Uma demora lenta nas palavras
um calor bom na palma das mãos
uma maneira de gostar das pessoas e das coisas
sem tolher movimentos ou forçar as superfícies
beber aos golinhos o café a ferver
ou o whisky chocalhado com pedrinhas de gelo
viver viver roçando as coisas ao de leve
sem poupar o veludo das mãos e do corpo
sem regatear o amor à flor da pele
olhar em torno de si perdida ou esperar o verão
e saber de um saber obscuro que o calor
todo o calor é de mais dentro que vem
Retrato, Rui Caeiro
In: Livro de afectos (1992)
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amar como o vento amaria um quintal tomado
por dentes-de-leão
Mar Becker
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Porque em nenhum lugar ele tem casa.
Nenhum sinal
O prende.
Nem sempre
Há vaso que o contenha.
(Hölderlin)
Lido em “Aparas dos Dias” do João Barrento (edição Companhia das Ilhas)
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II
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro.
Mar, Sophia de Mello Breyner Andresen
In: Coral e outros poemas (2018)
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os que de súbito entendem que viver é breve
mas amar é longo
Mar Becker
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tocar os teus olhos
como quem descobre estrelas.
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Horizonte do Atlântico, Recife, Pernambuco, 2019.
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Praça do Carmo, Centro Histórico de Olinda, Ao Fundo a Antiga Estação do Carmo da (C.T.U.R.O.B), Companhia de Trilhos Urbanos do Recife, Olinda e Beberibe, Também Possível Ver o Pequeno Prédio do Correios e Telégrafos de Olinda - Bairro do Carmo, Olinda Em 1914.
Photo Henrique Martins.
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Minha medida? Amor.
E tua boca na minha
Imerecida.
Minha vergonha? O verso
Ardente. E o meu rosto
Reverso de quem sonha.
Meu chamamento? Sagitário
Ao meu lado
Enlaçado ao Touro.
Minha riqueza? Procura
Obstinada, tua presença
Em tudo: julho, agosto
Zodíaco antevisto, página
Ilustrada de revista
Editorial, jornal
Teia cindida.
Em cada canto da Casa
Evidência veemente
Do teu rosto.
Hilda Hilst
In: Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974)
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Se o poeta falar num gato, numa flor,
no vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade…
se falar numa esquina mal e mal iluminada…
numa antiga sacada… num jogo de dominó…
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade…
se falar na mão decepada no meio de uma escada de caracol…
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá… Que importa?
Todos os poemas são de amor!
Se o poeta falar num gato, Mario Quintana
In: Esconderijos do tempo (1980)
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