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CIÚME
Não sei esconder quando sinto que as coisas saíram do meu controle, apesar de estar tudo no mesmo lugar. Eu penso e repenso sobre o caso, me forço a ouvir o lado racional que me coloca em uma posição sensata, que faz com que eu olhe perspectivas reais sobre o fato, mas, entretanto, o meu peito dói. Aperta feito um massacre de dentro pra fora e eu perco a noção do racional, tamanha a dor que é. Como um tiro bem no coração, que arde até a boca do estômago. Eu hesito, tento voltar ao raciocínio, mas a criação emocional já está lá, presa em meu cérebro, gritando por atenção como uma criança mimada que insiste em algo que nem sequer faz sentido. E sempre dói.
Quando eu vejo as fotos, as lembranças, as situações, eu me encho de emoções irracionais que não me permitem ser racional, não mais. Eu fico triste com o mínimo dos detalhes, e eu nem estava lá para poder sofrer de verdade. As palavras que hoje, eu sei, não fazem mais sentido para você, ainda ecoam no vento, proferidas de sentimento, e eu enlouqueço com aquilo que não existe mais, mas, um dia, existiu. E o tocou, sentiu, chorou, pensou, e, talvez, até mesmo escreveu, como hoje eu faço.
L.C.
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Insuficiência
Percorre, transborda e arde dentro do peito Sempre quase nada Sempre insuficiente Caminha, procurando um pretexto Um conceito, um motivo para Não desaparecer Continuar tentando ser Tentando aprender, crescer Mostrar tudo o que tem Dar tudo de si Mas mesmo assim Sempre reina
Insuficiência
L.C.
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Quase
Não sei o que sinto Quando sinto tanta Saudade de você De querer pertinho Deitar contigo e de Conchinha adormecer Quando nem sei Descrever o que Sinto bem no fundo Pelas minhas entranhas Enlouquecendo as Resquicias sanidades Quando não consigo Parar de tocar-te Absorver o teu cheiro E contigo transpor Poesia e calor De aperto em aperto E nem mais ligo De problemas causarem Tristezas não cabem Quando em ti penso No sorriso pontiagudo A tamanha saudade E da felicidade Que terei ao te ver Até o amanhecer Dizer que pra sempre Podemos viver
L.C.
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A palavra é meu domínio É nela que eu me encaixo É nela que me fascino A palavra é meu refúgio Dentre linhas triste emoções Entre versos cheios de afeições A palavra é meu ritmo Dos batimentos cardíacos Até o suspirar lírico E sobre o mundo, resta apenas A palavra. L.C
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Desta mente que tanto mente pra si mesma Não transcende, só acende o fogo Arde, em silêncio, profundo, dentro Eu penso, repenso e não entendo Por que tantos pensamentos me invadem
Mistura, mescla, bagunçada Transforma a palavra em arte falada Dentro desta mente inconformada Expele, grita, sem harmonia A arte em sintonia formada
Quando não cabe mais no peito Adentro, tantos sentimentos Transborda em lírica, incompreensiva Dançando, sozinha, ao relento Percebe que transcendo Em um novo ser contemplo, a mente Claramente, não tem objeção A sanidade entra em comunhão
L.C
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Rotina
Se mostrar forte e feliz como consequência de necessidade, rotineira, para que os dias não se tornem deprimidos, tornam a vida deprimida. E solitária. Solitária demais. Quando se chega neste estado, não há pra onde correr, desabamos em meio a uma risada, uma cerveja, uma tragada. Não dá pra fugir. As lágrimas escorrem dos olhos para mostrar que você não tem controle de si, mesmo quando achamos que temos e estamos a sorrir. Achamos que tudo está sob e total controle de nossa mente e que podemos nos guiar até o infinito que nos demos quando, de repente: não. E é neste momento que nos falha ser tão forte e feliz por consequência. Se você mesmo não sabe agir, como os outros saberão? Eles não saberão. Eles ficarão tristes com você e falarão sobre muitas coisas que você não quer ouvir ou coisas felizes que não te farão sorrir. Não adianta falar e falar e falar. Nós sabemos tudo sobre como melhorar e, inclusive, aconselhamos melhor que ninguém sobre perseverar. Precisamos de conforto, de abraço. Não de qualquer um, aquele apertado, que o cheiro faça a mente relaxar e se aconchegar ali, naquele mundinho que é só teu. Silencioso, quase imóvel. Escuro. Permanece até que os olhos sequem e você volte novamente a ser maduro, a necessidade, a felicidade constante e maquiada. Volte a dar risada, a cerveja, a tragada. Porque só de saber que aquele abraço estará lá quando precisar é o que vale a pena para manter-se erguido e continuar.
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Mulher
Eu?
Eu sou a desbravada, a odiada
Eu sou a pecadora, a bruxa exilada
Eu sou a que não se rende à sua definição
Eu sou aquela que ergo bem alto a minha mão
Eu sou a lenha na sua fogueira
Eu sou quem senta na ponta da mesa
Eu sou a cor do seu monocromático
Eu sou a solução do seu sistema problemático
Eu sou um tiro de fuzil na sua conduta fútil
Eu sou tudo o que você precisa nessa tua vida inútil
Eu sou preta, eu sou branca, da favela e sem moral
Eu sou a dama de honra da morte no dia do seu funeral
Eu sou a pureza fora desse teu olhar nojento, que olha pro meu corpo como objeto obsoleto
Eu sou o dedo que aponta na sua cara quando você se aproxima
Eu sou a voz aguda que não vai se calar e não vai mais ser vítima
Eu sou todas aquelas que você ainda vai chamar de gostosa
Eu sou sua vó, sua tia, sua mãe e até sua sogra
Eu sou a despreza quando você se cansa
Mas sou aquela que você sempre chama na hora da transa
Eu sou o completo prazer carnal, mais uma daquelas que vai aparecer morta amanhã no jornal
Eu sou o vão entre a sanidade e a imperfeição, a linha tênue que se rompe em oposição
E não vai ter aceitação, vão ser várias e várias que farão essa repetição
Eu sou a travesti, a trans, a desclassificada, a que todos julgam e chamam de putrificada
Porém, agora, multiplicada
Eu sou a razão que ecoa na mente empoderada
Eu sou muito mais do que você imaginava
Eu sou
Mulher.
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Era pura, pura obsessão. Sem retorno, tudo que fazia era em vão.
Na tênue linha, o caminho era seu destino, e a solidão, seu eterno cristalino.
Sua história, sua luta, seu vazio. O que lhe espera sempre tão sombrio.
Porém, nada resta dessa mente sã, esperando, ansiando, um novo amanhã.
Mas já não há esperança, não há nenhuma mudança, sequer lembrança.
Agora será frente fria, com direito a nevoa e tempestade. Ninguém atravessa, ninguém invade.
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Mês
Desatou-me Sem nenhuma oratória Propenso de ilusões De olhos marejados Fazendo da falta, um hábito
Silenciou-me Todas as emoções Cruas e desnudas Entristecidas em descaso Ignoradas em temor
Obrigou-me A não insistir no acaso Pedir adeus sem mágoas Cheios de lágrimas Mais nenhuma palavra
Mas vestiu-me De todo o afeto De toda a saudade De parte em parte E me deixou só
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Seja
Me leia inteira, de frente e verso, de ponta cabeça
Que caiba em ti todos os meus poemas
E que cada letra seja um pedaço da minha beleza
E que tu enxergues ela como única proeza
Pois só cabem a elas meus diversos
Modelos dispersos
E mesmo com toda a aspereza
Procuro a sensatez nesses versos
Imersos
Mais uma vez em sua intrínseca natureza
Delicadeza
Sem medo de súbitos reversos
Inversos
Para uma proeminente sutileza.
L.C.
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A E I O U
O sol na janela arde a retina
No breu do silencio que anuncia
Mais um dia
De minha própria autoria
Para levantar e fazer da sina
A mudança que quero em minha vida
Mas sem desculpas esfarrapadas prossegue
Ergue a cabeça e faz sua prece
Porque mais uma vez merece
Aplausos que lhe segue
De quem acompanha esse estresse
E não leva mais pra si
Os maus agouros de outros daqui
Nem mais um falso rubi
Que envenena feito sucuri
Para nem se falar mais guarani
Meia noite chega um sopro
Um ar gelado que gela o corpo
A volta cheia de escombro
Onde não há nenhum ombro
Para fazer um desaforo
E no teu quarto fica nu
Mostrando tudo que vem cru
Dançando feito um bambu
Mas naquela mente só tem tu
L.C
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Nathaniel Riggs
Nathaniel Riggs, prazer, eu sou imortal. Não que eu quisesse realmente ou soubesse desde nascença, tipo, um super poder irado. Para falar a verdade, eu descobri da pior forma possível: morrendo. E não pense que é tranquilo, não, dói pra cacete. Eu tinha dezessete anos, lembro exatamente da cena. Último ano do colegial, já que eu repeti uma vez. Encrenca pura. Eu sempre fui muito magro e pouco atlético, mas era bom de briga. Eu sou bom de briga, na verdade. Mas uma vez roubaram a carteira da minha irmã mais nova, sabe? A gente não pode deixar isso acontecer, senão perde a moral — e eu já não tinha muito, afinal. Fui atrás do cara e dei um murro na cara dele. Sangrou a beça e eu quebrei o mindinho, tava tranquilo. Até o dia seguinte. Mal sabia eu que o cara era um riquinho e ia pagar umas drogas com a grana porque o pai não ia dar. Mauricinho é foda. Ele ficou de caô, levou um bando e me bateu até... Porra, até eu parar de respirar. Ainda ouvi aqueles desgraçados choramingando "a gente matou ele?", todos preocupadinhos. Bando de filhos de uma puta. Bom, puta mesmo ficou a minha mãe. Eu não cheguei em casa, óbvio, porque eu tava morto, e ela colocou todo mundo pra correr. Eu tenho duas irmãs mais velhas e uma mais nova, a que foi assaltada. "Riggs, os cabeça de fogo", é assim que nos chamam. Elas me odiavam muito, mas até elas se preocuparam, foi bonito de ver. Tinha tanta polícia atrás de mim e em casa que fiquei com medo deles pegarem meu baseado na gaveta de cueca. Enfim, eles me encontraram no beco e foi uma choradeira. O velório deve ter sido um saco, eu fiquei desacordado umas boas horas e não me lembro de porra nenhuma, ainda bem. Só sei que acordei dentro do caixão, pouco antes deles fecharem e, bom, assustei geral. Minha mãe ficou tão assustada que achei que ela ia cair dura ali mesmo, cara. Emocionante porque até meu pai, um drogado desgraçado e vagabundo foi me ver morto e me socou de susto. Quase que morri de novo. Enfim, essa foi a primeira vez. Teve muito bafafá, precisei até me mudar de estado. Mas fiquei verdadeiramente indignado, mas que porra foi essa? Eu fui pro paraíso e voltei pro inferno, duas vezes pior. Então, numa bela noite, depois de uns cinco meses, eu saí com uma garota. Gostosa pra caralho. Namorei ela por uns dois meses e aí, quando finalmente achei que as coisas iam bem... A filha da puta terminou comigo. Eu nem insisti, sou um fodido mesmo. Ela não tinha motivos pra ficar. Aí cortei meus pulsos. Podia ter dado merda? Podia, claro que podia, mas no fim não deu não, só que os cortes doeram um bocado. Enfim, ela acha que eu morri de fato e nunca mais vi a garota. Tive que mudar de país. Eu morri várias vezes depois disso, de várias formas diferentes. As primeiras foram uns testes insanos, as outras foram sem querer, porque a recuperação e a "ressurreição" seja lá como posso chamar isso dói para um caralho. Dói demais, cara, sério. Parece que deus está arrancando uma tripa dentro de mim e brincando de pular corda. É foda. No final das contas, já fazem cinco anos que eu morro e vivo de novo. Eu deveria ter 21 agora, mas não mudei uma foda desde a primeira vez que morri aos dezessete. Minhas esperanças de algum dia ter barba já acabaram.
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Como não digo e não farejo A maior e decepcionante conduta Num piscar de olhos nos mostra Sua eterna essência imunda Com compaixão, nego a ousadia Que de forma vibrante recusa Recusa a tendência de uma analogia Nonde sequer pode andar durante o dia Mostro-te a forma mais desconcertante Que se nega a acreditar nas calunias Sem querer acertar bem no fronte Quais tu não me escondes a heresia Porem quebro-me envergonhar Me lambuzo na lama como porcos coitados Que não podem sequer chorar Antes de serem completamente decapitados Mulher, mulher, assim se que faz Seremos deusas da beleza Apenas na forma que satisfaz
L.C.
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Quando a mais bela luz se apagou Eu já sabia que não reconheceria Nem mais uma vez na vida Aquele que vivia em mim Teria a insanidade levado Deixado no desapego sem fim Sem remédio e sem pena Para que a dor prevalecesse no ser Até o resto do inspirar que coube à mim O livre arbítrio corroeu as entranhas Que ainda pouco pulsava Num último gole de vida Daquelas curtas frases ditas Não traduzidas Que se foram sem mim E tudo que era de bom em mim Até o mais simples detalhe Você levou quando ao partir E eu mal pude despedir-me Dos meus poucos eus Que nos levou ao eterno fim
L.C.
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A ferida arde sobre a iluminação; as gotículas do orvalho salpicam a feição, gela o sorriso ladino que não teme em esconder sua travessia na escuridão. Nada lhe servira, a peça do tabuleiro queimada em combustão. De dentro para fora, em ascensão. A trêmula mão cobre o olho, apertado, medroso, imaculado. Grita entre a perdição. Mostra-lhe a fineza da dama em sua intenção. Ou não. Quem sabe fosse apenas incompreensão. Que quase não sobra tesão.
L.C.
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Venha cá, venha de longe ou de perto De onde possam a ti escutar Um uivo do fundo da garganta escapando Espalhando a vontade de se entregar Não entregar a si mesmo, a mente Mas mentir para não fraquejar Caminhar, caminharemos juntos Em direção a mais um amanhã Com qualquer dialeto que seja Desde que a mente permaneça sã Para jamais deixar de caminhar Em busca de uma nova cidadã Posso ouvir de longe o sussurrar Das pobres almas caladas a emanar Uma dor intensa que placebo nenhum Há de amenizar Pulo a cerca da sua estadia E me jogo debaixo das mesas Prepare-se para a guerra Onde as damas não saem ilesas Cabeça erguida, bandeira na mão Não deixe entrarem na escuridão Jogue as bombas e deixe anular As premissas de sua criação Suba na mesa e delicia-te inteira Da mais saborosa sobremesa Não tema e cuspa na mesa Que dama nenhuma guarde destreza Prepare-te que chegou a hora Não tem mais como escapar Cada canto uma revolta que morre Quanto mais temos de esperar? Atiro pela frente e não perco a missão Não volto sem sangue escorrendo em minhas mãos
L.C.
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Em meio a vertigens você me aparece, desconcentrando-me por inteiro. E ouço tua voz, num delicado dialeto infame, fazendo tudo parecer extremamente disforme ao real. Minha mente se perde lúcida em meio aos teus lábios profanos, deixando-se levar sem regras, sem inibições. Cada toque sutil, dando inspiração a lira completamente insana.
L.C.
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