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Te lembrar
A memória traz tantas coisas boas vividas com você
E nessa hora é difícil lembrar tudo que me faz querer te esquecer
E dentro de mim elas brigam
Te procuram e tentam me desprender
Do que era, do que é e do que nunca vai ser
Por que é lembrando do bom que eu te procuro e te vejo
E é vendo você que lembro de tudo que é facil esquecer
Porque de longe te idealizo
E perto enxergo o que tanto deixei de ver
Por que a beleza que tinha quando pegava minha mão direita estava na minha que primeiro alcançou tua esquerda
Porque o calor que você me passava em noites frias vinha do aconchego que lhe dava com minhas manias
E o dias em paz que tua cabeça descansava em meu peito vinham da cabeça que trabalhava em silêncio com tanto sentimento
E estas são as coisas difíceis de lembrar
Por que se camuflam em tudo que vinha matando
A minha sede pela sua
Minha fome pela sua
Meu calor pra te aquecer
Meus lugares pelos teus
E agora depois de virar saudade
Você tem minha sede
Você tem minha fome
Você criou seu calor a partir do meu
E tomou meus lugares como se fossem seus
Você decidiu viver tudo que ao meu lado não demonstrou querer
E não te culpo por não ter me amado assim antes
Mas não te perdoo por decidir me buscar só depois de me ver partir
Minha frustração não vem da tua alegria
Vem de ter deixado por tanto tempo de lado a minha
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Estrela
O que tanto me interessa em uma estrela morta?
Ela continua lá
Eu a vejo
Ela continua lá
Eu a olho toda vez que cai a noite
E o céu faz questão de se limpar
Ao olhar eu sei que está morta
Eu sinto
É fato que de fato já morreu
E aos meus olhos ela continua se exibindo
E Longe muito longe parece estar existindo
Mas eu sei que já morreu
Sei que a luz que enchergo com meu olhos
Em meu coração já se apagou
Esse pequeno ponto que cintila no céu
Independente de seu real tamanho sua energia esgotou
E mesmo assim eu a olho
Observo sua falsa existência
Observo o que um dia sei que foi vivo
Mas apesar de um luto ter aparência
Acho tudo isso é um tanto divino
Me alivia o peito
Alivia o peito saber que a luz que vejo já não existe mais
Me da certo contentamento
De que não posso tê-la
Jamais
E isso apesar de soar triste
Me alivia o peito
Me traz paz
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Descompassada
Descompassada
Fora do ritmo
Pisou torto
Começa pela esquerda
Não, agora pela direita
Não olha pros pés
Levanta esse rosto
Postura
Sorria
Não Não não não não
Esquece
Isso não é pra você
Você não têm controle corporal
Faz o seguinte senta ali naquele cantinho e observa
Não se sinta mal
É que você não dança conforme a música
Sento e choro
De tristeza? Talvez
De raiva com certeza
Seco o rosto levanto e pergunto
Mas moça me diz uma coisa
Que música tua vida toca ?
A do teus pais?
Dançam eles os mesmos passos de teus avós?
E por que tenho que dançar a mesma música da mesma forma que antigas gerações?
Por que tenho eu que fazer exatamente como as tuas antigas canções?
Quando aprender os passos vou levantar meu rosto e arrumar minha postura sim
Mas não os mesmos passos que os teus
Quero de fato criar novos movimentos e passos meus
Vou dançar fora desse ritmo que tenta me prender em costumes que não me cabem
E no fim vou surpreender
Vou dançar com outros pares e deixar que me conduzam com seus novos olhares
E se no decorrer da música nos encontramos na pista
Dance do teu antigo jeito
Não me importo, respeito
Mas não tente regir meus passos por que eu sou descompasada, descontrolada, fora do ritmo, exagerada e provavelmente pisarei em teus pés
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Náufrago
É eu achei que meu coração havia se acalmado
Mas ele continua a todo momento procurando por você
Sou náufrago a procura de terra firme em um mar atordoado
E quando me vejo afogo no raso sem perceber
É como abrir e fechar a geladeira a cada 5 min esperando que algo novo apareça
Uma torta salgada ou doce que você nem comprou de sobremesa
Você já assistiu o filme umas 10 vezes
Mas assisti pela 11ª vez na esperança de que algo novo aconteça
Talvez mude o meio ou o fim
Talvez o mocinho morra e o dragão vença
Mas o coração é assim mesmo
Adora de um ringue
Cai, levanta, apanha de novo
E continua lutando até o fim
E a razão? Onde eu enfiei?
Usei ela pra não apanhar de novo o coração
Mas não lembro agora em que bolso da calça eu guardei
Preciso de um binóculo
Vou aponta-lo pro espelho e ver se consigo em algum lugar dentro de mim me encontrar
Pra ver se esse meu náufrago para um pouco de rondar a mesma ilha
E decida de uma vez por todas mergulhar no seu mais profundo mar
Bom dia
Não abri mais a geladeira
Doei meus DVDs antigos
Meu coração se acalmou
Meu náufrago tem nadado nas próprias águas
E ainda tem muitas músicas que ele não dançou
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Minha boia favorita
Eu não gosto de nadar
Eu confesso que sei
Não muito bem, mas sei
Confesso também que tenho medo
Eu aqui no meio do oceano
Na minha boia favorita que tá murchando
Eu tinha fita, mas tá acabando
Era uma ótima fita
Confesso que levei um susto quando achei o primeiro furo
Mas agradeci por ter uma ótima fita
Não queria perder minha boia favorita
Ela me levou tão longe
Peguei muitas ondas
Radicais e mansas
Levei caldos mas não me afoguei
Graças a ela, eu sei
Minha boia favorita
Mas acabei boiando pra muito longe da costa
No início eu pensei "tá tudo bem"
Eu tô de boia e logo as ondas me levam de volta
Mas oceano não me levou
E depois de um tempo minha boia foi murchando
Fiquei feliz por ter minha fita
Mas agora ela tá acabando
E como eu disse antes
Eu tenho medo de nadar
É uma distância muito longa pra voltar
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Bixo esfomeado
Aiai o amor
Oh bixinho que se alimenta de tudo que pode
Esse aí se convidou a entrar e eu na inocência adotei
Só não sabia o que vinha junto dele
O bixinho traz com ele uma fome imensa
Devora a minha alma e coração
Já se alimentou dos pés a cabeça
E eu que achei que fosse a dona do amor
Virei refeição
O bixinho me abocanhou os olhos, os ouvidos, a boca e as mãos
Sem dó, não deixou nem um restinho de mim
Oh bixo esfomeado
Pensei até em botar pra fora
Dar pra adoção
Mas como que faz pra viver sem o bixinho que devorou meu coração?
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Na poça
Hoje eu me vejo na chuva
Que cai conforme tudo que sinto ou deixo de sentir
Ando pelas ruas voltando pra algum lugar
E me permito observar a vida na água que cai do céu
Vejo a água que escorre ao lado do meio fio
E imagino cada gota sendo levada pra algum lugar
Vejo como não param, escorrem seguindo o fluxo da rua
Reflito se existem águas ali seguindo forçadamente pra onde não querem ir
Penso que exista também as que escorrem ligeiramente em direção ao que sempre sonharam
E nessa vida de chuva me pergunto onde estou eu
Percebo que parte da água que cai
Ao escorrer pelo meio fio se perde ao encontrar um buraco que a mantém parada
Não sinto que seja uma água solitária
Outras partes da chuva também caem ali
Mas não permanecem como ela
Afinal ela já estava ali antes e a água que ali cai não lhe cabe e transborda
Enquanto a chuva cai a poça não fica parada
Toda água que por ela passa a movimenta e a faz sentir viva
Mas quando a chuva acaba só ela ficou
Toda água que por ela passou já transbordou e escorreu para onde devia
E a ela restou permanecer ali esperando uma nova chuva e que novas gotas caiam e a movimentem
Antes que as nuvens se dissipem
Antes que o sol apareça e a evapore
Não gosto de ser chuva
Queria ser sol
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Suplica da arte
Olhem, admirem
A tela expressando a lágrima
O pintor é submisso ao pincel
Cada gota, uma lástima
Luz e ação
A menina à estrompar a vida
Na noturnância encontra a razão
Diante de um ator revida
Sem pedras, amor em mãos
Ele está lá, escrevendo
O autor mana sentimento
Um livro aberto pra todo e muito amor
Ira rasgar suas folhas em algum momento
Aqui está a alegria momentânea
Sou eu, está ouvindo? Foi para isso que vim
Sou eu, o livro, a tela e o filme
Pedindo que não se desfaça de mim
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