Tumgik
renomassokenoci · 9 years
Text
"Eu senti sua falta sim. Nos primeiros dias, nas primeiras semanas, até no primeiro mês. Ainda sinto, não nego. Sinto de quando éramos nós, eu e você, você e eu. Você simplesmente partiu e junto levou tudo que havia de bom em mim, porque querendo ou não, eu era melhor com você. Era melhor por você. Que engraçado. Achava que era a melhor pra você. "Quem quer corre atrás." mas só uma parte querer, não dá, certo? Não corro, não vou, não quero. Até quero. Quero o antes, quero o início, quero como começou. Não quero notícias suas, aliás, já sei o suficiente. Suficiente pra saber que todos estavam certos: você não vale o chão que pisa. Ainda dói pensar em você, dói saber que você não é nada do que eu imaginava, e lógico que também não sou o que você esperava, sou melhor. Ainda vou lembrar da sua voz de sono, da sua voz ao acordar, do seu "me beija, amor", e com tudo isso, vou lembrar o quanto você me enoja. So, hey, wow, fuck you." — Boa demais pra você.
#LM
0 notes
renomassokenoci · 9 years
Text
— Eu gosto da minha barba. — Eu também. — Da sua barba? — ele riu baixo. — Sim, eu amo a minha a barba. — ela riu, como nunca rira antes.
#LM
0 notes
renomassokenoci · 9 years
Text
Ela bebe, fuma, passa a noite toda fora, chega em casa depois da 7h da manhã, dorme por algumas horas, acorda e sai de novo. Bebe mais, fuma mais, dança mais, beija mais, trepa mais, tudo é mais. Ela já amou demais, se entregou demais, se doou demais, deu amor demais, falou demais, falou sempre de mais e mais. Ela já sofreu demais, já chorou demais, já se machucou demais, já se sentiu de menos, recebeu amor de menos. Ela é demais. Demais pra eles. De menos pra ele. Ela fuma, bebe, trepa, chora, bebe, fuma outro cigarro, trepa mais, bebe mais. Ela chora mais e mais, demais. Ela bebe pra não lembrar, fuma pra esquecer, passa a noite fora pra não querer, dorme depois das 7h pra não ligar, dorme bêbada pra não sonhar, dança pra liberar, beija na boca para a dele ela não desejar, trepa pro corpo dele o dela não implorar. Pra todos, ela é demais. Pra ele, ela é de menos.
#LM
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Text
Estou escrevendo esta carta para dizer que nunca te encontrei. Eu nunca estive onde você estava, onde você esteve. Minha margem era sempre o fundo do rio. Você insistia em voar de asa delta. Ontem sentei novamente na ponta daquele quebra-mar. Lembrei das tantas vezes em que tudo era sobre você. Lembra do universo que era meu corpo? Está implodindo, toda aquela escuridão de beleza, de prazer, de intimidade, está indo embora. Meu corpo (e isso é algo que me deixa triste) está voltando a ter a cor de sempre. Mas essa, essa cor não fica para sempre e você também não vai ficar. Estou escrevendo esta carta porque o tempo é inevitável. Esta carta foi feita para ser perdida dentro de um livro esquecido na estante, para ser roída pela traça mais gordinha que a sua biblioteca tiver, para ser encontrada por escanfandristas (Ah! Chico Buarque...) quando o dilúvio vier e o sertão virar mar. Esta é uma carta feita para ser desfeita. Ontem foi ontem novamente e eu lembrei de você pela penúltima vez. A última ainda está por vir, e não é essa. Ontem foi ontem, mas a minha sede, que você imbecilmente ignora, é de apenas um hoje feliz. É de um carinho que retorne para mim como o protetor solar espalhado nas suas costas. Eu também quero me proteger do sol. Quero que me protejam. Estou escrevendo esta carta porque não paguei o telefone, esqueci dos prazos esperando que as nuvens refizessem a imagem do seu rosto. Estou escrevendo esta carta porque você não atende o telefone. Estou escrevendo esta carta molhado da chuva que tomei no orelhão. Ontem ficará para trás, mas enquanto isso eu deixo esse dia ecoar no meu albúm de fotos imaginário. Irá diminuir, diminuir, passará de poster de 3 folhas, frente e verso, para uma fotografia 3x4 no canto inferior esquerdo da página ímpar. Vai ser preciso separar com cuidado as folhas para não arrancar seu rosto dali. Enquanto isso, ocupe o espaço que quiser. Estou escrevendo esta carta porque você não quer. Estou escrevendo esta carta porque não sei onde você está. Escrevi esta carta, mas não sei como entregar. Carinho, sua eterna melancolista.
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Text
O que faço com essa necessidade que sinto por você? Como deixar isso de lado por pelo menos alguns segundos? Será que dormir seria a fórmula perfeita pra te esquecer? Não. Passo a maior parte de meu tempo dormindo, e até em sonhos você aparece; sempre com esse sorriso lindo, me fazendo desviar toda minha atenção pra ti. Por que será que dói tanto se sentir ignorado por você? Parece que estão enfiando agulhas por todo meu corpo, e que meus olhos ficam suados, resolvem escorrer essas águas que eu não gostaria que fossem lágrimas. Sabe, de todos os milhões de textos que já escrevi e apaguei, esse, sem sombra de dúvidas é o pior. A tristeza queima meus olhos, meu rosto, minha pele. Eu não preciso de mais nada, a não ser você, aqui, comigo. Vá se ferrar! Saia do meu pensamento um pouquinho, eu lhe imploro. Deixe-me dormir, pois é isso que eu quero. Deixe-me em paz por segundos, eu juro que será o suficiente. Me mande uma droga de uma mensagem e me faça feliz, eu imploro. Preste atenção nas coisas que digo. Não me ouça, só falo coisas inúteis, nem eu mesmo sei do que falo. Faça meus olhos pararem de suar, quero poder enxergar o que estou escrevendo, e não errar toda hora. Novamente, peço que sei lá, pelo menos me ligue e desligue, só pra eu sorrir um pouquinho e toda essa melancolia de domingo passar. Espero que durma fora e não pense em mim, que só me procure amanhã cedo. Só me procure. É apenas o que eu quero, mas, quero que faça o que quer fazer, não o que quero que faça.
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Text
Que melancolia. Que dor. Que tristeza. Sinto meu coração tão apertado, que nem consegue bater direito. Por que é tão ruim sentir saudade de um abraço nunca dado? Por quê?! Que dor é essa no peito? Saudade do gosto da tua boca, boca a qual eu nunca provei. Por quê?! Que malditas lágrimas são essas, morrendo em meus lábios? Saudade de algo que não acabou, e, não vai acabar. Bem, essa não tem um "por quê?!". Ora, que inveja do teu travesseiro, pois é nele que tu repousa a cabeça todas as noites, e não na minha coxa enquanto te faço um cafuné. Inveja da tua cama, pois é nela que tu deita teu corpo cansado, e não por cima do meu enquanto a gente se beija com amor. Inveja horrorosa do teu lençol, pois é com ele que tu cobre teu corpo pra não sentir frio, e não com o meu corpo. Céus, e que inveja das tuas camisas. Cretinas! Elas podem te abraçar o tempo todo, e teu cheiro ficar grudado nelas, ao invés de ficar grudado em mim, no meu corpo. Inveja dos teus amigos, pois eles podem te tocar a qualquer momento, enquanto eu, não posso nem ao menos vê-lo. Que dor, que dor. Ah, se você soubesse como meus olhos choram agora, sem você aqui, ao meu lado. Ah, se passasse pela tua cabeça a imensidão do meu amor por você. Ah, se não estivéssemos tão longe.
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Text
Mas o que acontece comigo, que só de pensar em você, ou, ouvir teu nome na rua, que eu abro um sorriso que qualquer um vê, mesmo que eu esteja de costas?
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Text
"Sério, não entendo. Sabe quando você simplesmente não entende? Sei que as coisas são assim, num dia estão bem e no outro já engatinham novamente. Mas nem sempre compreendo. A gente se dá, tenta deixar as coisas em ordem. A gente se esforça, deixa as próprias vontades de lado pra ver outra pessoa feliz, ainda que por poucos segundos. E recebe de volta o quê? Uma palavra mais áspera e um não entendimento. Desculpe, não entendo. Como posso me dar tanto?, me pergunto. Como posso engolir fundo certas coisas?, me questiono. Não sei, só sei que não dá pra ser de outro jeito. Se for, acredite, vou me trair, vai dar errado, não vai vingar, não vou ser eu. E isso eu prezo muito: ser eu. Nem sempre é bom, às vezes é bem dolorido, lateja, sangra. Mas me aceite. Posso ser tudo, menos mentirosa. Posso fazer tudo, mas procuro tratar todo mundo bem. Posso até ter um certo ciúme do passado, mas não sou maluca. Entendo que o que foi, foi (ainda que fantasmas apareçam volta e meia assombrando minhas noites). Se a minha cara não estava legal, desculpe, mas eu não estava legal. É bem simples. E você entendeu? Me diz, entendeu? Com toda aquela praticidade, disse ah, era só tomar um ar. Não, não era. Eu estava me sentindo mal de dentro pra fora, de fora pra dentro, nenhum ar resolveria, só a distância de fumaça, calor, barulho. Além do mais, vou ficar menstruada – e isso conta muito. Meu humor fica abalado, meus peitos ficam doloridos, sinto enxaqueca e minha pressão despenca do décimo andar. Acho que se fosse em um dia normal eu nem teria chorado. Mas chorei, tá ouvindo? Hoje eu chorei e pensei: não acredito nisso. Tá ouvindo? Eu chorei, fiquei magoada. Eu sou sensível, ouviu? E, confesso, nem sempre sou fácil de ler. Mas quem é? Tudo bem, falo de mim, deixa os outros. Não gosto de me sentir assim, acusada, acuada. Nunca apontei o dedo julgando uma cara sua – e eu já tive chance de fazer isso. Procuro respeitar e entender. Por isso, talvez eu queira ser um pouco entendida – e n��o julgada. E se eu brinco, ai, desculpa, minhas brincadeiras não fizeram Curso de Boas Maneiras. Elas atravessam no sinal vermelho, usam saia indecente e mascam chiclete de boca aberta. Não se sinta magoado por isso. Vou tentar melhorar, eu prometo. Nem pedi atenção, só entendimento. Nem queria mimo, só justiça. Nunca gostei de palavras mal ditas."
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Photo
Tumblr media
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Text
Ao mesmo tempo que me salva, me destrói.
0 notes
renomassokenoci · 10 years
Text
A troco de que você diz "eu te amo", quando na verdade, ama sua ex?! Pra que merda você me chama de "amor", sendo que não sente nada?! O que eu fiz pra você? De ruim? Nada, né? Eu apenas te dei amor, todo amor que eu pude e não pude. Quebrei barreiras, destruí muros, larguei meu orgulho... mas, o que você fez? Demoliu meu coração. Parabéns, você conseguiu tudo, absolutamente TUDO o que eu temia. Se eu estou chorando? No momento, não. Só que eu tenho certeza, a mais pura e sincera, que assim que eu deitar, vou chorar. A cada palavra escrita, meu coração dói, meus olhos queimam, minha garganta aperta. Desculpa ser essa pessoa, me perdoa mesmo. Eu não tenho culpa de ser assim, entende? Me perdoa não ter sido o suficiente, não ter dado o amor que tu mereceu, não ser a namorada perfeita...
0 notes
renomassokenoci · 11 years
Text
Se naquela primeira semana de aula eu não tivesse entrado no fake pra "esquecer a vida", você jamais teria aparecido. Se nesse dia eu não tivesse sido grossa com você, eu não saberia o amor de pessoa que você é. Se eu resolvesse não ligar a webcam pra você, não teria visto o sorriso lindo que você tem. Se eu não salvasse o seu número na minha primeira divisória do fichário, não teria sido zoada no dia seguinte na escola. Se eu não enrolasse tanto assim pra mandar SMS, teríamos muito papo pra conversar. Se eu não tivesse falado com a vadia (desculpa) da sua namorada na época, eu teria sido mais próxima de ti. Se naquelas noites entediantes eu tivesse deixado o orgulho de lado e mandado um simples "Psiu" por SMS, teríamos nos reaproximado. Se naquela bendita segunda não tivesse sentado um neguinho favelado do meu lado, eu não teria sido assaltada, e se eu não fosse assaltada, não trocaria de celular. Se eu não tivesse trocado o número e o celular, não teria baixado o WhatsApp. Se naquele início de julho eu não tivesse ido na Tim recuperar meu número, jamais teria acontecido o que aconteceu. Se naquela noite do dia 20 de julho eu não tivesse excluído o WhatsApp, e ido dormir com raiva pois não consegui baixar de novo, não teria sido assim. Se nesse mesmo dia, eu não tivesse passado meu número pro Ob, seria algo estranho e apavorante. Se naquele fim de tarde de domingo você não tivesse me mandado um "Oi", eu jamais falaria com você. Se eu não lembrasse dos nossos assuntos anteriores, continuaria pensando que você era o Ob. Se naquela madrugada eu não te contasse as coisas escrotas que eu já fiz, e não aceitasse ser sua "escrava sexual", não teria passado tanto tempo pensando em você. Se no dia 23, pleno aniversário do meu primo, eu não tivesse ficado chateada com você, ou, triste, sei lá, eu não ia querer me afastar. Se eu tivesse acreditado em tudo o que você me dizia sobre gostar de mim e nunca querer me magoar, eu teria esquecido como é gostar de alguém de verdade. Se em todas as vezes que você me ligou eu tivesse atendido, não teria aquela magia, aquele frio na barriga, aquela sensação de alegria ao ouvir sua voz pela primeira vez numa sexta-feira, às 10h35 da manhã. Se eu não fosse orgulhosa, teria mandado um "Saudade" no WhatsApp, no sábado de tarde. E, se naquele último domingo de férias eu não tivesse ido pra casa da Júlia, não admitiria pra ninguém que eu estava perdidamente apaixonada por você. Pensar que nos conhecemos em fevereiro, paramos de nos falar em maio, voltamos a conversar em julho e em questão de 1 semana começamos a namorar, eu digo com a maior certeza do mundo: o destino conspirou a nosso favor.
#LM
0 notes
renomassokenoci · 11 years
Text
Vamos, eu e você, viver loucuras e mais loucuras, juntos? Vamos fugir pra bem longe, levar apenas uma barraca e travesseiros, e para não sentirmos frio, podemos passar a noite bem agarrados, fazendo nossos corpos apenas um. Vamos deitar na grama e olhar as estrelas, a lua, ouvir o barulho do vento, e depois, fazer amor ali mesmo. Vamos ver um filme pornográfico bem idiota, pra depois tentarmos fazer a mesma coisa e dar gargalhada disso tudo. Vamos sentar juntos e fumar um baseado bem grande, dos bons, daqueles que esquecemos até o nosso nome. Vamos passar uma (ou várias) noite inteirinha, até o dia amanhecer, fodendo feito loucos, sem parar para nada; Vamos cantar músicas bregas e rir, rir tanto, que ficaremos com dor na barriga. Vamos nos amar, viver do nosso amor, ser felizes, sermos eu e você, e talvez, uma TV.
#LM
0 notes
renomassokenoci · 11 years
Text
Me pergunto: você pensa em mim do jeito que penso em você? Sabe, eu vejo tantas horas iguais, que por alguns segundos acredito nesta baboseira. Idiota dizer que penso em você 25 horas por dia porque meu coração faz hora extra, até porque 24 horas já é demais, imagina 25? Chega a ser engraçado, porque do nada você invade meus pensamentos, sem ao menos pedir licença, ou seja, isso é um puro abuso, que acaba se transformando em risada, que automaticamente vem o brilho nos olhos e daí, vem algo que só sabe crescer mais e mais a cada milésimo de segundos que se passam, que no caso, seria esse meu amor maluco por você.
#LM
0 notes
renomassokenoci · 11 years
Text
"Eu quero você aqui. Quero seu cheiro junto do meu. Quero sua camisa usada no meu corpo. Quero suas mãos em meus seios, enquanto dormimos grudados. Quero seu sorriso de "bom dia". Quero dar aquela torrada com geleia de morango na sua boca. Quero selar seus lábios aos meus, e logo, beijar-te, mesmo com a boca suja. Quero tirar as coisas da cama e me deitar com você novamente. Quero trocar carinhos e risadas. Depois, quero tomar banho com você. Quero sentir teu corpo junto do meu, enquanto a água quente cai sobre nós. Quero sua mão passeando por meu corpo todo. Quero sair e deitar nua na cama, com você por cima de mim, sem nada fazer. Quero outra camisa sua, pra usar com aquela calcinha vermelha que você ama. Quero te amar insanamente. Quero ser sua, e você, meu."
#LM
0 notes
renomassokenoci · 11 years
Photo
Tumblr media
0 notes
renomassokenoci · 12 years
Text
"Laurinha sentiu os olhos boiando nas próprias lágrimas. Eles choravam por Adriano. Depois do último sinal daquela manhã de aulas, a menina não quis ir direto para casa. Foi andando sem rumo, mas seus pés a levaram para onde se dirigiam seus pensamentos. Para o bosque. O lugar onde Laurinha havia vivido o momento mais gostoso de sua vida. O momento de descoberta. Com Adriano. — Adriano... Escondida de todos, a menina encostou-se em um tronco, logo na entrada do enorme bosque de eucaliptos. Aquele bosque gostoso, de tantas recordações maravilhosas, com o mesmo Sol filtrando-se por entre os eucaliptos e salpicando seu corpo de confetes de ouro. Tudo igual àquela tarde. Tudo, menos a presença de Adriano... A menina fechou os olhos bem apertado, fazendo mais lágrimas correrem pelo rosto já ardido de tanto chorar. Na escuridão dos seus pensamentos, iluminou-se a tela das lembranças, como um filme que começa a ser projetado na sala escura de um cinema. Não havia créditos nem letreiros, só havia o rosto bonito, o rosto sorridente de Adriano. E havia ela mesma, Laurinha, miúda menina, enlevada pela companhia do seu garoto. O seu garoto. Seu primeiro. Primeira descoberta.. Primeiro carinho. Primeiro tudo... O filme daquelas recordações tão queridas desenrolava-se dentro de seus olhos fechados. Os dois, juntinhos, mãos dadas, falando sem palavras, sorrindo carinhos, sentindo um ao outro, sozinhos no mundo. O bosque era aquele. Aquele mesmo onde ela agora chorava... e recordava... Os dois embrenhados, fazendo estalar gravetos e folhas secas sob seus passos macios. Adriano escolheu uma árvore. Um dos eucaliptos maiores, majestoso, comprido como um mastro em busca do céu. Tirou do bolso um canivetinho e começou a riscar a casca do eucalipto. Um coração! Com uma flecha atravessada. Dentro dele, com capricho, duas iniciais: A e L. Ele e ela! Adriano e Laurinha. Dois namorados, unidos, para sempre! O rapazinho voltou-se para Laurinha: — Aqui está. Este não é mais um eucalipto,, Laurinha. Agora, vai ser o seucalipto! — O meucalipto! O rosto adorado de Adriano abaixou-se lentamente em direção ao seu. Laurinha entendeu o que aquilo significava. Seria o carinho maior, com o qual terminam tantos filmes, tantas novelas, tantos livros, deixando no ar uma promessa de felicidade. Um selo de amor... Ela ergueu o queixo e cerrou os olhos. Os lábios de Adriano pousaram sobre os seus, como um pássaro que chega ao ninho. Quente, úmido, intenso... Uma onda percorreu todo o corpo da menina. Vinha com calor, fazia ferver o sangue, tremer o cérebro, explodir o coração! Ela envolveu o pescoço do garoto com os braços, sentindo-se abraçada pela cintura, entregando-se completamente, como se aquele fosse o último e o maior momento de sua vida! * Abriu os olhos, desejando que o sonho continuasse na realidade e Adriano estivesse ali, sentado ao seu lado, no bosque que tinha sido o cenário daquele momento maravilhoso. Não havia ninguém ao seu lado. Laurinha estava novamente só, com suas recordações. E com sua dor. Adriano não estava ali. Nunca mais estaria ali. Laurinha o vira naquela manhã, no colégio... Com a Lúcia! Rindo, feliz, de mãos dadas! Com a recém matriculada Lúcia da 6ª. série! Lúcia! Tinha até a mesma inicial. Assim, Adriano não teria nem de escolher outra árvore para desenhar um coração a canivete. O desenho no seucalipto serviria novamente para que Adriano beijasse sua nova conquista! A menina levantou-se num repente e correu para dentro do bosque. Em busca do seucalipto. Ela sabia perfeitamente onde estava aquela árvore. Bem no coração do bosque, longe da estrada, longe de todos os olhares. Parou subitamente. E se os dois estivessem, naquele momento, ao lado do seucalipto? Abraçados, olhos nos olhos, jurando amor como ela jurara naquela tarde? Com o coração aos pulos, caminhou silenciosamente. Distante, na direção onde estava o seucalipto, o sol brilhava mais. Havia um clarão no meio do bosque em lugar das sombras acolhedoras que haviam envolvido o primeiro beijo de sua vida. A menina apressou o passo em direção ao clarão, começando a entender o que tinha acontecido. E as suas suspeitas foram confirmadas. No meio do bosque, abria-se uma imensa clareira. Daquelas árvores majestosas, só restavam centenas de tocos e pilhas de toras de mais de dois metros de comprimento. Haviam derrubado os eucaliptos. Haviam derrubado o seucalipto! Horror! Laurinha correu para a primeira pilha: — O meucalipto! Cortaram o meu eucalipto! Não precisou procurar muito. No meio da primeira pilha, lá estava o seucalipto. Dava para ver perfeitamente o coração muito bem talhado, com sua flecha varando-o de lado a lado e as iniciais A e L gravadas bem fundo. Laurinha sentou-se ao lado da pilha de toras. Agora havia mais uma razão para chorar. Haviam cortado até mesmo a última recordação do seu primeiro namorado..."
Trecho do livro: O Mistério da Fábrica de Livros. Capítulo 1 - O meucalipto.
— Pedro Bandeira.
0 notes