é um conjunto de causas, condições e consequências do que você pensa, que se torna suas ações. Isso significa que você tem todo o poder de transformar as coisas ao seu redor, depende de você. “All the others are a test of your endurance, of how much you want to do it, and you will do it, despite de rejection and the worst odds.” Tradução: Todos os outros são um teste da sua persistência, do quanto você quer fazer isso. E você vai fazer, apesar da rejeição e das piores probabilidades”.
• Lembre-se também que o mundo não é dividido entre pessoas boas e comensais da morte*: todos carregamos luz e sombras dentro de nós. Você vai ter pensamentos ruins vez ou outra, o que importa é como você lida com eles. E os pensamentos das outras pessoas... Bem, você não pode tirá-los e substituí-los como bem entender, nem pode deixar que eles abalem você.
19h48:  Hoje eu escrevi uma carta pro futuro amor da minha vida. A questão é que há toda uma problematização em estar sozinha - principalmente dentro de nós mesmos.
Você tem que saber quem você é antes de se comprometer à fazer parte da vida de alguém. Você já se perdeu em outras pessoas antes e isso, óbvio, não te trouxe felicidade. Porque como você pode ser feliz vivendo como outra pessoa e se reprimindo?
Estar verdadeiramente sozinha é um privilégio que pouquíssimas pessoas têm, e isso não significa se fechar pras pessoas, mas usar a oportunidade que você tem agora. Pode ser que você encontre alguém daqui 1, 3, 20 anos... Pode ser que você não encontre. E vai ficar tudo bem se você se conhecer.
Eu conheço bem essa vontade de se apaixonar, mas você tem que saber o quanto a sua vida, a sua mente e a sua missão importam. Atravesse o deserto!
Nada é capaz de ser mais bonito do que a sua mente. O amor do seu coração vai encontrar o caminho dele no mundo de uma forma ou de outra. Se escute.
F,
23 de junho de 2020.
Nota: *Comensais da morte: é uma referência a saga “Harry Potter”. Os comensais da morte naquele universo são seguidores de Voldemort (o vilão da série, também conhecido como Você-sabe-quem e Lorde das Trevas). Eles são responsáveis por vários crimes e torturas cometidos durante a história. Em um determinado momento dos livros/filmes, um dos personagens diz ao protagonista que “O mundo não é dividido entre pessoas boas e Comensais da Morte. Todos temos luz e trevas dentro de nós.”. Os comensais da morte aqui representam as pessoas que seriam denominadas ‘ruins’.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
O interesse pela própria mente
Tumblr media
Obra: Fucking Brain Artista: Ilya Filatov
Filatov é um pintor russo relativamente jovem. Sua própria descrição da obra em questão, numa tradução livre, diz o seguinte:
“Nós somos nosso cérebro. Nós somos o que consumimos. O consumo incessável de informação, fitas de rolagem (obs: aqui, imagino que se refira às rolagens automáticas das redes que frequentamos de forma virtual), causam “dopamina barata” (um neurotransmissor que causa o sentimento de satisfação, amor e afeto). Devido à abundância de informação em nosso ambiente, o cérebro (nós) atende às suas necessidades utilizando cada vez menos conexões neurais no córtex. Orgasmos e prazer infinitos. Nós perdemos a habilidade de pensar.”
Se a obra me interessou, a descrição dela me fez nutrir um sentimento ainda maior pela imagem. Acredito que suprir superficialmente as necessidades que achamos que temos, sem necessidade de maiores questionamentos e sem nos aprofundar em nossa consciência deixa uma série de sequelas que aparecem mais tarde, e que por vezes nos deixa perdidos e numa sensação de total desconhecimento da própria mente.
Passamos então, a ter medo das nossas consciências, sem nos dar conta disso. Esse medo pode vir disfarçado em medo de sensações, em alguns casos. Aqueles que já tiveram uma crise de pânico, por exemplo, costumam entender muito bem o que é ter medo de uma sensação, que pode vir “do nada”, sem avisos prévios. É quando começamos a nos questionar de onde isso veio... E, o fato é, sempre veio de algum lugar, ao contrário do pensamento comum de “nunca senti isso, aconteceu do nada”. É comum nesses casos que as pessoas passem também a identificar gatilhos desses sentimentos (que podem ser muito variados, apesar de ter dado como exemplo as crises de pânico). Passamos, então, num primeiro momento, a evitar esses gatilhos. Mas será que essa é a saída?
Pra mim, ter medo de uma sensação que a sua mente pode te trazer é, de certa forma, ter medo da sua própria mente. Hoje me questionei sobre os motivos que me levaram às práticas meditativas e me ocorreu que, embora tenha iniciado a prática do zazen por volta de junho deste ano, tentei outras formas de meditação um tempo atrás, apesar de ter dado menos importância pra isso na época.
No ano passado tive várias experiências um tanto traumáticas, que desencadearam vários sentimentos que me abalavam muito, e dos quais tinha medo. Em dado momento, morando em outro estado, longe de tudo o que eu conhecia e tendo que lidar com diversas situações estressantes no âmbito profissional, eu decidi que eu não iria mais ter medo da minha própria mente.
Eu percebi que tinha medo da minha própria consciência não por identificar o medo de certas sensações, mas porque percebi que quando me deparava com algo que dizia “trazer mais conhecimento sobre a mente” ou qualquer tipo de aprofundamento nesse sentido - aqui, incluídas as meditações - eu evitava de imediato tal prática. Porque, pra mim, se eu me aprofundasse mais na minha mente ia encontrar várias coisas que desencadeariam em mim todas aquelas sensações desagradáveis das quais tentava me afastar incansavelmente.
Estando em situações extremamente atípicas das que eu conhecia, numa cidade grande e tendo passado tudo o que passei meses antes, me dei conta de que ter medo da minha mente era ter medo de tudo. Afinal, ela fazia parte de mim, e se eu tivesse medo de mim mesma, eu teria medo de tudo.
Nesse momento adquiri o hábito de fazer meditações guiadas todas as noites. Normalmente eram práticas pra dormir, e eu não me cobrava em termos de regularidade ou resultados. Até pouco tempo eu não tinha pensado sobre isso, mas a verdade é que essas meditações guiadas foram práticas que realizei durante um ano antes de conhecer o zazen. Antes das meditações guiadas - e até um tempo depois de realizá-las - as meditações silenciosas me pareciam muito distantes, quase impossíveis de se realizar. Hoje vejo essa visão em quase todas as pessoas pra quem comentei estar praticando zazen. “Eu nunca conseguiria”, “eu sou muito ansioso pra isso” e “não consigo ficar sem pensar” são frases que ouvi com muita frequência. E as compreendo bem, afinal sempre fui uma pessoa ansiosa também.
Mas, quando paramos pra refletir, não é totalmente bizarro nós, seres humanos conscientes que somos, acharmos uma coisa quase impossível se sentar em silêncio e presentes no momento em que vivemos? Percebe como isso deveria ser natural mas o meio em que vivemos e a rotina que construímos pra nós faz com que a calma seja algo tão fora da nossa realidade?
Nossos maiores medos estão associados ao desconhecido. Se conhecermos nossas mentes, é tão mais fácil discipliná-las e, portanto, parar de temer situações e emoções. Eu não quero ter medo de mim, eu não quero ter medo de nada, porque tudo aqui faz parte da nossa experiência como ser humano, numa vida finita e mutável que se estende diante de nós por menos tempo do que nós achamos.
E não ter medo e ter conhecimento de si mesmo e de tudo o que se estende diante de nós ao longo da vida não é fácil. Não é como se, à partir do momento em que você incluir meditação ou qualquer outro meio de autoconhecimento, o seu cérebro entenda que você está no comando e passe à obedecê-lo. É necessário treino e monitoramento constante e váaaaarios dias em que você quer largar tudo e só cair na ignorância, porque parece mais natural. E aí é meu dever me lembrar: eu quero controlar minha vida, meu corpo e minhas emoções ou ser controlada por eles?
Nada que vale a pena é fácil. Lute um pouco.
“Greater in battle than the man who would conquer a thousand-thousand men, is he who would conquer just one — himself. Better to conquer yourself than others. When you've trained yourself, living in constant self-control, neither a deva nor gandhabba, nor a Mara banded with Brahmas, could turn that triumph back into defeat.” Tradução: “Maior em batalha que o homem que seria capaz de conquista mil e mais mil homens, é aquele que seria capaz de controlar apenas um  — a si mesmo. É melhor conquistar a si mesmo que outros. Quando você se treinou vivendo em constante autocontrole, nem um deva* nem um gandhabba*, nem um Mara* unido à Brahmas*, poderiam tornar esse triunfo em uma derrota.” Notas: *Deva: ser não humano, que vive mais e de forma mais satisfatória que os seres humanos; *Gandhabbas: seres celestiais, devas de escalões mais baixos; *Mara: é o oposto de Buda, pode se assemelhar à figura de um demônio, representa a ilusão. É um mara que tenta dissuadir Buda do caminho da iluminação; *Brahmas: deuses.
F,
17 de agosto de 2020.
0 notes
procurandomeubuda · 5 years ago
Text
Dia XV: Primeiro Ciclo
Tumblr media
     • 8h:      Durante as práticas meditativas, uma das técnicas de concentração é pensar em nossa última respiração. Fazendo isso, percebo que nenhuma respiração é igual à outra e portanto, que cada momento é diferente, então: não aja como se fosse igual.
Outra coisa que vale a pena você lembrar: somos todos feitos da mesma coisa, então eu também faço parte das outras pessoas e outras pessoas fazem parte de mim. Algumas pessoas podem até representar alguns processos pelos quais passamos. Sabe esses princípios que você preza tanto? Você não os tinha antes. Eles foram desenvolvidos por uma série de experiências e pensamentos. Você tem certeza que sem essas experiências você os teria desenvolvido? Então tenha paciência com as pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades.
♦ Atravesse o deserto! Você precisa caminhar quando as coisas ficam monótonas e conturbadas, mas o ponto “final” vale a pena, porque vai te proporcionar autoconhecimento, e isso muda tudo.
    • 19h:      Minha psicóloga me perguntou se tinha algo mais que eu queria dizer à um daqueles que partiram. Eu respondi que não confiava em mim mesma pra responder essa pergunta - nunca fui boa com pontos finais. Hoje percebo que não queria falar: eu queria ouvir. Mas as pessoas nem sempre estão prontas pra falar e antes talvez eu não estivesse pronta pra ouvir.
Nós escolhemos ser torturados - ou não - pelas coisas que nos cercam e, em muitos momentos, precisamos reconhecer quando já não é hora de ser torturada. O sofrimento natural e inevitável alimenta o crescimento, mas o excesso limita a evolução. Olhe pra tudo o que você viveu com carinho, porque você viveu tudo isso por algum motivo.
Eu rezo por todos vocês, do meu jeito, sem as crenças tradicionais, e eu tenho fé que algum dia vocês serão livres das amarras (como eu tenho lutado pra ser). Não me arrependo do caminho pra chegar até aqui, porque eu sigo tentando, e hoje eu sei de coisas que eu não sabia ontem.
F,
22 de junho de 2020.
0 notes