Escritora Melancólica, Poeta Obscura, Sonurista Lírica e Psicóloga Existencial. Anfitriã do Castelo Drácula.
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Florescer Melancólico
Silencie seus pensamentos por um instante e, então, ouça o canto do sereno vazio. Talvez eu sinta — na imensidão do único universo que me pertence — uma sôfrega sensação de que não há, no interior do mundo humano, alma capaz de enxergar-me como sou.
Não porque estou invisível, mas sim porque ver o Ser é apenas possível àquele que o é. E mesmo nestas condições, vê-se o que se vê na idealização do próprio ser o que se é.
É compreensível todo o inestimável valor desta verdade; no entanto, compreendê-la não me isenta de sentir a profunda dor que ela causa, quando, a esmo, perco-me do rumo e, então, escapam, pelas trêmulas mãos, os sentidos de outrora. Quando as dúvidas permeiam a escuridão da mente inquieta e o “por que há vida?” ergue-se, como uma cordilheira, no horizonte.
Quando lembro que o efêmero condensa a vida, lapidando um medo de que tudo seja esquecido. Porque sou minhas lembranças de ser, ainda que imersas em um achismo ideal, neste terreno pulcro ergo um edifício de saberes aprendidos em momentos de estranheza e de fascínio, lugar que habito, portanto, ao passar do tempo, e que deixo, por fim, caminhando descalça até o horizonte cujo mar da morte aguarda-me: a singela nau, a estátua daquele que levará a minha vida.
Assim, perceberei que o edifício ruirá conforme sou levada pela nau da morte. Isso me inquieta. Eu não quero partir... Talvez eu sinta que, sob o mesmo sol do nunca-ser-alcançada-por-uma-alma-humana, reside um que-assim-seja. A vida ainda é um lírio para mim.
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Sínfora d’Envocação
As treze sinfonias tocarão Ardor da Morte pútrida — evocada De face em fleuma — sopro de aguilhão Um canto de langor à dor cessada;
Allegro em tumular sigilo oculto Das letras, valsa a Lúcifer, o anjo — Adagio, uma sonura que sepulto Em rosas escarlates n’um arranjo;
Então, no silencim, às três do alvor No círculo uma lírica sonante Minuetto raro emerge em esplendor
Erguendo-se, finale, tão flamante Em sangue, era o Diabo, estupefato! Colérico! Esclareço: “Foi o gato! De negros pêlos, olhos rutilantes!”.
Escrito por Sara Melissa de Azevedo em 31 de agosto de 2024
Poesia registrada na Câmara Brasileira do Livro.
Sínfora (substantivo feminino poético): Sinfonia macabra. Composição musical para orquestra, em formato de sonata, com teor obscuro e sombrio. Palavra criada por Sara Melissa de Azevedo.
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Uma poesia no estilo Sonura Escrita por Sara Melissa de Azevedo saramelissadeazevedo.com ♥
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Sonura Aos Mortos
Memórias d’estas mil alcovas lôbregas, Perlustro os epitáfios, os semblantes, Há brandos anjos, murchas rosas sôfregas, À morte: Os meus silêncios lacrimantes…
Epígrafes datadas de saudades… Soturno violino à sete palmos… Pretérito e futuro, ambiguidades… Um último versar dos raros salmos…
Mil sonhos cujo rastro se prostrou… O Efêmero é, da vida, a cortesia Que dá sabor ao doce que amargou
Lembrando-nos que houvera poesia, E mais um mausoléu longínquo conta: “No fim aquele alvor sempre desponta”, Mas nunca há de brindar-nos c’o ambrosia…
Sonura escrita por Sara Melissa de Azevedo em 6 de setembro de 2024
✦ Poesia registrada na Câmara Brasileira do Livro
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Sê Éden
Floresça em direção ao vivo sol… Que o lume da manhã, o gris frescor, Conduzem quietude ao teu lençol De cândido conforto e tenro ardor;
Floresça sempre douta do qu’é simples Se sob a escuridão vir a ficares Acalma e regue as raras e absímiles Que fazem tu’essência de mil mares;
Permita-se fanar quando preciso, É cedo crer que não renascerás; Adube com cautela o paraíso…
Jardim d’esta tu’alma, então serás A lótus e o alvo lírio e a bela rosa, E as águas, teu pomar, poema e prosa… Silêncio-entardecer vislumbrarás.
Esta é uma Sonura escrita por Sara Melissa de Azevedo em 23 de agosto de 2024
✦ Poesia registrada na Câmara Brasileira do Livro
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