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Petit mort
Seu corpo era frio, pálido, seco como uma folha de inverno. Seus olhos profundos e vazios encontravam os meus como se tentassem ver através da minha alma. Era hipnotizante o formato de suas curvas marcadas no tecido fino do vestido azul de alcinhas, que em rendição a mim, deixava cair uma das impotentes alças e expunha ao frio da noite seu mamilo de pele macia como o pêssego e os bicos rijos e rosados.
Seu corpo magro, frágil e delicado flutuava como uma pena branca em cima do tapete da sala de estar. Iluminado pela luz alaranjada da lareira, seu corpo deitado tranquilo se parecia com uma boneca de porcelana prestes a se quebrar. Seus cabelos longos e loiros se esticavam pelo chão como raízes compridas de uma árvore e faziam um contraste perfeito com sua pele clara como leite e seus olhos azuis brilhantes como o céu de um dia de verão.
Inicialmente nossos corpos se encontravam distantes, se admirando, aguardando ansiosamente por contato. Até o instante em que delicadamente sua mão fria tocou minha mandíbula áspera pela barba e me puxou para um beijo lento e afetuoso. Uma de minhas mãos foi em direção a sua fina cintura, a segurando firme, como se ela pudesse se dissolver em meus grandes dedos, enquanto a outra se entrelaçou em seus longos fios louros a trazendo para mim, implorando por seu corpo frágil.
Aquele que por um momento foi um beijo lento e romântico havia se tornado um beijo voraz e necessitado, violento e quente. Nossas respirações se perdiam descompassadas e nossas mãos tocavam nossos lugares mais secretos e sensíveis, nos levando a um delírio de prazer e desejo, buscando mais, implorando em suplica por mais contato. Minha boca faminta engolia seus peitos macios enquanto meus dedos se afundavam por sua fenda, meus ouvidos se atentavam aos sons abafados dos seus gemidos e minhas costas arfavam ao toque insensível de suas unhas cravadas em minha pele, quase gritando para me sentir dentro de seu corpo exposto. O impotente vestidinho azul de tecido fino se desenhava por suas curvas subidas, mas não era suficiente para lhe cobrir a nudez, lhe deixando deliciosamente exposta para me receber. E de maneira delicada penetrei meu membro em sua vagina rosada, que engolia meu cacete como uma boquinha gulosa e fria, lhe fazendo arfar e gemer meu nome ao receber o meu prazer.
Seus cabelos louros estavam bagunçados e alguns pendiam sob seus lindos lábios finos e tingidos por uma tonalidade arroxeada, que entre abertos emitiam os sons do prazer e do êxtase, em gritos acalorados e agoniados tomados pela satisfação de me sentir em seu interior. Suas pernas tremiam, se contorciam, tentavam fugir, tentavam renegar o prazer, mas seu ventre buscava por mais, se enfiando em minha rigidez, dançando seu quadril em minhas partes, atingindo seus pontos mais sensíveis, enquanto me agarrava como se pedisse socorro, como se precisasse ser salva de seu gozo. Nossos corpos se estremeceram e se devoraram em união, nos levando ao ápice, ao alivio, a morte. Abafado por gritos de prazer, respirações descompassadas e olhares famintos.
Calmamente sai de dentro dela e parei alguns segundos ajoelhado diante de seu corpo fino, apreciando sua vagina recheada pelo meu leite e sua pele macia delicadamente esticada pelo tapete como um lençol de seda. Me deitei ao lado de seu rosto frágil e a acariciei, admirando seus grandes olhos que me encaravam. Eu a amava, ela era meu paraíso, minha perdição, meu pecado, minha sina. Eu precisava dela comigo, não poderia deixar que ela partisse jamais, meu coração não seria capaz de bater sem o brilho de seus olhos, meus pulmões não poderiam respirar sem o toque macio e frio de sua pele, minhas grandes e cruéis mãos precisavam tocar suas curvas esqueléticas ate o fim da minha existência.
Fui despertado do meu transe apaixonado pelo grito de meu filho ao entrar pela porta da sala e se deparar com a cena terrível que pairava diante de seus olhos. Eu finalmente me lembrei de tudo. Aquele delicado corpinho frio de porcelana já não podia mais se aquecer, aqueles lindos olhos de céu já não podiam mais chorar, suas delicadas mãos não me tocariam mais, e sua fenda fria e seca não sentiria mais o meu prazer. Minha amada estava morta, assassinada, pelo homem que mais a amou, seu sangue agora fora reduzido apenas a seus restos tóxicos de arsênico. Seu corpo que em meus olhos se contorcia de prazer, nunca foi capaz de se mover, sua boca que antes gritara meu nome, tinha proferido seus últimos suspiros a pelo menos dois dias atras.
Eu a amava loucamente, mas não podia deixa-la viver, ela não poderia viver sem me amar, ela fora criada para me entregar o seu amor e assim deveria ser. No momento em que seus olhos profundos encontraram os meus pela primeira vez eu soube, que enquanto ela vivesse sentiria apenas uma descontrolada paixão por mim e eu seria o homem mais louco do mundo por ela. E desse jeito foi, ate o dia em que os mesmos olhos que me encontravam nas noites de prazer e amor, se direcionaram para os meus com um olhar de dor. Sua boca me disse palavras indiferentes, desapaixonadas, desprezíveis e sinceras, e ali eu soube que minha amada deveria partir para o sonho profundo, carregando consigo seu amor por mim, em seu coração e em seu ventre.
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