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Charlie alguma coisa,
faz um tempo que não vinha aqui, mas decidi voltar. não tão poético quanto antes, acho que mais realista, não sei. poesia é real não é, ou tudo é a forma em que se vê?
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É incrível a forma como mudamos. O que fomos ontem, talvez, fosse mais interessante do que a forma atual, ou mais feliz, bem mais feliz.
A forma que sou hoje, a quantidade de dores, traumas e instantes felizes... Talvez a loucura, o caos, as drogas e os planos adolescentes tenham me mudado.
Encaro minha forma passada como algo mais livre do que a atual, porém mais triste.
Eu não sei em que momento associamos que liberdade é sinônimo de paz eterna ou felicidade.
Para mim, liberdade é solidão. Ou como vocês chamam, solitude. Que merda, ein.
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desertos
A pressa ou a falta de tempo nos condiciona a vivermos sozinhos. Não optamos por isso, somos treinados continuamente desde que nascemos. Quando pequenos nossos pais geralmente nos dizem para não depender de ninguém, para buscarmos nossa individualidade, que ocasionalmente nos dá a condição de escolher os rumos das nossas vidas, mas de que adianta tudo isso sozinho? E será que depender de alguém é tão ruim assim? – não me ouso a responder nenhuma das perguntas, ainda me encontro quase que no meio do caminho, ou seja, cedo demais, então seria audacioso, o que não me pertence.
A questão é que somos educados a lidar com a vida sozinhos, acredito que tudo isso parta de um medo da perca, no qual é passado entre as diversas gerações, só que piora progressivamente. O tempo anda depressa, os olhares estão inclinados para baixo, nossos smartphones conclamam pela nossa atenção, a ansiedade cala a ousadia capaz de nos interromper. Quando já se vê, não sabemos nem conviver com o outrem. Perdemos a tolerância, a intimidade se limita a nossa sombra, e o que passa dela é visto como excesso, irrelevante, dispensável.
charlie h.
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