simbiotsky
simbiotsky
Simbiotsky
7 posts
Uma grande processo de jam session organizado
Don't wanna be here? Send us removal request.
simbiotsky · 10 years ago
Photo
Tumblr media
“There is no end. There is no beginning. There is only the infinite passion of life.”
Federico Fellini.
3K notes · View notes
simbiotsky · 11 years ago
Video
youtube
CLÁSSICO ESQUECIDO(OU O REVIVAL QUE AINDA NÃO ROLOU)
As minhas primeiras lembranças sobre o 808 State vêm de um jogo de PC tosco que eu ganhei ali por 2000, 2001 chamado Wreckin’ Crew, uma mistura de Mario Kart com Corrida Maluca com um pé no politicamente incorreto que tinha sido lançado em 1998 por uma companhia obscura que lançava jogos baratos. Talvez, não tenho exatamente certeza, mas algo certo é que foi em algum jogo vendido em hipermercado naqueles tempos em que um computador custava R$ 3000 e uma edição do FIFA ou Tomb Raider custava metade de um salário mínimo. Mas o importante é a música e isso é apenas um referencial de partida.  
Lançado no fim de 1989, Ninety, o álbum de estréia do trio de Manchester, ao menos pra mim, é o melhor material já saído pelas mãos humanas da Madchester dos anos 80. Pacific 202, a versão de Pacific State lançada no álbum, é sem dúvida a que mais chama atenção por aquele sax que leva até o cara mais chato ao Nirvana em questão de segundos, mas tem outras faixas tão fodas quanto, como Magical Dream, Doctor Donkey e 808080808(só podiam ter botado um nome melhor nessa música do que esse algoritmo, mas beleza...). Com toda aquela profusão rolando naquele final de década na Grã-Bretanha em meio ao boom das raves e do ecstasy, não podia ter saído algo melhor que isso.
Entretanto, Ninety, apesar de seus quase 25 anos, foi sendo esquecido no tempo, o que é um crime, dada a sua importância para a música eletrônica como um todo, já que foi um dos primeiros trabalhos de house a fazer sucesso. Se alguém der uma revisitada no que foi feito na terra da rainha no apagar das luzes da Dama de Ferro como primeira-ministra, podemos, quem sabe, ter um revival bacana pra curtir... 
1 note · View note
simbiotsky · 11 years ago
Text
Admirável Goleada Nova e Outras Discorrências
Dois dias depois. A ficha já caiu, mas por isso em palavras fica mais fácil agora, diante do que eu refleti.
  Dois dias antes, acordo as 7h, apavorado. Tomo café na correria, troco de roupa e me mando pro São Lourenço. Poderia ser por não perder mais uma manhã pra dar uma corrida antes de ir pro trampo, mas não. Se tratava de um dia especial demais pra se desperdiçar. Uma semifinal de Copa do Mundo, em terra natal, com o país natal, num lugar com mais milhares de pessoas e do lado de casa. Fui no caminho já pensando que não ia mais conseguir a pulseira pra ver o jogo. Cheguei por lá, aquela fila filhadaputamente grande meio que confirmando meus presságios. Cruzei com os meus brothers, na fila há uma hora. “Se a fila não tiver lá na curva(do estacionamento, nos fundos do parque) cê ainda consegue a pulseira, Ivan”, disseram eles. Peguei um pique e fui correndo pra ver. Por sorte, ainda não tava. Mas mesmo assim os tais presságios ainda pesavam sobre a minha cabeça. Assim fiquei esperando, de pé, até que começassem. Graças a Deus, acabei conseguindo. Tinha o passaporte garantido pra ver o embate.
  Como em todos os jogos do Brasil, colei antes na casa dos meus brothers antes do jogo pra gente ir junto até a Fan Fest. Ser vizinho de uma traz as suas desvantagens e benefícios, como todo grande evento que mobilize muita gente e faça muito barulho, mas por experiência de todos esses anos de vida morando do lado da Pedreira, já tô mais acostumado. Pra quem não conseguiu dormir por causa de um show do AC/DC quando tinha sete anos, isso era pouco. Mas a dimensão que ela toma faz com que se torne um evento muito especial. Ver pessoas de todos os lugares possíveis do mundo no mesmo lugar ao lado de pessoas daqui na maior paz é algo que eu vou querer contar pros meus filhos e netos, ainda que eu não tenha podido ir a um jogo da Copa, mas aí já são outros 500.
  Chegando lá, procuramos ficar no mesmo lugar de sempre: lado esquerdo, do lado da gradinha divisória, próximo do telão. Dali testemunhamos algo que ficará em nossas retinas pelos aspectos que a coisa tomou. O Brasil, jogando como um bando de peladeiros; a Alemanha, jogando como um reloginho. Depois do quarto gol, a galera começou a vazar em massa da Pedreira; estava definitivamente deflagrado o fracasso, mas ficamos ali. Afinal, era a Copa, uma semifinal de Copa. No quinto, sexto e sétimo gol, só nos restou aplaudir a Alemanha e rir da tragédia da Seleção. Quando acabou, até gostaria de ficar pro show que ia rolar logo depois, mas não dava. Precisava era entender, compreender e depurar o que se passara.
  Uma das lembranças que mais me vieram a tona durante aquele jogo e que cabe aqui como uma alegoria pra representar como foi o episódio vem de Admirável Mundo Novo, na passagem em que Linda e John, o Selvagem, são apresentados aquele mundo mecanicamente perfeito. O espanto de Tomakin e dos presentes revela isso:
  “Houve um resfolegar convulsivo, um murmúrio de espanto e de horror; uma das moças gritou; alguém que trepara numa cadeira, para ver melhor, derrubou três tubos de ensaio cheios de espermatozóides. Balofa, de carnes pendentes, um monstro de meia-idade estranho e aterrorizador entre aqueles corpos juvenis e rijos, aqueles rostos lisos, Linda adiantou-se, sorrindo coquetemente seu sorriso desdentado e descolorido, e meneando as enormes ancas com o que pretendia ser uma ondulação voluptuosa.
Bernard caminhava a seu lado.
— Pensou que eu não o reconheceria? — perguntou Linda, indignada. Depois, voltando-se para o Diretor:  — Claro que o reconheci. Tomakin, eu reconheceria você em qualquer parte, entre mil. Mas talvez você tenha me esquecido. Não se lembra? Não se lembra, Tomakin? Sua Linda! — Ela ficou ali a olhá-lo, a cabeça para um lado, sorrindo sempre, mas com um sorriso que, ante a expressão de nojo que imobilizara o rosto do Diretor, se tornava progressivamente menos confiante, um sorriso que vacilava e acabou por extinguir-se. — Você não se lembra, Tomakin? — repetiu ela com voz trêmula. Seus olhos estavam ansiosos, angustiados. O rosto pustuloso e inchado contorceu-se grotescamente ao assumir uma expressão de sofrimento extremo. — Tomakin!
— Ela estendeu-lhe os braços. Alguém deu uma risadinha espremida.
— Que significa — começou o Diretor — esta monstruosa. . .
— Tomakin! — Ela arremessou-se para a frente, arrastando sua manta, atirou-lhe os braços ao pescoço e escondeu o rosto em seu peito. As risadas explodiram em urros irreprimíveis.”
  Assim foi: do horror a tragicomédia disfarçada, mas enquanto aquela sociedade testemunhou uniformemente a antítese a tudo o que ela representava e profundamente rechaçada a ponto de deixar Linda aterrada até a morte em um quarto de hospital, nós observamos de dois modos: com a reação de Linda e de John. O grotesco aliado ao encantamento. De um lado, um futebol feio, datado, desleixado; uma zaga absurdamente posicionada, meio campo inexistente, ataque ineficiente, isso quando aparecia. 11 unidades soltas em campo, flutuando em direção ao nada. De outro, um futebol organizado e que não deixava de ser bonito, muito pelo contrário; uma zaga bem posicionada e postada, com uma marcação feita a ponto de deixar o ataque com um espaço menor que um Cingapura do Maluf; um meio campo criativo, colaborativo, em perfeita ligação com o ataque, rápido e certeiro, ainda que um deles seja apenas um ano mais novo que o principal jogador do meu clube de coração. O resultado tá aí. Felipão virou o nosso Tomakin, assumiu toda a culpa e a queda de sua cabeça é iminente. Bernard e Lenina são os equivalentes ao resto do mundo, recebendo a prova cabal que nós já tínhamos desde 1982 e não sabiam: o futebol bonito e vistoso acabou.
  Agora resta aguardar para ver o final disso tudo. Espero que a Alemanha não tenha o mesmo fim de John, afogado pelo encantamento coletivo das massas e que possa se juntar a Itália no rol dos tetras. Quanto a Argentina, vem fazendo por merecer, mas ainda não deixou de ser um time de um homem só, ainda que Higuaín, Lavezzi e outros tenham o seu brilhantismo nessa campanha. Pelo bem do futebol e de um coletivo forte, os alemães merecem o título mais do que ninguém. Porque, parafraseando Antônio Lopes, futebol é desporto terrestre colaborativo.
  Além disso, há outro agora: a seleção, o país e tudo o que envolveu isso aqui. Esperar que velhos senis estacionados nos anos 70 façam mudanças radicais é o mesmo que eu acreditar que o Coxa vai jogar a final do Mundial de Clubes do ano que vem contra o Real. Esqueçam Guardiola, Sampaoli, Bielsa ou qualquer outro técnico gringo. Esqueçam reformas profundas no futebol brasileiro. A máquina continuará rodando como sempre foi, tal qual quando Tomakin pediu arrego e as coisas não só podem como vão piorar. Quanto a efeitos eleitorais, o jogo e a Copa terão efeito algum. Mas disso eu prefiro falar numa outra oportunidade, pois é um assunto complexo pra ser tratado nesse texto.
  Quanto ao esporte, eu sempre vou continuar assistindo. Se eu mesmo nunca deixo de acompanhar o meu time, ainda que eu nunca tenha visto ganhar um Brasileiro e ter acompanhado dois rebaixamentos. não vai ser por causa de um evento desses que vai fazer gostar mais ou menos. A mesma coisa com automobilismo: não é por causa do Massa largar no meio do pelotão e não ganhar nada que eu não deixo de assistir a F1 ou qualquer outra corrida. A mesma coisa com o rugby: não é por quase ninguém conhecer o esporte que eu não vou deixar de ver um jogo. Esportes são esportes: quando você gosta, jamais deixa de assistir. E não, não venha com esse papinho barato de “ópio do povo”. Qualquer coisa que te tire o foco de política é “ópio do povo” e não é por não assistir ou consumir que você deixa de ser explorado e disso eu já tratei antes.
Mas um grande benefício dessa Copa e tudo o que se passou foi o início de um processo de auto-descoberta do Brasil e do brasileiro em relação ao resto do mundo. Não estamos sozinhos no mundo, essa é a grande verdade. É ao mesmo tempo um alívio e um fardo, pois ao mesmo tempo que outros tem problemas, nós tentamos, erraticamente, decifrar e solucionar os nossos. Que a aceitação dessa realidade nos faça pessoas melhores, mais ponderadas e ao mesmo tempo menos raivosas, ao contrário do que se vê nas redes sociais. Precipitação e ódio são uma armadilha perfeita para uma bola de neve e isso não é nem um pouco bom. Life is too short to be pissed all the time.
3 notes · View notes
simbiotsky · 11 years ago
Video
youtube
Pegue uma batida de funk setentista, misture com um pouco de house e uns solos secos de guitarra. Tá aí a mistura perfeita e o The Young Punx, projeto liderado pelo bem gabaritado britânico Hal Ritson, que já trabalhou com Iggy Azalea, David Guetta, Eric Prydz e mais uma caralhada de gente, juntamente com Nathan Taylor, que faz um trabalho bacana na ONG de arte de rua Situations. A mostra tá aí, na primeira faixa do álbum “All These Things Are Done” lançado há uns meses atrás. “Harlem Breakdown” é um chute no saco; te faz levantar da cadeira e não parar de tão viciante. Bom pra um sábado a noite como hoje, quando tu não tem a mínima intenção de sair e aí pinta aquela oportunidade... Curta aí! =]
3 notes · View notes
simbiotsky · 11 years ago
Text
Futebol ao sol, a sombra, na chuva e na geada e outras discorrências
20:03, 11 de Junho de 2014. Daqui a 20 horas, o Brasil e o mundo pararão defronte a qualquer coisa que emita milhões de pixels e que pegue sinal de TV para ver 22 homens lutando pela posse de um esférico(sim, vai ter termo do FM sim!) a lá Salvador Dalí para colocar num espaço de fundo verde, circundado por linhas brancas de metal e forrado de tecidos quase prateados de algo sintético por mais vezes quanto possível. Assim veremos cenas semelhantes durante os próximos 30 dias, até que os homens mais qualificados possam tomar posse de um pequeno monumento dourado e maçico.
  Em termos: vai ter copa sim. E é disso que eu vou falar. Não é a toa o título dessa matéria, entretanto eu não vou ficar analisando o livro do escritor conterrâneo do Forlán e de sobrenome de volante carniceiro do Palmeiras da Era Parmalat. Vou partir de dois pontos diferentes. O primeiro: as demandas maiores.
  Nisso caímos naquele velho dilema das frases de protesto: “Professor vale mais do que o Neymar”, “Você preocupado com Copa no Brasil enquanto os corredores dos hospitais estão lotados”, “queremos escolas padrão FIFA”, entre outras que pipocam por aí desde as manifestações de um ano atrás. Saúde e educação são bem deficitários nesse país? São, é óbvio. Mas elas sempre foram assim. Não foi a Copa que as pioraram. Agora, passemos a um exercício de criatividade: e se realmente nossa saúde e educação fossem padrão FIFA? Aqui, podemos chegar a uma resposta e a um dilema. A resposta: Albert Einstein e Colégio São Bento. Instituições da maior excelência possível, mas acessíveis a quem pode pagar muito. Tal como os ingressos extorsivos cobrados nas arenas. Agora, ao dilema: se a escola é padrão FIFA, você estaria disposto a ver seu filho dividir espaço com quem não está acostumado? Pois é, nos melhores sistemas educacionais do mundo, ricos dividem espaço nas escolas com pobres. Num país como o nosso, para alguns isso é um acinte, tal qual não poder desfrutar de uma diarista com todos os encargos trabalhistas ou a “gente diferenciada” dos vagões do metrô. Se você quer lutar por isso, comece a exercitar a sua alteridade e perceber que isso é para todos, não só pra você. E mesmo que fóssemos um país melhor, não seria perfeito. Viveríamos como num futuro de Rollerball: com outros dilemas a enfrentar.
  Agora, vamos a um outro ponto: culturalização. Nessa torrente de posts anti-copa que surgiram nos últimos tempos, um dos piores possíveis foi citando o Canadá como exemplo apenas por “não disputar e não sediar a Copa”, como se os canadenses fossem um povo erudito e não se comportassem como neandertais vendo homens trajados em camisetas e calções correndo como abestalhados. Qualquer um que já tenha pisado os pés por lá sabe que não é assim. O mesmo trato que nós damos ao futebol, eles dão ao hockey. Tanto é que, quando o Vancouver Canucks, perdeu a Stanley Cup(decisão do título da NHL, a liga de hockey que envolve tanto times do Canadá quanto dos EUA) para o Boston Bruins em 2011, ocorreram cenas como estas. E agora? Serão eles menos civilizados? Nem um pouco. A civilidade está além de curtir isso ou aquilo; está em quanto nós lidamos com o outro e com nós mesmos.
  Com isso, abrimos um terceiro elemento: a negação do esporte como elemento cultural. O Otávio Maia, do Esporte Fino, tratou isso no contexto do futebol. Contudo, um tratamento mais geral e amplo é melhor para expôr aqui, passando ao mote do “ópio do povo” e de “alienação”. Para isso, vamos partir da premissa da abstração. Observe tudo o que você vê: filmes, seriados, novelas, outros esportes. Enquanto você faz qualquer uma dessas coisas, existe gente morrendo de fome, doenças, guerras, de tudo e mais um pouco e não é só aqui e não é só pela Copa. Não vou deixar de lado todo o lado cru que acontece aqui por causa do evento, mas isso não é só aqui. Ou seja: mesmo fazendo tudo isso, você não deixa de ser explorado do mesmo jeito, não faz você lutar, não faz você conseguir melhorias. Isso se chama vida real e pra fazer isso tudo, precisa de peito e vontade real de sair por aí. E isso tudo é um traço cultural da humanidade desde a Grécia Antiga. Logo, enquanto milhões de pessoas tentam entrar ilegalmente nos EUA ou não tem acesso a um plano de saúde, não é culpa daqueles que veem o Super Bowl, a World Series, as finais da NBA ou a Stanley Cup: é culpa do que fazemos quando não estamos nos entretendo. O mesmo vale pra indianos que ficam vendo críquete ou neo-zelandeses que curtem rugby. Aliás, falando nesses últimos, recomendo esse excelente documentário. As semelhanças com o modo que nós tratamos o futebol são muitas e isso não faz deles um país pior, muito pelo contrário: é um dos grandes elementos da sociedade neozelandesa.
  Assim, podemos chegar a uma conclusão que chega em forma de conselho: nos próximos 30 dias, curta o máximo que puder. Se você curte futebol, assista todos os jogos que puder e saiba que serão momentos ímpares na sua vida. Se você não curte, faça um pequeno esforço e curta ao menos o clima de congraçamento. Tente ser mais aberto com aquele seu vizinho que você não fala, seja menos rígido e durão no que você faz. Mas não tente passar inerte a isso, pois será impossível. Seja uma pessoa melhor, acima de tudo.
  Vai ter futebol ao sol, a sombra, na chuva e na geada.
Vai ter Copa ao sol, a sombra, na chuva e na geada,
Vai ter Copa.
Vai sim.
Vai.
0 notes
simbiotsky · 11 years ago
Text
TEXTO-SOMBRA: SÍNDROME DE SENNA
1o de Maio, Circuito Enzo e Dino Ferrari, Imola, Itália, oitava volta. E aí todo um país se vê numa perplexidade poucas vezes vista. Essa foi uma das quatro lembranças que eu tenho daquele ano da graça de 1994, juntamente com o suicídio do Cobain, o tetra e um almoço num restaurante recém-aberto na Westphalen. Eu tinha apenas quatro anos e mal tinha noção do que era uma pessoa tirar a própria vida, morrer batendo a 300km/h, Copa do Mundo ou o cotidiano adulto do início dos anos 90. Mas sabia que aqueles eventos tinham um peso. Porém não sabia o quão eram pesados.
  Hoje, como todos sabem, fazem 20 anos que o primeiro evento citado aconteceu. Um esportista invejável, três títulos de F1, 41 vitórias, 65 poles e outros recordes depois batidos por Schumacher e Vettel. Consternação nacional, um milhão de pessoas no funeral, honras de estado, três dias de luto. Era o nosso maior esportista e foi justa toda a homenagem, afinal foi alguém que morreu justamente em ação. Um impacto imensurável num país que tentava sair ao abismo de planos econômicos mal-sucedidos e de presidentes saídos a força, que encontravam nele a sua grande referência e porta-voz.
  Passados todos esses anos e com a devida reflexão, as constatações são outras. Senna foi elevado a um nível de devoção jamais visto por outro esportista. Virou o Antônio Conselheiro do século XXI, tamanho o nível de misticismo a que foi elevado, esquecendo o automobilismo e até mesmo o fato de ser um piloto. A isso é que vem o título desse texto. A grosso modo, o sentimento pela figura, pelo ser humano de Senna virou isso: Síndrome de Senna. Propagado pela mídia e pelas suas declarações de entusiasmo e ânimo, o brasileiro transformou um esportista num compêndio de auto-ajuda e modelo de referência. Talvez sejamos o único país do mundo que fez isso. E isso é bom? Não. Nem um pouco. A primeira constatação vem justamente na declaração mais forte dele: “Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si.” Esse, talvez, seja o grande epíteto da meritocracia para o brasileiro médio. Dou o meu melhor, me dedico bastante, vou ao limite e chego lá, como se não houvessem variáveis ou outros fatores pra me atrapalhar. Temos aqui a primeira grande contradição da filosofia sintetizada nessa frase, praticada comum e livremente no meio corporativo: a cultura do QI, o famoso Quem Indica. Eu posso fazer o meu melhor até não poder mais, demonstrar as minhas potencialidades, me expressar bem nas entrevistas e dinâmicas, mas não posso fazer nada se alguém que tem uma boa rede de contatos consegue resultados melhores. Na política e na Administração Pública, isso traz os piores resultados possíveis: nepotismo, as mesmas famílias no poder, indicações meramente políticas sem levar em conta a competência e a formação para o cargo. Para alguém como Senna, bem-nascido, com o apoio da família para correr e com os contatos certos, essa foi a fórmula do sucesso. Já para alguém comum como a maioria da população, não. Além disso vem o lado ético: até onde é o último limite? Ter que passar por cima dos outros?
  Outra coisa é a exaltação de suas grandes façanhas. A primeira volta de Donington, todo mundo lembra. Já a jogada traiçoeira em cima do Prost em 90 pra ganhar o título, numa manobra que poderia ter resultado em algo grave, ninguém faz a menor questão de lembrar. A santificação é tamanha que até seus erros mais flagrantes são obliterados em favor de sua figura e de seu caráter indelével. A Toleman, a Toro Rosso dos anos 80, vira uma Marussia; a Lotus, que ainda era uma das equipes mais fortes áquela epoca, se transforma numa Sauber. Quem não concorda, vira inimigo; quem concorda é só quem aceita de mão única a interpretação da história, que só existiu entre o GP do Brasil de 84 até aquele domingo em Imola.
Aqui eu poderia passar páginas e mais páginas discorrendo sobre isso, mas a constatação é essa. Transformamos o luto em algo patológico. Senna era alguém que simbolizava o Brasil daquela época. Hoje não mais. Talvez nos falte coragem em dizer isso e se libertar disso, mas temos que fazê-lo. Deixemos que Senna descanse em paz. Eu, que nem cheguei a ver ele correr, prefiro o piloto, não a pessoa. Por influência dele, naqueles anos pós-Imola, aprendi a curtir o automobilismo e por isso chego a essa conclusão. Olhando como fã, uma pessoa nunca vai ser maior do que o esporte e em virtude disso o aprecio mais do que alguém em especial. É o que o brasileiro não aprendeu, até porque pra um esporte assistido por milhões e praticado pela elite num país tão desigual, só mesmo o lado patriótico o toca. Assim, que se jogue a mortalha preta fora e que a cura para a síndrome seja buscada.
0 notes
simbiotsky · 11 years ago
Text
Porque Simbiotsky?
Com essa pergunta, eu inicio esse texto. Mas para respondê-la, teria que fazer uma retomada ao longo dos últimos pra mostrar como se chegou a essa pergunta e a sua resposta. Esse blog é uma ideia que vem sendo gestada ao longo dos últimos 3,4 anos, de maneira mais concreta, mas que sempre vinha permeando minha cabeça e minhas ideias desde sempre, quer dizer, desde que eu passei a ter acesso a Internet. Porém era algo que eu sempre desistia com extrema facilidade, diante da correria da vida. A última tentativa, em 2011, foi um bom reflexo disso; não passou do primeiro texto. A princípio, era algo um pouco mais pensado, ainda que fosse meio aéreo, sem chão; era o La Forneria. Não passou do primeiro post por causa do sono depois de comer uma pizza, ou seja, já nascia pronto pra ser carcomido pelas enzimas do estômago.
Entretanto, não desisti da ideia. Precisava estruturar algo mais sólido que isso. Com o tempo, foram surgindo várias e várias possibilidades, até que no último ano começou a se delinear os atuais contornos que levam a essa pergunta. Começou com simbiose, aí veio o Vygotsky e formou essa jam aí. Assim a gente fecha o primeiro passo e agora vamos ao que a gente quer: a resposta. Primeiro, vamos recorrer ao grande guia dos néscios, o Aurélio, para encontrar a definição de simbiose: Simbiose. S.f. 1. Biol. Associação de duas plantas ou de uma planta e um animal, na qual ambos os organismos recebem benefícios, ainda que em proporções diversas. 2. P. ext Associação entre dois seres em comum.
No sentido aplicado por aqui, simbiose se trata da relação entre quem posta e quem lê. Escolho o assunto, retrato-o textualmente, você lê, tira as suas conclusões e as mostra, se for do seu agrado. Claro, isso não é uma via imutável; qualquer um dois, seja eu ou você, pode assumir qualquer das partes do processo, com o leitor fazendo um texto bacana pra ser postado, por exemplo. Mas lembre-se: isso é uma relação de confiança e se constrói com o tempo. É um importante postulado para que isso corra bem. Agora… e quanto a Vygotsky? Certeza que algum aí vai pensar “ah, esse maluco andou lendo coisa demais sobre pedagogia”. Mas, apresentando o porquê, talvez entendam. O teórico russo entra aqui justamente pelo seu trabalho em relação ao sócio-interacionismo, colocado a exaustão na educação básica brasileira nas últimas duas décadas. Mas aqui eu não vou tratar do assunto como se fosse um pedagogo pedante e sim tomando o que ele disse, que é um importante postulado pra qualquer relação humana entre duas ou mais pessoas. Claro que isso não é nem um pouco novo; Sócrates e seu “conhece-te a ti mesmo” provam muito bem isso e isso se alonga até a atualidade, principalmente com o multiculturalismo. Mas escolhi Vygotsky chega aqui pelo modo como ele propõe isso, que se encaixa muito bem nesse blog. Para ele, o ser humano se constitui enquanto pessoa ativa e participante na sociedade na sua relação com o outro. Ou seja: a relação entre quem posta e quem lê é o grande motor. Eu posto(ou você posta), outras pessoas vão lendo e assim mais gente vai participando desse processo que pode virar uma grande relação colaborativa. A simbiose retrata o processo; Vygotsky traz o tamanho que esse mesmo processo pode chegar. Porém, pra isso, depende de eu e você. Pra isso, vamos deixar o academicismo de lado. Deixem isso pras cátedras; elas sabem fazer isso como ninguém. Logo, não precisa ser nada extremamente rebuscado, porém, há de se procurar a melhor qualidade possível. Como aqui vamos tratando de cultura, deixo quatro grandes áreas disponíveis pra discorrer: cinema, literatura, música, games e contos. Agora… vamos correr =]
DISCLAIMER: quando for oportuno, teremos uma outra categoria, a texto-sombra. 
0 notes