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Kino no Tabi - Prólogo
Tradução: Heu
Autor: Keiichi Sigsawa
Na Floresta • B – Perdida na Floresta • B
E então, estava a escuridão.
Não tinha nenhuma luz. Sem lua, sem estrelas. Só havia o som do vento nas árvores, flutuando pela escuridão.
“Sabe… É tipo…” Kino parou. Um silêncio contemplativo a seguiu. Ou talvez sonolência.
“É tipo o quê?” Hermes perguntou.
"As vezes eu só me pergunto se eu sou apenas uma pessoa terrível. Às vezes eu sinto como se eu fosse. Às vezes, faz sentido que eu me sinta assim. Porque eu não posso mudar as coisas; ou pior – Eu só digo para mim mesmo que não posso, então, não faço nada. Mas sempre que eu fico desse jeito – digo, me sentindo terrível –, todas as outras coisas – o mundo, as pessoas que conheço – se tornam incrivelmente belas para mim. Eu me apaixono por isso. Esse é o por que de eu continuar viajando – porque eu quero experimentar mais disso. Porque, às vezes, eu acabo por ver coisas boas. Talvez até fazer coisas boas.”
Kino pausou, pensando no que falar a seguir. “Ainda assim, eu sei que se eu continuar indo em frente, eu sempre verei mais tristeza, mais tragédia – eu vou experimentar mais tristeza e mais tragédia.”
“Mas se você experimenta isso – se você sabe que é trágico – como você pode ser uma pessoa ruim? Pessoas ruins não experienciam a dor dos outros… Não?”
“Eu não sei. Eu só sei que isso não vai me fazer parar de viajar. Eu amo viajar, e mesmo que eu veja tanta morte – mesmo que eu mate pessoas às vezes – eu ainda quero continuar. E…”
“E…?”
“Eu não consigo parar.” O tom de Kino era firme. “Então, eu sigo em frente… Sabe?”
“Honestamente? Não entendi.”
“Oh. Bem, está bem.”
“Tem certeza? Digo, ajudaria se fossemos um só nas coisas…”
“Como eu posso esperar que você entenda quando nem eu mesmo entendo? E eu nem tento. Ainda estou confuso, Hermes. E para achar meu caminho nessa confusão, eu continuo viajando.” Como se tivesse uma estrada que me levasse para fora disso.
“Ah…”
“Estou indo dormir. Nós teremos um longo caminho amanhã. Boa noite, Hermes.”
“Boa noite, Kino.”
A espessa roupa suavemente farfalhou, e então, o silêncio preencheu a escuridão de novo.
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