Tumgik
#oc: ace cowzynski
tsuburbs · 4 years
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ACE COWZYNSKI »› BAR, GALERA RADICALIZADA
Abotoo o macacão cinza e surrado até o peito, desamassando o tecido em meu braço esquerdo enquanto ouço pequenos detalhes da conversa que Jonathan trava com Olivia pelo celular ao fim do corredor. Aparentemente se tratava da viagem à Califórnia que Joshua e sua irmã iriam promover na próxima semana, assunto esse que eu já tinha conhecimento sobre e inclusive fora convidado. Era óbvio que eu iria, não havia razões para recusar um prazer desses depois de uma semana de dor e sofrimento ao lado dos mexeriqueiros desinteressantes do Jornal da Escola. “Atividade extracurricular é imprescindível, Jace, se quiser caprichar o terreno pra Faculdade”, dissera a Instrutora ruiva extremamente gata. Acho que concordei com a cabeça na hora, seria um crime negar atenção àquela mulher. Por outro lado, pouco me importava com pontos e menção de honra no meu histórico escolar — que a essa altura estava mais sujo que ficha de criminoso. Bom, para o Sr. Markle eu sou um, pelo menos cumpro meu papel.
A verdade era que frequentar o Clube de Música era a única parte interessante do meu dia a dia como estudante naquela escola. Logicamente, não é a área em que me imagino exercendo no futuro, aliás, não sei nada sobre o meu futuro, e apenas vivo por ele. O que eu quero dizer é: era divertido estudar e falar sobre música. Era fácil.
Entretanto, estava acabado. Sem mais karaokê, sem mais discussões sobre bandas. O final amargo. Me restava agora viver das desgraças dos outros e as escancarar na primeira página do jornal do colégio. A pior parte nem era lucrar com os outros se fodendo — na verdade, esse é dos males o menor, vou poder falar mal da pior raça daquele lugar e com direito. O ruim mesmo é que, por pelo menos esse mês inteiro eu estaria em evidência junto de mais alguns nos papeis impressos. Até gosto de fama, mas porra, não agora — não quando meus dois melhores amigos tiveram que literalmente comer pregos junto comigo na última em que nos metemos. Eu tinha o meu jeito de lidar com isso, embora não pudesse interferir na maneira em que Adam e Jonathan, sobretudo, mastigariam toda aquela catarse emocional pela qual passaram. Eles eram o que eu chamava de exceção dentro do núcleo de esportistas populares de Overland Park High, e era muito estranho que sendo tão maneiros como eram, se sujeitavam àquelas posições. Nenhum dos dois realmente eram constituídos do futebol, e tenho certeza que quem perdeu algo fora o time de humanoides, e não eles. Contudo, nossa comunidade escolar não vai reconhecer isso e daqui pra frente esses dois vão ter de lidar com o pão que o Diabo amassou por entre os corredores e corpo docente. Sejam bem vindos ao meu mundo, caras.
Estralo os ombros decidido, porque se dependesse de mim, eu tiraria os próximos dias para relaxar e gozar. — Esses filhos da puta não vão conseguir tirar minha alegria.
Jonathan então adentra o quarto, seus olhos mortos e expressão genética de “estou cansado demais para falar sobre isso” curiosamente estão menos em evidência hoje. Deve ser porque ele quer promover um clube da luta. Sei que a ligação terminou massiva, todavia, porque ele está em silêncio. E eu não ia perguntar.
A quem eu quero enganar...
— Que tal você afirmar logo que vai viajar conosco pra ela parar de insistir? — proponho, passando os dedos entre as madeixas pretas de modo radical. Eu era Michael Myers esta noite, e Michael Myers não mata ninguém de cabelo penteado. Ouço a resposta do loiro e dou um grunhido de desgosto. — Meu irmão, você vai ficar nessa TPM o resto da sua vida? É só um braço lesionado, não é como se você tivesse amputado ou coisa assim. Na verdade — vou até ele e lhe sacudo os ombros —, termina com a Olivia, Jonathan. Ninguém aguenta mais, eu não aguento mais.
Meu amigo então empurra minhas mãos de seu ombro com desdém, explicando que não era apenas o braço, e nem por aquilo. Ata. Defende o relacionamento e a namorada como de costume, nem porque concorda, eu tenho certeza, mas porquê é impossível para, dada sua personalidade, dizer qualquer coisinha ruim sobre Pfeiffer. Eu conhecia Pfeiffer desde o primário, e eu sei que ela é ardilosa quando quer ser. Meu faro para malandragem não falha, nessa matéria eu tiro onda! Sobretudo, eu tinha uma suspeita acerca das alterações de humor dela nos últimos tempos — uma fofoca no auditório a respeito de uma bolsa de estudos para cursar ginástica na Califórnia. Devo admitir que seria perspicaz da parte dela tentar a vaga diante esse cenário dramático de sua vida. Ninguém iria descobrir ou desconfiar já que o quarterback do time se lesionou, já que a bruxa está solta pro time.
Se ninguém soubesse seria fácil desaparecer. E é esse tipo de pessoa que eu tentava alertar do perigo ao meu amigo. Ele não vê.
Foda-se então. Pego minha máscara de assassino e digo para descermos, tínhamos que ir buscar Adam, Gwen, e por último Max. Tinha um show hoje que eu estava muito disposto a assistir para ficar discutindo relação em casa com alguém que, evidentemente, não quer conversar a respeito. — Falô. Vamos focar no que interessa: Halloween e rock!
Primeiro buscamos Adam, o terceiro cúmplice. Daí repassamos o plano: passaríamos na casa das duas garotas recém chegadas a este estilo de vida para leva-las conosco. O mais próximo de cada uma delas iria até sua casa tocar a campanhia. Eu fico de fora porque minha postura entregaria minha índole de cara, e a última coisa que eu queria era assustar os pais de Gwen e Max. Foda ser eu. — Seguinte, o motorista está isento. Adam, você é familiar para os ingleses. Você vai. — Explico. E assim seguimos o protocolo.
Max é a última, e é Jonathan quem vai chama-la. Quando ela sai pela porta de casa, eu sorrio de forma engraçada, e ela retribui com uma encarada usual. Não deu pra evitar, ela era Dorothy Gale! Me seguro para não fazer uma piadinha, já que sei que ela se zangaria. Me seguro. Mas Jonathan faz um comentário sobre seu traje e, invariavelmente, tomo liberdade para falar também. — Saiba que corações só serão práticos quando não puderem ser partidos. — Sim, eu conhecia Mágico de OZ. É a história favorita de todo o Kansas. Max sorri de leve, pelo menos ela não ficou brava. Jonathan sugere que ela escolha uma música para tocar, e ela pede por uma famosa do Flock Of Seagulls. Percebo que ela fica mais à vontade conforme o trajeto e se permita cantarolar. Sua voz é muito bonita, e fico surpreso por não ter dado conta antes, talvez porque nunca tenha visto ela o fazer anteriormente. Olho para Gwen com uma expressão de choque pelo retrovisor, e ambos sorrimos.
Quando enfim chegamos a Gehenna, procuro pelo local mais acessível para estacionar. Aquele bar era movimentado mas hoje estava cheio pra caramba, dada a ocasião e também a atração. Seguro o bastante para tocarmos com o plano, eu estaciono em uma esquina a frente do sobrado aonde o show aconteceria. Tiro a chave da ignição e saio primeiro. Pergunto para Adam se estava tudo certo com a documentação dele e de Gwen, ao qual ele confirma. Em mãos, estou com um passe libertinagem para aqueles que estão um pouco longe dela — tipo eu, moralmente falando. Analiso direitinho as informações presentes naquela impressão plastificada e idêntica a original. Alexander era o melhor no que fazia, puta que pariu. — Aqui Dorothy, bora pro arco-íris e encontrar alguns esquizofrênicos de OZ. — Ergo a mão com uma das identidades para Max, a que supostamente lhe pertencia. Seu rosto confuso me faz rir, ela se esqueceu ou não se deu conta para onde estávamos indo? Tudo bem, Dorothy. É a sua primeira vez nisso, é tudo muito confuso... Daí ela pega a carteira e segue sua amiga loira, segundos pós pane. Seja lá qual fosse de seu deus-nos-acuda facial, ela tomou coragem para seguir em frente com passo a passo. Boa garota. Então entrego a de Jonathan, mas não sem antes lembra-lo de algo. — Só relaxa, ok?
O resto é mel na chupeta, e num toque de mágica estávamos dentro do bar, lotado de pessoas e música alta. Jimmy, um conhecido, pula nas minhas costas e nos cumprimentamos. Ele diz para ir mais a frente porque logo iriam anunciar os caras. Antes de sair me passa um trago do cigarrito del diablo — depois do Alec, meu amigo Jimmy ali era o segundo melhor no que fazia. Fumo bem rapidamente, apesar de uma única tragada ser o suficiente para me gongar. Jimmy já está longe, e a música ambiente não mente, ele é mesmo aquele que chamam de Dr. Sinta-se Bem. Preciso andar para procurar algo pra beber, qualquer coisa. Peço ao bartender uma manada de energéticos, só pra aquecer, e não assustar as novatas. Ele entrega a mercadoria e eu faço minha parte. Primeiro Max, e então Gwen. Meu método de oferecer um drink é simples: eu te dou e você aceita. Eficiente. Não encontro Adam, e Jonathan já está com Olivia, a Diaba. De vermelho e pronta para matar, eu diria. Pelo menos posso admitir que ela está bonita na minha mente. Seus braços envolvem o pescoço de meu amigo, onde nitidamente apuro uma possível tentativa de saliência entre eles, ao que certamente Jonathan seja mais vítima naquela relação: À sedução de Pfeiffer.
Abro uma das latinhas de energético e dou uma golada voraz. Preciso procurar uma bruxinha que não se importe de voar na minha vassoura, eu penso, afinal, até seriais killers podem querer dar uns amassos às vezes sem causar estragos.
É bem quando estou pensando no melhor da maioridade que um cara sobe no palco. Além dele, Alec está lá atrás, assim como o resto da banda, expressando confiança. Durante a detenção passamos maior parte deliberando a setlist pro show de hoje, e ele confiou em mim e Hatten para indicar qual música tocariam primeiro. Eu sabia o que era música quando ouvia, e o repertório autoral desses caras tinha muita coisa boa! No entanto, Adam e eu concordamos que o ideal seria focar na mais conhecida. Só precisavam dar uma amostra do que Seventh Heaven era para que os leigos consumissem. Depois, viriam por conta própria.
Com entusiasmo, o cara do palco anuncia a banda, seguido do roar da guitarra de Alec e o do outro, Richard, o beijoqueiro; sobreposto pela bateria animal de Joshua. Eu grito, assim como a maioria ali. Alec se põe a cantar, Talk To The Devil, a que indicamos. A galera está no clima e compra a música com muita facilidade, sem surpresa alguma. Estamos com as mãos levantadas ao estilo tradicional, o refrão simplesmente gruda e todos estão cantando em uníssono. Meus olhos se encontram com uma Gwen e Maxine bastante agitadas, a quem inevitavelmente faço uma aproximação. Com as duas mãos em volto de seus ombros cada, digo, com uma voz elevada e um sorriso destemido: — Essa música é do caralho! Sério, esses putos serão famosos ainda.
Ao mesmo tempo, é a parte do refrão, e não me contenho em ficar parado — preciso me afastar para pular com os outros porque aquela música era muito boa! O ritmo persiste o mesmo quando eles variam para outras canções mais conhecidas, gerando uma recepção ainda maior.
É a vez de Sad But True entrar em nossas veias. As luzes piscam ferozmente, porém ainda assim sou capaz de reconhecer Jonathan na multidão. — Admita, Tyler Durden. Joshua é muito bom na bateria. — Provoco. Esse round era dele, não dava. Averíguo as mãos do loiro somente para me intrigar com a falta de alguma coisa bebível nelas. Balanço a cabeça em negação e ergo a ele a lata com energético.
@parad1sekiss
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