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#cap82
letterstomyhusbando · 2 years
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Cut of Mokushiroku no Yonkishi  Chapter 82
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wildbeautifuldamned · 3 months
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caboc-ir-blog · 5 years
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Capítulo 82
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Pensei a noite toda no que o Lysandre havia dito . . .
Parece que minha vida tem estado cada vez mais agitada.
Eu não tenho passado um único dia sem descobrir ou viver algo estranho ou incrível.
Morte do Nath, um dia depois matei o Viktor, um dia depois matei a Ambre e o Castiel, um dia depois descobri que o Armin esqueceu de mim e o Ken está preso, mais um dia depois o Lysandre mostra que é ruivo, usa lentes e base, gosta de mim e é irmão da Iris . . . Qual seria o próximo ? Eu temia pelo dia seguinte.
No dia seguinte . . . Eu fui pra escola normalmente, e eu tive receio de esbarrar com o Lysandre sinceramente. Mas não evitei ele justamente porque não vi necessidade.
Eu então me sentei no banco do pátio e fiquei lá pensativa . . . Eu pensava no que o Lysandre tinha dito, pensava no Nath e Castiel mortos, e pensava no Armin e no Ken . . .
Quero todos de volta . . . Quero tudo como era antes. Agora concluo que mesmo reclamando constantemente da minha vida, ela era boa da forma bagunçada que era . . . Aqueles sofrimentos eram pífios perto dos de agora.
Armin então se sentou do meu lado e começou a se aproximar bruscamente de mim no banco.
Ele estava muito perto de mim, seu rosto estava a pouquíssimos centímetros de distancia do meu, era incomodo até certo ponto mas me causava nervosismo, afinal, ele não se lembrava mais de mim, no fundo eu tinha esperanças dele lembrar de mim sem mais nem menos.
O rosto do Armin estava muito próximo ao meu e ele me olhava fixo.
Ao levantar a cabeça ligeiramente e olhar pra ele, meu olho foi de encontro direto com o olhar dele, era um olhar fixo em mim.
"MEU PSP ! DEVOLVE !" ele gritou sem mais nem menos na minha cara.
"Armin . . . Volta a soltar piada com hora, pelo amor de Deus. Essa piada do PSP tá sem graça já." eu falei bufando.
"NÃO É PIADA ! DEVOLVE MEU PSP !!" Armin já saiu colocando a mão na minha bolsa enquanto estava em cima de mim. Ele procurava incansavelmente o PSP dele.
Nesse momento algo inesperado aconteceu.
Ele levou um soco sem mais nem menos (pra coleção de socos dele): Era o Dakota.
"SAÍ DE PERTO DELA !!" ele gritava.
"D-Dake ???!? O QUE FAZ AQUI ?!"
"EU VI ESSE MOLEQUE TENTANDO TE ROUBAR E VIM METER PORRADA NELE !" Ele gritava chutando o Armin.
Eu afastei o Dakota desesperada. "SAÍ DE PERTO DELE ! ELE É MEU AMIGO !!" Eu gritava enquanto ia até o Armin.
Armin não falava nada, só olhava com raiva pro Dakota. Eu sabia que o Armin sabia se defender a apesar de tudo, mas que sempre preferiu ficar na dele . . . E bem, mesmo sabendo que ele se defendia bem, o Dake andava armado normalmente, eu não estava afim de perder mais gente.
"Mas eu vi vocês dois discutindo ! Ele começou a subir em cima de você e tentar pegar sua bolsa e você ficou afastando ele !" ele gritava.
"NÃO ! Cara, não se mete. Com os meus amigos EU ME RESOLVO." Eu então peguei o Armin pelo braço e saí de lá empurrando o Dakota. Eu não tenho paciência pra ele e nunca tive. Aliás, nem havia passado pela minha cabeça perguntar o que ele fazia no colégio.
Eu caminhei puxando o Armin pelo braço até próximo à quadra.
Armin então começou à me encarar novamente.
"Vai fala a maldita frase do PSP . . . " eu já me adiantei.
". . . O-Obrigado . . ." ele falou e me deixou um tanto surpresa. Eu realmente esperava que ele fosse me acusar de roubar o PSP e voltar com a palhaçada que tem sido.
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Armin me encarava com a cabeça levemente pra baixo e me olhava como se fosse uma criança birrenta, não posso negar, achei fofo e eu jamais pensei que acharia o Armin fofo já que tenho a imagem de um troglodita sarcástico na cabeça.
Nós ficamos em silêncio, eu realmente não tive reação. Sei lá, é algo pequeno, mas desde que ele perdeu a memória ele não tem me tratado de outra forma sem ser ou com indiferença ou como uma ladra de consoles. E admito estar curtindo conhecer esse lado do Armin que eu não conheci. O lado que não é nem amigo nem estranho . . .
"D-De nada . . . " eu estava feliz por algum motivo desconhecido. ". . . Mas não pense que esqueci meu PSP . . . " Ele voltou a falar emburrado e irritadiço.
"AHH NÃO ! COM LICENÇA" eu me afastei irritada, aquilo realmente estava me tirando a paciência. Eu estava quase devolvendo o PSP. Mas parte de mim não queria.
Então no caminho enquanto eu saia cabisbaixa e irritada eu esbarrei no Lysandre que me segurou no nosso esbarro enquanto soltava educadamente um "Bom dia" como de costume.
Meu coração disparou ao ouvir o bom dia dele . . . Porque eu estava ansiosa com o que ele tinha dito no dia anterior . . . Ao olhar pra cima e ver ele . . . Ele estava ruivo, com os dois olhos verdes e com sardas. . . . Tudo que ele escondia. Aquilo foi uma surpresa pra mim.
Sabe, eu quis o Lysandre por muito tempo, e ter aceito o Nathaniel realmente fez diferença.
Imagine se eu decidisse me dedicar novamente aos meus sentimentos pelo Lysandre e o Nath estivesse vivo ? Aquilo remoía minha cabeça.
Fora que não fazia nem 1 semana que tudo havia acontecido.
Eu não poderia simplesmente fingir que estava tudo bem.
Além do mais . . . Eu amo o Nathaniel, e isso era algo que eu tinha certeza já. Lysandre definitivamente por mais que tivesse sido uma paixão muito forte, nunca foi amor real.
Eu sequer conhecia ele, essa era a mais pura prova de que eu não tinha como amar ele.
Eu conhecia algo superficial, uma casca.
É tipo eu falar que sou apaixonada por esse Armin que estou conhecendo agora. Não tem sentido nenhum.
Porque mais tarde quando eu conhecesse aquele menino sarcástico e grosso que ele é de verdade eu provavelmente descobriria que não gosto dele.
O Lysandre eu conheço o rapaz de cabelos brancos com ar vitoriano muito educado. E ali eu pensei: Em 2 dias convivendo com ele eu descobri muita coisa sobre ele que eu não sabia, que me fez comprar ele até com o Castiel em certos pontos . . . Que garantia eu tenho que tudo que admiro nele é não passa de uma casca social ?
O Nathaniel eu conheço de verdade, o Castiel ? É 100% transparente (por mais que seja muito carinhoso em 4 paredes, coisa que ele não é com qualquer pessoa), o Armin e o Ken, eu conheço bem . . . Mas o Lysandre permanecia uma incógnita pra mim.
"Que surpresa . . . Você está ruivo . . . " Eu falei realmente espantada.
"Sim . . . Você falou que queria me ver assim então pensei, porque não ?" ele sorria.
Era . . . Outra pessoa.
A voz era a mesma, o jeito e as roupas, mas . . . O cabelo mudou ele DEMAIS.
Admito que fiquei deslumbrada com o que eu via . . . Eu olhava fixamente para ele.
"Ficou ruim né . . . ? " Ele falou parecendo decepcionado.
"NÃO ! NUNCA ! Você fica lindo de qualquer jeito Lysandre e . . ." Quando me toquei do que eu tinha acabado de falar já era tarde.
Eu estava morta de vergonha . . . Não fiz por maldade ou com segundas intenções, eu só quis tranquilizar ele. Não menti, realmente acho ele bonito tanto com cabelo ruivo quanto com cabelo branco.
Lysandre ria do fato de eu ter ficado com vergonha.
Nós então caminhamos até a parte interna do colégio e fomos em direção ao terraço, porém ficamos nas escadarias mais altas sentados, sem nem subir nem descer.
"Lysandre, sabe porque o Dakota tá no colégio ?" Perguntei sem mais nem menos ao recordar meu encontro de mais cedo com o Dakota.
Lysandre então repetindo o nome foi no bloco de notas e começou a folhear, parecia procurar algo.
"Ah sim ! Dakota ! O rapaz que usa roupas da Nike né ? Ele é aluno novo. Boris, tio dele, pediu transferência dele para cá por conta de facilidade para cuidar do sobrinho."
"Que maravilha . . . Era só  que me faltava . . . " eu resmunguei.
"Sim, eu me recordo que o Castiel comentou a respeito do Dakota ter beijado você não é mesmo ?"
"Sim . . . Inclusive foi meu primeiro beijo, veja só ! Ele literalmente brotou na praia e saiu me puxando e me beijando !!" Eu reclamei ainda mais, Lysandre sorria e aquilo era um tanto constrangedor . . . É engraçado imaginar que antes eu não conseguia ter uma conversa sequer com ele.
"Bem, Alexy também fez algo similar não é mesmo ?"
"Pois é ! Devo ter um ímã ! As pessoas deviam entender que beijar elas sem permissão não é agradável. Eu só perdoo o Alexy porque . . . Sei lá, vejo ele como minha melhor amiga." Lysandre então se pôs a rir ainda mais.
Após um longo silêncio me encarando e sorrindo. . . Lysandre voltou a falar.
"E um beijo com sua permissão ? É agradável ?" ele falava com tanta naturalidade que . . . Me deixava sem graça.
Eu sabia que ele estava falando comigo(óbvio), mas me fiz de dissimulada.
"É-É óbvio que é agradável. Afinal e-eu iria querer não é mesmo ?"
Foi quando o Lysandre se aproximou de mim e colocando delicadamente a mão abaixo do meu queixo ele falou "Eu tenho sua permissão ?" enquanto me encarava.
Eu não sabia como reagir, eu estava nervosa, eu queria focar meus pensamentos nos acontecimentos anteriores . . . Sabe, eu sei que é errado querer "se por pra baixo", e não era bem o que eu queria. Mas eu não queria perder o foco, principalmente tão rápido.
Mas estava sendo difícil, estava sendo incrivelmente difícil pra mim. Parecia que quanto mais centrada eu ficava mais o Lysandre me rondava.
Eu não respondia a pergunta do Lysandre, eu só ficava quieta olhando para ele e sentindo minhas mãos suarem.
"Acho que seu silencio é um não, certo ? Me atrasei demais." Ele sorriu um pouco sem graça, e nessa hora, por impulso eu falei "NÃO ! NÃO FOI UM NÃO !" E ele não pensou duas vezes em me beijar.
Meu subconsciente mandava eu parar, mas meu corpo não permitia.
Eu não estava fazendo nada de errado, eu estava sozinha, abalada, triste, ele estava sozinho, abalado e triste . . . Ambos estavam na mesma situação.
E não era como se eu não gostasse dele, eram duas pessoas na mesma situação com sentimentos similares.
Por mais que eu não sentisse com a mesma intensidade . . .
Eu quis isso por tanto tempo mas quando finalmente consegui . . . Não teve muito significado . . . Não teve muita graça.
Lysandre após me beijar ficou olhando pra mim sério.
"Você não parece ter gostado."
"Não é isso . . . Mas . . . Não me sinto fazendo algo certo. 2 pessoas importantes morreram essa semana, uma está presa e o outra sem memória . . . E nós estamos ignorando tudo isso pra nos beijarmos ? Isso não me parece certo . . . " ele respirou fundo e continuou me encarando em silêncio.
"Você tem razão . . . Mas vamos pesar os pontos. Eu sinceramente estou sem forças pra continuar tentando, eu estou me sentindo sozinho. Sinceramente saber que você está viva me deixou muito feliz e com forças.
Pelo Castiel e pelo Nathaniel não temos nada o que ser feito. Eles morreram.
Mas eu gostaria de pensar em algo para solucionar a vida do Armin e do Kentin, sendo que, o meu estado atual não me permite.
Isso que estamos fazendo agora nada mais é do que dar uma folga para nossa mente.
Remoer os problemas atuais, que não são poucos, só vai nos sobrecarregar mais . . .
Além do mais, acho que nem o Castiel nem o Nathaniel iriam gostar de saber que morreram para que nós ficássemos nos lamentando pela morte dos dois para sempre." o Lysandre apresentou muitos pontos a favor da nossa situação. Mas eu não conseguia deixar de pensar que era errado . . .
"E se o Nathaniel estiver vivo ?" eu falei sem hesitar.
"Ele não está vivo, e se estivesse ? Que mal teria ?"
"Lysandre . . . Eu entendo que você goste de mim, eu também sempre gostei de você . . . Mas depois da sua rejeição eu te superei e dei chance pro Nathaniel. Eu estava com o Nathaniel quando ele foi morto, eu --"
"Eu sei disso tudo. Me poupe dos detalhes." O Lysandre pareceu incomodado com o que eu dizia, e ele não parecia encabulado de falar de sentimentos ou coisa assim, diferente de mim. Se bem que mesmo com vergonha estou tendo grande facilidade pra falar abertamente com ele.
"Se ele estiver vivo . . . Eu vou entender se sua escolha for ele. Aliás, eu sei que ele não está vivo." Lysandre afirmou.
"C-Como sabe ?! Eu não consegui contactar a família dele até agora ! Se bem que quando me passei por Charlotte a Ambre deu a entender que ele estava morto . . . Não teria porque manter o teatro dela pra Charlotte . . . "
"Você tem um ponto contra e a favor.
Acredito que ele esteja morto mesmo. Assim como o Castiel. Meu irmão é da mesma organização que o Nathaniel lembra ? Ter acesso a essa documentação que comprova se ele está vivo ou morto é fácil pra mim. E bem, ele disse que o Nathaniel está desligado. Só desligam agentes por 3 motivos por lá: traição, morte e aposento.
Nem o Ken que está sendo investigado como traidor foi desligado, porque desligaram o Nathaniel se não por morte ? Até porque quem deu os equipamentos e informações para alguém de fora, que no caso era o Armin, foi o Kentin, e ainda assim ele está sendo tratado como agente. Nathaniel não foi traidor e sim morto."
Quando o Lysandre falou isso . . . Eu senti meu sangue frio . . .
Eu estava me segurando na esperança dele estar vivo . . .
Eu não contive minhas lágrimas naquela hora, e sim, eu chorei, e não foi pouco.
Não me importava se o Lysandre estava vendo, eu não estava bem. Eu queria o Nathaniel vivo.
O Nathaniel era o que me importava. . . Eu não dei o devido valor a ele. Claro que eu não fiquei com ele porque ele arriscou a vida dele por mim, se fosse assim eu teria que ficar com o Ken e até mesmo com o Armin. Mas eu também sempre tratei eles da forma devida, coisa que não fiz com o Nath . . . E o Nath foi além, eu realmente me apaixonei por ele.
Eu não pude me conter . . . Eu não quis me conter.
"Você realmente gostava do Nathaniel né . . . ?" Lysandre me abraçou enquanto dizia isso.
Eu não respondi e só fiquei ali no conforto do abraço dele . . .
"Porque acha que o Castiel está morto ?" eu perguntei finalmente.
"Não sei . . . Eu acho que prefiro acreditar que ele está morto . . . Assim sofro menos.
Se ele aparecer vivo sem mais nem menos vou ficar feliz demais, mas . . . Se eu me conformar com a morte dele desde já vai doer menos quando darem a noticia." ele me deu um leve aperto no abraço. Até então eu não havia retribuído o abraço dele, só aceito. Então eu o abracei finalmente. Não estávamos com malícia alguma, era realmente apenas um reconforto um para o outro.
Castiel era precioso pra mim, então minha perda foi dupla.
Mas pro Lysandre talvez seja maior, afinal, Castiel era tudo que ele tinha.
Ele tem o irmão, ele tem uma irmã, mas . . . Ele só confiava no Castiel.
Perdemos a hora.
"Acho melhor irmos logo pra sala de aula não ?" Ele dizia enquanto apertava minha mão.
"Vamos ficar mais . . . Eu não estou bem pra voltar. Não tenho nem cara pra aparecer na sala de aula." eu falei puxando a mão do Lysandre.
Nos mantivemos em silêncio até que perguntei sobre a Iris.
"Sei que não vem ao caso, mas, me conte sobre a Iris ? Eu pensei bastante nisso e estou confusa. Você é irmão da Iris e do Leigh ? Como só o Castiel sabia ?"
Lysandre respirou fundo.
"Iris é minha irmã biológica. Leigh não." aquilo foi uma surpresa pra mim.
De fato não acho o Leigh nem o Lysandre parecidos mas . . . Era um espanto.
"E os pais de vocês ? E os pais da Iris ?" eu perguntei confusa.
"É uma historia estranha . . .
Meus pais não são meus pais biológicos . . . Minha mãe biológica me jogou no lixo.
Minha mãe biológica é a mãe da Iris." por mais que o Lysandre sorrisse enquanto contava eu sentia melancolia no sorriso dele.
"Sua mãe . . . Te jogou no lixo ?? Como assim ?! Porque ???"
"Eu não sei bem . . . Aparentemente falaram pra ela que ela teria um filho anticristo, sei lá. E então . . . Eu nasci. Ela já tinha a Iris, que aliás, é minha irmã mais velha. Ela é 1 ano mais velha que eu.
Nossa mãe se livrou de mim sem pensar duas vezes.
Meus pais me encontraram no lixo e me adotaram . . . Eles já tinham o Leigh e eles nunca puderam ter filhos pois minha mãe é estéril. Foi assim, basicamente.
Minha mãe biológica é bem religiosa . . . E ela soube que um casal pegou o filho amaldiçoado dela do lixo, e bem . . . Falou com meus pais sobre isso.
Eles chamaram tudo de baboseira dela e me criaram.
Ela sempre proibiu minha irmã de se aproximar de mim por eu ser um "filho do demônio" como ela me chamava.
Minha irmã não sabia que eu era irmão dela, mas eu sempre soube, meus pais nunca me esconderam. Claro que em uma das prensas dela eu falei pra ela, e ela passou a andar comigo escondido.
Sempre nos demos muito bem, e como nossa mãe a proíbe de muitas coisas como por exemplo, andar com meninos, eu sempre fui o único amigo dela aqui no colégio, fora as meninas.
Thomas, nosso irmão, sempre foi o único contato masculino que ela teve, mas ele é muito novo e não tinha o mesmo tipo de conversa que ela. Mas mesmo o Thomas sempre teve contato restrito com a Iris. Além do mais, por eles terem uma convivência mais de irmãos não suportam ver a cara um do outro mais. Sei como é isso, quando eu convivia com meu irmão todo dia eu também me enchia da cara dele."
A historia do Lysandre mas uma vez me surpreendeu.
Eu não sabia de tudo que o Lysandre passava, tinha passado e . . . Admito que ter passado aquele tempo com ele, só com ele, me fez entender ele melhor, e eu sou grata. Isso explica também o porque dele não confiar em ninguém, afinal, a própria mãe jogou ele no lixo . . .
"Como sua mãe pode acreditar em uma asneira dessas ?! Anticristo ???!"
"Pois é . . . Ela ficaria assustada em saber que o filho anticristo dela faz rituais satânicos e sacrifícios de pessoas pra ajudar o melhor amigo . . . Acho que no fim, a pessoa que falou pra ela isso não estava de toda errada." Lysandre ria gentilmente mas ele parecia incomodado.
"Lysandre . . . Você só aprendeu o que aprendeu porque achou a biblioteca lá na casa dos seus pais atuais não é ? Então . . . "
"Sim, mas . . . Em todo caso, ela acertou de alguma forma."
"Pelo menos a Iris não acredita nessa baboseira . . . " eu estava revoltada em ouvir isso , nunca esperei que a mãe da Iris fosse esse tipo de pessoa.
"E seu pai biológico ? O que falou disso ?"
"Minha mãe ficou cada vez mais paranoica depois que teve a Iris e por fim, ele não suportou e saiu de casa. Iris quem me contou tudo. Apesar de tudo sempre demos um jeito de nos encontrar. Thomas é nosso meio irmão, ele é do ultimo casamento da minha mãe. O pai do Thomas faleceu pouco depois do nascimento dele." a vida da família do Lysandre era muito complicada . . . E eu realmente me perguntei se não seria minha existência que estava causando tudo isso. Será que se eu não existisse nesse mundo isso tudo aconteceria ?
"Armin e Alexy adotados, eu com pai adotivo e agora Lysandre adotado . . . Mais alguém pra nossa lista ?" eu brinquei.
"Seu pai ? Ele não é seu pai biológico ?" Nessa hora eu me toquei que eu nunca havia explicado sobre meus êmbolos familiares pra ninguém além do Armin, Ken e um pouco pro Nath . . . Não que tenha sobrado muita gente na lista pra eu contar mas tudo bem.
Ali dei uma breve explicação para o Lysandre sobre minha vida.
Sobre meu pai verdadeiro estar morto, sobre como vim parar na Terra e tudo relacionado a minha vida que eu "ocultei".
Por fim perdemos a hora conversando sobre inúmeras coisas. Aquele dia eu posso dizer que conheci o Lysandre melhor, e fiquei muito feliz com isso.
Eu pude ver ele rir, ele contar seu passado, seus sentimentos.
Eu aprendi muita coisa sobre ele, ele não teve muita coisa para aprender sobre mim, afinal, eu sempre deixei exposto.
Nós nos levantamos juntos e seguimos para a porta.Durante o dia muita gente olhava para o Lysandre, acho que por conta do cabelo.
Admito que a visão foi um tanto quanto complicada de me acostumar.
Enquanto caminhávamos pelo corredor a Iris veio até a gente.
"Lys ! Você não apareceu na aula hoje . . . Pensei que não tivesse vindo." Ela dizia.
"Ah, desculpe Iris. Eu estava resolvendo algumas coisas." Ele dizia gentilmente para a Iris.
E pensar que eu tive ciúmes esse tempo todo deles dois . . .
A  Iris olhou para nós dois e sorriu.
"Bem, de qualquer forma aqui está a copia da matéria." Ela então entregou o caderno dela. Lysandre acariciou a cabeça da Iris e agora que sei toda a verdade, eu acho admirável a relação dos dois.
Iris demonstrou desconforto e afastou a mão do Lysandre pedindo para que ele parasse enquanto ela olhava pra mim.
"Eu contei pra ela Iris, tá tudo bem." Lysandre completou.
"Sério ?! AH É UM ALIVIO ! Eu me sentia péssima esse tempo todo Celes ! Desculpa !" Iris parecia estar tirando um peso enorme das costas.
"Vendo vocês dois interagindo me dá vontade de ter um irmão também."
"É uma pena que eu mal possa aproveitar . . . Mas desculpe por fingir ser a namorada dele . . . Eu não concordei com isso quando ele pediu pra mantermos a pose de casal, mas ele insistiu muito. Eu sempre soube que você gostava dele . . . Mas eu sabia que se eu recusasse ele ia dar um jeito de forjar tudo." A Iris então emburrou a cara pro Lysandre.
"Foi por uma boa causa . . . " ele completou.
"Mas então significa que vocês . . . ?" ela sorria olhando pra nós dois com muito orgulho.
Aquilo me encabulou bastante.
"Depende dela . . . " Lysandre falou sem sequer tremer a voz, ele realmente é decidido.
"Fica com o Lys, Celes ! Por favor ! Vocês formam um casal tão lindo !!" Iris puxava minha mão e falava empolgada. Ela é sempre tão energética e feliz, eu realmente adoro ela.
"Eu . . . Não acho certo. Está tudo muito recente."  Lysandre entendeu tudo na hora e só completou falando para a Iris o nome do Castiel.
A Iris então segurou meu rosto nesse momento e olhando fixamente pra mim começou a falar sobre o Castiel.
"Nunca fui melhor amiga dele nem nada, conheço o Castiel pelo que convivi com o Lys.
E sabe . . . Ele realmente gostava MUITO de você, tanto que um dos motivos de eu não ter ligado de fingir ser namorada do Lysandre foi pra ajudar ele a juntar vocês dois. Eu não sei bem pelo que o Castiel passou na vida, mas eu sei que ele é um rapaz bem triste e solitário. O Lys insiste que o Castiel está morto, eu insisto que não e que milagrosamente vão achar ele vivo.
Mas . . . Se o Lys estiver certo, eu acho que o Castiel iria querer que você seguisse em frente, e mais do que tudo, ele sempre confiou no Lys.
Não digo pra ignorar o luto, mas  . . .
Se a vida está te dando essa oportunidade de remoer menos todas essas questões, porque não se utiliza delas ? Vocês dois sempre se gostaram, e agora estão tendo a oportunidade de ficar juntos . . . Pense com carinho nisso tudo." as palavras da Iris foram tão suaves. Era incrível como todas as circunstanciadas estavam me empurrando para o Lysandre.
"Eu . . . Entendo . . . Obrigada Iris."
"Bem agora eu vou voltar lá pra dentro pra poder sair com as outras meninas antes que minha mãe chegue e veja que estou falando com o Lys. Até amanhã" A Iris então me deu um abraço forte seguido de um abraço no Lysandre enquanto saía acenando . . .
Aquilo me deixou pensativa sabe.
Enquanto eu saía do colégio aquele dia, pude ver o Armin me encarando.
Aquilo se tornou algo rotineiro, ele me encarar.
E como sempre, ele não vinha até mim falar nada, só me encarava.
Se eu o conheço bem, aquele olhar não era um simples "quero meu PSP de volta"
Ele provavelmente estava pensativo esse tempo todo com quem sou eu e como nos conhecemos.
Mas obviamente ele vai querer desvendar tudo sozinho, eu sabia que seria assim até ele dar o braço a torcer e vir falar comigo de verdade . . .
Lysandre me acompanhou o caminho todo até em casa, mesmo minha casa sendo do lado oposto ao caminho que ele seguiria, até porque ele ia na casa do Castiel.
Eu pensei em me oferecer, mas . . . Eu estava pensativa demais e estava com medo de ir na casa do Castiel. . .  Eu ainda não estava bem.
Eu não poderia simplesmente ignorar aquela casa.
Lysandre no caminho revelou muitas coisas.
Por exemplo, a mãe biológica dele proíbe a Iris de ter contato com qualquer menino em um nível REALMENTE extremo.
Ela acha que qualquer homem que chegar perto da filha dela vai corromper ela, inclusive ela priva a Iris de se aproximar até do Thomas . . .
Essa mulher é louca !
A Iris convive com os meninos escondido, principalmente o Lysandre que é o "irmão bastardo satanista anticristo"
Ela nunca conseguiu colocar a Iris em um colégio somfente pra meninas porque ela sempre é rejeitada.
Eu sempre tive uma visão boa da mãe da Iris, mas depois de ouvir essas coisas eu fiquei horrorizada.
E pensar que já julguei o Nath e sua família como fanáticos religiosos . . . Eles nunca desrespeitaram ninguém por conta da religião. Tentam converter ? Sim, mas eles são respeitosos.
A mãe da Iris está em um patamar absurdo que eu jamais vi ! Ela jogou um filho fora por que disseram pra ela que ele era um anticristo !
Aliás, como ela pode acreditar ? Ela não amava o filho ?? Que provas tinham disso ??
Com nossa conversa eu soube também que o Lysandre é um tanto quanto cético , mesmo fazendo esses rituais pra ajudar as pessoas, ele não segue nada e não crê em nada. Ele leva tudo como uma ferramenta que ele tem em mãos, e não uma religião.
Achei interessante saber disso, até porque eu nunca fui de pensar sobre isso.
De qualquer forma . . . Ao chegar na porta da minha casa o Lysandre segurou minha mão na despedida.
Nós nos olhamos por um bom tempo . . . Eu ainda tenho medo do amanhã e de tudo que está acontecendo rápido demais . . . Mas não pude evitar de ficar abalada ao ouvir as palavras de despedida do Lysandre.
"Antes de ir eu gostaria de te fazer uma proposta . . . " Ele dizia acariciando minha mão.
Aquilo me deixava ansiosa e nervosa.
"Quer namorar comigo ?" Quando ele falou isso eu estava a ponto de explodir !
Eu não esperava por isso . . . Muito menos tão rápido. Rápido DEMAIS.
Eu não tive reação nem resposta imediata.
"Lysandre . . . Pensar nisso agora não é . . . Certo eu acho"eu estava sem graça e respondi com certo delay.
"Você pode pensar o quanto for . . . Só quero que essa proposta fique em aberto . . . " ele sorria e passava a mão nos meus cabelos.
Eu não achava certo me entregar a esse relacionamento, mesmo eu estando mais centrada e madura até certo ponto.
Parte de mim dava razão ao meu "luto" e a outra parte dava razão as palavras do Lysandre e da Iris . . . Eu não sabia o que fazer.
Lysandre só se despediu com um beijo no topo da minha cabeça e saiu calmamente em direção a casa do Castiel . . .
Eu tive muita dificuldade pra processar tudo, pra pensar em tudo que vivi . . .
Minha mente já estava uma zona por conta dos acontecimentos recentes, ter que pensar em relacionamento com Lysandre e um jeito de atrair a atenção do Armin era de doer !
Eu tentei me focar nos meus pensamentos a noite toda, mas quanto mais eu pensava, pior ficava.
Tudo que eu queria era tomar a decisão certa e a melhor para mim.
Já errei demais com todos e até mesmo comigo mesma pra cometer ainda mais erros, deslizes e afins.
Então eu com certeza  dediquei aquela noite para pensar E MUITO em que resposta eu daria ao Lysandre sobre seu pedido um tanto quanto precipitado de namoro . . .
Admito, foi a primeira vez na minha vida que recebi um pedido de namoro, e isso me deixou um tanto quanto eufórica.
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phff-opostos · 9 years
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Capítulo LXXXII
Agosto
 - Alguns dias longe da academia e você já está ofegando por causa de uns abdominais? Toma vergonha nessa cara Daisy Olympia!
           Daisy olhou para sua mãe um pouco aturdida e também aborrecida. Não era só os dias longe da academia... Era o tanto de besteira que ela havia comido e bebido naquele meio tempo. Surpresa seria se ela estivesse no mesmo pique de antes!
- Eu devo ter engordado uns quatro quilos, de uma só vez. – Suspirou Daisy tocando sua barriga dolorida. – Eu não aguento mais...
           Ela estava virando de ladinho como o personal a ensinara a fazer, mas Lily não permitiu. Empurrando-a de volta ao colchonete, Daisy olhou-a irritada e Lily sustentou, cruzando os braços e parecendo completamente irredutível.
- Eu estou dolorida, mãe! – Reclamou outra vez.
- E daí? Eu também estou e fiz todas as minhas séries. – Disse ela. – Você está enrolando desde que chegou... Agora, vamos lá, faça esses abdominais e enquanto isso, me conte essa história aí da tal casa em Sussex.
           Sorrindo sem graça, ela um pouco contrariada voltou a fazer seus abdominais. E enquanto os fazia, Daisy começou a contar a sua mãe sobre a casa que Harry havia comprado para eles. Uma casa! Em nome dos dois! Enorme, linda, arejada, com um monte de cômodos que estavam sendo cuidadosamente preenchidos com móveis que ela mesma escolhera.
           ‘Divirta-se!’ foi o que ele a disse, quando soltou-a numa loja de decoração e Daisy, é claro, encantou-se com a ideia de que ela poderia fazer aquela casa do jeitinho deles. E não do jeitinho Kensigton...
- É ainda melhor que uma casa de bonecas. – Suspirou sorridente. – Assim que voltamos para a Inglaterra, eu fui conhecer a casa. E nossa, perfeita! Acabamento em gesso, cores claros, piso de porcelanato e um jardim na frente e uma área perfeita atrás. Tem uma cerejeira no jardim de trás, que eu já tenho planos de colocar uma mesa para o chá das cinco, lá.
- Você nem toma chá...
- Ah, mas eu faço a refeição, porém sem o chá. – Disse Daisy rindo e então gemeu, pois aquilo dificultou um pouco os abdominais. – Você está contando?
- Sim e ainda não deu cinquenta. Hm, continua.
           Daisy bufou contrariada, porque ela não queria ficar fazendo cinquenta abdominais e ao mesmo tempo conversar com sua mãe, mas ela estava tão empolgada em poder compartilhar sobre sua casa em Sussex, que não resistiu ao prosseguir.
- Eu fiquei surpresa de ele ter me deixado mobiliá-la e na verdade, Harry se ofereceu para pagar, mas eu pensei que já era um verdadeiro abuso. – Explicou para Lily. – Ele já comprou a casa em nosso nome, mas pagou sozinho. Nada mais justo que eu pague os móveis por mim mesma e é isso que estou fazendo... O que é bom, porque daí eu não tenho que ficar me sentindo culpada ou controlando o tanto que eu gasto, porque o dinheiro é meu mesmo.
- Mas eu pensei que você estava desempregada. – Disse Lily delicadamente.
- Estou desempregada sim, mas... – Suspirou resignadamente. – Eu tinha dinheiro intocado no banco. Você sabe, vovó e a mesada que ela nunca vai deixar de depositar eu creio e o dinheiro que o meu avô deixou para mim na herança... Enfim, todo esse dinheiro que eu tinha, mas não gastava, eu estou investindo na minha casa.
- Todo?!
- Quase todo, calma, eu também não estou fazendo nenhuma maluquice. – Disse para tranquilizar Lily. – Eu tenho bastante dinheiro guardado sabe? Eu acho que sou meio que boa com finanças... Talvez eu devesse estudar Economia daqui um tempo.
- Há! – Lily jogou a cabeça pra trás rindo. – Seu namorado te mata se você inventar de estudar de novo... A única coisa que você está permitida a estudar agora minha filha, é o manual da Boa Princesa.
           Sentindo-se um pouco sem graça, Daisy deitou-se no colchonete, já não mais tão preocupada se havia acabado sua série ou não e aproveitou para beber um pouco de água. Aquele era um assunto que sempre a deixaria meio pra baixo...
- Que foi? Você ainda não fez cinquenta! Parou no trinta e oito... Deixa de corpo mole.
- Não é corpo mole. – Revirou os olhos para Lily. – Se trata de que na verdade agora, talvez não haja casamento.
- Quê?
- Não... – Ela balançou a cabeça negativamente, quando viu os olhos arregalados de Lily e as feições aturdidas. Havia sido uma escolha pobre de palavras. – Eu digo agora... Não vai haver casamento agora.
- Mas... Como não? Ele comprou uma casa, te levou para férias românticas e ansiou por esse momento mais do que qualquer outro homem em perfeita sanidade mental o faria.
- Eu sei, mas... – Deu de ombros e aproveitando a deixa, para se livrar daqueles abdominais terríveis. – Ele não quer casar agora... Quer esperar mais.
- Espera mais três anos? Ele deve estar doido.
- Mais alguns meses. – Daisy pacientemente disse e então rolou os olhos, suspirando. – Não faz mal, sério... Eu também achei que terminaria o ano casada, mas se ele prefere esperar mais um pouco, eu também não tenho nada a dizer.
- Eu achei que você voltaria com uma aliança, do Brasil. – Admitiu Lily.
- Hm... Eu também achei. Tentei voltar até com um filho na barriga, pra ver se ele empolgava, mas não deu muito certo.
           Lily jogou a cabeça pra trás rindo e mesmo Daisy teve que acompanha-la por que parando pra pensar, aquela havia sido uma ideia terrível! Imagine só, tentar voltar grávida do filho bastardo do Príncipe Harry.
           Apedrejariam eles em praça pública, se eles estivessem uns dois séculos atrasados...
- De qualquer forma, hoje eu viajo para Sussex. – Contou. – Vou passar no mercado logo após aqui, para comprar suprimentos. Ao que parece minha casa já está mobiliada e Harry já está na estrada
           Lily estava sorrindo provocativa e Daisy não entendeu qual era o ponto do sorriso dela ou o brilho malicioso nos olhos, até que então, sua mãe disse.
- ‘Minha casa’. – Ela guinchou cheia de diversão. – Você está amando isso né? E eu pensando que você gostava era do Kensington.
           Daisy deu de ombros e então se sentou, parando para pensar naquilo. Ela gostava do Kensington e do apartamento que ela dividia com Harry, mas ainda faltava alguma coisa... Ela já suspeitava o que era.
- Eu não acho aconchegante. – Explicou. – É um apartamento grande demais para duas pessoas e nada ali é meu... Digo, algumas coisas sim, porque eu coloquei alguns objetos de decoração e o enxoval, mas se pararmos pra pensar, aquele apartamento é meio que da avó do meu namorado. – Franziu o cenho, pensativa, enrugando o nariz. – Prefiro nossa casa de bonecas em Sussex.
- Você sabe que não vai viver em Sussex né? É uma casa de veraneio... – Comentou Lily.
- Eu sei, mas eu ainda prefiro lá. Talvez o nosso apartamento, quando nos casarmos possa ser mais bonito, mais a nossa cara, porque eu estarei permitida a reforma-lo. E também não vamos perder tempo e vamos enchê-lo de crianças! Você vai ter vários netinhos, mamãe, para tomar conta.
           Lily fez uma careta desgostosa e Daisy riu, tendo aquele momento como sua deixa para recolher seu colchonete e partir para algum outro exercício. Naquele momento ela tinha certeza que Lily estava calculando mentalmente, se ela sequer tinha idade para ser avó.
- Eu não me pareço com uma avó, pareço? – Replicou sua mãe.
- Você não se parece nem com uma mãe, se isso faz você se sentir melhor.
- Muito! Ugh, eu não posso suportar a ideia de um monte de diabinhos, me chamando de vovó e pedindo para que eu prepare biscoitos. Você não tem um pingo de juízo Daisy Olympia...
           Daisy riu outra vez e deu de ombros. Talvez ela não tivesse mesmo juízo algum, porque ninguém estava em busca de filhos aos quase vinte e cinco anos de idade – só ela. Mas não fazia mal, aquilo não a fazia querer mudar de ideia... Aliás, se possível, deixava-a até mais animada!
-x-
Click!
           Daisy revirou os olhos quando sentiu o brilho do flash de um celular e também escutou o barulho da fotografia sendo tirada. Sem erguer a cabeça, do pão que olhava a data de validade, ela já sabia que se tratava de duas mocinhas adolescentes, que estavam de olho nela, desde que pusera os pés no mercado.
           ‘Você viu? É a namorada do Príncipe Harry!’
           ‘É, até que não está difícil namorar príncipes, mais! Eles aceitam plebeias agora e essa tal Daisy nem é tão bonita’
           ‘Concordo. Veja esses sapatos com esse vestido. Como fotos enganam né?’
           ‘E meu irmão dizendo que ela é gostosa! Ah para!’
           ‘Nossa é mesmo! Você se lembra das fotos ridículas dela de sutiã e calcinha... Aposto que está atrás de fama. Ela mesma deve ter vazado, naquela época’.
           ‘Não, tolinha, foi um ex-namorado!’
           ‘É o que ela diz né...’.
- Eu não sei como você aguenta isso...
           Sorrindo, ela enfim ergueu os olhos para ver Missy com uma careta enquanto chegava empurrando o próprio carrinho. Encolhendo os ombros, ela realmente não sabia o que dizer, porque após tantos anos, ela já havia aprendido a lidar melhor com aquela situação toda, mesmo que muitas vezes parecesse o tipo de coisa que era impossível de se acostumar.
- Elas me incomodam menos do que os paparazzi. – Disse baixinho e sem movimentar os lábios.
- Ugh, eu mandaria todas elas a merda! Eu diria a elas na verdade ‘Ei, suas invejosas... Engasguem-se com esse veneno todo, porque eu é que estou mantendo a cama do Príncipe Harry aquecida’.
- Bem, então é uma boa coisa que você nunca tenha tido interesse em Harry... – Daisy franziu o cenho.
- Ah não, mas eu tive uma paixão platônica por William na infância. É claro que ao conhecer aquele abobado, foi uma completa desilusão...
           Daisy riu e balançou a cabeça negativamente. Um tempo atrás, ela provavelmente nem poderia estar rindo daquela situação ou concordando com Missy, sobre as gracinhas do irmão mais velho de seu namorado. Ele podia ser um abobado, mas era tudo brincadeira, era parte de quem Will era e fim.
- Hoje eu vou dar um jantar... – Missy começou lentamente, parando seu carrinho nas prateleiras de enlatados e pegando algumas latas de atum. – É meio que... Importante.
- É mesmo? – Daisy perguntou sorrindo. – Isso é surpreendente... É de família?
- Uhum. – Missy acenou com a cabeça sorrindo.
- Hmmm... Helen e Van não devem estar muito contentes, eu imagino.
- Na verdade Van está meio que contente sim... Ele está nas nuvens. – Disse Missy rindo e ficando vermelha.
           Daisy franziu o cenho e se perguntou se havia perdido alguma coisa. Será que a senhora Percy havia começado a ser agradável com os cônjuges de seus filhos? Será que agora Van ao invés de gemer, bater pé e fazer birra na ideia de um jantar com os Percy, ele sorria, cantava e saltitava?
           Ela não estava muito certa disso...
           Parando para observar sua amiga, Daisy percebeu que havia uma coisa diferente em Missy. Sua amiga sempre foi do tipo borbulhante e sonhadora, mas naquele dia ela estava mais distante, mais presa em seu próprio mundinho, apesar de que havia uma ansiedade percorrendo seu corpo! A prova disso, eram as unhas comidas, o batuque do pé e a mania cansativa de ficar olhando as horas o tempo todo.
- Está tudo bem? – Perguntou quando finalmente chegaram à sessão de congelados.
- É claro que está, por que não estaria? – Replicou Missy, franzindo o cenho.
           Daisy deu de ombros e ficou calada. Ela não iria forçar uma informação para fora de Missy, porque sabia que era muito desagradável aquele tipo de situação, mas que algo estava acontecendo... Ah sim, estava.
           Não é que ela fosse boa de analisar emoções, mas Daisy se sentia numa posição que ela podia dizer que conhecia Melissa muito bem. Ela sabia que tinha uma coisa de errada apenas pelo tom de voz de sua amiga...
           Aliás, não era bem errado. Era só... Diferente.
- Eu... – Missy respirou fundo enquanto pegava uma bandeja com filé de peito de frango. – Nossa, você é a segunda pessoa que vai saber disso, Daisy e eu só estou te contando porque você é como uma irmã mais nova pra mim. Por favor, não conte pra ninguém, mas é que eu... Eu estou grávida! Van e eu vamos ter um bebê!
           Daisy largou a caixa de almôndegas e arregalou os olhos, vendo o sorriso de Missy ao finalmente fazer sua grande revelação. Olhando para a mais nova mamãe do pedaço, Daisy a puxou para um abraço, sem sequer se importar de que elas estavam no meio de um supermercado.
Apesar de que Missy também havia escolhido um momento meio estranho para conta-la uma coisa daquelas, Daisy não pôde se conter. Ela não pôde conter sua emoção, seu sorriso e o fato de que ela se sentia tão incrivelmente feliz por sua amiga!
Após tanto tempo tentando, tanto tempo criando esperanças... Missy enfim conseguira seu bebê.
- Parabéns! Meus parabéns! – Disse afagando os fios loiros. – Você não me disse que Van e você tinham voltado a tentar...
- Não tínhamos. – Missy riu e jogou a cabeça pra trás. – Digo, ele não tinha, mas eu sim. Parei de tomar meu anticoncepcional de novo e não falei nada com ele, para não criarmos esperanças e então, um dia eu notei que não tinha vindo, corri e comprei o teste de farmácia. Eu fiquei louca, mas guardei só pra mim! Tenho uma amiga que arrumou uma consulta de última hora pra mim, eu fiz o ultrassom, é só um grãozinho ainda, tem pouquíssimas semanas, mas está lá... Um bebê se formando dentro de mim!
- Isso é ótimo! – Daisy disse com veracidade e sentindo seus olhos brilharem, sua mão quase que automaticamente tocando a barriga de Missy, como sempre acontecia quando Helen estava grávida de Nik. – Você deve estar tão feliz...
- Eu estou, claro que estou, mas também estou com medo. – Admitiu nervosamente, tornando a empurrar seu carrinho de compras e sendo imitada por Daisy. – Você sabe que Van e eu estamos tentando há tanto, tanto tempo... E agora que finalmente eu consegui, eu estou meio que apavorada de não dar conta! Mas eu estou incrivelmente feliz, é a realização de um sonho... Eu mal posso esperar para conhece-lo, carrega-lo e tê-lo em meus braços.
           Daisy sorriu e acenou com a cabeça, imaginando como Missy se sentia. Não tinha nada na barriga dela, mas Daisy muitas vezes, principalmente quando ela estava de babá para seus sobrinhos ou irmãs postiças, elas se perguntava como que era aquela sensação.
           Ser mãe... A maior parte das mulheres ansiava e já tinha vivido aquela experiência. Daisy mal podia esperar para entrar naquelas estatísticas...
- Van ficou nas nuvens... Eu nunca, nunca vi meu marido chorar, mas ele chorou. – Revelou Missy. – Ele chorou e beijou minha barriga, e começou a falar de quarto do neném, de mamadeira e trocar de carro, comprar uma mini van porque ele quer ter uns doze filhos comigo.
- Há! – Daisy jogou a cabeça para trás, tentando imaginar a cena e também completando. – Espere só pela primeira noite em claro... Eu acho que ele vai repensar sobre a mini van e continuar com o Jaguar na garagem.
- Espero que sim, porque eu não vou ter doze filhos! – Missy disse se juntando as risadas e então, de repente ela parou, no meio do mercado e soluçou.
           Daisy rolou os olhos, porém amigavelmente largou seu carrinho e puxou sua amiga para um abraço, sabendo como os hormônios de uma grávida, ficam desregulados e ela do nada, poderia começar a ter uma crise de choro ou uma crise de riso.
- Eu estou tão feliz Daisy... Eu esperei tanto por isso. – Ela dizia em meio às lágrimas, retribuindo o abraço.
- Eu sei baby! Também estou tão feliz por você Mel.
           Um pouco envergonhada, Daisy se lembrou de quando Helen a contara de sua gravidez. De como ela ficara um pouco incomodada, de como ficara enciumada... Mas agora, ali se sentindo tão feliz pela alegria de Missy e de poder compartilhar aquele momento, Daisy suspirou, satisfeita.
           A espera dela também seria recompensada... Um dia ela também estaria chorando no meio do mercado, abraçando Missy ou Helen e as contando que estava grávida. Um dia ela também teria seu neném, teria um barrigão enorme e sentiria seu filho chutar. Um dia ela teria que acordar de madrugada para alimentá-lo, teria que trocar fraldas e por um minuto sentir raiva do universo, mas então, sorrir e brindar a vida, quando seu bebê olhasse-a com os olhões arregalados – olhos iguais aos de seu futuro marido – e sorrisse. Sorrisse sapeca e amoroso, como se dissesse ‘eu faço valer a pena mamãe’.
- Como nós somos bobas... No meio do mercado, fungando e abraçadas. – Disse Daisy rindo, ao perceber que ela estava com os olhos lacrimejados.
- Aww... – Disse Missy rindo e se afastando. – Faz parte. Eu estou feliz que pude colocar pra fora... Eu só vou te pedir muita discrição, não conte a ninguém ainda, com exceção de Harry porque obviamente ele é seu namorado e também um dos melhores amigos de Van, ele vai ficar sabendo logo... Apenas quero ter o gostinho de dar a notícia pra todo mundo, entende?
- Não! Totalmente, eu respeito isso e aliás, eu jamais gostaria de tomar esse momento. Ele é seu! Só seu! Vou só contar ao Harry, porque eu não vou aguentar manter minha boca fechada, com uma bomba dessas. – Disse rindo e limpando as poucas lágrimas escorridas, assim como Missy, que a imitou. Apressou-se para comentar, animadamente. – Imagina quando sua barriga começar a crescer!
- Há, desculpa, eu estou louca para ter meu bebê, mas eu não estou muito empolgada em me tornar uma baleia. – Disse Missy fazendo Daisy rir.
 -x-
             Ele estava concentrado, com os olhos presos ao seu laptop montando sua escala de voos para aquele mês, quando escutou uma batida suave na porta de seu gabinete e antes mesmo que ele pudesse pronunciar ‘entre’, a porta de carvalho rangeu, abrindo-se e passando por ela veio sua namorada.
- Eu costumava namorar um soldado... – Ela comentou sorrindo provocativa e fechando a porta atrás de si. – Não me lembro de namorar um figurão, que anda de terno e gravata dentro de casa.
           Rindo ele escorregou com a cadeira pelo piso e a viu suavemente, com os saltos das botas batendo no piso e tirando o próprio casaco, dar a volta ao redor de sua mesa de trabalho e se sentar em seu colo.
- Onde está a farda? Onde está aquela botinas que eu suava para tirar o barro? – Murmurou Daisy, encostando a testa dos dois e beijando-o rapidamente. – Eu gosto do seu visual de soldado... Te deixa com aquele ar de playboy.
           Ainda não a respondendo, Harry beijou-a, porque fazia cinco dias que ele não sabia o que era aquilo – beijar sua namorada. Ele agora só a via nos fins de semanas, ao menos por um tempo, enquanto ele se preparava para sua promoção para Coronel e treinava para liderar a artilharia da RAF.
- Eu não te escutei chegar... – Disse um pouco culpado, porque a janela de seu gabinete ficava para a rua. – E desculpe que tenha me encontrado trancafiado aqui, quando o fim de semana em Sussex era para relaxarmos.
- Ah não faz mal. – Ela deu de ombros, mas ele sabia que aquilo a incomodava. Daisy só nunca admitiria, porque não se sentia no direito de se meter em sua vida acadêmica, profissional ou Real. – Eu sei que você tem estado ocupado.
           Apertando o joelho dela outra vez, ele fez sinal de que queria outro beijo e sorrindo, ela encostou seus lábios, invadindo sua boca com a língua, sem preocupação, cheia de vontade, cheia de paixão.
- Você gostou do seu gabinete? – Murmurou ela, beijando seu queixo, enquanto afrouxava o nó da gravata que Harry se esquecera. Porque ele havia literalmente pulado pra fora do carro, e se escondido no gabinete.
- Uhum... Você escolheu bem, Coop.
- Eu sei. – Ela sorriu. – E do resto da casa...?
- Uh...
- Você não viu merda nenhuma né? O que é que eu vou fazer com você Wales? Assim não dá! – Ela disse fazendo-se de aborrecida.
           Fazendo uma careta, dessa vez ele percorreu o pescoço dela com os lábios e com as mãos começou a desabotoar o camisete xadrez, simples, que ela vestia. Suspirando em seu ouvido, ele sentiu-a ajeitar-se em seu colo e também começar a desabotoar a camisa que ele vestia.
           Harry estava sinceramente considerando em deitar Daisy sobre aquela mesa, quando seu celular tocou. Tentadoramente, ele havia pensado em ignorar e pelo fato de que sua namorada, havia simplesmente aprofundado o beijo ainda mais, colocando as mãos em seu rosto, imaginou que ela também quisesse que ele ignorasse.
- Daisy... Eu tenho que atender, porque pode ser o meu superior ou do palácio. – Explicou fugindo do beijo.
- Humph. Você pode ligar depois. – Murmurou ela impaciente e começando a beijar seu pescoço. – Você sabe que não deve acender uma mulher e depois esperar que ela apague o próprio fogo...
- Eu sei, eu sei! Por que não vai pro nosso quarto e eu já vou atrás de você? – Suplicou com os olhos, enquanto alcançava o celular.
           Com o celular em mãos, percebeu que se tratava de um número não salvo em sua agenda, mas que Harry bem sabia a quem pertencia. Daisy parou de beijá-lo, ainda que irritada, mas não dando indícios que pretendia sair de seu colo ou de seu gabinete.
- Meu bem... – Suspirou e pensando em como poderia ser delicado e dizer a ela que precisava de privacidade. – Eu estou com fome. Adianta o jantar que eu já desço pra te ajudar...
           Óbvio que ela havia percebido que aquela era a forma mais educada que ele havia encontrado para dizer ‘você não pode escutar minha conversa’ e um pouco culpado, ele a viu bufar, levantando-se de seu colo e sair marchando do gabinete, abotoando a camisa xadrez.
           O baque forte da porta informou-o que ela não iria fazer porra de jantar nenhum, mas não fazia mal.
 -x-
             Encolhida embaixo de cobertores e de frente para a TV assistindo a um filme realmente ruim, Daisy só viu Harry outra vez, cerca de uma hora depois que ela deixou o gabinete. Ele em passos lentos e com feições cansadas, jogou-se ao lado dela no sofá.
           Aborrecida não era nem metade de como ela se sentia naquele momento. Estava furiosa com o pouco caso que ele vinha tendo nas últimas semanas, irritada com o fato de que ele simplesmente a expulsara do escritório e interrompido o sexo deles – após cinco dias longe do outro – só porque queria conversar fiado no telefone...
           E além de tudo, a fizera esperar por uma hora!
           Aquilo já estava se tornando cansativo, desgastante e Daisy honestamente tinha que respirar fundo para não perder a paciência. Mas aquilo já era demais... Sexta-feira à noite era a vez dela! Ele não tinha que ficar preocupado com porcaria nenhuma, que não seja agradá-la.
- Se eu fizer massagem no seu pé, você vai parar de pirraça? – Ele replicou a ela.
- Eu não estou de pirraça.
- Não... Eu é que estou.
- Não. Você tem sido um pé no saco, ocupado demais até para trepar comigo! Isso sim! – Daisy virou-se irritada e sinceramente, querendo uma discussão.
           Talvez fosse aquilo que eles precisavam... Discutir. Talvez se ela batesse boca com Harry ali, ele iria querer jogá-la contra a parede e fodê-la. E no dia seguinte de novo, e ele desligaria a porcaria do celular e nem passaria perto daquelas apostilas de artilharia.
- Meu bem, não vamos brigar, por favor, por favor. Eu estou te implorando para não procurar briga. – Disse Harry suplicante e revirando os olhos. – Você está certa, eu estou errado... Está bom assim? Hm?
           Daisy arregalou os olhos e o encarou. Harry sustentando o seu olhar, mas sem dúvidas, ainda firme no que dissera – ele queria evitar uma briga. Pela primeira vez, em quase cinco anos de namoro, Harry queria evitar uma briga.
- Honestamente, onde é que está o homem teimoso e cabeça dura que eu me apaixonei? – Chutou-o nas costelas e ainda aborrecida sentou-se, se encolhendo. – Está acontecendo alguma coisa, porque eu honestamente sinto que... Está tudo estranho! Você prefere atender ao telefone a transar comigo, prefere evitar uma briga.
           Revirando os olhos, ela viu Harry bufar impaciente, mas aquilo não a impediu de prosseguir, recitando tudo o que ele vinha fazendo nos últimos dias que não condizia com o que ele era, na verdade.
-... Você nem sequer tenta se defender! – Exclamava ela, completamente aturdida.
- Ok! – Harry disse um pouco mais alto e se erguendo no ato, e Daisy imediatamente fez o mesmo, ao perceber que ele parecia nervoso. A calma de um minuto antes, havia se esvaído de Harry e ele estava, como de costume, pronto pra briga. – Você quer briga? Quer que eu me defenda? Ok, vamos lá. O lance é que eu estou trabalhando pra burro, eu estou por aqui de ficar encobrindo William e Kate, eu estou com o Invictus Games 3.0, eu estou com a minha formação para coronel completamente atrasada, porque eu não tenho tempo pra estudar, não tenho tempo para prestar os exames e cumprir a carga de voos exigidas! Eu só estou querendo um tempo com você, acredite eu quero, mas infelizmente eu tenho obrigações. Eu não posso recusar uma ligação importante, porque quero transar! Foi-se o tempo que eu podia fazer isso Daisy... Eu não quero brigar, porque quando você pega pra fazer pirraça, você prolonga demais a situação e nosso tempo é curto, então, percebe? Uh? Percebe porque eu só quero que você seja compreensiva dessa vez? Entende por que não estou tentando me defender? Mas que saco!
           Ela ficou calada, sentindo-se um pouco infantil e mesquinha, muito embora ainda estivesse aborrecida com a situação toda. Contudo, ela já não culpava mais Harry.... Ela sabia que tanto quanto ela, ele gostaria que as coisas fossem diferentes.
           Passando as mãos pelos cabelos vermelhos, que com os anos ficaram mais ralos, Daisy viu como Harry novamente tentava procurar a calma interior que ela havia tirado dele. Sentindo-se ainda mais culpada, ela deu um passo para frente, tocando-o no peito.
- Eu sou um pé no saco... – Disse baixinho.
- Sim, você é. – Ele suspirou, ainda parecendo irritado. – Honestamente, o que você quer de mim?
- Eu... Eu não sei. Eu estou meio louca ultimamente. – Franziu o cenho. – Devem ser os meus hormônios atacando e tudo. Eu sinto muito por ter lhe deixado tão bravo, eu não tive a atitude certa. Eu não deveria estar aborrecida com você por coisa tão mesquinha.
- Eu sei que está aborrecida e entendo, mas será que não dá pra fazer vista grossa? Será que não podemos evitar uma discussão e ter nosso final de semana tranquilo? Sem berros, sem choros... É nossa primeira noite em nossa casa e estamos aqui, perdendo tempo, discutindo porque não temos mais o que fazer!
           Daisy digeriu as palavras de Harry e então tornou a se sentar no sofá da sala, passando as mãos pelo rosto, ainda envergonhada por suas próprias atitudes. Ela lentamente ergueu o rosto e o encarou hesitante.
- Desculpa?
           Harry enfim suspirou e acenando com a mão como se dissesse ‘deixa pra lá’, ele sentou-se ao lado dela, enterrando o rosto nas mãos e tornando a passa-las pelos fios ruivos. Daisy aproveitou aquela como sua chance para envolver o braço ao redor do dele e olhá-lo nos olhos, antes de pronunciar.
- Eu te amo, me desculpa... Você está certo, eu estou errada.
           Ele riu sem humor e balançou a cabeça negativamente, ainda calado. Se possível, aquele silêncio parecia ainda mais doloroso do que quando ele gritava com ela, quando ele era bruto. Ela preferia que ele gritasse, do que ficasse em silêncio.
- Eu acho que estou meio chata com você... – Prosseguiu. – Estou ficando até pegajosa. Mas é porque temos passado tanto tempo separados e eu sinto sua falta terrivelmente todos os dias, porque não há muito para que eu ocupe meu tempo. Sei que estou te cobrando, o que não deveria ser cobrado, mas é porque... Eu não sei. – Ela encolheu-se. – Às vezes dá pra se sentir meio que sozinha.
- Eu sei que você se sente sozinha. – Harry disse e Daisy suspirou de alívio, por ele estar, enfim, voltando a falar com ela. – Mas eu te expliquei que esse momento está sendo corrido, mas é só isso, é só um momento. Tenha paciência meu bem...
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             Eles acabaram por resolver tudo com sexo... E Harry não podia estar mais do que satisfeito com isso. Não só porque ele não dispensava uma boa foda de reconciliação, mas também porque fazia cinco dias. Pode até parecer pouco, mas tendo Daisy, uma pessoa completamente insaciável quando se tratava de prazer, Harry tinha que admitir que vinha sendo complicado cinco dias sem tê-la para si.
           Eles fizeram duas vezes! Uma no sofá, ela montada em cima dele suspirando de prazer e o pedindo para ser mais áspero. E a outra, no chão da sala, dessa vez num ato muito mais íntimo entre os dois, romântico e mais sossegado.
           E após aquilo, eles ficaram abraçados no tapete e ele aproveitou aquele tempo todo para fazê-la se sentir amada, desejada – porque ele, de fato, a amava, a desejava, ela só não estava mais tão segura disso.
           Harry tinha que admitir que o fato de que Daisy sempre havia sido tão segura de si mesma no relacionamento deles, no início o deixara meio pasmo. Ele sempre teve que lidar com garotas ciumentas e ela simplesmente confiava cegamente nele, mas desde os últimos tempos, ele tinha que admitir que a confiança inabalável de sua namorada, estava um pouco alterada e ela também estava deveras pegajosa e um pouco mais ciumenta.
           Ele a princípio achou que talvez fosse bom uma variada, uma acariciada em seu ego, mas estava na verdade se tornando um pouco desgastante. Ela estava insegura, nervosa, agitada e ela nunca havia sido assim.
- Hmmm isso é bom... – Ela murmurou quando ele começou a massagear os ombros dela, enquanto Daisy preparava o molho de cachorro quente.
- Você anda tensa Cooper... Meio nervosa.
- Ugh, nem me fala. – Murmurou. – Às vezes gostaria de voltar para o Brasil. Lá eu só pensava em me bronzear.
- Brasil.... Eu não me esqueci do seu sonho ouviu? Vamos dar uma passada em Bariloche em algum momento. – Harry disse no ouvido dela e a beijando no ombro. – Talvez eu consiga tirar férias em... Uh... Janeiro?
- Não se preocupe com isso. Bariloche ainda vai estar lá... – Ela disse suavemente e sorrindo de lado. – Está com fome? Porque está pronto...
           Sentados à mesa da cozinha, Harry ficou feliz que eles estavam conversando sobre coisas mais amenas e sem verdadeira importância. Algumas vezes era bom simplesmente falar de coisas que não tinham muita profundidade...
           Até que então...
- Eu não te contei! Missy está grávida!
           Pego de surpresa, ele olhou para Daisy que tinha um enorme sorriso em seu rosto e os olhos brilhantes. Bem, mesmo ele não podia evitar o sorriso! Aquilo era simplesmente esplêndido!
- Uau! Eu não estava sabendo disso... Ela te contou quando?
- Hoje, ainda. Disse para deixarmos baixo, porque eles querem dar a notícia, claro. – Explicou ela, ainda sorrindo. – Não é ótimo? Eles estavam tentando há bastante tempo...
- Sim, Van principalmente deve estar louco. Eu vou ligar para ele mais tarde.
           Harry estava certo de que seu amigo estava mais do que louco, ele estava possivelmente nas nuvens. Ele bem sabia que Van andava preocupado com a ideia de não produzir sequer um herdeiro para os Van Straubenzee. A dificuldade de Missy em engravidar era inexplicável e por mais exames que ambos fizessem, nada apontava.
- Parece até epidemia... Helen, Missy. – Dizia Daisy sorrindo. – É até bom não é? Eles vão crescer juntos...
- Sim. – Harry acenou com a cabeça, concordando. – Helen está de quantos meses?
- Não o bastante para saber o sexo. – Respondeu sua namorada. – Mas eu acho que vai ser menina... Ela acha que vai ser menina. George acha que vai ser menina.
- Hm...
           Tomou um gole generoso de Coca-Cola e deu outra dentada em seu cachorro quente. Silenciosamente examinando a cozinha que sua namorada havia decorado, achando graça de como ela conseguia deixar partes de si até nos panos de prato.
- O que você gostaria de ter?
- Perdão? – Franziu o cenho, não entendendo a pergunta.
- Se você pudesse escolher, você gostaria de primeiro ter um menino ou uma menina?
 -x-
             Talvez não tivesse sido a pergunta mais inteligente ou o melhor momento para inquirir de Harry uma coisa daquelas. Daisy não queria deixa-lo irritado outra vez, mas honestamente, ela nem sequer considerou aquilo! Ela não imaginou que ele fosse ficar com raiva por causa de uma pergunta inocente.
- Puta que pariu! Será que é tudo o que você sabe falar agora?! – Replicou ele aborrecido, encarando-a com raiva. – Só sabe encher a porra do saco e falar de casamento, de bebês, de filhos e o caralho a quatro!
           Ela não disse nada, até porque ela não conseguiu. Era um daqueles momentos que ela estava assustada demais com a explosão de Harry e não sabia o que dizer ou fazer para acalmá-lo.
- Eu fiquei esperando três anos, eu nem sequer tocava no assunto. – Prosseguia Harry. – Eu não fiquei te pressionando em momento algum desde que nós fizemos o acordo. Aliás, desde que você impôs o acordo! A única coisa que eu te pedi foi par ter um pouco de paciência e esperar mais alguns meses, mas até isso parece ser estupidamente difícil pra você!
- Calma... Você está nervoso. – Ela disse com o cenho franzido.
- É claro que eu estou nervoso! Tudo o que fez desde que chegou foi encher o saco! – Harry disse se levantando da cadeira e recolhendo seu prato e seu copo.
           Daisy permaneceu sentada, vendo-o jogar o resto do cachorro quente no lixo e colocar o prato e o copo dentro da pia de qualquer forma. Ela até o repreenderia por quase quebra-los, mas Harry já estava estranhamente fora de si.
- Desculpa... – Disse suavemente, enquanto o via, com os punhos cerrados, tentar colocar a cabeça no lugar. – Eu não imaginei que isso fosse lhe afligir... Eu não toco mais no assunto.
- Não aflige. – Bruscamente, Harry retrucou-a e então se virou.
           Daisy quase engoliu em seco ao perceber como ele estava nervoso, como estava tenso enquanto proferia a ela, algumas verdades. Bem... Talvez ela precisasse e merecesse escutá-las.
-... Mas você precisa entender em que posição eu estou. – Ele disse bruscamente. – Eu estou muito ocupado, nos últimos tempos. Eu tenho me desdobrado para poder passar um tempo com você, eu faço o melhor que posso, escutou? Eu faço o melhor para ser um bom filho, um bom namorado, um bom soldado, um bom príncipe e isso exige muito de mim!
- Eu entendo querido, eu entendo... – Ela disse suavemente, querendo que ele abaixasse o tom de voz, que ele percebesse em como ela lamentava por ter o pressionado até aquela situação desagradável.
- Então me mostre que me entende! Sabe que a situação anda meio desequilibrada, então tente dar apoio. – Harry replicava em desespero. – Você quer casamento? Ok, está aí a sua chance de provar que vai saber ser boa esposa... Uma boa esposa apoia Daisy, ela tenta tornar as coisas mais fáceis, mas você me pressionando, falando de bebês e tentando me fazer sentir culpado por estar adiando esse momento, não vai acelerar nada. Eu preciso nesse momento de sossego, preciso resolver minha promoção a Coronel, preciso ajudar a manter a monarquia tão popular quanto antigamente, porque não dá pra contar com William mais... Eu não sei que diabo eu devo fazer e eu...
           Ela se levantou repentina e subitamente, caminhando até onde Harry estava e colocando as mãos no rosto dele, sentindo a dele se fechar em seus pulsos, tentando se livrar de seu toque, tentando fugir dela, porque Daisy bem sabia como desarmá-lo.
- Você pode contar comigo ok? Se não dá pra contar com ele, você pode contar comigo. Se você não sabe o que fazer, não tem problema, porque eu descubro pra você. – Murmurou. – Você e eu Wales...
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gipsiking · 12 years
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pqogspn · 12 years
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Capítulo 82 - Minha menina.
Dobramos uma esquina que ficava muito, muito perto mesmo da casa da Alícia. Bastava virar naquela rua pra dar de frente pra casa dela poucos metros à frente. Nem preciso dizer que fiquei meio acelerado quando passamos por lá. Tava tudo acontecendo tão rápido que parecia mentira. Eu tava conformado com o fato de ela morar longe e nunca mais querer ficar comigo. De repente, ela aparece numa festa por aqui, a gente se esbarra no banheiro e... Tal. Agora ela tá há poucos metros de mim e eu não sei o que fazer. Na real, eu até sei, mas não posso. Fico com dor de cabeça só de pensar no quanto teria que ouvir do Matt e do Fred caso eles soubessem que eu fiquei com a Alícia de novo, e que eu ainda tô nessa.
  Chegamos até o outro quarteirão. Agora sim, se eu me esforçasse, dava pra ver a casa dela de onde eu tava. Olhei pro Fred. Fred: I fucked this white girl who got a pink range and she drives fast in the slow lanes! Cantando como se tivesse em cima de um palco com várias gurias gritando o nome dele. Olhei pro Gabriel. Gabriel: Hahaha!  Rindo pra caralho da performance ridícula do Fred. Acho que ele não é tão parecido comigo. Olhei pro Matt. Ele não tirava os olhos da tela do iPod por nada. E o pior de tudo é que ele não tropeça em nada enquanto anda. Tá todo mundo ocupado. Caminho livre pra mim. Eu: É... Eu vou passar na padaria pra comprar um cigarro. Apontei na direção da rua que dava pra casa da Alícia. Aposto que eles nem vão me ouvir.
  O Fred continuou cantando, o Gabriel rindo, o Matt escolhendo músicas. Perfeito. Se eu consegui fugir deles, fugir do namorado da tatuado da Alícia vai ser a coisa mais fácil do mund... Fred: OPA, OPA, OPA! Aquela figura branca de roupas pretas pulou na minha frente, me impedindo de fazer qualquer coisa. Viado do caralho. Fred: Tu vai o quê? - cruzou os braços. Eu: Comprar um cigarro. Fred: Comprar um cigarro? Porra, moleque irritante de merda.  Eu: É. Fred: E tu pensa que eu sou BESTA?!  Berrou e me deu um tapa na cabeça logo em seguida, como se eu já não tivesse apanhado o suficiente ontem. Eu: AI, PORRA! Fred: Tu acha que eu não sei onde é a casa da Alícia, infeliz?! Sinceramente? Às vezes eu fico em dúvida se ele sabe onde é a própria casa. Eu: Aff, mano. Não viaja! Fred: "Não viaja". - me imitou. Eu: Eu não vou pra casa dela. Tu viu ontem, não viu? A gente se encontrou na festa e eu fiquei de boa. Nem falei com ela. Cruzou os braços de novo e ficou analisando cada movimento meu, provavelmente pra saber se eu tava mentindo. Sorte a minha que eu sei mentir como ninguém.  Eu: Vão indo pra pista. Eu compro meu cigarro e depois vou pra lá. O Matt e o Gabriel não tavam entendendo muito bem e ficaram parados do nosso lado, olhando. O Fred não disse nada, só tirou um maço de cigarros do bolso e me deu. Fred: Pode ficar com o maço inteiro. Me deu as costas e saiu andando na frente de todo mundo. O Matt sacudiu a cabeça pra mim em desaprovação e voltou a andar em direção à pista também. O Gabriel esperou que eu chegasse até eles. Gabriel: É ela? - perguntou em voz baixa. Franzi a testa mostrando que não tinha entendido a pergunta. Gabriel: A que tu fica nervoso toda vez que vê. É. Pior que é, pivete. Sorri pra ele, tirei um cigarro do bolso e acendi.
  Não foi dessa vez que eu despistei os caras. Respirei fundo e segui em frente. Eu tava meio puto por não conseguir ir falar com ela, mas o cigarro ia ajudar a me acalmar. Eu não sabia quando ela ia embora, quando a gente ia se ver de novo. Eu não sabia de nada, na verdade. Não sabia se ela tava bem, não sabia quem era aquele cara, como estavam as coisas. Putz. Que bosta. Fiquei lamentando minha vida o caminho inteiro, mas sabia que a pista ia me fazer bem. Pelo menos ia me distrair.  Dito e feito. Já comecei a rir assim que cheguei lá. Os caras tavam brincando de derrubar um monte de skates com... Skate. Funciona assim: tu coloca um monte de shape, um em cima do outro, formando tipo um "muro" de shapes de skate. Depois, o menor da galera senta no skate e todo mundo empurra o cara em direção ao muro. Contando assim parece idiota, mas é muito engraçado. Dessa vez, o Bruninho era o cara que ia em cima do skate. Ele não era tão pequeno assim, mas era um dos mais engraçados pra fazer idiotice. Prova disso era que ele tava deitado de bruços no shape. Pizza: Vai, Bruninhoooo! HAHAHAH! Ale: NOSSA, VELHO! O cara vai quebrar o dente HAHAH Cumprimentei os caras que tavam mais próximos e acenei pro resto. Tava todo mundo muito ocupado rindo do momento Jackass. O Gabriel e o Luc se cumprimentaram como se fossem melhores amigos. Achei legal. Um dia quero ter esse carisma do Luc. Ou não. Acho que não combina nem um pouco comigo. Tava um amontoado muito louco de gente, por isso achei melhor assistir tudo de cima do half. Chamei o Matt pra subir comigo, e ficamos rindo dos caras de lá de cima. O Fred ficou na fila pra empurrar e ser empurrado no shape, o Gabriel ficou fazendo uma social com os caras. Acho que ele tava vindo bastante pra cá durante a semana. Parecia bem à vontade com os caras.
  Fred: EI, VOCÊS DUAS! Ele gritou pra mim e pro Matt e escalou o half pra falar com a gente. Fred: Falei com os caras. Não vai ter mais festa na casa do Ale. Matt: Por quê? A mãe dele viajou, não viajou? Fred: Viajou, mas contou o número de cada objeto dentro de casa pra conferir quando voltasse. Eu: Porra, que louca. O Fred concordou com a cabeça. Que louca mesmo. Mas sinal de que eu tenho a noite livre pra ver como vão as coisas com a Alícia. Fred: Mas relaxem. Já arranjei outra festa. Nem sei como não tinha pensado nessa possibilidade de o Fred ter arranjado outra coisa em segundos. Fred: Uns amigos do Sick Boy vão dar uma festa perto da minha casa. Matt: Beleza. Eu: Suave. Fred: Festa à fantasia. QUÊ? Eu: Tá me tirando? Matt: Porra, Fred. Fred: Eu sabia que vocês iam reclamar. - ele bufou. Nem me fale. Qualquer idiota saberia. Eu tenho preguiça de escolher uma roupa pra dormir, imagina ficar pensando em fantasia. Matt: A festa é hoje? Fred: É. Matt: Impossível a gente arranjar uma fantasia pra hoje, cara. Fred: É nada, velho. Sem frescura! Eu: Tô de boa de ir. Fred: Parem com isso. A gente inventa qualquer fantasia. Matt: É obrigado a ir fantasiado? Fred: É. Não sei. Mas porra, qual a graça de ir numa festa à fantasia com roupa normal? A graça é ter mais tempo de vida pra fazer outras coisas ao invés de ficar procurando fantasias.  Eu: Já sei. Eu vou de pedestre. Fred: Como é isso? Apontei pra mim mesmo. Eu: Assim. Fred: Tsc. Vocês andam muito desanimados. Vamos inventar umas fantasias, cara! Vai ser engraçado! Cadê a criatividade de vocês? Não são designers? Eu: A gente estuda design, cara. Não moda. Fred: Mesma merda. Vamos!
  Fred: Vai ter Absinto, cara! Eu: Eu não v... Fred: AÊ, GALERA! O THOM E O MATT CONFIRMARAM! Desceu escorregando no half e gritando pra todo mundo. Idiota. O Matt me olhou com tédio. Eu: Eu não vou nisso. Matt: Ah, deixa. A gente veste qualquer coisa. Sacudi a cabeça. O Fred não pode me obrigar a ir, então tudo bem. Na boa, não que eu seja fresco, mas seria melhor se ele tivesse avisado sobre essa festa antes. Provavelmente eu ia dizer não do mesmo jeito, mas não ficaria puto.  Eu e o Matt ficamos lá em cima rindo das idiotices que os moleques tavam fazendo até anoitecer. Fumamos, rimos, conversamos sobre tudo e não fizemos nada de útil. Muito bom. Chamaram o Matt pra andar de skate e ele desceu pra andar, porque disse que tava com saudades. Eu até andava mais de skate quando era mais novo, mas nunca fui muito bom, então não sinto tanta falta. Eu gosto mesmo é desse ambiente, dos caras daqui, da cultura do skate. Mas não ando assim tão bem. Fiquei assistindo os caras andarem. Acho que agora seria uma boa hora pra ir ver a Alícia. Dava pra eu sair escondido e ainda fugir dessa festa idiota. Andei do half até o portão numa boa, sem ninguém reparar em mim, até que... Gabriel: Thom! Eu: Oi. Gabriel: Tu já vai? Eu: Mais ou menos. Ele fez uma cara estranha. Óbvio que não entendeu. Eu: Por quê? Gabriel: Por nada. Eu vou pra casa daqui à pouco. Eu: Ótimo. Ei, Matt! To indo levar o Gabriel em casa, avisa o Fred! O Matt acenou pra mim. Gabriel: Me levar até em casa?! Eu sei chegar até lá. Eu: Shhh! Passei o braço por cima dos ombros do Gabriel e fui levando ele até a saída. Gabriel: Eu não to a fim de ir embora agora. Eu: Quebra essa pra mim, velho. Ele apertou os olhos tentando entender o que tava acontecendo. Fingir que tava indo embora pra levar o Gabriel era uma ótima desculpa.
  O Gabriel não entendeu de primeira o favor que tava me fazendo, mas me acompanhou. Ficava olhando pra trás como quem queria continuar na pista. Comecei a me sentir meio mal por usar o moleque.  Eu: Esquece isso, vai. Pode voltar. Gabriel: To quebrando essa pra ti. Eu: Não, tudo bem. Eu me viro.  Olhei pra pista procurando o Matt e o Fred, que tavam conversando com o Luc, o Sick Boy e o Ale. Acho que o Fred devia estar contando sobre qual fantasia ia usar hoje à noite, porque tava todo mundo rindo do que ele falava. Eu: Já me virei muitas vezes. Mais uma nem vai fazer diferença. Gabriel: Tem certeza? Consigo dar um jeito de voltar pra cá depois, se quiser que eu vá contigo. Eu: Relaxa. Baguncei o cabelo dele, que era parecido com o meu inclusive na textura, só que tinha um corte melhor. Quero dizer, a última pessoa que cortou meu cabelo foi o Sick Boy. Acho que não é dos melhores. O Gabriel sorriu pra mim e voltou correndo pra pista. Continuei andando em direção à casa da Alícia. Dali alguns minutos o Matt ia perceber que eu tava dando um perdido neles, e aí eu estaria fodido. Por enquanto, vou aproveitar que não preciso ficar ouvindo sermão de ninguém. Na real, não sei por que to tão preocupado com a opinião deles. Ou sei. Talvez eu só não goste de ouvir o que eles tem pra dizer porque eu já sei exatamente o que vai ser. O Matt vai falar que eu nunca vou esquecer a mina se não deixar ela pra lá, que eu fico correndo atrás de problemas, que ele sabe que eu gosto dela e que ela pode gostar de mim, mas a gente vai ficar numa bad, bláblá. O Fred só vai me xingar porque quer um amigo solteiro pra pegar todo mundo junto com ele, como se eu pegasse todo mundo. Ele só quer encher o saco, resumindo. Eu não sei bem o que pensar. O Matt tem razão quando diz essas coisas, e ele não diz à toa. É meu melhor amigo e quer me ver bem, sem contar que é inteligente. Eu devia seguir mais os conselhos dele. Simplesmente não consigo.
  Acendi uns dez cigarros até chegar na casa dela. Eu precisava me acalmar, mas parecia impossível conseguir ficar calmo. A cada passo que eu dava, sentia meu corpo cada vez mais fraco. Era uma sensação muito ruim e, ao mesmo tempo, muito boa. Acho que o nome disso é adrenalina. Ou amor. Ou teimosia. Ou vamos bater na porta da menina pra ver no que vai dar. Toc toc. Bati na porta dela. Não preciso ficar nervoso. É a Alícia. Eu me sinto muito bem com ela, sempre me senti. Não preciso ficar nervoso perto dela. Ela vai abrir a porta, vai sorrir pra mim e vai ficar tudo bem. A mãe dela é quem costuma atender a porta, mas ela gosta de mim. Na verdade, acho que ela é tão gente boa que gosta de todo mundo. Mas eu me incluo no "todo mundo", então ela gosta de mim. O pai dela com certeza deixaria o meu outro olho roxo se me visse aqui, mas em meses de namoro, nunca vi o cara se levantar pra atender ninguém. Pensar esse monte de coisas sem sentido fez com que eu me acalmasse, tanto que eu nem desmaiei quando ouvi o barulho da chave na fechadura.  !: Pode deixar! Ouvi a voz de um moleque. Um moleque. Não era a voz de um cara tipo o pai da Alícia, nem a voz de um pivete tipo algum primo dela. Era a voz de um moleque. Não tem moleques na casa dela. Tem ela, a mãe dela e o pai dela quando eles não estão brigados. Não tem nenhum moleque. Mas lá estava ele. Alto, loiro, tatuado e escroto. Abriu a porta pra mim com o maior sorriso, como se estivesse fazendo um favor pra sogrinha de receber as visitas. Eu não consigo nem imaginar a cara de bosta que eu fiz quando o maluco abriu a porta. Ou ele não gostou da minha cara ou me reconheceu, porque fez uma cara pior ainda pra mim. Sem exageros, ficamos uns dois minutos em silêncio olhando muito feio um pro outro.
  O mais estranho foi que eu não senti vontade de matar o cara, como eu achei que aconteceria. Só fiquei olhando com cara de bosta pra ele. Queria que ele se sentisse muito mal por estar ali, muito mesmo. Eu não sabia se ele era um garoto legal, engraçado, inteligente, se tratava bem as gurias, se tratava bem a Alícia, se gostava dela. Eu não sabia e não queria saber. Não sou do tipo politicamente correto e hipócrita que espera que a ex namorada encontre um cara legal pra ficar com ela, já que ela não fica comigo. Na boa, ela pode ficar com o melhor cara do mundo que eu ainda não vou gostar dele e vou fazer questão de mostrar que eu não gosto. O mesmo vale pra ex namoradas que eu não quero voltar. No meu caso, só tenho uma ex, a Bruna. Não fico brisando que ela é uma guria legal que merece um cara legal. Eu quero é que ela se foda. Eu odeio todos os atuais de todas as ex namoradas que eu vá ter na minha vida, antes mesmo de saber que eles existem.  Alícia: Quem é? Ouvi a voz dela de fundo. Me segurei pra não falar nada. O moleque também não respondeu. Ela surgiu atrás dele e pareceu ter visto um fantasma quando olhou pra mim. !: Tu conhece? Perguntou pra ela, sem tirar os olhos de mim. A Alícia parecia que tinha engolido um sapo ou sei lá, ela nem conseguia falar. Acho que fiz merda de aparecer por aqui. Alícia: Não... Não conheço. Ficamos mais alguns segundos em silêncio. Ela não conseguia me encarar e eu não conseguia tirar os olhos dos dois. !: Acho que tu errou a casa, meu amigo. Disse isso e bateu a porta na minha cara. Depois fez algum comentário idiota do tipo "o cara tá loucão". Me segurei muito pra não esmurrar aquela porta até derrubar tudo. Mesmo porque eu nunca conseguiria derrubar tudo. Como eu sou idiota. O que eu tava pensando? Que a mina ia trazer o namorado novo pra cá e ia pular nos meus braços quando me visse na porta? Que troxa babaca eu sou. Ainda mais com esse olho roxo do caralho. Pareço ainda mais loser.
  Que completo idiota. Era só isso que eu conseguia pensar. Saí arrastando meus ombros e meu ego pelo chão. Nem sabia muito bem pra onde eu tava indo. Acho que tava indo pra casa, qualquer casa que fosse. Acho que, na real, eu só precisava de um lugar que tivesse uma parede bem grande pra eu bater minha cabeça umas duzentas vezes.  Óbvio que ela não me conhece. Não gosto de pensar esse tipo de coisa, mas olha só pra ele. O cara é todo bonitão, estiloso, saiu lá da puta que pariu pra vir pra cá com ela. Deve ter aproveitado enquanto eu era um completo idiota, como sempre, e deixava ela mal. Sem contar que eu não sou nada de mais. Não peço confete e nem fico me achando perto de ninguém, mas sei muito bem que eu sou. Eu me acho mais esperto que a maioria das pessoas, tenho um cabelo que acorda legal de vez em quando, algumas gurias gostam do meu jeito. É por aí. Sei que não paro o trânsito quando eu passo, sou muito arrogante, enfim, não sei nem se sou uma boa pessoa.  E ela. Que bosta. O que essa mina foi ver em mim algum dia da vida dela? Ela é bonita, esperta, engraçada, sabe sobre um monte de coisas, não precisa de mim pra nada. É praticamente impossível achar uma guria tipo ela, que prefere ficar comigo fumando um em qualquer pico do que retocando a maquiagem. E logo eu, cara, logo eu. Eu pago pra saber o que essa mina viu em mim. Acho que foi só pra me foder. Pra depois de um tempo, eu acordar e ver que foi só um surto. Acabou. De repente, senti um abraço muito apertado que apareceu do nada. Levei o maior susto e achei tudo ainda mais estranho quando reconheci o cabelo dela. Era a Alícia, que deve ter vindo correndo pra ter esbarrado tão forte em mim. Me abraçou tão forte que quase terminou de quebrar minha costela pro Henrique. Eu: Calma aí, minha costela tá zoada! Ela me soltou e logo em seguida abraçou o meu pescoço. Eu não sou o cara mais alto que eu conheço, mas a Alícia consegue ser menor do que eu e me deu um tranco no pescoço com o abraço dela.
  Alícia: Me desculpa! Eu demorei uns segundos até abraçar ela de volta, e nem lembro se abracei. Foi tudo tão louco. Nem parecia que era ela quem tava ali.  Alícia: Me desculpa, me desculpa! Tentei me afastar, mas ela me abraçou mais forte. Só me soltou quando bem quis e ficou analisando meu rosto. Alícia: O que é esse olho roxo? E esses cortes? O que fizeram contigo? Eu: Eu... Alícia: Me desculpa, eu não sabia o que dizer. Ele sabe que eu te conheço, ele te reconheceu. Óbvio que reconheceu! Eu já mostrei fotos e desenhos e ai, tu tá todo machucado. Eu: É... Alícia: Me desculpa! Acho que tudo seria mais fácil se eu conseguisse, tipo, falar. Na verdade, nem sei se queria falar alguma coisa. Acho que só sairia um monte de palavrões se eu resolvesse abrir a boca. Ele me abraçou de novo, e eu não disse nada. A gente tava no meio da rua e quase foi atropelado por um maluco de carro, então achei melhor parar em algum lugar. Fui andando e ela veio junto, sem me soltar. Paramos na calçada da rua, porque não tava dando pra andar direito. Eu: Alícia. Alícia: Desculpa, Thom. Segurei os braços dela pra que ela parasse de me abraçar e olhasse pra mim. Eu: Não precisa pedir desculpa. Eu entendi. Alícia: Eu te conheço, tu não entendeu nada e tá com raiva de mim. Eu: Eu não to. Tu não me deve satisfação só porque ficou comigo ontem. Ela parou de me encarar e olhou pra baixo, pensativa. Eu: Aliás, foi mal. Não quero causar problemas. Fiquei contigo ontem porque não consegui ignorar. Agora tu volta pro sul, vai ser uma bosta por um tempo, mas tudo bem. Uma hora vai passar. Ela fez uma cara de quem ia chorar. Não, puta merda, não chora. Dá vontade de sumir quando tem guria chorando perto de mim.
  Eu: Se tu chorar, eu vou embora. Alícia: Fofo. Ela falou com voz de choro e os olhos cheios de lágrimas, claro. Quando eu tava conseguindo manter a calma, a mina começa com isso. Respirei fundo. Eu: Tá. Olha, eu não quero ser um problema na tua vida, tá bom? Falei segurando os braços dela. Ela fez que sim com a cabeça, já com as lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu: Não precisa olhar pra mim e chorar. Alícia: Eu não... Eu: Eu não gosto do teu namorado novo e não vou desejar tudo de melhor pra vocês, porque eu não sou assim. Alícia: Ele não é meu namorado. Eu: Beleza, tu pode me poupar dos detalhes. Alícia: Ele não é mesmo! Numa boa, não to a fim de saber como aconteceu, onde eles se conheceram, quantas vezes já ficaram ou sei lá. Só vai servir pra me deixar com mais raiva de tudo. Alícia: Ele é só meu amigo. Eu: Ele é gay? Alícia: Não. Eu: Então ele não é teu amigo, cara. Vocês andam de mãos dadas, ele dorme na tua casa e saiu lá do sul pra ficar contigo. Ela revirou os olhos. Alícia: Eu nunca nem fiquei com ele. Eu: Alícia, mano, eu não quero saber. Alícia: Eu quero que tu saiba. Eu nunca fiquei com ele, não é meu namorado, não é nada. Silêncio. Alícia: Ele se ofereceu pra vir junto. E eu aceitei, porque sabia que tu ia aparecer com alguém e eu ia ficar mal. Eu: ... Alícia: Eu tava certa, não tava? Tu apareceu com uma guria ruiva. Eu: E tu foi com esse tatuado escroto. Por que ele tem tanta tatuagem? Alícia: Eu sei lá. Eu: Ele gosta de ti, cara. Não adianta vir com desculpas. Alícia: Eu sei. É uma pena eu não gostar dele de volta.
  Pra variar, ela me deixou sem saber o que falar. Engoli seco e fiquei olhando pra ela. Alícia: Ele sabia quem tu era quando abriu a porta. Eu disse que não te conhecia pra não dar confusão. Eu: Hm. - olhei pra baixo. Alícia: Tu acredita em mim? Ela procurou meu olhar, que tava no meu pé. Alícia: Acredita? Eu: É. - dei de ombros. Eu acreditava. Ela não tinha motivo pra vir atrás de mim agora se simplesmente quisesse me dar um fora na frente do moleque. Tinha um banco perto da gente e resolvi me sentar lá. Tinha um poste de luz bem em cima dele e ficava melhor pra enxergar as coisas. A Alícia se sentou do meu lado. Alícia: Se eu corresse pra te abraçar, meu amigo ia encher o saco, meu pai ia te caçar no inferno e tu ia querer matar todo mundo. Te conheço. Dei risada. Pior que conhece. Alícia: Sem contar que tu já te meteu em confusão demais. Ela disse analisando meus machucados, sentada com o corpo todo virado pra mim. Eu tava virado pra frente, olhando pro chão, mas olhei pra ela depois dessa frase. Gosto da Alícia porque ela tem essa característica do Matt de se preocupar comigo mas não ficar fazendo muitas perguntas. Ao invés de ficar me enchendo o saco pra saber como eu tinha conseguido aquela cara de quem apanhou, ela me deu um beijo na bochecha, onde tinha um corte do soco do Henrique.  Alícia: Melhorou? Tive que rir de novo. Fiz que não com a cabeça e apontei pro meu olho roxo. Eu: Aqui também.  Ela riu e me deu um beijo no olho, por mais estranho que pareça.  Alícia: E agora? Apontei pra um corte na minha boca, porque eu não sou bobo nem nada. Ela riu mais ainda e veio pra me dar um selinho, mas segurei o rosto dela e acabamos nos beijando.
  Ela sorriu enquanto me beijava e eu tratei de passar meu braço por cima dos ombros dela, apoiando no encosto do banco. Até parei de me preocupar com o quanto teria que ouvir dos caras depois. Eles que falem por horas, dias, meses na minha cabeça. Momentos assim fazem tudo valer à pena. Sempre que ela ameaçava parar de me beijar, eu tentava reverter a situação quase sem pensar. Parecia que, se eu abrisse os olhos, ela ia embora. Por que a gente tá nesse banco idiota? Queria estar na minha casa, só eu e ela. De preferência, na república, sem nenhum pai pra me encher o saco e com um saco de maconha no meu guarda-roupa. Como eu sou romântico. Alícia: Calma, Thom. A gente tá no meio da rua. - ela riu, envergonhada. Eu devia estar passando um pouco dos limites, mas confesso que nem percebi. Já to tão acostumado a levar esporro e apanhar por esse tipo de coisa que nem me importo mais. Se tratando da Alícia então, acho que esqueço até meu nome. Imagina se vou lembrar de maneirar no meio da rua. Eu: Vamos pra minha casa. - falei com a respiração ofegante. Alícia: Hahah! Thom! Ela riu e me deu um tapa no ombro. Odeio como as gurias demoram pra entrar no clima se comparadas com a gente, que é moleque. Me deu até vontade de rir também, me senti um virgem de doze anos. Sentei ela de lado no meu colo, a abracei e ficamos rindo de tudo, porque realmente parecia mentira ela estar ali. A gente nem falava nada com nada e ela só dava risada enquanto eu beijava o pescoço dela. Uma hora acho que peguei pesado de novo e ela jogou a cabeça pro lado, batendo bem no meu olho roxo. Nem preciso dizer que doeu mais do que tudo. Eu: AAAAAU! Alícia: AI! Foi mal! Foi maaal!
  Ela abraçou minha cabeça e ficou beijando meu cabelo enquanto eu reclamava de dor e ria ao mesmo tempo. Depois ela me deu um outro beijo e ficou tudo bem. Conversamos sobre tudo: como estavam as coisas na faculdade, os novos amigos, as festas, as coisas em que a gente se metia. Reclamamos, contamos histórias, e eu sei lá, tive a impressão de que ficamos sentados naquele banco por mais de uma semana. Ao mesmo tempo, parecia que não fazia nem cinco minutos que eu tava ali quando o Fred me ligou. Eu: Puta merda. Não vou atender. Alícia: Atende. Pelo que tu falou, o Fred vai ficar bem puto se tu não atender. Eu: Ele vai me chamar praquela festa idiot... Alícia: Atende, Thommy! Tsc. Eu: Alô. Fred: SEU VIADO!! Agora haja paciência pra suportar o Fred querendo me dar lição de moral porque vim atrás da Alícia. Justo o Fred. Fred: Vou te perguntar uma coisa e tu vai ter que ser muito sincero, senão vou ficar puto! Eu: Fala.  Respirei fundo antes de mandá-lo tomar no cu. Ele não tem nada a ver com a minha vida. Se eu quiser ir pro sul atrás da Alícia, eu... Fred: Tem comida aí na tua casa? Eu: HEIN? Fred: É, porra. Tem comida?  Eu: Ahn... Acho que sim. Fred: Beleza. To indo aí. Mó fome. Eu: Ah! Não! Não. Eu acho que não tem muita coisa, na real. Fred: Porra, Thommy.  Ele gritou alguma coisa com a galera que tava junto com ele e eu não pude ouvir direito. Fred: Esquece. Vamo pra casa do Sick Boy. Eu: Agora? Fred: Tu quer ir que horas? Acho que a festa já começou. Ele e o Luc tem umas coisas pra gente usar de fantasia. Eu: Mano, eu não to a fim de ir nessa festa, de verdade. Fred: Vai ser muito louca, Thommo! Eu: Pff. Fred: A gente te espera na casa do Sick Boy pra inventar uma fantasia.
  Olhei pra cara da Alícia antes de responder. Ela tava mexendo nas pontas do próprio cabelo, super concentrada. Não posso deixá-la aqui, puta merda. Eu não quero ir embora, não quero que ela vá também. Mas cara, ela já tá sendo muito louca por estar aqui comigo sendo que tem um cara na casa dela. Nós dois estamos sendo bem loucos pra falar a verdade. Não sei quem estou querendo enganar. Daqui à pouco ela vai precisar ir pra casa dela, eu vou precisar encontrar os moleques. Não vai dar pra ficar brincando de namoradinho pra sempre. Pelo menos encho a cara de álcool e me esqueço um pouco das coisas nessa festa. Eu: Beleza. Fred: Falou! Desligou. Voltei a olhar pra Alícia, que sorriu pra mim.  Alícia: Qual a boa de hoje? Eu: Festa à fantasia. - falei com tédio. Alícia: De quem? Eu: Sei lá. Alícia: E tu vai fantasiado do quê? Eu: De nada. Alícia: Imaginei. Hahah. Eu: Não quero ir, cara. Eu odeio festa à fantasia. Alícia: Tu já foi em tantas assim pra odiar? Eu: Não, mas odeio todas. Ela riu da minha cara e me deu um abraço bem apertado. Senti o cheiro bom do cabelo dela. Eu: Vamo comigo. Alícia: Eu iria, se desse. Eu: Vamos. Tu coloca uma máscara e ninguém vai saber que é tu. - sorri. Alícia: Aham. Hahaha! Eu: Eu te escondo. Ela sacudiu a cabeça, me abraçou e me beijou de novo. Assim vai ficar difícil ir embora. Alícia: Eu também preciso ir. Eu: Que merda isso. Amanhã tu vai tá aqui ainda? Alícia: Vou embora antes de tu acordar de ressaca dessa festa. Eu: Pode crer. E tu vem na semana que vem? Alícia: Não sei. - ela sacudiu a cabeça. Que merda, mil vezes merda. Eu: Tá. Tudo bem. A gente se vê ainda, não é? Ela fez que sim com a cabeça, mas não com tanta certeza. Eu sou muito zicado. Alícia: Eu já vou. Eu: Beleza.
  Concordei mas não soltava ela nem fodendo. No começo, ela tentou se soltar, depois percebeu que eu tava fazendo de propósito. Alícia: Thommy!  Eu: Hahah, foi mal.  Soltei ela, nos levantamos e ficamos de frente um pro outro, meio sem saber o que fazer. Acho que nenhum de nós dois queria ir embora de verdade. Eu: Então... Alícia: Minha casa é pra lá. Tu vai pro metrô? Eu: É. Ficava na direção oposta. Eu: Quer que eu te acompanhe... Tipo... Até tua casa? Perguntei meio inseguro, apontando na direção da casa dela. Ela arqueou as sobrancelhas. Eu: É, acho melhor não. Ela me deu um último abraço bem forte e eu tive vontade de chorar por causa da minha costela dolorida, mas me segurei. Depois me deu um selinho demorado, sorriu pra mim, e saiu andando. É. Só me restava fazer o mesmo. Me virei e saí andando em direção ao metrô. Olhei pra trás umas dez vezes, mas em nenhuma das vezes ela tava olhando. Que situação estranha. Eu não sabia se iria vê-la de novo, se o cara ia recebê-la com um buquê de flores em casa, tava foda. Comecei a sentir uma coisa muito ruim, uma ansiedade bizarra. Me virei de uma vez, sem pensar, e gritei pra ela. Eu: Ei! Ela se virou. Eu: Tu ainda é minha menina, não é?  Gritei tão alto que acho que a velha que tava passando do meu lado pensou que eu estivesse falando com ela, porque me olhou estranho. A Alícia deu uma risada bonitinha e continuou andando. Tá tudo bem.
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coloredwebs · 13 years
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Capítulo 82
Pedro Lucas Narrando Ligaram do hospital, falando que a Manu tinha piorado. Entrei em desespero, fui correndo pra lá, no caminho encontrei a Larissa ela insistiu tanto que acabou vindo junto comigo. Ficamos sentados esperando, todos estavam desesperados e ninguém dava notícias da Manuella. O Diego foi o ultimo a chegar, cheio de olheiras, parecia que não dormia a dias. O médico veio até nós e explicou que a Manu não tava respondendo aos aparelhos, que ela estava entre a vida e a morte. Ele não poupou as palavras para nos deixar sem esperanças. Hoje era dia do Diego ficar lá, fomos para casa, mas eu não consegui relaxar. Passaram 1 mês, a Manu continuava no mesmo estado a gente ainda revezava de quem ai passar a noite com ela. Eu tava tentando me animar pros shows, e os compromissos da banda, mas era complicado sorrir pras fãs enquanto o amor da minha vida estava em uma cama de hospital entre a vida e a morte. Eu tava em casa, tudo ali me lembrava a Manu. Peguei meu violão e lembrei da música que eu escrevi pra ela enquanto estávamos separados. Não deu tempo dela ouvir por causa do acidente, comecei a tocar e me veio uma idéia louca na cabeça. Eu sabia que a Manu tava mal e não iria me ouvir, mas mesmo assim eu precisava arrumar um jeito de levar o violão até o hospital, não tinha jeito, o único que podia me ajudar era o Diego. Não queria, mas acabei ligando pra ele, ele me disse que o horário do almoço é mais calmo e que iria me ajudar. No dia seguinte na hora do almoço encontrei ele em frente o hospital. Ele foi na frente pra ver se não tinha ninguém e eu acabei conseguindo entrar com o violão no quarto, ele ficou esperando do lado de fora na porta, para que ninguém entrasse. 
Olhei pra ela, tão linda, tão minha. Comecei a tocar, quando acabou a música cheguei perto dela... -Meu amor! Essa música eu fiz pra você, pensando em você, enquanto estávamos separados, não deixei de pensar em você um só minuto. Você entrou em mim de uma maneira que eu não consigo tirar, e nem quero. Não me abandona.. eu preciso de você mais que tudo! Eu posso ter errado, eu posso ser completamente diferente de você, mais eu te amo e sei que você também me ama, mesmo tendo medo de assumir esse sentimento! Volta pra mim, volta a ser minha! De nada adiantou aquilo tudo, ela nem moveu um dedo. Sai de lá já sem esperanças, agradeci o Diego e fui para uma entrevista. Logo quando eu sai da entrevista da Roberta me ligou, ela tinha ido pra lá, hoje era dia dela dormir com a Manu. -Fala Ro! -A Manuella Pedro! -O que tem ela? Ela piorou? Me conta!-Eu disse nervoso -Vem pra cá Pedro!  Fiquei nervoso, quase bati o carro. Mas consegui chegar no hospital...
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