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#simetrias urbanas brasileiras
rtrevisan · 9 months
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As catedrais continuam brancas
Eu me deparei, recentemente e por contingências da vida profissional, com o interessante livro da arquiteta Amélia Reynaldo (As catedrais continuam brancas), uma belíssima descrição do histórico de desenvolvimento urbano da cidade do Recife (PE). Ainda não terminei de ler o trabalho, mas garanto que seus primeiros 40% já valem a leitura. Um dos aspectos que mais me impressionou foi a incrível…
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blogdojuanesteves · 6 years
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PAISAGEM CONCRETISTA > José Roberto Bassul
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> JOSÉ ROBERTO BASSUL é carioca e radicado em Brasília. Na década de 1980 abandonou a fotografia que praticou na juventude para se dedicar a arquitetura. Voltou a lidar com as imagens 30 anos depois e de maneira mais autoral. Entretanto, ainda ligado a sua outra profissão, certo dia percebeu que a cidade onde mora, consagrada por tantas imagens como as do francês Marcel Gautherot ( 1910-1996) não existia mais. As linhas geométricas limpas da superquadra SQS 108, a primeira da capital, fotografadas por este foram ocupadas por árvores. Nas capturas feitas na década de 1960, a história era outra, como demonstraram igualmente o alemão Peter Scheier (1908-1979) e o húngaro Thomaz Farkas( 1924-2011) que adotaram o país e enriqueceram o cânone.
 Paisagem Concretista (Ed. Matéria Plástica, 2018), tem uma tiragem de apenas 400 exemplares impressos pela Gráfica Athalaia, de Brasília e projeto gráfico de Luis Jungmann Girafa. É uma tentativa de encontrar a geometria perdida naquilo que a natureza havia tomado- um acontecimento ao acaso,  quando o fotógrafo buscava afastar as árvores do seu enquadramento. Na primeira tentativa ele enxergou analogias com os "labirintos" do seu conterrâneo Hélio Oiticica (1937-1980). Estes, se constituiram em uma experiência do artista na favela do morro da Mangueira, em 1964, uma consciência artística inspirada na “arquitetura natural” dos espaços “labirínticos” das favelas, como escreveu o paulista Guilherme Wisnik, crítico de arte e professor da FAU-USP.
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> O FOTÓGRAFO ARGUMENTA  que "A disposição ortogonal dos edifícios, as aparições e desaparecimentos dos vazios, os caminhos angulados, várias circunstâncias sugeriam a comparação com o artista. Ao buscar Gautherot, encontrei Oiticica!" Fato também, que além deste casual encontro revelado pelo autor, nos deparamos com uma afinidade ainda maior: o pai deste artista, José Oiticica Filho (1906-1964), personagem essencial da fotografia modernista brasileira, expoente do Cine Foto Clube Bandeirante, juntamente com os paulistas German Lorca e Geraldo de Barros (1923-1998) entre outros.
Graça Ramos, jornalista e doutora em História da Arte, piauense radicada também em Brasília, escreve no livro que as imagens radicalizam pela linguagem no olhar concentrado na expressão abstrata, anulando assim o feitio dos prédios retratados. Há um gosto pela simetria e pelos jogos geométricos que, segundo ela, se associam inicialmente a uma busca pela lembrança do discurso construtivista que ocorria na época da contrução de Brasília. Há uma fuga do espaço monumental da cidade como encontrado na obra de Gautherot, seu diálogo inicial, mas quando constrói uma poética abstrata, aproxima-se da tradição criada pelo pintor e fotógrafo americano Charles Sheeler (1883-1965).
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> A IDEIA DE APROXIMAR SHEELER - expoente do modernismo americano, que se inicia bem antes do nossos fotógrafos modernos (ele já estava mostrando suas fotografias em 1917), próximo do final da  Primeira Grande Guerra, que com grandes artistas como Edward Hopper (1882-1967) e Charles Demuth (1883-1935), cujas obras refletem também a arquitetura urbana, superavam o abismo entre o modernismo europeu e o regionalismo doméstico - é mais interessante do que a ideia de abstração, pois lembramos do holandês Theo van Doesburg ( 1883-1931) no manifesto Arte Concreta, de 1930, e sua declaração que falavam do concreto e não do abstrato, "porque nada é mais concreto, mais real, do que uma linha, uma cor, uma superfície."
 Como o título propõe, em um certo jogo semântico, é verdade que estamos lidando também não somente com o materialismo literal do seu conteúdo, mas também com o movimento concretista, que surge na Europa na década de 1950. Artistas como o suiço Max Bill (1908-1994) vão se relacionar intimamente com autores como o já citado Geraldo de Barros que, em 1951, frequenta a Hochchule für Gestaltung (Escola Superior da Forma), em Ulm, Alemanha, onde vigoram as teorias concretistas do primeiro, e cuja obra reverbera no movimento semelhante no Brasil. A Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, em dezembro 1956, é um marco, reunindo além deste artista e Hélio Oiticica, Aluísio Carvão (1920-2001), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Maurício Nogueira Lima (1930 - 1999) e Luiz Sacilotto (1924 - 2003) entre outros.
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FAÇAMOS TAMBÉM UMA ANALOGIA das formas geométricas e concretas de José Roberto Bassul com o Precisionismo, movimento americano da década de 1920, estilo representacional de arestas mais estreitas e simples identificado com a obra de Scheeler e modernistas como o paulista José Yalenti (1895-1967). Processo que também se agrega a Geraldo de Barros, seja em suas "fotoformas", mas essencialmente com suas obras plásticas construídas com a precisão de recorte de lâminas de formica, dos anos 1970, nas quais o artista retomou suas experiências anteriores do período concreto, permitindo assim uma reprodução em maior escala, como na fotografia.
 Se, como afirma o crítico capixaba Paulo Herkenhoff, os Metaesquemas de Hélio Oiticica (célula seminal do artista, compostas em 1957 e definida por ele como uma "obsessiva dissecação do espaço pictórico") dialogam com as Recriações (de 1964) de seu pai Oiticica Filho, que tratou a cópia fotográfica como superfície, preparando a composição através de sucessivas transparências em negativo e positivo, nas fotografias de Bassul notamos um processo análogo quando o mesmo habilidosamente registra a paisagem urbana, eliminando os meios tons, proposta inclusive que já está sinalizada nas duas primeiras páginas que trazem o título do livro.
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> AS FOTOGRAFIAS NÃO SOMENTE TOMAM O DISTANCIAMENTO do sentido prosaico e circunscrito às formas, como criam experiências de esvaziamento e continuidade. A relativização destas propõe o equilíbrio de suas geometrias, paradoxalmente questionando a descontinuidade, invertendo assim o processo lógico, caracterizado aqui exemplarmente pela proposição de negativo e positivo, aproximando-se assim do "concretismo" já proposto pelo título, que em seus princípios já afasta qualquer conotação lírica ou simbólica se atendo aos elementos plásticos (planos e recortes) sustentados pela sua sintaxe visual e não discursiva, descartando assim a obrigatoriedade da exata definição como obra arquitetônica, ironicamente produzida por um arquiteto.
Imagens © José Roberto Bassul   Texto © Juan Esteves
contatos para aquisição do livro
[email protected] e materiaplastica©gmail.
Conheça mais sobre o autor em www.joserobertobassul.com
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