Você tinha razão, a minha mente é barulhenta demais; Mas ela não faz mais barulho do que meu coração toda vez que você se aproxima. É como se tudo ficasse pequeno, ligeiro e imperceptível. Esse é seu melhor efeito sobre mim.
Ainda lembro daqueles sussurros, me recordo de tudo que falavam. Os insultos, as perguntas, as respostas grosseiras, as mentiras, tudo absolutamente tudo. Aquelas palavras nunca sumiram de dentro de mim, elas ficaram cravadas na minha alma e até hoje me atormentam. Uma tempestade sem fim de pura raiva… Não me recordo do que fiz para merecer isso, mas também já não me importa mais o que foi feito.…
29/01/2023 - A grama da PORRA do vizinho é sempre mais verde
Decisão. Palavra difícil essa. Ou pelo menos, eu admito ter dificuldade com ela. Talvez isso assim seja, pois tenho o hábito de ver a vida como um enredo de um livro, filme ou série: com começo, meio e fim, onde tudo faz sentido, e um acontecimento leva a outro. Porém a vida real é muito menos linear, e certamente, muito mais complexa. Por mais abstruso que seja um cenário construído por um autor, a personagem em que nele se encontra sempre acabará fazendo a escolha que faz mais sentido para a história. Mesmo que não seja a escolha mais sensata, ou a que lhe faria mais feliz, de alguma maneira, ela servirá para o desenrolar dos fatos, caso contrário, não ficaríamos mais interessados no resto da trama.
No entanto, a “vida real” não é assim. Nem mesmo o mais genial escritor conseguiria escrever em detalhes os diversos fatores envolvidos em certas decisões que devemos tomar. E também seria impossível para que este não levasse em conta que, na realidade, não fazemos ideia de qual serão as consequências de nossos atos. Nós temos a tendência de pensar como autores, achamos que temos controle sobre a história de nossas vidas, mas infelizmente acabamos nos decepcionando ao perceber que não é bem assim que funciona.
Imagino que esse seria o motivo para que “coração versus razão” seja o tema de muitas de nossas discussões filosóficas. É como se um deles estivesse certo, ou então que o certo seria escolher um dependendo da situação. Achamos que o coração, dono do sentimento, guia nossas decisões impulsivas e instintivas, e a razão, dona de nossas mentes, guia nossas decisões sensatas e calculadas. Dito isso, não é difícil enxergar como alguém confiaria no coração para mostrar-lhe com qual namorado ficar, e na razão para dizer-lhe o quanto dinheiro se pode gastar, por exemplo.
Entretanto, muitas das vezes, a decisão mais racional não nos leva ao controle e conforto material, e a decisão mais instintiva por sua vez, não nos trás as emoções que deveria. Em sua maioria, os mais árduos dilemas, não levam à resultados conduzidos por esta dualidade. Suas soluções, quaisquer que sejam, acabam deixando o coração e a mente igualmente machucados e satisfeitos
Por isso não julgo o que muitos adultos fazem, ao simplesmente priorizar a sobrevivência. É diferente de escolher o sabor de sorvete quando se é criança: o de morango não vai deixar de existir se você optar pelo de chocolate. Só que quando crescemos, as coisas que nos deixam mais felizes e confortáveis são exatamente as mesmas que farão com que não tenhamos mais comida no prato no dia seguinte. E então, muitos de nós, vivemos bem, felizes até, mas não como queríamos. Porque sempre haverá algo que queremos lá, mas que se só podemos ter, se largamos o que temos aqui.