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quando inês escreveu que também gostaria de esconder punhais por baixo de um corpo manso e quando sally mao falou sobre flertar com querosene meio que significou voz, na minha cabeça, a voz ou a palavra e todas as coisas aterrorizantes que qualquer uma das duas é capaz de fazer
porque, sabe, eu sou suave
mesmo quando minha escrita não é, mesmo quando meus pensamentos não são, mesmo quando as vozes na minha cabeça não conseguem ser
pro mundo, pros outros
eu sou apenas macia, nada incendiária
(acho que minha mãe discordaria, mas, não sei se você vai entender, eu sou todos os meus defeitos com ela, todos, porque eu sei que o tipo de amor que ela sente não é capaz de se importar com isso)
mas, num geral, o corpo manso. quase todas as vezes, quase pra todo mundo
então eu escrevo: uma mensagem, um e-mail, um texto numa caixinha preta num aplicativo
e crio garras e me finco nos outros
e fico pensando então se elas são reais
se eu sou
mas ninguém é, ninguém
um dia o tom que algumas verdades (e algumas mentiras) foram proferidas destruiram (e definiram) o resto da minha vida
e, num outro dia, consumir as palavras de uma pessoa desconhecida escondida numa parte aleatória do mundo foi capaz de me salvar
então são elas mesmo que rasgam, inflamam, purificam ou resgatam
a voz e a palavra
me tornei pior e melhor por causa delas
sou capaz de guardar nelas tudo que eu tenho de ruim
pra ser o que resta de bom quando todas as coisas reais
não são
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"How do you write such realistic dialogue-" I TALK TO MYSELF. I TALK TO MYSELF AND I PRETEND I AM THE ONE SAYING THE LINE. LIKE SANITY IS SLOWLY SLIPPING FROM BETWEEN MY FINGERS WITH EVERY MEASLY WORD THEY TYPE OUT. THAT IS HOW.
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gosto de desejar feliz ano novo quando alguém que eu amo faz aniversário porque todo mundo tem seu próprio réveillon, seus encerramentos e promessas
e porque talvez eles precisem de uma espécie de esperança mais leve, aquela que vem com a sensação de que temos muito tempo ainda
não sei se isso faz sentido fora da minha cabeça
mas a cada aniversário, a cada novo ciclo, espero axé e toda a energia dos rituais
você já deve ter me ouvido dizer que amar é uma espécie de crença
então, a cada fim,
gosto de pedir que tenham fé nos inícios, pra que possam amar, sem medo, pela primeira vez.
de novo de novo e de novo
como folhas no calendário
como uma oração
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Czeslaw Milosz, New and Collected Poems: 1931-2001
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a vida se desfaz, e se constrói novamente. a alma reluz, mas a maios parte do tempo é opaca. sinto vergonha em falar na primeira pessoa, sinto vergonha de falar. e sinto vergonha de ser eu mesma. já dá para perceber pelo tom da conversa (comigo mesma) de que hoje é domingo, e o sol já se pôs. início da semana sempre passa pela minha cabeça: eu preciso ser uma pessoa melhor. a semana acaba e percebo que não fui. tanto é que, no meio de tantos desastres e tragédias acontecendo ao redor do mundo, eu estou aqui, sozinha, pensando no singular da primeira pessoa. penso que não sou capaz de falar na primeira pessoa do plural. não me faço presente em nós. e por falar nisso, via há pouco algumas fotos de anos atrás: o passado é reconfortante. quando as fotos acabam surge uma certa angústia. o que fiz de errado agora? daqui uns dois dias descubro.
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1. você sabe que eu não te esqueci, não sabe? mas isso não quer dizer que eu sinto sua falta. eu não sinto. lembro porque foi grande. e, hoje em dia, não costumo dizer que foi amor. chamamos de obsessão. eu, minha terapeuta, meus amigos. cê foi uma espécie de vício. destrutivo, como a maioria deles.
2. ter gostado das mentiras que você contou me fez duvidar da minha capacidade de dizer a verdade. sei que você não me lê, por isso não me dói dizer as coisas de forma tão dura. você foi um grande mentiroso, mas o espetáculo da sua vida me distraía da minha, não? não posso dizer que sei quão dura foi a sua. não era como se eu merecesse a sua verdade, não é? nem no fim. nem no fim você foi capaz. talvez eu precisasse da sua crueldade, sabia? mas tu se manteve no personagem... eu que cansei de sustentar o meu.
3. chorei tanto e por tantas noites. te amaldiçoei. mas pragas só pegam em quem merece, minha mãe sempre diz. às vezes me pergunto: será que elas te pegaram? já desejei que sim.
4. já faz um tempo que deixei de ouvir as músicas que a gente ouvia. não porque me doem. e sim porque percebi: elas eram você, não eu. eu as ouvia por sua causa, não por minha. "eu só queria ser o tipo de garota que eu sei que você gosta". que ideia. você só gostava de uma única garota. eu não era nada como ela.
5. a minha cor favorita é verde. descobri isso em 2019. o ano em que completei um ano sem você. pode não parecer nada, mas acho que mentia uma versão minha. estávamos tão distantes assim? também menti, também me inventei pra você. por "amor". mas não acredito que isso me isente. te perdoei, não deixei de te considerar um perigo. a única coisa que eu podia fazer, naquela época, era me proteger até da ideia de você. radical, não? você foi doloroso a esse ponto.
6. quando voltei brevemente pro jorge, contei da gente. ele quase riu. disse que eu era grande demais pra essas coisas. eu era. mas também era pequena demais e cheia de medos, o que também foi culpa dele. lembro de o olhar nos olhos e dizer: se você não tivesse me ferido, talvez eu não tivesse adoecido a ponto de dizer que ele foi bom pra mim. ah, como eu soei mesquinha e má e fraca. era a grande diferença entre vocês. ele amava meu egoísmo. eu tive que abrir mão dele pra não te perder. a ironia: nunca tive. nem por um momento. nunca. que vergonha.
7. sei que vão chamar de ressentimento, amargura, raiva. sei que vão dizer que sou mal amada e que não te supero. ah, eu aceito. aceito todas as palavras e julgamentos. sabe, eu não tenho os mesmos medos. não tenho medo de ser uma pessoa com faces, metades, defeitos. eles ainda me preservam pura, não tanto intacta. nosso relacionamento que sequer foi de fato um relacionamento me deixou marcas. e não aquelas bonitas.
8. mas, olha, por sua causa escrevi textos de amor. talvez os melhores da minha vida. não que eu tenha que te agradecer, afinal, eu os escrevi. só acho que devo reconhecer. por causa da dor que cê me causou eu encontrei pessoas que foram capazes de cuidar. uma troca justa, não acha? tudo que falei de você me levou pra longe. é engraçado. é engraçado como minhas palavras que imploravam por presença no fim me salvaram e impediram nossa proximidade. foi escrevendo sobre nós que entendi que nunca fomos plural. foi falar de amor pra perceber que não existiu nenhuma versão em que tu me amou. foi daí que comecei a agradecer por ser uma escritora. foi nessa de te esquecer que encontrei fé.
9. meus orixás me contaram nos búzios que uma parte do seu pensamento em mim me atrapalhava. sorri. não porque queria que pensasse em mim, mas gostava da ideia de um castigo. afinal, até deuses são assim impiedosos.
10. hoje, 6 anos depois, me dei conta de uma coisa: adoro a ideia de te odiar, por isso não te esqueço. adoro o drama, as reviravoltas, a graça que é contar nosso fracasso. hahaha. adoro nos chamar de tragédia. é divertido, é puro entretenimento. as pessoas me olham com aquele jeitinho de "meu deus menina que dedo podre" e eu rio. foi assim que encaixei essa coisa da memória. meus erros me fazem quem eu sou. então lembrar de você é lembrar da minha versão boba e magoada e vulnerável e entregue. é a linha do tempo. é como traçar a trajetória de um glow up psicológico. eu nunca me apaixonaria por você de novo. e isso é bom, sabe? saber disso é muito bom. quer dizer que não importa quem você foi, se te contei pior do que era ou do que é. não ligo, de verdade, não ligo.
sua realidade é desimportante assim.
justo, não é?
acho que a balança da justiça finalmente se equilibrou pra mim.
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Dou voltas, me repito, mas se entendi bem quem sou, se resumi a isso:
amor e melancolia
e claro, uma vontade louca de transcender a carne para alcançar meu verdadeiro ser
amo, amo demais e é a isso que me agarro para permanecer em um mundo que parece não me caber e nada me dizer
e a você amor:
amo você, desculpa se repito palavras, mas você é a coisa mais linda que já toquei
ainda me repetirei muito até conseguir encontrar uma palavra que atravesse o silêncio e expresse a perfeição que carrego no peito por você.
Te amo, por agora é tudo que posso dizer.
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Detesto me sentir sozinha quando estou acompanhada
o oposto também me incomoda
porque um destrói o valor do outro
e no fim sinto que nunca devo perder de vista uma máxima:
nessa vida só temos a nós mesmos
não importa o quanto eu ame a companhia, em minhas profundezas não encontro ninguém além de mim.
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to the losers, with love
Todo fim de ano bate uma depressão particular que advém da contemplação da minha mísera vidinha e da clara constatação da minha incapacidade de existir, se sobrevivo é por bem pouco e uma boa dose de teimosia.
Para os que fizeram muito e alcançaram seus objetivos esse ano, apesar de toda dificuldade, orgulho de vocês!
Mas mais orgulho ainda daqueles que só quebraram a cara e ainda estão aqui, por que é fácil seguir quando as coisas vão bem, difícil é aguentar mais um ano quando a vida da gente não para de desmoronar a nosso redor e só conseguimos sentir impotência, quando a gente até tenta, mas sempre há aquela sensação de que nossa hora ainda não chegou e o pensamento que assombra é sempre a dúvida de se realmente teremos um tempo onde respirar será fácil, onde a sobrevivência não esmagará nossos corações e sonhos, para vocês que sentem como se fossem fracassados, carregando o peso de todos os "nãos" aos longo desse ano, tenho orgulho de vocês pelo simples fato de sentir na pele o que sentem, sempre foram uma inspiração para mim aqueles que sofrem muito e ainda assim, com o custo de toda dor, seguem, sobrevivem, prevalecem, iluminam, amam, torna-se mais fortes e mais brilhantes apesar de toda escuridão sufocando.
Pode não ter sido o ano que queríamos, mas ainda temos dias e momentos pela frente, eu acredito, e talvez nem todos sejam ruins, talvez muito em breve voaremos livres para longe de toda dor, não é essa a esperança que nos faz continuar?
então, é a que mantenho, espero que se se agarrem a ela também e sempre que parecer muito pesado e ruim, lembrem que nunca estamos completamente sozinhos.
Há muitos de nós por aí, perdidos, sonhando, se agarrando ao coração.
- with love, just another loser
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simplesmente não é justo esse cansaço, essa tristeza de habitar a própria pele.
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Eu estava tentando descobrir o que aconteceu nos últimos 5 anos. Quais laços eu formei; quais filmes me marcaram; quais bandas eu conheci; de que forma eu me construí, em qual sentido eu me aprofundei? tenho sido inerte há tanto tempo? logo vem mais um ano, e espero mesmo não ser exatamente a mesma que já fui, não quero perseguir o passado nem habitar em expectativas
O que aconteceu nos últimos cinco anos? Quais laços foram formados? Quais blocos econômicos se constituíram e quais foram enfraquecidos? De que forma o cinema se globalizou? Quantos diretores/filmes não-norte-americanos foram amplamente reconhecidos? Quais bandas se separaram? E quantos artistas originais ganharam espaço nas mídias? O país avançou em relação ao combate à fome e em relação ao alcance e à qualidade da educação? e quanto ao desenvolvimento das questões sociais e da valorização da cultura nacional? E em qual área foi verificado retrocesso?
Independente da minha órbita, o mundo está acontecendo. mais depressa, mais intenso e mais real.
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no século XXI é necessário ser uma mulher forte, independente, bem-sucedida, inteligente e, acima de tudo, autossuficiente. tenho medo dessa idealização, não quero ser sozinha no mundo. me dói pensar o quanto adquirir essas qualidades significa, aos poucos, abrir mão da sua vida. sinto que o amor me é impossível. que sou forte demais: geniosa demais. que não consigo me encaixar em ninguém.
e eu quero isso.
abriria mão da minha autossuficiência para conseguir ao menos dividir o fardo com alguém. mas, não dá. nunca dá. eles abrem não de mim no meio do caminho. no começo dele. sinto que, apesar de ser uma mulher inteiramente centrada no meu século, o que há na minha trajetória é a ausência. a falta.
preciso externalizar que: dói
não ter um amor pra partilhar a vida, dói.
e dói saber que, apesar de tudo, não valho a pena.
[iraque]
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Primeiro é necessário falar sobre a ditadura.
Há um código pré-estabelecido sobre como devemos agir, o que devemos vestir e com quem devemos nos parecer. Esses códigos, para mim, sempre são muito difíceis, porque nunca consigo me encaixar inteiramente em um grupo. Mas, é engraçado. Porque sei de mim e da minha consciência, sei do meu pensamento e como blindá-lo, mas quando tirei as tranças e meu cabelo não cacheou, me bateu um desespero. Uma vontade urgente de gritar. Mesmo eu falando que cabelo é bonito do jeito que ele é. Que a ditadura dos cachos é pior que a do liso, porque nos sufoca de uma maneira mais cruel. E aí meu principal agradecimento vai à minha irmã, que porque ama muito seu cabelo duro e sem cachos, fez com que eu visse a estupidez do meu pensamento e estivesse pronta pra amar meu cabelo do jeito que ele aparentava que seria. E ficou tudo bem.
Também é necessário falar sobre estereótipos.
Porque sempre me mandaram alisar o cabelo e eu resisti firmemente por 17 anos. Cedi. Mas aí, aos 20, me veio uma dúvida: será que alisei meu cabelo porque não gostava dele ou porque quis? Me veio a necessidade da descoberta. E fui, passei por um processo duro e dificílimo, pra chegar aqui e saber que 50% do motivo foi a opressão. Porque ele era muito armado, muito cacheado, muito indomável, e eu não sabia lidar com essa personalidade toda. Os outros 50% foram porque eu quis. Única e exclusivamente porque quis. Porque, meu deus, eu amava meu cabelo liso, lindo, brilhoso e hidratado, e também porque sou muito maleável e disse: ok, chega, vamos mudar.
E aí o principal processo foi o de conexão: li a história da minha gente escrita pela minha gente. Ouvi músicas do meu povo feito pra gente. O que me identifica é a minha boca? Minha gente é perseguida pelo tamanho do nariz? Sou marginalizada por conta da minha pele? Pois então, agora serei a excluída com o pacote completo: ninguém põe a mão em mim. Ninguém me cala e ninguém amansa meu cabelo. Nunca mais ninguém vai abrir a boca para tentar me fazer escondê-lo.
Fogo.
Por último, é preciso falar sobre a liberdade.
O processo de transição é horrível e não recomendo. Faz com que você esteja imersa em você mesma, num quarto com chão branco e paredes brancas, sem portas e sem janela. Faz você reconhecer as falhas e exaltar os sucessos. Aí, entendi tudo: meu nome é forte e incontrolável e eu odeio quando me gritam porque parece um trovão saindo da boca de alguém.
Mas eu também não sou assim?
E meu cabelo. Meu deus, o meu cabelo. Em alguns dias ele acorda triste. Em outros, revolucionário e com vontade de mudar o mundo. Às vezes ele está retraído e não quer conversa nem comigo mesma. E depois ele é feliz, contente, simpático e atraente. De qualquer maneira, ele nunca me obedece. Esse processo de transição me fez entender que meu cabelo também é igualzinho à mim, tão indomável quanto. E eu não conseguia lidar com ele assim como não conseguia lidar comigo - e às vezes ainda não consigo. Mas as coisas foram se acertando e entrando nos eixos, fui ficando mais velha, mais sábia, mais experiente, até poder dizer que toda baixa autoestima serviu para que eu me libertasse de mim mesma.
Eu, que sempre fui meu maior obstáculo pra tudo.
Minhas metas, que sempre foram muito altas e muito inalcançáveis para qualquer ser humano normal e com o mínimo de vida social.
Porque, ao conseguir me libertar de mim mesma, vi que posso estar com cabelo crespo, liso, me chamar Paula ou Joana: nada me tira de mim. Nada me apaga. Porque minha mãe pariu, graças a deus, um trovão.
Escrevi isso aqui ao som de Lemonade, porque minha revolução interna é muito mais intensa do que aquela que sou capaz de fazer no mundo.
É isso. Sejam fiéis a vocês mesmas.
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prédios que se parecem com outros prédios. sonhei que sua casa era colada na minha. tive outros sonhos também, mas não quero contar. teve esse dia que deitei na grama do parque onde fica o museu carmen miranda e olhei o céu. meu cachorro encostou a cabeça no meu peito e imaginei que ainda que o mundo fosse injusto, o amor não deveria ser. te liguei, pedi desculpas (ainda que não tenha sido eu que errei). a nossa música era esotérico do gil e acho mesmo que mistérios surgem por aí. só que eu odeio segredos. eu odeio imaginar que você se preserva de mim. eu odeio essa sensação de que tô andando num beco escuro do coração de alguém. não a toa não me faltam metáforas com avenidas gigantes: toda vez que sinto algo por alguém, eu sinto como quem corre maratonas. e não existem ruelas em maratonas. é tudo aberto e muito claro. eu gosto assim. e eu não tô dizendo que o amor não dobra ou não possui esquinas esquisitas. eu realmente acho que o amor em si é como um rio que alimenta outros rios: cheio de desvios. mas rios e ribeirões também estão diante de céu aberto e luz. talvez seja isso. eu não gosto de mistérios porque eles não são luminosos o suficiente. e eu gosto de você porque você é.
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