Giulia"Human life is nothing but series of footnotes to a vast obscure unfinished masterpiece."
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Ludovic Florent’s series “Poussières d’étoiles” (Stardust)
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Tenho quebrado copos
Tenho quebrado copos é o que tenho feito raramente me machuco embora uma vez sim uma vez quebrei um copo com as mãos era frágil demais foi o que pensei era feito para quebrar-se foi o que pensei e não: eu fui feita para quebrar em geral eles apenas se espatifam na pia entre a louça branca e os talheres (esses não quebram nunca) ou no chão espalhando-se então com um baque luminoso tenho recolhido cacos tenho observado brevemente seu formato pensando que acontecer é irreversível pensando em como é fácil destroçar tenho embrulhado os cacos com jornal para que ninguém se machuque como minha mãe me ensinou como se fosse mesmo possível evitar os cortes (mas que não seja eu a ferir) tenho andado a tentar não me ferir e não ferir os outros enquanto esgoto o estoque de copos mas não tenho quebrado minhas próprias mãos golpeando os azulejos não tenho passado a noite deitada no chão de mármore estudando as trocas de calor não tenho mastigado o vidro procurando separar na boca o sabor do sangue o sabor do sabão nem tenho feito uma oração pelo destino variado do que antes era um e por minha força morre múltiplo tenho quebrado copos para isso parece deram-me mãos tenho depois encontrado cacos que não recolhi e que identifico por um brilho súbito no chão da cozinha de manhã tenho andado com cuidado com os olhos no chão à procura de algo que brilhe e tenho quebrado copos é o que tenho feito
Ana Martins Marques
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David Hockney, A Lawn Being Sprinkled, 1967.
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Tá chegando o evento de lançamento da revista virtual GARUPA, a qual tive o enorme prazer de ilustrar! Vai ser no dia 7 de março, na Tijuca.
As ilustrações estarão a venda no dia!
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- - Laurie Anderson
O COMEÇO DA MEMÓRIA
Há uma história numa peça de teatro antiga sobre pássaros chamada Os Pássaros. É uma pequena história dos tempos em que o mundo ainda não tinha começado, desses tempos em que não havia terra, nem chão, só ar e pássaros por todo o lado. Por isso a questão era não haver espaço para pousar. Porque não havia terra. Por isso os pássaros limitavam-se a voar em círculos sobre círculos. Porque isto foi antes do mundo começar. E o som era ensurdecedor - cantos de pássaros por todo o lado: biliões e biliões e biliões de pássaros. E um destes pássaros era uma cotovia cujo pai um dia morrreu. E isto revelou-se realmente um grande problema porque o que se deveria fazer com o corpo? Não havia espaço para o colocar porque não havia terra. Finalmente a cotovia encontrou uma solução. Decidiu enterrar o pai na nuca da sua própria cabeça. E isto foi o começo da memória. Porque antes disto ninguém conseguia lembrar-se de nada, limitava-se a voar constantemente em círculos, a voar constantemente em grandes círculos.
[Versão de: http://omelhoramigo.blogspot.com/2010/07/laurie-anderson.html]
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Ida Applebroog, I’m rubber, you’re glue, 1993 Oil and resin on canvas, 4 panels
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