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tsuburbs · 2 years
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tsuburbs · 4 years
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   alice  pagani    (   aka  loml   )   ft.   baby  cast  in  the  love  song  challenge   .
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tsuburbs · 4 years
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tsuburbs · 4 years
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tsuburbs · 4 years
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Hugh Laughton-Scott
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tsuburbs · 4 years
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tsuburbs · 4 years
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tsuburbs · 4 years
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tsuburbs · 4 years
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JONATHAN PATTERSON » ACE, ADAM, ALEXANDER
Meu guia me direciona sem quaisquer esforços até a área alcoólica do lugar, igualmente conhecida como seu habitat natural. A maneira como se adapta entre as banquetas e faz uma varredura na bancada em busca de algo para se servir é extremamente homogênea. Ace é, acima de tudo, insaciável. E como todo bom dependente dipsomaníaco, ele era também fluente na matéria de achar o que ingerir. Uma garrafa de Jack Daniels, como se fosse água.
Se a capacidade alcoólica fosse uma qualificação acadêmica, Ace seria bacharelado.
Beber assim ainda não é, infelizmente, minha especialidade. E apesar de estar um tanto inclinado a degustar de algo legítimo, para me dispersar dos meus fantasmas, sei dos impasses que posso enfrentar, vez que não sou nível Cowzysnki da gasolina. Há um limiar entre render-se às minhas súbitas vontades e a de me submeter ao porre, e isso é um cuidado do qual cautelosamente não me desprendo. Eu tinha limites a obedecer por um bem maior, minha saúde eu quero dizer, sem contar o ocorrido passado onde um eu embriagado bateu o carro. Isso bastava para me colocar de volta às rédeas da situação. A ausência do bartender coopera com minha aflição, vez que não poderia eu pedir nada à minha altura. Por isso me abstenho a assistir ao show, antes de me sujeitar a nocividade com qualquer que seja o que o moreno possa vir oferecer.
Acompanho o show. Foi pra isso que vim. Quero dizer, inicialmente, antes de ser sequestrado.  
Meu amigo me cutuca repentinamente — não exatamente ele, mas sim um porta guardanapo. Curiosamente meu entendimento sobre o que ele tentava me alertar ao gesticular é facilmente concebido, e não consigo evitar sorrir de maneira amarga conforme me mundifico com o lenço e apago as demonstrações carnais de um momento passado. Quando vi Olivia com aquela cor acerejada nos lábios pela primeira vez mais cedo, eu já imaginava que isso aconteceria. É o preço por ceder à tentação. Pensar nela agora me deixa nervoso.
A banda finaliza a última apresentação com animosidade. Aplaudimos bastante, satisfeitos com a entrega, embora no meu caso me sentisse relativamente desconexo com tudo.
É quando Adam faz uma bem-disposta aproximação, habitual, conquanto expressando desapontamento. Isso porque estou segurando energético, diz ele, e solto um riso-sussuro, pensando no degradê que Jace está passando, afinal de contas, foi ele quem fez às honras da infame latinha.  Contemplo o rebelde e sua reação, conforme Adam continua sua oposição em relação ao nosso atual estilo de festejar, levando-me com ele para a dianteira do campo. Seu monólogo é engraçado e por isso não digo nada.
Sem sequer fazer ideia do que estava por vim, ainda que fosse óbvio. É Adam, no fim das contas.
Mesmo assim, quando o loiro propõe uma aposta, meu rosto é tomado por surpresa. Ace reage consensual, assim como alguns desconhecidos ali por perto, anteriormente despercebidos. O dito cujo bartender dá as caras de abrupto, como se sua ausência repentina não passasse de um complô à competição. Ele organiza seis cabalitos igualmente enfileirados com agilidade, e devo admitir, visualmente era bonito de se ver.
Mordo a língua, acordando do transe, lembrando do cuidado que tenho que ter, porque naqueles copinhos esbeltos estariam o meu ponto fraco.
Por outro lado, os outros dois ali são beberrões renomados, consumiriam em instantes. Murmuro um ‘’meu deus’’ silenciosamente, sabendo muito bem aonde aquilo vai dar. Mas Ace não pode brincar agora, mesmo que com legitimidade para um jogo voraz como aquele, porque ele era o motorista esta noite e exclusivamente hoje não poderia brincar de estrela da estrada. Nem mesmo uma identidade falsa poderia absolver tal condição em termos jurídicos, e sendo assim sou breve e judiciado: — Você não pode se arriscar, você tá dirigindo. Beba vodka simultânea e vamos a pé pra casa. — Minha entoação é controlada, mas sério o bastante para dar-lhe juízo, eu penso. Ele me fita em resposta com o olhar no ponto morto, como se fizesse mil observações pessoais sobre o assunto consigo mesmo. E quando ouço seu contragolpe, sinto a consciência vir à tona, na medida em que também ouço comoções superabundante ao nosso redor. As cinquenta pratas de Adam exposta no balcão causam curiosidade em alguns, mas são nos shots já preparados, cintilantes, que reside minha atenção imprudente. Sim, talvez eu quisesse participar, mas, eu não posso. Quero dizer, eu já falhei anteriormente consumindo muita quantidade de álcool, e o resultado é o que estou tentando evitar para o moreno que nos trouxera aqui. E aí o cara vem e me entrega aos lobos.
Maxine e Gwen reaparecem para compor o possível público que se enfatiza progressivamente. Adam vai até elas e faz o trabalho de instigá-las com seu plano. Encaro Max, que sorri nervosamente e aceita a garrafa do loiro com a mão disponível visto que com outra segurava uma latinha familiar. Gwen também. Faço o sinal de negação para ambas após a lenha que Adam põe à fogueira. Preciso passar a palma da mão no rosto, sabendo que para ganhar uma discussão você precisa ganhar o público primeiro, e o meu queria um caminho contrário ao que eu ansiava, pelo visto. Aposta não era bem do que eu imaginei correr, mas soa tão impraticável quanto beber alguma coisa alcoólica dada por Jace. Quando Adam comemora a vitória para as garotas, porém, tal como após uma mordida de cachorro com raiva, eu sinto o vírus se instalar no sistema nervoso central, e o indício dos meus nervos enfim reptados pelo que ouvira. Ele se senta ao meu lado. Começo a considerar a ideia.
Alexander surge perto de Ace, questionando às coordenadas da ocasião. Ace responde, e suas palavras sobre me elevar a nível fazem eu rir com sarcasmo, ótimo, mais combustível. Esse garoto só pode estar me zoando — bem, e o que eu esperava? Ele definitivamente não é a pessoa para eu tentar comiseração. Aliás, é o próprio meio de transporte oficial ao abismo! Verdade seja dita: lá estava ele me explicando o inconfundível. Alterno o contato visual entre ele e as pessoas, pensando em como sair dessa. Não dava. Ele levanta uma afronta entre mim e Adam, que está confiante demais. Eu devia estar assim também, ou pelo menos atuando melhor. A verdade é que estou exasperado demais com tudo isso e em como me envolvi em si. A gota d’água é ele vir me garantir de que não me deixaria dirigir embriagado em nome de minha mãe. Garantia vencida, essa promessa foi feita meses atrás, quando tirei a carteira, onde logo depois de beber feito um louco eu bati meu carro. Eis é o porquê eu não beber. Logicamente, Ace perde os dentes, mas nunca uma piada. — Puxa, é sério? Estou tão seguro agora — murmuro com cinismo. Adam ainda está lá, assim como os shots e as pessoas, em aguardo do suprassumo.
Debato em silêncio comigo mesmo por dois segundos, com plena consciência de que se eu me afastar vou parecer covarde. No entanto, também sei que, se eu der um passo à frente, vou desafiá-lo a fazer a jogada com a qual não quero ter que lidar no momento, porque também precisarei fazer, porque se eu fizer... Daí reflito. Está na cara que o alvo sou eu em tudo isso. Eles querem que eu beba, porque vão fazer isso de qualquer forma com ou sem mim. Talvez eu esteja me controlando demais, e talvez eu devesse parar e apenas deixar ir, eu sou Tyler Durden. A pressão ambiente está me deixando inquieto, e minha garganta seca. Eu não acredito...
— É. É, eu vou beber — explano, decidido a ver quão inevitavelmente bêbado posso ficar e ainda ser funcional, ocasionando também uma comemoração na miríade de corpos naquele espaço. Levanto o olhar para Adam, me posicionando no balcão de frente os shots, que me esperavam. Então Alec e sua honorabilidade com o assunto se põe como juiz, justo, e faz a contagem regressiva. Um retrospecto mental me vem à cabeça, onde faço ingestão dos fatos ali presente, me contextualizando. Conclusão: a bebida era de graça e eu estava na seca e com raiva. Problemas usualmente me encontram, então, shazam, uma feliz confluência de circunstâncias. É o que direi amanhã, e com cinquenta dólares de recordação, se não me der mal agora.
Ao fim da contagem, tanto Adam quanto eu estamos virando os copos. Não tem gosto, mas arde, só pode ser vodka. Pura. A sensação é semelhante a de descer num tobogã de gillete, em chamas. Evito pensar nisso e vou até o outro shot, e por aí vai, no mesmo embalo que minha dignidade pro limbo. Euforia. Muita gente gritando para eu conseguir ouvir meus pensamentos. Ah, merda, eu não acredito que fiz isso! 
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ADAM HATTEN : Jonathan, Ace, Max e Gwen
Minha semana não é das melhores e acho que por isso minha cabeça dói. Ignoro o fato de emendar uma ressaca à outra porque, verdade seja dita, se eu não tivesse problemas provavelmente não estaria trocando água por álcool esses dias. Tomo mais um gole de Whisky, que é dez vezes melhor que aspirina, e estudo meu próprio reflexo no espelho. As maquiagens emprestadas - diga-se: subtraídas do closet de minha mãe sem autorização - fazem um trabalho incrível. Não tenho problemas em usá-las, afinal, masculinidade frágil é para idiotas e não sofro de tal mal. Até consigo acreditar que não tenho mais os vestígios de brigas pretéritas por baixo de todo aquele reboco, o que é uma vitória, já que estava trajado como Alex DeLarge e não como, sei lá, estudante do ensino médio que se envolveu em uma porradaria por motivos nobres. Algo me consola naquilo tudo, e é o fato de ter deixado meus oponentes numa situação um tanto pior. Teria sido melhor se Jonathan e Ace não estivessem envolvidos, porque sinto que sou o menos afetado e isso me causa tristeza. Eu não ligo muito pras coisas, mas infelizmente nem todos foram abençoados com o dom do foda-se. Talvez Cowzynski, mas o clube de música representa mais para ele que o time de futebol para mim. O gelo de meu copo já derreteu, acredito que o processo foi acelerado pelas luzes fluorescentes em excesso do banheiro, mas estou bem. Terei oportunidade de beber mais tarde, e esse pequeno fato me deixa levemente sossegado.
Coloco os suspensórios com uma pressa singular após ouvir a buzina característica do Pontiac vinda lá de fora, o que me surpreende porque a casa é grande pra caralho. De qualquer forma, sorte de Ace e Jonathan, que não precisam me aguardar por longos minutos e finalmente estou no carro. Tateio os bolsos, encontrando nosso passaporte para o incrível mundo da maioridade, e apesar da baixa iluminação, consigo distinguir a fisionomia daqueles dois indivíduos. Acabo oferecendo a de Maxine para o motorista no calor do momento. A de Gwen, no entanto, entregaria mais tarde - além de passar todo o modo de uso para ela porque, qual é, a loira parecia nunca ter burlado o sistema antes. Considero que minha teoria pode estar contaminada pela visão de ingleses que eu tenho, mas não há muito o que fazer além de assumir os riscos e desvirtuar gente. São minhas atividades favoritas.  — Olha só essas belezinhas. — Grito por cima da música que ignorei durante todo esse tempo. — Peguei com Alexander hoje de tarde e quem dirá que isso não é verdadeiro? O cara é um mestre na arte da falsificação. — Minhas experiências com identidade falsa eram bastante controversas, afinal, ou as pessoas realmente não ligavam para toda aquela burocracia ou eu falhava miseravelmente na missão de me passar por um jovem adulto de vinte e um. Porque as cópias eram ruins. Péssimas. O que não era o caso daquela e por isso já vejo metade dos meus problemas sumir. 
Pegamos Gwen e Max, respectivamente. Sou incumbido de buscar a loira na porta e isso me rende uma conversa interessante com o Sr. Evans - ele parece gostar de mim, coisa com a qual não estou acostumado. Tenho má fama nas redondezas e nem sei o porquê. O caminho até Gehenna não é longo. Suspeito que isso se deve ao fato de estar em boa companhia - e música de qualidade por sinal, o que é um bônus magnífico. Gosto da voz de Maxine, e é por isso que evito cantar junto. 
Por acaso encontro conhecidos quando adentro no lugar. Jimmy me oferece um cigarro e dou uma tragada antes de devolver e ele passá-lo para Jace. Aquilo foi o suficiente para que meus sentidos se alterassem, e na verdade eu sou grato. Entro no clima dos rockeiros de forma quase automática. Até movimento a cabeça de vez em quando, surfando no mar de indivíduos aglomerados à minha frente. E dos meus lados. Sussurro um “encontro com vocês daqui a pouco” para o meu grupo de amigos, o qual me conhecia tão bem que cada um deles saberia o significado do daqui a pouco. Poderiam ser três minutos, ou uma hora e meia. Mas eu os acharia, e isso era verdade incontestável. Mais a frente é com Catrina que me encontro, optando por me demorar ali porque Pfeiffer selecionou uma nova vítima. Jonathan parecia aquele carneiro de Jurassic Park, sabe? Só esperando para ser devorado e, embora eu tenha uma enorme lista de oposição quanto a Olivia, não digo mais nada. Porque ela era amiga da Stryder e John gosta dela. Desisto de alertá-lo porque não sou um pé no saco. Ou melhor, não quero ser. Dr. Feelgood termina e, com isso, uma coisa muito mais interessante se inicia. Os caras da banda se posicionam no palco e, muito embora eu saiba o que nos aguarda, eu de fato não tenho certeza. Tudo pode mudar, afinal, é um show ao vivo.
Não preciso esperar pelo melhor, porque é isso que os caras nos entregam. Uma performance arrebatadora de Talk To The Devil é o suficiente para ganhar a confiança do público e também a minha. Os acordes da canção original - e provável grande sucesso - dão lugar à conhecia Pour Some Sugar on Me, o que me permite soltar um sorrisinho sacana e voltar-me para Catrina.
— Sabia Trina… — Começo antes de passar meu antebraço por seus ombros gelados. — Que esse é o hino oficial das strippers? — E solto uma risadinha pelo nariz. Eu gosto da música.  
“Sério Adam?” À essa altura seus orbes castanhos voltam-se para mim e ela ergue uma sobrancelha num gesto muito familiar. Tanto que poderia até ser eu mesmo o fazendo, porque acho que já estava deveras familiarizado com sua fisionomia. Ela ergue a lateral dos lábios e aproxima-se do meu ouvido. “Eu jurava que era Pony.” E sua gargalhada explode, misturando-se ao coro energético que acompanha o vocal de Alexander. A expectativa era que Trina me questionasse a fonte da informação, mas de algum modo ela nunca faz o que eu espero. 
— Eu não acredito que você andou assistindo Magic Mike. — Comento incrédulo, muito embora não o estivesse. — É horrível! — E finalmente começo a rir com ela, alheio quanto ao que acontecia ao meu redor. Se bem que não perco muita coisa, já que são basicamente rockeiros batendo a cabeça.
“Em minha defesa, parece que você também viu.” Ela dá de ombros, nada incomodada com meu comentário porque sabe que não sou completamente sincero. “E não é horrível, não mesmo!” E eu recebo um tapinha inofensivo nos braços, mas sei o que aquilo significa. Não era hora de discutir sobre as maiores obras primas do cinema - não quando havia um show foda pra caralho rolando ali naquele mesmo ambiente. A música acaba e, apesar de não termos aproveitado cem por cento, gritamos com os demais em um gesto único de aclamação.
É então que volto a aproveitar o show, no qual fico muito interessado de forma instantânea. Rock, aquele tipo tocado ali, não era meu estilo musical favorito, mas reconheço os sons porque passo muito tempo na casa dos Stryder. Sou um inquilino, daqueles que não paga aluguel. Ao menos quando meus pais estão em casa porque, sinceramente, não suporto mais as brigas sem fundamento e ser compelido pelo casal decadente a escolher um lado. Ambos sempre estão errados, se quer saber. Minha amiga está irradiando animação ao meu lado e acho que a absorvo por osmose, porque grito versos aleatórios - que acabei de aprender ou que inconscientemente gravei durante minha vida - enquanto as mãos estão erguidas. Variam entre os punhos cerrados e maloik a depender de meu estado de espírito, o qual se transforma muito rápido. 
Já na reta final - é o que eu julgo porque está todo mundo meio suado e começando a demonstrar sinais de cansaço, que algumas coisas acontecem. A primeira delas é uma troca de olhares significativa entre Catrina e Richard-Tenebroso - havia muito mais química naquele pequeno gesto do que em muito relacionamento por aí. E ele canta Talk Dirty to Me. Pra ela, suponho, porque ainda há uma coisa rolando. Me contento em assistir, é interessante. O final, entretanto, é mais divertido porque os pombinhos quase são flagrados por um Joshua deveras ciumento, e noto o quão descuidados são os adolescentes quando estão apaixonados. Hormônios, penso. Por fim o diabo se materializa a nossa frente, interrompendo minhas reflexões, e sou obrigado a cumprimentá-la. Sua feição não é das melhores e, pior ainda, não está acompanhada de Jonathan e eu infelizmente faço ideia do que isso significa. Vou deixá-las as sós para tentar salvar a noite do loiro, e é por isso que me coloco a procurá-lo rapidamente dentre aquele mar de gente.
Agradeço mentalmente pela jaqueta vermelha - é o que o destaca no meio de tanto tecido colorido. Analiso a fisionomia do outro brevemente para uma melhor chance de abordagem. Sem qualquer traço de humor no semblante carregado e, infelizmente, carregando uma latinha de energético. Faço uma careta automática e me aproximo do bar, adquirindo uma garrafa com conteúdo suspeito. É tequila - estou com sorte.
— Qual é, eu não posso ser visto com gente que toma energético. — Digo ao me aproximar, colocando a mão livre em suas costas para guiá-lo até o nosso pote de ouro ao final do arco-íris. Balanço a cabeça para Cowzynski, convidando-o a me seguir. — Sério, vocês não dão a mínima, não é? Tão arruinando tudo. — Finjo estar ofendido ao prosseguir com meu plano. — Sorte que eu sou um amigo muito gente boa, então… — Não sei se a sentença é verdadeira, mas ver Jonathan naquele estado era simplesmente péssimo. Quer dizer, ele não merecia toda essa merda que estava passando e, qual é, se eu posso ajudar, é óbvio que o farei - assim como Ace. — Tão afim de apostar? — Faço o número seis com os dedos para o bartender, que sabe o que significa e enfileira os copinhos minúsculos no mogno. — Cinquenta dólares e o respeito de um bando de desconhecidos. Parece bom? — Tateio os bolsos para encontrar a nota, depositando-a no balcão. Maxine e Gwen adentram também em meu campo de visão, e com isso tento chamar atenção delas.
— Oh, meninas. Meninas! — Levanto os braços para me fazer visível, ainda que as garotas já houvessem notado a minha presença. A música é alta, e por isso eu preciso gritar. — Olhem só essa gracinha que eu consegui. Quase tão encantadora quando vocês. — Mostro a garrafa, porque elas também só estão tomando energético e isso me deixa incomodado. Não é assim que se faz uma noite inesquecível. — Eu acho que gostariam de apreciar o segundo show da noite, hm? — É o meu convite, e aguardo que elas se aproximem. Gwen parece muito desconfiada, embora dê um sorrisinho tímido ao vislumbrar a cena. — Sei muito bem que vocês são o lado racional da amizade, então é meu papel corrompê-las. E vejam só, estou muito empenhado. Juntem-se a nós. Podem só assistir se preferirem, por enquanto. E cuidar disso pra mim ao torcerem pelo meu sucesso. — Entrego o recipiente de vidro para Maxine. — Eu vou acabar com o John. — E dessa vez me sento ao lado do loiro, com um sorriso desafiador tomando conta de meus lábios. Talvez eu esteja verdadeiramente enganado, mas precisamos atiçar um pouco o oponente para que tenhamos uma batalha digna. 
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tsuburbs · 4 years
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RICHARD PARRISH  >> ALEC » CATRINA E OLIVIA
Os agradecimentos e a despedida no palco não demoram. Sob a euforia e atmosfera de ovação nos encaminhamos para o backstage. Ainda estou mastigando o que aconteceu lá atrás quando entramos, sentindo-me sob a energia de duzentos e vinte volts, o corpo todo. Puxo a gola da camiseta sob o pescoço a fim de ventilar, porque aparentemente eu estava com calor. Acho que ainda estou sorrindo. Eu tinha dúvidas, sim, mas agora era como se sentisse uma ponte se estender entre Catrina e eu. Algo aconteceu, e nós dois estávamos sintonizados desde então. Não foi só um beijo, e sei que ela deve pensar o mesmo. O tempo que perduramos nos olhando, era como viajar no espaço, infinito e ao mesmo tempo sufocante, porque há muito mais o que eu queria abrir a boca e falar, o que não bastava com os olhos, e com versos líricos. Mas vou ter minha chance. Vou dizê-la.
Estou perdido em meus pensamentos quando Alexander se pusera entre mim e Oliver, que também é pego de surpresa. O vocalista, nitidamente extasiado e decerto incrédulo com tudo — assim como o resto de nós, naturalmente —, já equipado com uma famigerada garrafa de whisky, dispara seu adendo sobre minha ideia precisa durante o show. Não é bem uma repreensão, posto que seu estado de torpor e a tolerância daquelas pessoas para com meu ato de rebeldia anteriormente beirara o positivo. Um sorrisinho presunçoso se estabelece em meus lábios, e com um olhar arqueado, respondo: — Qual é, cinco vezes de treino foi o bastante para colocarmos aquela gente pra mamar! Cem dólares, Hale, o preço da revolução — respondo, lembrando-o informalmente da recompensa que obtivera através de suas artimanhas na escola, o que ocasionou sua ausência nos treinos. Ele não ter treinado não era minha jurisdição, portanto. Apesar disso, Alexander era bom em cantar, qualquer um que o ouvisse saberia, e nós que convivíamos juntos melhor que ninguém tínhamos noção. Uma voz daquelas, capaz de enamorar jovens somente pelo telefone e estridente o suficiente para arrepiar as pessoas, e o cara realmente achou que não estava pronto? Bem, ao menos ele concordou que nosso número de improviso foi de arrepiar. Meu sorriso é amistoso agora.  — Nunca duvidei. De nada, Clyde.
Olho para Joshua, e dou risada. Dali em diante nós quatro perdemos um pouco de tempo conversando sobre a performance no geral, no ocorrido como um todo, e internamente sinto-me orgulhoso, ao ponto de pegar-me ansiando para sair dali e me deleitar com a aclamação unanime de novo. Ou chegar em casa e contar, dessa vez com dezenas de testemunhas, sobre meu primeiro show, revelar a sensação e cada detalhe dele.
Mas não tanto quanto ansiava sair daqui e ir falar com a irmã de Joshua. Sei que não vai ser das tarefas mais fáceis porque se tinha alguém quem ele certamente iria confraternizar com primeiro, este alguém era Catrina. Um efêmero descontentamento me apodera, e desta vez sei que estou exigindo demais da situação porque obviamente eu não poderia competir com Joshua, sobretudo para esta circunstância em especifico. Ir com muita sede ao pote poderia entonar o caldo, desagradável. Tanto quanto ouvi-lo se despedir e ir encontrar-se com a mais nova. O aborrecimento é automático, mas evito deixar transparecer porque, de todo modo, a noite só estava começando e eu não poderia abaixar minhas expectativas. Como um estimulo às emoções balanceadas, a troca de provocação feitas entre Alec e ele tira de mim um riso abafado. Eles eram como pai e filho, evidentemente Joshua o pai, o mau humor fidedigno de um. E Alexander, bem, ele nunca está verdadeiramente puto com nada, mas sempre a poucos passos de emputecer alguém.
Oliver se atenta ao celular e se esquiva de nós por uns instantes, e me preparo para fazer qualquer coisa produtiva quando ele, o platinado, reaproxima, dessa vez com cautela ao oferecer-me a garrafa de whisky. Não carecia de muita persuasão para ME oferecer uma bebida, por isso aceito de bom grado. O whisky desce rasgando, mas minha garganta se acostuma na medida que o álcool se aconchega. O que realmente pinica numa intensividade de agulhadas por todo o corpo é a frase correspondente a sua condescendência anterior. Abaixo a garrafa e levo segundos demais para engolir o álcool, vez que devo admitir, estava sem palavras. Serenata parecia apropriado, de fato. Quero rir, mas não consigo por dois motivos. O primeiro é que muito além de humorado, eu também estava momentaneamente importunado com sua observação, quem sabe até um pouco mais. E segundo, ele ter dado conta da minha euforia durante o show abre espaço para dores de cabeças das quais eu gostaria de não pensar tão cedo, e olhem só, lá estava eu tendo que espreita-las! Ele retoma a advertência — de não saber o que rolava entre mim e Catrina e os efeitos colaterais advindo daquele entre mim e ela. Seu tom é tudo menos de ameaça, porquanto ainda me abespinhassem de algum modo.  — Não tá rolando nada, Alec — respondo, discretamente por causa de Oliver, e direto, no mesmo instante em que Alexander falava outra coisa, da qual faz com que me arrependa de abrupto: ele promete que não falaria nada ao amigo, causando um alivio palpável em minhas feições, imagino, descredibilizando minha falsa afirmação anterior. Na verdade, ouvir aquilo dele era muito bom. Conheço Alec, o Alec da banda. E não o Alec que falsifica documentações e se rebela na maior parte do tempo. Sei de uma coisa: ele é mais íntimo de Joshua, talvez não tanto quanto eu deste, mas certamente mais do que Alec e eu somos um com o outro de qualquer forma. A afirmação do vocalista diz mais sobre ele do que de mim, e sinto-me invariavelmente em débito, mesmo que tudo o que Alexander saiba não passe de mera suposição visual, certo? Preparo-me para perguntar se ele sabia mais do que uma suposta serenata com um blefe, só que Alexander é seguro quando dá as costas e explica que iria procurar algo digno para beber. Não reajo. Oliver ainda está ocupado lá trás com seu aparelho e para meu bem não demonstra ânsia alguma com nada fora de seu espaço particular, que felizmente não me incluía, e nem o vocalista, agora fora de vista.
Bebo mais do whisky a fim de encontrar um conforto em tudo aquilo. Não encontro. A verdade estava bem aqui, ao meu redor, em Oliver, em Alec, e mais a frente em Joshua e, principalmente, em quem me interessava. Dizer que estou brincando com fogo seria subestimar os fatos, e é uma constatação que se perpetuará conforme eu der continuidade a audácia. E é exatamente aí que reside o problema: eu não quero parar, até me der por satisfeito. Eu sei das consequências tão bem quanto sei o que estou sentindo com tudo até agora. Depois de hoje, consigo categorizar a sensação que Catrina me causa, tanto quanto o que sinto quando estou tocando. Ambas coisas em bandeja pesam demais. Mas, mais do que não saber carregar o fardo das medidas diferenciadas, há também a importância da minha amizade com Josh. Conhecê-lo tão bem era o preço do meu barato sendo cortado, e repentinamente a voz de Alexander canta o incontestável na minha cabeça. E bomba quando estoura… Sobra pra muita gente. Ele não entenderia, independente a sutileza que eu abrangesse ao contar o que sinto por sua irmã. Nada compraria sua aprovação. Sinto-me num labirinto, diante uma bifurcação onde cada lado me levasse a um provável fim desesperador.
Oliver me cutuca. Pisco um tanto atordoado com seu toque, e ele me olha intrigado. Avisa que vai fazer uma ligação lá fora, o que em outro momento eu aproveitaria para pirraçar e indagar o quão importante era que não poderia ligar aqui. Mas nesse momento — um mau, pra constar — apenas assenti com a cabeça e o deixo partir. Era melhor assim. Aproveito para sair também, respirar ar puro, assimilar a equação com um pouco da influência ambiente, uma vez que a atmosfera no backstage agora beirasse desconforto. O meu, que se materializou na área.
As luzes ainda são fracas, mas agora oscila de um vermelho e um amarelo em intervalos demorados. Algumas pessoas passam por mim, algumas batem em meu ombro com agressividade, outras me cumprimentam, e apenas aceno. Tenho a impressão de que não é assim que se trata um fã, ou o projeto de um. Preciso melhorar meu carisma. Avisto uma aglomeração no bar, um suposto espetáculo com álcool se inicia por aquela região e fico passageiramente atraído, imaginando que Catrina pudesse estar lá. Tudo indicava que um jogo envolvendo álcool dava início. Ela não iria fugir de um desafio assim, tenho certeza. Pensando agora, eu teria bem mais o que perguntar se ainda estivéssemos jogando.
E de repente, estou sorrindo. Mas não dura, alguém consideravelmente forte me puxa pelo braço numa velocidade que faz com que meu pé se embole no meu outro pé, ocasionando um quase tropeço. Ao mesmo tempo, um perfume adocicado demais da conta invade minhas narinas, e penso em espirrar. A voz rouca familiar e a comprovação de chifres vermelhos na cabeça daquela quem me sequestrara simultaneamente formam minha resolução a despeito de quem estava me puxando. Ela para de frente a amiga, me girando para o lado desta e se sentando à minha direita. Ainda estou olhando Catrina quando Pfeiffer finaliza sua frase. Também estou feliz de terem me encontrado. Tento não me perder no processo de contato visual, o que é bem difícil pra ser sincero. Olho para sua fantasia, lembrando-me do que o irmão dela dissera sobre termos combinado. Essa é a melhor parte, Joshua. É tudo espontâneo, simples. E é por isso que você deveria entender.
Mas é exatamente por isso que você também não vai.
— Catrina — cumprimento, ou uma tentativa disso; levando em conta que a palavra saíra devagar, ausente do restante das outras. Eis aqui a deixa de minhas preocupações prévias, digo à mim mesmo, porque sempre estamos dispostos a cometer erros maiores amanhã, então o que era um fraquejo ou dois para alguém com um dilema fodido? Sorrindo, viro-me para contemplar a morena do outro lado. — Você sempre está um passo à frente, Olivia. Sempre aparece na hora certa — comento, e ela percebe meu sarcasmo velado da melhor forma. Acho que gosto da Olivia. Seu rosto é brilhante. Então ela aponta pra minha fantasia com curiosidade. — Ah, isso aqui. Eu testemunhei um homicídio. A camiseta é a evidência. Esse é o conceito. — Olho para Catrina. Olivia, por sua vez, duvida da minha índole. Sua suposição me tira um riso buliçoso.  — Nesse caso, então eu fui punido. E estou no Inferno. Fui recebido pelo próprio Diabo, inclusive.
Ela dá risada. Olha para Catrina com uma fisionomia que eu não sei bem o que significa, mas gosto. — E o inferno nunca me pareceu tão agradável. — Giro a cabeça para a esquerda, fitando a ruiva novamente, analisando seu rosto, os olhos que outrora fixaram-se nos meus. Estávamos à centímetros de distância um do outro, mais próximos fisicamente que em qualquer outro momento durante toda essa semana. Ela não sabe como eu queria isso, estar perto dela. A ponte que senti entre nós durante o contato visual que travamos naquele instante enquanto performava não pode ser qualquer coisa, então porque ainda não estou tão convicto disso ao vislumbrar sua fisionomia abalada com a emboscada e um eu à sua frente? Vamos lá Catrina, me diga.  — Principalmente porque não fui o único a ser chutado pra cá, percebi. Bem que eu estava suspeitando do sumiço de vocês duas esses dias. A Olivia tem o compromisso dela em tempo integral com seu papel diabólico, eu presumo, mas e você, Catrina? — Indago de maneira retórica, curioso para saber aonde ela se meteu nos cinco dias que se sucederam desde o beijo. Não me leve a mal, Ruiva. Mas é nítido que eu frequentei mais sua casa com propriedade esses últimos dias do que você própria.— Também andou se comprometendo com alguns pecados essa semana?
@parad1sekiss​
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CATRINA: OLIVIA ➛ ADAM ➛ JOSH ➛ OLIVIA
Solto o ar, aliviada, quando a porta principal se fecha e tenho a casa só para mim. Não que a companhia de meu irmão me desagrade, longe disso na verdade, mas estive fugindo de algumas coisas na última semana e Joshua era uma delas. Alguns chamam de covardia, mas eu sou mais adepta ao termo auto-preservação. Tento aproveitar o meu tempo sozinha à frente do espelho, marcando a pele com o sangue falso de forma moderada porque não quero parecer desesperada - em especial porque era mais ou menos assim que me sentia, com uma pseudo-fantasia arrumada em cima da hora. Rolo os olhos claramente derrotada e jogo meus pertences mais importantes na bolsa assim que ouço o celular vibrar e o nome de Olivia aparecer na tela. Quase corro pelas escadas, ainda com a capacidade de movimento levemente reduzida devido aos saltos finíssimos do par de botas, e abro um sorriso sincero assim que Pfeiffer entra em meu campo de visão. É nessa hora, enquanto eu caminhava pelo jardim bem cuidado, que uma brisa atinge meu corpo e me arrependo amargamente de certas escolhas. Sinto como se mil microagulhas estivessem espetando minha pele desnuda ao acelerar o passo, dessa vez para encontrar conforto no interior do automóvel. Suspiro em alívio assim que passo o cinto de segurança e coloco os fios emaranhados no lugar enquanto ouço as confidências de minha amiga. Fecho os olhos e inspiro, como se pudesse desfrutar das sensações descritas pela morena, e deixo um sorrisinho escapar de forma involuntária. — Eu quase consigo sentir o calor penetrar nos meus poros. — Confidencio animada. — O tempo chuvoso de Portland às vezes me sufoca. — Abano as mãos próximas ao rosto de forma teatral, ainda que houvesse a clara suspeita de que esse sentimento em específico não se devia exclusivamente ao clima.
De forma instintiva rolo os olhos quando a ouço comentar sobre Richard. Sim, aquele de quem estive basicamente fugindo durante toda a semana para colocar meus sentimentos em ordem - mas se quer saber, parece que só me afundei em dúvidas ainda mais. Passei o meu tempo ajudando Olivia à empacotar parte da mudança - coisas menos urgentes, ou me lamentando pelo leite derramado com Adam. Quase uma hóspede não-oficial, simplesmente tinha meus motivos para não querer parar em casa. Mas é claro, auxiliar meus amigos era um bônus muito bem-vindo. — Eu acho que não é isso que você quer ouvir, mas… Eu não faço ideia. — Sou sincera com a constatação, embora o questionamento dela tenha provocado certo interesse. Sem demora a playlist se transforma e, ainda que eu consiga me enxergar perfeitamente ouvindo às músicas da Seventh Heaven, Liv o fazer me causa surpresa. Um sorrisinho surge em meus lábios enquanto o som estrondoso da banda toma conta do ambiente. — Já perdi a voz só de imaginar. — Não era lá a melhor expectativa, mas minha vasta experiência em shows de rock me fazia acreditar que aquilo não estava tão longe da realidade.
Estamos cantando. Não sei se é porque invado os ensaios da banda sem qualquer cerimônia e com uma frequência absurda ou se é devido ao fato de conseguir ouvi-los claramente mesmo do meu quarto, mas descubro que conheço mais das músicas do que pensava. Além disso, é com Olivia que estou cantarolando e isso me causa uma sensação boa. A consciência de que ela não estaria mais em Portland daqui uma quinzena me deixa angustiada, mas, na mesma proporção, faz com que eu aproveite cada segundo de sua presença. Sei que é um sentimento egoísta, mas preferia que ela ficasse. Não era justo, entretanto, exteriorizar os pensamentos, então os guardo para mim. No melhor dos casos, sempre teremos boas lembranças à compartilhar, e Los Angeles não era assim tão longe. É o que me conforta, além do desejo de ver minha amiga alcançar seus objetivos e vislumbrar um futuro brilhante. O carro é estacionado em uma vaga privilegiada e, antes de descer, passo mais uma camada de batom. O vermelho faz com que eu pareça mais velha. Não que isso faça alguma diferença real, mas me sinto mais segura assim ao apresentar uma identidade falsa. Quando termino, olho para Liv - pra quem sorrio de forma instantânea. — Uh la la. — Apesar de ser Halloween e isso impactar diretamente no estilo pessoal, Olivia consegue manter a elegância sem qualquer esforço.
I'm your dream, make you real, I'm your eyes when you must steal. O refrão de Sad But True martela na minha cabeça quando boas memórias vêm à tona. Há alguns anos atrás, talvez uns dois ou três, Joshua me arrastara ao show do Metallica porque teoricamente eu não poderia perder a chance de ver “uma das maiores bandas de metal de todos os tempos” tocar ao vivo. Fui relutante, mas ver os olhos azuis do mais velho reluzirem enquanto assistia, vidrado, Lars Ultich tocar feroz a bateria fez o passeio valer a pena. Naquele exato momento o olhar de Josh era igualzinho ao qual eu me lembrava, e talvez isso tenha aquecido o meu coração. 
… 
De modo natural e invariável minha atenção recai sobre o guitarrista, porque muito embora eu tentasse me enganar ao afirmar que não havia nada ali, eram apenas desculpas vazias. Nossos olhares se encontram finalmente e eu me perco ali por segundos que parecem minutos. Estou sorrindo, ainda que não tivesse essa percepção ao fazê-lo, e o meu coração bate acelerado contra minhas costelas. Ah, Richard, se você pudesse ouvir os meus sinais saberia o quanto senti sua falta. Tinha a plena consciência de que aquilo era errado, mas estava pouco disposta a lutar contra. Foi tão espontâneo, gradativo e ao mesmo tempo de uma só vez. Agora eu estava ciente de meu pecado, mas ao invés de consertar as coisas eu só quero me afogar ainda mais. E quando, relutante, aceito que aquela troca de confidências silenciosa se findou, outra música se inicia. De autoria deles, mas recente o bastante para que eu ainda não a reconhecesse de imediato. A recepção não podia ser melhor, e agora sei que, embora conscientemente não notasse, seus versos característicos já estavam bem guardados na minha memória. Ao final de Gonna Make You Taste minha voz já está rouca, claro, mas não tenho tempo para me recuperar porque eles engatam a clássica de encerramento na sequência. É a voz de Alexander preenche o ambiente na maior parte das vezes, mas é só quando ouço Parrish que minha atenção é fisgada. You know that I can hardly wait just to see you. And I know you cannot wait, wait to see me too. É o que ele canta, e eu sinto como se esses versos traduzissem com perfeição o que se passava naquele momento. Meus próprios pensamentos ganham voz - a voz dele. Eu sinto como se pudesse absorver o estado de espírito do resto da plateia por osmose, entrego-me à canção e vocalizamos todos em uníssono o refrão sugestivo de Talk Dirty to Me. 
Estou ofegante quando as guitarras cessam e os meninos da banda agradecem brevemente o público que tão bem os recebera. Antes que eu me dê conta meus olhos permanecem ancorados em Richie, torcendo silenciosa e desesperadamente para que ele se vire e me encontre naquele mar de gente que se dispersa lentamente. Não era um caso de vida ou morte, mas pela forma como a palma da minha mão está suada bem que poderia ser. A esperança está prestes a se desvanecer quando ele finalmente me nota e o seu sorriso faz compensar a semana inteira. Assim que me preparo para responder sua pergunta silenciosa, no entanto, sou obrigada a suavizar a feição porque Joshua também dirige-se a mim, e espero ter sido rápida o suficiente para evitar qualquer suspeitas por parte dele. “Vocês foram incríveis!” é o que meus lábios dizem, num comentário sincero dirigido aos dois. Apesar de estar completamente rendida à uma paixão arrebatadora, era inevitável considerar que aqueles sentimentos os quais eu passei a nutrir por Richie soavam como uma traição ao meu irmão - em especial se levarmos em conta o que se passou há alguns meses atrás, o lance - ou não-lance - de Josh e Olivia. O destino, entretanto, era cruel e parecia pregar-me uma peça.
Sou desperta por uma voz conhecida próxima ao meu ouvido. Obrigo-me a girar o corpo para encarar Olivia, que, desacompanhada de Jonathan, parece um tanto atordoada. — Ah Liv, dá um tempo! Foi só um beijo. — A afirmação sai de forma natural, porque a repeti centenas de vezes nos últimos dias a fim de me convencer da veracidade da informação. Primeiro porque sabia das implicações que isso teria na amizade de Josh e Richard, segundo, eu acabei de sair de um relacionamento complicado e não deveria estar caçando mais problema. Esforço inútil, afinal, o que acontecera ali há poucos minutos era bastante esclarecedor. Adam se afasta de nós sem demora e me aproximo da morena instantaneamente. — Tá tudo bem? — Indago por cima da música familiar que começou a soar novamente pelas caixas de som. Rainbow In The Dark, suponho, ainda que o som esteja abafado pelas conversas alheias. Estou prestes a nos guiar para as escadas quando meu irmão se destaca entre aquele amontoado de gente. Meu coração palpita em descompasso novamente, mas ele sorri. “E aí, o que acharam?” é sua única pergunta, sem qualquer resquício de desconfiança ou mau-humor. Sei que Joshua é uma pessoa transparente, então as chances de desconfiar de algo beiram à zero. — É lisonjeiro ser irmã de um rockstar. — É tudo que eu digo e a ideia parece agradá-lo, em especial porque sou sincera quanto à essa observação. Estou bem longe de ser uma crítica musical, mas a paixão que os garotos demonstraram no palco era suficiente para perceber que havia futuro ali, e no fim das contas estou orgulhosa. O mais velho parece enfrentar um conflito mental antes de se retirar, falando algo sobre estar por ali caso eu precisasse dele, e rumou para onde o resto do pessoal parecia se aglutinar. — Eu não esperava por isso. — Confidencio à Liv, com quem sigo para o sentido oposto do balcão porque parecia ser o certo.
Acomodo-me numa daquelas cadeiras desconfortáveis, pedindo dois drinks aleatórios ao bartender. Dali não conseguimos enxergar muito bem a outra parte do grupo devido à distância e à cortina de pessoas que se materializa entre nós, o que não é de todo ruim. Dirijo uma olhadela à Olivia antes de tatear o interior da bolsa para retirar um espelho e o batom vermelho, o meu favorito, e ofereço-os à Pfeiffer. O carmim de seus lábios estava meio opaco e eu sabia o motivo, ainda que estivesse claro que o resto da história não fosse o que eu queria ouvir. — Tudo bem que esses dias não foram dos melhores, mas eu estou comprometida a fazer com que seus últimos finais de semana em Portland sejam inesquecíveis. — Aquilo era uma verdade. Me sentia uma amiga um tanto negligente, até porque estive inclinada à dar cabo nos meus próprios problemas e talvez não tenha prestado a assistência necessária aos meus amigos, que igualmente passavam por situações delicadas àquela altura. Ainda achava que Liv deveria expor toda a verdade à Jonathan, porque suspeito que ela ainda não o fez, mas não estou em posição de dar-lhe um sermão. Não naquele momento. E como se fosse um sinal, os copos multicoloridos se materializam a nossa frente. Afasto um deles, colocando-o em frente à morena. — E é claro que isso inclui algumas centenas de metaleiros e umas boas bebidas.
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tsuburbs · 4 years
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ACE COWZYNSKI »› JONATHAN, ADAM E ALEC
— E pelo visto você andou se engraçando com minha cliente, hum — questiono à maneira costumeira de provocação. Jonathan apenas me encara, mas algo por trás desse ato implica que ele está ligeiramente incomodado com meu comentário, ou seja, saber que fiz efeito, me causa um efeito. Como é bom tirar com ele. A iluminação é precária, por isso faço um esforço para encará-lo e perceber, por conseguinte, que seu rosto estava uma bagunça completa. Ele saiu de um clube da luta ou de um motel? Esse cara... A avacalhação mental é interrompida, pois para minha surpresa, ele aceita a latinha de energético prontamente, mas mais como educação do que por sede, é claro. Maldito garoto e sua barreira para diversão!  
Por amistosos minutos ficamos atentos ao show novamente, uma vez que a canção se alterna e curiosamente os caras mostram um som que até então eu não tinha conhecimento. Aparentemente era uma composição nova, suponho, já que comumente Alec e Joshua me permitiam uma palinha com antecedência sempre que criavam algo — o benefício de ser amigo dos astros. Ainda que eu não desconfiasse do talento dos sujeitos, o enlaço que eles causam somente com o instrumental no início da melodia nos deixa arrebatados, pois o público vibra em gosto e eu pego o a letra com fidúcia.
Meus olhos vagam para o loiro mudo ao meu lado, que parece ceder à tentação e bebe da latinha, a que eu muito sabiamente lhe entreguei. Ah, se não sou eu por você, Patterson! Eis que ele quebra o amor:  — Ué, e não tá bom? — Resmungo, atarantado pelo pouco caso que ele sutilmente faz da minha gentileza depois de provar o líquido. Internamente reconheço que um energético sequer cabia como aperitivo, principalmente em um lugar como esse. Apenas tentei facilitar para as meninas, novatas nesse tipo de evento — e me pego olhando para os lados, procurando por elas, embora fosse em vão por causa da agitação. Não vou dar-lhe explicação também.
Só que convenhamos, Jonathan, você não é o bem dotado por aqui pra avaliar o meu local de fala. É o meu território, irmão. Não venha tirar onda pra cima de mim na minha praia!
Sua radicalidade aparente me inspira a testá-lo. Tá achando ruim, né, meu filho? — Então vamos provar algo melhor — eu grito, gesticulando para que ele viesse comigo ao balcão atrás de mim, torcendo para que Adam estivesse lá — e isso eu sabia de cabeça, a localização do bar, não importasse a iluminação que tivesse no lugar. Ao mesmo tempo, identifico o som que passa a tocar, e não consigo evitar cantarolar conforme encaminho meu amigo e a mim ao coração de Gehenna. Da mesma forma, dou-me consciência de que Talk Dirty To Me era, também, o número final da noite.
Minha constatação inicial é de que Adam ainda não estava se embebedando, então me sento na banqueta de madeira, e na ausência do barman eu procuro por qualquer coisa digna de uma golada. Me sirvo do que encontro rapidamente sem nenhuma formalidade, e no processo avisto guardanapos sob o mogno. Os empurro para Jonathan, que se atentava ao espetáculo sem sequer dar-se a comodidade de se sentar. O objeto lhe tira do transe, faz com que ele me olhe. Engulo prazerosamente o que sem muita delonga consigo assimilar o sabor, uma sorvida de Jack Daniels, e faço um gesto para a boca de Jonathan, abarrotada de um vermelho opaco, nada desagradável na verdade, já que contribuía e muito para sua persona esta noite; muito embora eu fosse inadvertidamente levado a preferir a cor nos lábios daquela com quem ele decerto trocou conhecimento labial instantes antes. Ele ri e corresponde ao meu aviso. Normalmente não ligo para corações partidos, cada um escolhe sua luta e lida com as consequências dela. Bastava eu ver meu confrade e seu relacionamento fadado ao fracasso e desilusão para ter certeza que de eu estava perfeitamente confortável com meu estilo de vida! No entanto, fico tentado a falar o que sei — o que eu ouvi, quero dizer. Sobre Olivia ganhar uma bolsa de estudos, sobre a possibilidade dela o deixar e ir se preocupar com ela. E porra, isso não é certo. Me irrita que ele não consiga se desvincular dela e desse relacionamento para poder aproveitar os melhores momentos da vida, como esse, ao passo de que ela deva estar com Catrina agora fazendo os planos para daqui três dias. Cadê o amor próprio, Jonathan?
O espetáculo de rock enfim se encerra ao som de aplausos e assovios. Um sucesso, da forma que presumi. Como é bom estar certo! A banda agradece e se movimenta cada um para um lado.
Nisso, Adam ressurge entre nós, com uma garrafa de tequila e nos guia para mais à frente, fazendo meu ânimo se elevar um pouco mais, o que dura pouco, no entanto, só até ele enfatizar a quebra de conduta aparente, e o maldito questionamento acerca do energético mais uma vez ser pautado. Finjo não ouvir nada, porque esse pecado fica entre mim e Deus, e deixarei que Jonathan carregue o peso da blasfêmia porque, pra começar, ele não tem uma reputação a manter aqui. Por enquanto, respondo-me mentalmente, ao ouvir em seguida a brilhante ideia que DeLarge propõe. Eu balanço a cabeça em afirmativo, e foco no barmen que obedientemente prepara o ringue. Afinal, beber é no que sou bom! Adam como o bom profeta ali, também redescobre as duas garotas de que me perdi instantes antes, as convidando para o duelo, e entregando a garrafa nas mãos de Dorothy com uma certeza para com a vitória que me intriga, porque eu não cederia fácil. Espera. Saquei... Jonathan ainda parece lutar com a situação com uma fisionomia peculiar. Me puxa para mais perto, e me adverte de que não posso beber. Ele ainda não se deu conta. — Eu não irei. Sabe, Jonathan, por ironia do destino e embora puto no momento, esta vai ser a melhor decisão que já tomei na vida. — Cruzo os braços, notando um burburinho por causa da vista do balcão proporcionada e os shots orgasmicamente enfileirados.  Adam se aproxima, confiante, o que me incomoda porque ao contrário de Jonathan, ele tem cacife para o que está prestes a fazer.
A voz de Alexander entra no meu campo auditivo, e passo um braço por seu ombro o trazendo para mais próximo. — Hoho, se não é o meu ídolo! Sim, eu conheço esse cara — falo para quem estar por perto. Sem mais cerimônias, continuo:  —  Chegou na hora, Vocalista. Vamos converter um garoto à Homem, agora — fiz eu, um pouco mais discreto na última parte porque, bom, poderiam tirar nosso disfarce por trás do sentido literal em minhas palavras e seria desastroso demais sermos enxotados bem no meio de uma preliminar. — Seguinte, gafanhoto — volto-me para Jonathan, excitado — quem beber mais, ganha. É só virar — explico, com o polegar e mindinho balançado para cima e para baixo. Jonathan oscila entre me olhar, e olhar aos outros que se amontoavam no bar somente para nos ver. — Vamos lá, você quer ser o filho desse cara — aponto para Adam — ou quer ser o número um?!  —  Questiono, soltando-me de Alexander para agora tentar uma pilhagem emocional vez que o hyper alheio e devoção de desconhecidos não parecem bastar para o desafiado a minha frente:  — E não se preocupe, você chegará em casa seguro, cara. Lembra da promessa que fiz a Sra. Patterson sobre não deixar você dirigir bêbado? Vou cumpri-la. — Tranquilizo, embora não tenha certeza de quando a promessa ocorrera exatamente.
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ALEC HALE : BANDA ➛ RICHIE ➛ GALERA
Estou preparado para Talk Dirty to Me, mas não o que escuto. Levo alguns segundos num embaraço mental antes de entender o que de fato estava acontecendo e reconhecer a melodia prontamente engatada pelos demais. Gonna Make You Taste. Arregalo os olhos de ímpeto numa atitude extremamente amadora porque sou pego de surpresa, mas a exteriorização desse choque para por ali, tenho que ser rápido e improvisar. Estou confuso. Entramos em consenso sobre aquela música em específico, acerca da necessidade de pequenos ajustes e creio que concordamos com o seguinte: ela ainda não estava pronta para ser mostrada ao mundo. Não daquela forma. Mas já estou tocando, minha guitarra dando a base a de Richard ao mesmo tempo que a minha voz, já um tanto rouca, flui de forma natural e o microfone a amplifica. O show não pode parar, e, de todo modo, isso nem fazia parte dos meus planos. À essa altura demonstro confiança, aquela que fui adquirindo gradativamente durante a performance porque é a única coisa que eu tenho a fazer no momento, afinal, eu não ia dar uma de Marilyn Manson e sair no soco com meu guitarrista. A plateia está ensandecida, eles nos aprovam e eu gosto disso. Cometo alguns erros imperceptíveis aos olhos do público, visto que se tratava de uma de nossas inéditas, mas o dom do improviso - com o qual felizmente fui agraciado - me salva mais uma vez e os aplausos preenchem o ambiente ao final. Eu não sei se pela experiência pretérita ou pelo sucesso que executaremos a seguir, já velho conhecido de qualquer roqueiro que se preze.
O suor escorre pelo meu rosto e o barulho ambiente soa abafado em meus ouvidos devido ao estado de euforia no qual me encontro. A sensação que estar ali me proporciona é melhor que qualquer droga. Retiro a alça da guitarra de meus ombros com destreza e apoio o instrumento em um canto estratégico. Tudo premeditado, vez que Talk Dirty to Me não exigiria a minha base. Enfim eu posso explorar o palco, após ter o microfone em mãos e derrubar sua base de forma teatral. Ando de um lado para outro, hora ou outra dando evidência aos meus companheiros de banda ao melhor estilo Bret Michaels que consigo. E eu sei que somos bons, até porque é isso que o público transmite em seus gestos, dessa vez com uma opinião livre de vícios - não era como os comentários de Ace, Adam e Catrina, por exemplo, que muito embora fossem válidos, tinham lá sua parcialidade. E apesar de ser a última música cada um de nós se entrega de corpo e alma. Suspeito que por motivos diferentes, mas particularmente falando, quero deixar aqueles filhos da mãe pedindo por mais. Volta e meia divido o microfone com um Richard deveras empolgado, e a despeito de suspeitar que nossas motivações não são as mesmas, ele não deixa a desejar em termos técnicos. Joshua, logo atrás de nós, permanece alheio ao que se passa, porque o cara parece se transportar para uma dimensão particular enquanto batuca a bateria estrondosa, e Oliver, ainda que deveras reservado, consegue impor sua presença. 
Deixamos o palco em meio aos aplausos e gritos de um público que nos aclama. Me sinto embriagado, embora longe de álcool por pelo menos uma hora e alguns minutos. Abro alguns botões da camisa branca encharcada de suor e cumprimento os caras da banda com animação. É como se um raio corresse por minhas veias e incendiasse o meu sangue. Não quero parar de sentir, mas de modo gradativo meu coração descompassado retoma o seu ritmo costumeiro e coloco o juízo no lugar. Consigo uma garrafa de cerveja no backstage e a bebo como se fosse água, porque a sensação é de que eu estava no deserto e aquele era o primeiro líquido que eu via há dias. Fico meio tonto, passando amigavelmente os braços em volta dos ombros de Parrish e Oliver. — Richard, seu filho da mãe. Eu só ensaiei essa porra completa cinco vezes! Se vai pegar alguém de surpresa eu sugiro que seja a plateia, não seu vocalista. — Meu tom não é de acusação, ou eu penso não ser, vez que ainda estou vagamente ofendido. — Gonna Make You Taste deixou essa galera ensandecida. — Dou de ombros por fim, na tentativa de evitar animosidades. Seguimos com uma troca de comentários intensa sobre tudo que aconteceu. E assim como fora no palco, sinto que ali estamos na mais perfeita sincronia. Stryder fala algo sobre pegar um whisky decente, mas, verdade seja dita, penso que é só uma desculpa para ir ver a irmã. Ou a amiga dela, sei lá. — Vai lá ô babysitter. — Cutuco, recebendo o típico dedo do meio e um comentário grosseiro em resposta. Isso me faz rir, mas não por muito tempo porque Parrish permanece ao meu lado e eu sei que preciso jogar as cartas na mesa.
— Eu não sabia que você era adepto à serenatas, Richie. — Provoco ao colocar uma garrafa em suas mãos, estudando a feição alheia. Nunca fui de me meter em assuntos que não me diziam respeito, era bem verdade, mas aquele em específico poderia respingar em mim, e vejam só, eu não estou afim de me sujar. — Não faço ideia do que tá rolando entre você e a Catrina, mas se forem esconder isso do Josh eu sugiro que se empenhem um pouco mais. — Ainda que o Stryder tenha desaparecido por entre aquele mar de gente, meu tom de voz é controlado. — O cara é uma bomba relógio, ‘cê sabe disso melhor que eu. E bomba quando estoura… Sobra pra muita gente. — Concluo um tanto pensativo. Acho à essa altura que a banda significa para mim um pouco mais que um mero hobby adolescente, porque vejo do que somos capazes e não quero que nada catastrófico arruíne a coisa toda. — Quer dizer, não vou contar nada, então não precisa se preocupar comigo. — Tenho que tranquilizá-lo, afinal, Richard podia entender aquilo erroneamente - e isso era tudo que eu precisava evitar no momento. — Agora, Romeu, eu vou procurar uma coisa decente pra beber. — E aponto para o balcão, que é para onde me dirijo naquele instante.
Quando finalmente alcanço o que interessa - no caso, bebida alcoólica - sou surpreendido por ninguém menos que o coroa calvo sobre o qual meus contatos me alertaram, que conversa com um Joshua deveras desconfortável. Minha feição muda de imediato porque quero parecer profissional, me aproximando com casualidade forjada. Jason Baker se apresenta e, após alguns comentários aleatórios sobre nada em especial, ele sugere que façamos audições para tocar no Willamette Rock Festival, que ocorreria dali uns quatro ou cinco meses. Preciso fazer um esforço tremendo para não deixar transparecer meu estado de espírito real e soltar um simples “É, a gente pode ver isso aí.” naturalmente. Após algumas bebidas o desconhecido se despede e eu cutuco Josh. — A gente acabou de receber um convite pra audição. — Digo ao outro quando o careca se afasta o bastante para não conseguir distinguir minhas palavras. Ele franze o cenho ao perguntar se eu já estava bêbado e sou obrigado a gargalhar quando ele afirma ser apenas uma sugestão. — Não mano, foi um convite. Aquele cara trabalha pra uns caras e você já entendeu onde eu quero chegar. — Explico e, dessa vez, sou recebido com uma conduta animada do baterista, que parece quase tão incrédulo e extasiado como eu. Só precisaria convencer os outros, mas suspeito que isso não seria lá tão difícil. 
É preciso muito esforço do acaso para que eu note uma aglomeração familiar à poucos metros e vá abrindo caminho. Estudo a cena com respeito estampado na cara porque Adam certamente não perdia oportunidades. — E aí, o que eu perdi? — Indago Ace, ainda que soubesse o que estava acontecendo ali. Era muito óbvio, como um mais um são dois. Seis copos enfileirados, duas notas de cinquenta dólares no balcão. Isso porque a noite estava só começando. Infelizmente Jonathan pegou a primeira vaga, e se eu quisesse descolar uma grana extra deveria esperar a próxima rodada. 
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tsuburbs · 4 years
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OLIVIA PFEIFFER » TRINA, ADAM » TRINA e Richard-Que-Mora-Do-Outro-Lado
— Sim, e provavelmente é assim que tudo começa. Com um beijo, Trina — respondo a negação de quinta que minha amiga teimava em expressar, ainda com um sorriso torto nos lábios. Adam, quem estava ali por perto todo esse tempo, me cumprimenta após frações de segundos antes olhar através de mim, e acho que sei o que ele procura. Ajeito a postura e continuo meu Manifesto do Flerte, cujo minha amiga ali conhecia muito bem, ainda que fizesse a egípcia. —  Mas, aquilo ali, no palco — aponto — foi uma confissão de amor. Expressão corporal, muito obrigada. E que bom que você gosta de rock, a propósito. Poderia ter sido desastroso — reviro os olhos, imaginando que a situação poderia ter sido de toda cafona se partisse de uma melodia que a ruiva não fosse chegada. Mas vou admitir que a coragem dele tornou tudo um tanto fofo. Alguém disposto a morrer ao vivo por amor é admirável.
Meus pensamentos no mínimo interessantes se dissipam com a indagação de Catrina. Controlo a respiração na medida que o sorriso enviesado se desfaz, embora eu faça o possível para que o molde labial permaneça, de caráter seja ele qual for. Quero gritar minhas frustrações ali mesmo — o fato de eu estar confusa e com os hormônios inconsideradamente conflitando dentro de mim. Entretanto, ainda que eu o fizesse, que botasse para fora todo meu desgosto com o motim da qual tenho enfrentado nos últimos dias, seria capaz de eu não ter a recepção suficiente da parte de minha amiga, e parte desse raciocínio se deve pelo fato do barulho de música estar demasiadamente alto, portanto ela não me ouviria completamente. Nota mental: se eu tinha adquirido algum requinte auditivo para consumir a música da banda, agora sei que ele se degradou graças ao ligeiro incomodo que a canção atual me proporciona.
E também houve Josh, que magicamente brota entre nós. Não é surpresa, sua aparição. Só a maneira dele aparecer. Se bem que está tudo tão escuro...
Fico agradecida internamente de qualquer forma, não queria falar sobre meu estado  — claro, agradaria um assunto sobre mim, também. Só não... Jonathan e eu. Apenas suspiro, como um sussurro. 
De repente, fico curiosa com o que Joshua vai dizer porque imagino que ele tenha visto um Richard muito descuidado no palco e um olhar quarenta e três que poderia significar muitas coisas, principalmente se executadas por uma mente tão idealista como a do Irmão Urso. Quando ele sorri, todavia, já sei que o que dirá será tudo, menos bomba. Deveria estar aliviada, mas ao invés disso minha preocupação se atenua, porque Richard por outro lado não mostrou nenhum avanço em sua descrição, e só Deus sabe quando Joshua dará outra vacilada como essa. Com o indicador sob o queixo, faço outra rápida nota mental alertando meu subconsciente — que, futuramente iria me lembrar — de que tenho que exercitar a circunspecção do amigo de Josh.
Este, por sua vez, questiona o desempenho a nós. Penso no que responder, não pela falta de palavras, mas por saber pouco como avaliar uma banda de rock. O que eu tinha certeza, porém, é no quão conexo estavam, confortáveis naquela posição. Seguros. Fazer algo sem medo, e obter satisfação... Acho que foram bem, no patamar deles, daquele mundo em que ele e os outros compartilhavam. E as pessoas estavam animadíssimas, o que isso significa senão aclamação? Sorrio.
Em favor de Joshua, as palavras de Trina bastam o meu silêncio, e basta para Josh também, que sorri. No fim, a opinião da irmã era a que mais valia para si e, dessa forma, acho que o contentamento ali era eminente. Afinal, era isso o que ele queria, eu penso. Faço um sorriso cúmplice transparecer. Ele diz que estará por ali para caso a irmã precise de algo, como sempre, tão fraternal como ele só. Se despede, e minha amiga exala surpresa em relação ao irmão. Faço um biquinho característico de júbilo. — Quando o assunto é o respeito da Stryder mais nova, o Irmão Urso desarma as defesas. E fica mais mansinho. Não é melhor assim? — Respondo, enquanto minha amiga me encaminha com ela para algum canto que não me oponho, apenas sigo.
Nos sentamos em um dos banquinhos desconfortáveis em uma área oposta ao balcão aonde Joshua e decerto a maioria das pessoas se amontoavam. Que bom que estão lá, e não aqui. Ouço a ruiva pedir dois drinks, ao que me dou conta de que estava com sede todo esse tempo. Não consigo evitar o sorriso quando ela me dispõe de seu batom e espelho, juntamente de palavras calorosas que rapidamente fazem com que eu me sinta confortável, ainda que aquele banco fosse uma droga! Eu me olho no espelho e logo depois me insulto internamente ao contemplar a visão lastimável do meu rosto. Oh, Jonathan, você é tão, tão..! — Homens conseguem ser uns cretinos quando querem. Meu deus — esbravejo, pegando um guardanapo para retirar aquela calamidade opaca da minha boca, muito embora sentisse que meu rosto permanecesse em vermelho, de vergonha e também raiva. Destampo o batom e o aplico vagarosamente em meus lábios, os roçando entre si posteriormente. No ponto. Devolvo os apetrechos milagrosos do meu anjo da guarda. — Mas isso você já sabe. E também não é lá uma prosa que vai contribuir para felicitar esse fim de semana. Falar de mim... — Porque eu quem mais tenho o dever de catalogar essa matéria, e estou fugindo sempre da verdade. Eu vou falar, repito a mim mesma. Falarei a verdade. Não hoje, porque coloquei uma ordem restritiva entre mim e Jonathan e juro por tudo que é mais sagrado que não quero vê-lo esta noite!
As bebidas chegam, coloridas, me atraindo instantaneamente. Me apodero da minha, bebericando com cautela. O gosto é bom. — Quem diria que eu viria a um show de rock. Tudo por boas lembranças, hum — pondero, ao ouvir seu último comentário. É sempre bom provar coisas novas, e quem sabe quando eu teria a oportunidade de vir a um show do tipo outra vez? Faço que sim com a cabeça num ato de compreensão particular. Ainda é cedo para me arrepender. Sobretudo porque avisto Richard, sozinho, bem no centro. Bebo mais avidamente o drink, olhando Trina de soslaio. — Eu sou o primeiro Diabo que também é Cupido. Magnifico, não? — Catrina não entende muito bem, suponho, principalmente quando coloco o drink no balcão outra vez e me levanto, indo até o rapaz no meio do salão — esta parte, contudo, imagino que ela consiga compreender.
Richard não me nota chegar e, por isso, sou rápida ao puxar seu braço. Não o olho no rosto até que cheguemos em quem nos interessa. — Richard, que surpresa! Sozinho nesse monte de gente. — Discorro casualmente. Me permito olhar para ambos. — Que bom que te encontramos. — E então sento-me novamente, dessa vez no banco à direita do que eu estava sentada outrora. Não vamos falar de mim, então o assunto precisa ficar no meio. Inicialmente, o moreno fita Catrina por sólidos segundos, pronuncia o nome dela num modo de cumprimento, e depois me dirigi a palavra, deixando claro que é rancoroso. Meu sorriso é à companhia da sobrancelha esquerda acirrada. — Não dá pra evitar. Sou a melhor no que faço. — Desço os olhos para a sua fantasia, e lhe questiono o contexto. Imaginei muitas coisas, mas nada tão... normal. Bem, é melhor do que usar máscaras e macacões que nem um idiota. 
Richard responde e tenho a sensação dele estar sendo um tanto literal com o testemunha e homicídio. Olho para minha amiga rindo, e volto a interrogar: — E quem garante que você não é cúmplice desse homicídio, hein?  — A ideia lhe diverte, e acho que nunca o vi rindo antes. E ele é bom na retórica porque, ao retrucar a possibilidade mais cabível sobre a trajetória de seus trajes, ele me faz rir. Certo, Richard-Que-Mora-Do-Outro-Lado, você é legal. Um biquinho de satisfação nasce, e meus olhos vão para Trina, imaginando na desculpa que ela vai dar para resistir a aproximação do rapaz, isto é, se o fizer. Beberico o drink. 
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CATRINA: OLIVIA ➛ ADAM ➛ JOSH ➛ OLIVIA
Solto o ar, aliviada, quando a porta principal se fecha e tenho a casa só para mim. Não que a companhia de meu irmão me desagrade, longe disso na verdade, mas estive fugindo de algumas coisas na última semana e Joshua era uma delas. Alguns chamam de covardia, mas eu sou mais adepta ao termo auto-preservação. Tento aproveitar o meu tempo sozinha à frente do espelho, marcando a pele com o sangue falso de forma moderada porque não quero parecer desesperada - em especial porque era mais ou menos assim que me sentia, com uma pseudo-fantasia arrumada em cima da hora. Rolo os olhos claramente derrotada e jogo meus pertences mais importantes na bolsa assim que ouço o celular vibrar e o nome de Olivia aparecer na tela. Quase corro pelas escadas, ainda com a capacidade de movimento levemente reduzida devido aos saltos finíssimos do par de botas, e abro um sorriso sincero assim que Pfeiffer entra em meu campo de visão. É nessa hora, enquanto eu caminhava pelo jardim bem cuidado, que uma brisa atinge meu corpo e me arrependo amargamente de certas escolhas. Sinto como se mil microagulhas estivessem espetando minha pele desnuda ao acelerar o passo, dessa vez para encontrar conforto no interior do automóvel. Suspiro em alívio assim que passo o cinto de segurança e coloco os fios emaranhados no lugar enquanto ouço as confidências de minha amiga. Fecho os olhos e inspiro, como se pudesse desfrutar das sensações descritas pela morena, e deixo um sorrisinho escapar de forma involuntária. — Eu quase consigo sentir o calor penetrar nos meus poros. — Confidencio animada. — O tempo chuvoso de Portland às vezes me sufoca. — Abano as mãos próximas ao rosto de forma teatral, ainda que houvesse a clara suspeita de que esse sentimento em específico não se devia exclusivamente ao clima.
De forma instintiva rolo os olhos quando a ouço comentar sobre Richard. Sim, aquele de quem estive basicamente fugindo durante toda a semana para colocar meus sentimentos em ordem - mas se quer saber, parece que só me afundei em dúvidas ainda mais. Passei o meu tempo ajudando Olivia à empacotar parte da mudança - coisas menos urgentes, ou me lamentando pelo leite derramado com Adam. Quase uma hóspede não-oficial, simplesmente tinha meus motivos para não querer parar em casa. Mas é claro, auxiliar meus amigos era um bônus muito bem-vindo. — Eu acho que não é isso que você quer ouvir, mas… Eu não faço ideia. — Sou sincera com a constatação, embora o questionamento dela tenha provocado certo interesse. Sem demora a playlist se transforma e, ainda que eu consiga me enxergar perfeitamente ouvindo às músicas da Seventh Heaven, Liv o fazer me causa surpresa. Um sorrisinho surge em meus lábios enquanto o som estrondoso da banda toma conta do ambiente. — Já perdi a voz só de imaginar. — Não era lá a melhor expectativa, mas minha vasta experiência em shows de rock me fazia acreditar que aquilo não estava tão longe da realidade.
Estamos cantando. Não sei se é porque invado os ensaios da banda sem qualquer cerimônia e com uma frequência absurda ou se é devido ao fato de conseguir ouvi-los claramente mesmo do meu quarto, mas descubro que conheço mais das músicas do que pensava. Além disso, é com Olivia que estou cantarolando e isso me causa uma sensação boa. A consciência de que ela não estaria mais em Portland daqui uma quinzena me deixa angustiada, mas, na mesma proporção, faz com que eu aproveite cada segundo de sua presença. Sei que é um sentimento egoísta, mas preferia que ela ficasse. Não era justo, entretanto, exteriorizar os pensamentos, então os guardo para mim. No melhor dos casos, sempre teremos boas lembranças à compartilhar, e Los Angeles não era assim tão longe. É o que me conforta, além do desejo de ver minha amiga alcançar seus objetivos e vislumbrar um futuro brilhante. O carro é estacionado em uma vaga privilegiada e, antes de descer, passo mais uma camada de batom. O vermelho faz com que eu pareça mais velha. Não que isso faça alguma diferença real, mas me sinto mais segura assim ao apresentar uma identidade falsa. Quando termino, olho para Liv - pra quem sorrio de forma instantânea. — Uh la la. — Apesar de ser Halloween e isso impactar diretamente no estilo pessoal, Olivia consegue manter a elegância sem qualquer esforço.
I’m your dream, make you real, I’m your eyes when you must steal. O refrão de Sad But True martela na minha cabeça quando boas memórias vêm à tona. Há alguns anos atrás, talvez uns dois ou três, Joshua me arrastara ao show do Metallica porque teoricamente eu não poderia perder a chance de ver “uma das maiores bandas de metal de todos os tempos” tocar ao vivo. Fui relutante, mas ver os olhos azuis do mais velho reluzirem enquanto assistia, vidrado, Lars Ultich tocar feroz a bateria fez o passeio valer a pena. Naquele exato momento o olhar de Josh era igualzinho ao qual eu me lembrava, e talvez isso tenha aquecido o meu coração. 
… 
De modo natural e invariável minha atenção recai sobre o guitarrista, porque muito embora eu tentasse me enganar ao afirmar que não havia nada ali, eram apenas desculpas vazias. Nossos olhares se encontram finalmente e eu me perco ali por segundos que parecem minutos. Estou sorrindo, ainda que não tivesse essa percepção ao fazê-lo, e o meu coração bate acelerado contra minhas costelas. Ah, Richard, se você pudesse ouvir os meus sinais saberia o quanto senti sua falta. Tinha a plena consciência de que aquilo era errado, mas estava pouco disposta a lutar contra. Foi tão espontâneo, gradativo e ao mesmo tempo de uma só vez. Agora eu estava ciente de meu pecado, mas ao invés de consertar as coisas eu só quero me afogar ainda mais. E quando, relutante, aceito que aquela troca de confidências silenciosa se findou, outra música se inicia. De autoria deles, mas recente o bastante para que eu ainda não a reconhecesse de imediato. A recepção não podia ser melhor, e agora sei que, embora conscientemente não notasse, seus versos característicos já estavam bem guardados na minha memória. Ao final de Gonna Make You Taste minha voz já está rouca, claro, mas não tenho tempo para me recuperar porque eles engatam a clássica de encerramento na sequência. É a voz de Alexander preenche o ambiente na maior parte das vezes, mas é só quando ouço Parrish que minha atenção é fisgada. You know that I can hardly wait just to see you. And I know you cannot wait, wait to see me too. É o que ele canta, e eu sinto como se esses versos traduzissem com perfeição o que se passava naquele momento. Meus próprios pensamentos ganham voz - a voz dele. Eu sinto como se pudesse absorver o estado de espírito do resto da plateia por osmose, entrego-me à canção e vocalizamos todos em uníssono o refrão sugestivo de Talk Dirty to Me. 
Estou ofegante quando as guitarras cessam e os meninos da banda agradecem brevemente o público que tão bem os recebera. Antes que eu me dê conta meus olhos permanecem ancorados em Richie, torcendo silenciosa e desesperadamente para que ele se vire e me encontre naquele mar de gente que se dispersa lentamente. Não era um caso de vida ou morte, mas pela forma como a palma da minha mão está suada bem que poderia ser. A esperança está prestes a se desvanecer quando ele finalmente me nota e o seu sorriso faz compensar a semana inteira. Assim que me preparo para responder sua pergunta silenciosa, no entanto, sou obrigada a suavizar a feição porque Joshua também dirige-se a mim, e espero ter sido rápida o suficiente para evitar qualquer suspeitas por parte dele. “Vocês foram incríveis!” é o que meus lábios dizem, num comentário sincero dirigido aos dois. Apesar de estar completamente rendida à uma paixão arrebatadora, era inevitável considerar que aqueles sentimentos os quais eu passei a nutrir por Richie soavam como uma traição ao meu irmão - em especial se levarmos em conta o que se passou há alguns meses atrás, o lance - ou não-lance - de Josh e Olivia. O destino, entretanto, era cruel e parecia pregar-me uma peça.
Sou desperta por uma voz conhecida próxima ao meu ouvido. Obrigo-me a girar o corpo para encarar Olivia, que, desacompanhada de Jonathan, parece um tanto atordoada. — Ah Liv, dá um tempo! Foi só um beijo. — A afirmação sai de forma natural, porque a repeti centenas de vezes nos últimos dias a fim de me convencer da veracidade da informação. Primeiro porque sabia das implicações que isso teria na amizade de Josh e Richard, segundo, eu acabei de sair de um relacionamento complicado e não deveria estar caçando mais problema. Esforço inútil, afinal, o que acontecera ali há poucos minutos era bastante esclarecedor. Adam se afasta de nós sem demora e me aproximo da morena instantaneamente. — Tá tudo bem? — Indago por cima da música familiar que começou a soar novamente pelas caixas de som. Rainbow In The Dark, suponho, ainda que o som esteja abafado pelas conversas alheias. Estou prestes a nos guiar para as escadas quando meu irmão se destaca entre aquele amontoado de gente. Meu coração palpita em descompasso novamente, mas ele sorri. “E aí, o que acharam?” é sua única pergunta, sem qualquer resquício de desconfiança ou mau-humor. Sei que Joshua é uma pessoa transparente, então as chances de desconfiar de algo beiram à zero. — É lisonjeiro ser irmã de um rockstar. — É tudo que eu digo e a ideia parece agradá-lo, em especial porque sou sincera quanto à essa observação. Estou bem longe de ser uma crítica musical, mas a paixão que os garotos demonstraram no palco era suficiente para perceber que havia futuro ali, e no fim das contas estou orgulhosa. O mais velho parece enfrentar um conflito mental antes de se retirar, falando algo sobre estar por ali caso eu precisasse dele, e rumou para onde o resto do pessoal parecia se aglutinar. — Eu não esperava por isso. — Confidencio à Liv, com quem sigo para o sentido oposto do balcão porque parecia ser o certo.
Acomodo-me numa daquelas cadeiras desconfortáveis, pedindo dois drinks aleatórios ao bartender. Dali não conseguimos enxergar muito bem a outra parte do grupo devido à distância e à cortina de pessoas que se materializa entre nós, o que não é de todo ruim. Dirijo uma olhadela à Olivia antes de tatear o interior da bolsa para retirar um espelho e o batom vermelho, o meu favorito, e ofereço-os à Pfeiffer. O carmim de seus lábios estava meio opaco e eu sabia o motivo, ainda que estivesse claro que o resto da história não fosse o que eu queria ouvir. — Tudo bem que esses dias não foram dos melhores, mas eu estou comprometida a fazer com que seus últimos finais de semana em Portland sejam inesquecíveis. — Aquilo era uma verdade. Me sentia uma amiga um tanto negligente, até porque estive inclinada à dar cabo nos meus próprios problemas e talvez não tenha prestado a assistência necessária aos meus amigos, que igualmente passavam por situações delicadas àquela altura. Ainda achava que Liv deveria expor toda a verdade à Jonathan, porque suspeito que ela ainda não o fez, mas não estou em posição de dar-lhe um sermão. Não naquele momento. E como se fosse um sinal, os copos multicoloridos se materializam a nossa frente. Afasto um deles, colocando-o em frente à morena. — E é claro que isso inclui algumas centenas de metaleiros e umas boas bebidas.
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tsuburbs · 4 years
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Diana Silvers in Booksmart (2019) dir. Olivia Wilde
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