Tumgik
#cap206
Capitulo 206
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Desde que acordei, sinto uma tensão no ar, como se algo estivesse prestes a acontecer. 
Ainda não sei exatamente o que é, mas algo me diz que não será algo bom.
E quando foi? Nunca vou sentir aquela ansiedade boa de quem espera uma surpresa agradável, sempre será isso, mesmo se um dia eu alcançar paz…
Entendo porque o Armin detesta surpresas.
Eu e o grupo estávamos nos preparando para sair e explorar a região, era tudo muito novo, e apesar de tudo, não sabíamos onde ficava o bunker exatamente.
Era uma novidade pra todos.
Achamos essa casinha no meio do nada (no literal) mas não sabíamos o que teria lá fora. 
Foi quando ouvimos um barulho estranho vindo da entrada da casa. Corremos para ver o que era, mas não havia ninguém lá. 
Sabe, isso tem sido frequente.
É um local que o som varia entre nenhum e sons horríveis de vento sem ter vento.
Isso tem apavorado nosso grupo todo.
Era bem cedo quando acordei e fui direto pro banheiro com uma tesoura…
Hoje é um grande dia. É o prelúdio pra nossas mudanças.
Eu decidi que cortaria meu cabelo. Eu nunca cortei meu cabelo antes. Desde que eu me lembro, meu cabelo sempre esteve preso em uma trança. Eu o deixei crescer desde que eu era criança e agora está tão longo que alcança minha cintura. Mas, é hora de mudar. Assim como o cabelo cresce, eu quero que minha vida recomece do zero.
Minha raiz branca me lembrava tudo que havia passado esses tempos, e chega de ficar presa ao passado.
É algo pequeno, uma mudança de cabelo, mas pra mim, que vivo estática esse tempo todo só com as coisas mudando ao meu redor e eu me mantendo a mesma sempre, é um grande passo…
Eu estava sozinha no banheiro, segurando a tesoura nas mãos. Eu nunca cortei o cabelo antes, então estava bem nervosa. O que aconteceria se eu cortasse muito curto? E se eu estragasse tudo? A vida é assim também… Mas eu decidi que eu precisava fazer isso. Eu preciso tomar as rédeas da minha vida. Eu preciso ser mais forte.
Esse cabelo é mais do que um cabelo, carrega uma simbologia muito grande pra mim…
Eu segurei o cabelo com uma mão e cortei com a outra. Primeiro um pedaço pequeno, e então outro. Cada corte fez meu coração bater mais rápido. Mas eu continuei, cortando e cortando, até que meu cabelo estivesse nos meus ombros. Eu olhei para o espelho, surpresa com o resultado.
“Uau, Boreal, você ficou linda!” Eu ouvi uma voz e me virei, vendo Armin parado na porta do banheiro. 
“O que você está fazendo aqui?” Eu perguntei, ainda surpresa com a mudança. 
“Eu acordei e você não estava na cama. Eu vim ver se você estava bem. Eu não esperava ver você cortando o cabelo.”
Eu sorri para ele e fui até ele. 
Ele me abraçou e beijou minha testa. 
“Eu estou bem, só precisava mudar alguma coisa.” falei olhando pra baixo.
“Eu entendo. Eu sinto que precisamos mudar muitas coisas ultimamente.”
“Sim, eu sei. Mas nós vamos superar tudo isso. Juntos.” Armin sorriu para mim. 
“Sempre juntos,Boreal. Agora, o que você quer fazer com seu novo visual?” Eu ri e comecei a arrumar meu cabelo. 
“Eu não sei. Talvez eu vá dar um passeio lá fora, mostrar pra todos os espíritos que vagam por aqui meu novo corte. Não temos muitos lugares pra visitar por aqui, mas, preciso de novos ares. Vamos ter que sair de qualquer forma.” 
“Isso é uma ótima ideia. Eu vou com você. Mas primeiro, vamos tomar café da manhã.”
Eu sorri para ele e seguimos para a cozinha.
“Você parece estar melhor ultimamente, Armin”, eu comento enquanto tomo um gole de café. 
“Eu estou tentando. Eu não quero que tudo isso me afete. Eu quero ser forte, assim como você.” Eu sorrio para ele enquanto o ouvia. 
“Você é forte, Armin. Você é incrível.” Ele cora e sorri para mim. 
“Obrigado, Boreal. Eu te amo.” Eu sorrio de volta para ele. 
“Eu também te amo.”
Esse corte de cabelo é mais do que um corte de cabelo. É o fim de uma era, é o fim de uma jornada, é o prelúdio do recomeço de uma vida.
Assim como meu cabelo, eu irei crescer mais forte e me cuidar muito mais a partir de hoje.
Mudanças são necessárias pra que consigamos seguir em frente. 
E o primeiro passo ‘’e ter coragem pra pôr em prática essas mudanças.
Eu fiquei confortável por anos estando com o mesmo corte e com a mesma cara.
Não mais…
“Bem, vamos pensar positivo, provavelmente estamos perto de pegar algum final,m e sinto que vai ser um final bom!” Armin dizia comparando a situação com um jogo de RPG tentando amenizar a situação tensa do local.
“Aff, la vem ele com essas merdas.” Alexy do presente resmungava.
Armin sempre tem uma energia contagiante. Eu admiro muito a forma como ele consegue transformar qualquer situação em uma diversão mesmo ele mesmo não estando bem. Se não fosse por ele, eu provavelmente já teria desistido…
Seria a primeira vez que pisaríamos fora dessa casa desde que chegamos, e assim o fizemos.
Finalmente, chegamos à fronteira das linhas temporais. 
O que antes parecia impossível, agora está bem diante dos nossos olhos. 
Ver o passado, o presente e o futuro se misturarem é uma sensação surreal, dá um arrepio na espinha e uma sensação muito desagradável de descontrole. 
Não posso deixar de sentir um nó no estômago só de pensar nas consequências que nossas ações podem ter. 
Armin apesar de tudo, parecia estar genuinamente empolgado com a perspectiva de finalmente encontrar a Boreal original. 
Ele tem sido um apoio constante para mim durante toda a jornada e parece sempre saber exatamente o que dizer para me tranquilizar, infelizmente eu não sei se posso dizer o mesmo a meu respeito quanto a ele. 
Eu sei que ele está lutando contra seus próprios demônios, mas ele nunca deixa transparecer.
Ele deixava, mas de uns tempos pra cá tem sido impossível ler seu rosto.
Nós caminhávamos do lado de fora com nossas bolsas, era tudo vazio com fragmento de coisas e pessoas espalhados, era muito ruim de ver, era uma sensação indescritível.
Daniel passou parte do caminho se culpando sem parar.
“Eu vi o Ken… mesmo aquela versão dele queria nos proteger né?” ele dizia com voz de choro.
Peggy só colocou a mão sob o ombro dele tentando acalmá-lo.
Ele continuava.
“Se eu não tivesse insistido em buscar minhas coisas, nunca nada disso teria acontecido… nada…”
“Não é sua culpa, nunca foi. Foi culpa na Nina.” Armin falava comigo beliscando ele.
“Armin! Ele gostava da Nina! Isso não é cosia que se diga…”
Daniel então começou a chorar mais.
Peggy abraçou Daniel com força, tentando consolá-lo. 
"Daniel, não foi culpa sua. Nós todos fizemos escolhas que nos levaram até aqui. Não podemos mudar o passado, mas podemos escolher como seguimos em frente a partir daqui", disse ela com carinho. Armin concordou. 
"A Nina tomou as próprias decisões e escolheu trair a confiança de vocês dois, amigos que ela dizia serem preciosos. Não podemos permitir que a culpa nos paralise, precisamos seguir em frente e encontrar uma maneira de superar isso juntos", disse ele, olhando para cada um de nós com determinação. 
Daniel ficou em um longo silêncio, sem parar de caminhar ele secou as lágrimas e olhou para cada um de nós com gratidão. 
"Vocês têm razão. Não podemos mudar o passado… mas podemos escolher o que fazemos a partir de agora. E eu escolho estar com vocês e lutar por um futuro melhor. Era o que o Ken estava tentando fazer, e eu vou continuar a missão dele.", disse ele, com determinação na voz. 
Era um clima de muita tensão pra todos os lados.
Enquanto isso, Thomas e Chani estão procurando um local mais seguro para nos estabelecermos enquanto tentamos descobrir um jeito de alcançar a Boreal original. 
Em paralelo, Armin do passado estava fazendo anotações a respeito dos lugares. 
Eles são dois pilares de força, sempre tão cuidadosos e dedicados ao nosso grupo. 
"Então, o que é o próximo passo?", perguntei a Armin do passado, enquanto caminhávamos pelas ruas desertas de uma cidade fronteiriça.
“Ir até a localidade que Debrah marcou para gente. O problema é achar… sophie, você conhece algo por aqui?” Armin perguntava se direcionando a Sophie.
“Infelizmente quem viveu nessa dimensão foi o Nathaniel… Eu só ouvi falar por ele. Minha estadia aqui foi curta e eu ficava somente com ele.” ela respondia/
Nathaniel… Ele seria de grande ajuda.
“Então significa que temos onde ficar?” Azriel perguntava.
“Sim, temos. Mas não sei como ir. Aparentemente esse local é próximo do bunker e tem uma entrada secreta pra parte interna.” Armin dizia.
“Eu tenho noção de como andar no bunker, mas não aqui.” Rémy dizia.
“Vocês são uns incompetentes. Me sigam.” Armin do futuro finalmente desligou o PSP dele e tomou frente como um líder.
Começamos a caminhar, Armin do presente me puxou.
“Eu não confio nele, só quero deixar isso bem claro.” ele dizia.
“Ué, tá confiando mais no do passado do que no do futuro?” questionei.
“Exatamente… Se ele estiver com o Armin do bunker não teremos o que fazer.”
Continuamos a seguir ele, Armin realmente parecia saber o que estava fazendo.
Foi quando percebemos que estávamos sendo seguidos. 
Não conseguimos ver quem era, mas pudemos sentir a presença de alguém nos seguindo. 
Armin falou que chegou a ver alguém se esconder com sua visão periférica.
Estávamos todos tensos, prontos para qualquer coisa. 
"Vocês também estão sentindo isso, né?" perguntei discretamente para o grupo.
"Estranho, muito estranho", respondeu Nathaniel. 
"Será que é algum tipo de ameaça?"
"Talvez. Precisamos ficar atentos", respondeu Ambre.
Castiel estava calado desde que ele matou o Lysandre com suas próprias mãos, mas ele se aproximou de nós falando.
“Deixa que eu fico atrás, se acontecer algo vou receber o ataque primeiro, vão na frente.” ele dizia com cara de raiva.
"Bem, eu preciso falar com o Armin do passado. Precisamos nos certificar de que ele está a par de tudo o que está acontecendo aqui atrás.", respondeu Armin, mordiscando a unha do dedo indicador.
Ele estava se afastando e indo pro lado dos dois Armins que estavam na frente do grupo todo, tudo que estávamos fazendo, cada movimento, era discreto.
Não queríamos deixar claro pra nosso perseguidor que o notamos.
"Não acho que isso seja uma boa ideia", eu disse, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. 
"Você mesmo disse, o que impede o Armin do futuro de nos trair?"
"Eu sei que é arriscado, mas não temos outra escolha", disse Armin, colocando a mão no meu ombro. 
"Precisamos fazer tudo o que pudermos para alcançar a Boreal original. E isso inclui correr riscos." Suspirei, sabendo que ele estava certo.
Pensar que Armin era o gênio por trás da máquina do tempo que nos trouxe até aqui, eu confiava em suas habilidades e seu raciocínio, mas ainda assim, não conseguia me livrar do medo de que tudo isso pudesse dar muito errado. 
"Então, qual é o próximo passo após contar pro Armin do futuro?", perguntei, olhando para ele com expectativa.
“Não faço ideia, mas temos que ficar ligados no pior.” Ele falava baixo.
Armin então foi neles.
Nessa hora Rayan se aproximou de mim discretamente.
“Boreal, tem alguém na nossa cola.” ele falava com a mão na arma em sua cintura.
Eu sabia que tinha alguém ali, mas não sabia o quão perto ele estava.
Ouvimos outro ruido vindo de trás.
Castiel parecia estar apreensivo.
"O que é isso?" perguntei.
"Deve ser só um animal ou alguma coisa aleatória caindo, não se preocupe", disse Alexy.
Mas algo no meu instinto me dizia que algo estava errado. 
Eu peguei minha arma, aquela que eu carregava, e me afastei do grupo com o Rayan
Fomos em direção a uns escombros próximos.
Quando chegamos perto o suficiente, vimos um homem vestindo roupas pretas e uma máscara cobrindo o rosto. Ele estava segurando uma arma e parecia estar nos observando. 
"Quem é você?" perguntei, apontando minha arma para ele.
O homem permaneceu em silêncio por alguns segundos, mas depois disse em um tom rouco: "Eu estou aqui para entregar uma mensagem". 
"A mensagem de quem?" perguntou Rayan, com um tom de desconfiança. 
"Daquele que vocês estão evitando", respondeu o homem, olhando diretamente para mim. 
"Ele quer que vocês saibam que ele sabe o que estão planejando e que vocês nunca a encontrarão". Nessa hora eu me arrepiei toda, o Armin do bunker sabia nossa localidade…?
Como?
Lentamente eu olhei pro Armin do futuro com muita desconfiança.
"Isso é um blefe", disse Rayan, empurrando o homem para longe.
O homem caiu no chão e tentou lutar contra Rayan, mas foi rapidamente dominado. 
Os demais membros de nosso grupo nos aguardavam em prontidão, e rapidamente cercaram o homem para um interrogatório.
Depois de alguns minutos de interrogatório, o homem finalmente cedeu e revelou que ele havia sido contratado por um homem que queria impedir a missão da nossa equipe, no caso, ganhar tempo. 
Estávamos no meio de “lugar nenhum” e mesmo ali estávamos sendo perseguidos.
“Bem, nós chegamos no esconderijo, agora esse homem e um empecilho. O que faremos com ele? Ele sabe nossa localidade. Matamos?” Armin do passado dizia.
“Não acho que seja necessário… Ele não vai saber como entrar nem onde é se deixarmos ele preso aqui. Até porque foi fácil demais imobilizá-lo", disse Nathaniel, enquanto amarrávamos o homem. 
"Isso me preocupa", disse Armin, com uma expressão pensativa. 
Foi quando eu notei que o Armin do futuro desapareceu, enquanto largávamos o cara ali e entravamos na tal passagem.
Armin do passado já estava entrando e digitando algo em um painel de segurança do tal túnel secreto, eu corri até ele desesperada pra perguntar onde estava o Armin do futuro.
Ele me encarou, olhou pros lados e ficou surpreso que ele não notou quando o Armin sumiu.
Alguma coisa estava errada, e eu não conseguia parar de pensar no fato de que o Armin do futuro havia desaparecido. 
"Vamos mudar de localidade", disse eu. 
"Não podemos correr o risco de sermos atacados novamente".  Armin dizia.
“Mas eles sabem nossa localidade!” eu gritava desesperada.
“Boreal, eles vão saber seja pra onde formos… não temos outra saída.
“Eu sabia que ele estava em silêncio porque estava trabalhando com o Armin do bunker, sabia!” Armin do presente dizia.
Começamos a caminhar pra dentro do túnel.
Enquanto caminhávamos pelo túnel, eu podia sentir uma tensão crescente entre nós. Todos estavam nervosos e ansiosos, e eu não conseguia culpá-los. 
Finalmente chegamos a uma área aberta, onde páramos para descansar e discutir nossas opções.
"Não podemos simplesmente desistir, não agora.", disse Castiel, com determinação em sua voz. 
"Temos que encontrar uma maneira de alcançar a Boreal original" Armin dizia.
"Mas como vamos fazer isso?" perguntou Nathaniel. 
"Não temos uma máquina do tempo funcional, e o Armin do futuro não está aqui para nos ajudar nem nos guiar… capaz de ele ser um traidor…".
"Não podemos depender dele", disse Armin do passado, com um tom de desdém em sua voz.
"Temos que encontrar uma solução por nós mesmos". Eu concordei, sabendo que ele estava certo. 
Nós tínhamos que encontrar uma maneira de alcançar a Boreal original, mesmo sem a ajuda do Armin do futuro, obviamente ele não nos ajudaria. 
Enquanto discutíamos nossas opções, eu não conseguia parar de pensar em como poderíamos chegar à Boreal original. 
Eu sabia que não seria fácil, mas tínhamos que tentar. 
Decidimos explorar esse esconderijo enquanto podíamos, pra entender onde o Armin do futuro nos trouxe e até onde ele falou a verdade.
E sim, achamos uma passagem pro bunker, ele não mentiu.
Sabíamos que lá era nossa última parada e que quando entrássemos lá teríamos que estar certos de pra onde iriamos.
“Alguém precisa acessar a Debrah, o computador central do bunker, mas como fazer isso sem ser notado? Só habilidades de hacker não vai dar em nada, especialmente se levarmos em conta que tem duas versões evoluídas minhas nessa cidade.” Armin dizia.
“Eu poso ajudar… eu conheço o bunker muito bem.” Rémy tomou frente.
Realmente, o Armin do futuro tratava ele como um filho.
“Acho que eles não irão me atacar inclusive… mas se atacarem, corro o risco.” ele completou me deixando apreensiva.
Decidimos ser hora de descansar um pouco, e cada um foi para um canto do esconderijo para tentar dormir. Eu ainda estava pensando em tudo o que havia acontecido. 
Teríamos que planejar com muita cautela o que faríamos, isso não é um videogame e não temos máquina do tempo, só teremos uma chance de fazer dar certo.
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