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eunwolie · 1 year ago
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— POV :: FESTA DOS LÍDERES
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Eunwol não tinha o direito de dizer que não se divertiu. Mesmo com os pensamentos a mil sobre Asterios e destinada a aproveitar a festa como se fosse a sua última, a semideusa bebeu mais do que devia. As coisas simplesmente aconteceram.
De início, demorou a se acostumar com a roupa escolhida, nunca escolheu um look tão extravagante como aquele, mas não se arrependia. Gostou de toda a composição que a amiga Devora lhe ajudou e das novas mechas loiras no cabelo preto. Se sentiu muito bem ao se olhar no espelho.
Com a autoestima no topo, mesmo que a timidez falasse mais alto, não hesitou em aceitar o convite de @tinykl para dançar. A forma como o filho de Afrodite se movia parecia hipnotizante — não tanto quanto o seu sorriso e sua animação. Ali, na pista de dança, aceitou o primeiro copo de vinho para se soltar um pouco mais. Era engraçado para ela lembrar de como se sentiu como uma criança novamente, dançando as mais diversas canções e se divertindo com o semideus que a salvou uma vez.
Cansada de dançar, foi a vez de atacar as comidas. Enquanto se deliciava com os salgadinhos e elogiava @apavorantes pelo excelente trabalho, encontrou seu melhor amigo @indgc com vários copos de bebidas. Não hesitou em encará-lo com as sobrancelhas erguidas, surpresa por sua atitude. Mas nada foi mais avassalador para ela do que o amigo lhe confidenciar o segredo das pessoas que beijou na festa. Eunwol e Indigo nunca conversaram sobre romance antes, afinal ela não tinha o que contar e nunca sabia o que dizer, no entanto nunca se sentiu tão bem e confortável para ouvir sua história, se sentir feliz pelo amigo e compartilhar um pouquinho de como se sentia em relação ao amor, beijos e... bem, relações — e essa última parte só foi possível graças a bebida que ela seguiu tomando, pois era mesmo difícil para Eunwol colocar seus sentimentos em palavras.
Quando se afastou do amigo para pegar mais comida, encontrou @kittyprde e teve uma conversa mais sentimental do que imaginou quando falaram dos presentes que receberam. Com o copo de vinho na mão, nem ela esperava falar tanto sobre sua mãe, mas uau, o efeito da bebida, não é mesmo? O papo com @kerimboz também foi interessante, Eunwol queria ter prestado mais atenção no que o semideus falava, mas infelizmente a bebida já começava a fazer efeito e sua atenção dispersava com facilidade, principalmente porque seu olhar seguia a festa a procura de alguém específico. Sabia que devia se desculpar depois.
Assim como precisava se desculpar com @willeminas por não ter dado as melhores respostas no jogo em que começaram, mas certamente a agradeceria pelas boas risadas e histórias que não sabia até então. Graças a Will, Eunwol foi capaz de aceitar a bebida que o filho de Hermes a ofereceu junto de @thcodora e se divertir um pouco mais com a melhor amiga e parceira de missões.
Eunwol gostava das amigas que tinha, mas o carinho especial por @krasivydevora era arrebatador em seu coração, ela nunca seria capaz de explicar o quanto significou para ela saber como a amiga se sentia e o quanto a situação entre ela e Rain era mais intensa e complicada do que ela imaginava. Por vários momentos não soube o que dizer, não era boa com o assunto ou com conselhos no geral, mas desejou de todo o coração que ela se resolvesse e fosse feliz, porque Devora era incrível — e dona de um coração de milhões, que, em sua opinião, não devia pertencer a qualquer pessoa.
Decidiu esfriar a cabeça na cachoeira, não queria atrapalhar a festa da amiga, ficando grudada nela, no entanto estava com pensamentos confusos e sentimentais demais para lidar sozinha. Mas o foco em seus sentimentos durou pouco, afinal estava prestes a descansar os pés na água gelada da cachoeira quando @amaralim tropeçou em suas botas e elas brigaram mais uma vez. Eunwol até podia disfarçar bem quando estava sóbria, mas assim que foi empurrada na água pela filha de Eris sentiu seu mundo girar de... tristeza. Saiu em passos largos e graças a ajuda de @pips-plants se secou rapidamente, quase como se não tivesse se molhado. Ah, o poder da magia!
Eunwol era muito grata a irmã em todos os sentidos, pois logo depois elas emendaram em um jogo que permitiu Eunwol esquecer um pouco do acontecido. Mas não tinha jeito, o motivo principal do seu olhar viver vagando pela festa ainda adentrava sua mente como uma faca afiada. E a situação só piorou quando ela viu o carinha que ela fugia sendo tão simpático com outra. Mas ele era assim! Ela sabia! Por que se sentia daquela forma, então?
Saiu do meio da muvuca para tomar um ar e encontrou com @lynksu. Era estranho para ela pensar que tentaram se matar, com o filho de Ares quase tendo sucesso na tentativa. Se não fosse Tiny... bem, se não fosse Tiny ela não teria achado um assunto diferente para falar com o filho de Ares, terminaria na parabenização pela conquista de Lynx e ficariam olhando um para a cara do outro de forma estranha — não que puxar o assunto do beijo fosse normal ou a melhor escolha, mas foi a que a Eunwol daquele momento, sem vergonha na cara, conseguiu —, porém o assunto não rendeu e ela não se importou, afinal não tinha direito de invadir a intimidade alheia daquela forma. Era mais um que entraria na sua lista de desculpas.
Ao voltar para a festa, encontrou @oespirito no meio do caminho e, mesmo sem estar sóbria, o ajudou da melhor forma possível, mesmo que não tenha sido de muita ajuda. Com o estômago embrulhado, mas disposta a permanecer na festa, se questionou como o álcool era capaz de fazer a Terra girar tão rapido. E, por mais que não tivesse a resposta para isso, foi @nightchznges quem ela alugou para falar sobre assuntos aleatórios e nada comuns. Mas o que ela podia fazer? Se sentia confortável falando com ele.
E, apesar de não ser nada boa quando se tratava de seus sentimentos, tomada por uma série de emoções e sensações turbulentas, Eunwol decidiu se abrir para @astcrixs. Era com ele que ela queria — também! — se divertir na festa, provar das mais diversas bebidas e comidas, rir de assuntos aleatórios e trocar carinho. Mas, caralho, como era difícil simplesmente se entregar! Ela colocaria tudo a perder se o fizesse e não queria que isso acontecesse, não podia deixar que nada e nem ninguém atrapalhasse seu objetivo de vida e mesmo sabendo que Asterios não era nenhum empecilho por se aproximar e lhe dar uma chance de se abrir, ela o colocava naquela posição porque era tudo o que sabia fazer.
A conversa que começou com uma confissão terminou com a filha de Hécate fugindo mais uma vez. Ela não quis admitir que passava mal por causa da bebida, e, por isso, apenas o disse que era para deixá-la sozinha por um momento. Não podia ter escolhido um momento pior para isso.
A sobriedade a atingiu em cheio quando o chão começou a tremer e ela viu o semideus misterioso e sem emoções de pé. Ele era filho de Hades... Puta que pariu! Eunwol não se mexeu, mas sentiu uma angústia enorme em seu peito antes do grito ecoar pelo acampamento. Não teve tempo de entender melhor o que acontecia, pois se desequilibrou e estava prestes a cair quando uma mão a segurou.
Era oficial: Eunwol estava com medo.
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mattivray · 1 year ago
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                   💀 ✶ ― 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐀𝐑𝐊𝐄𝐒𝐓 𝐇𝐎𝐔𝐑 : 𝐏𝐎𝐈𝐍𝐓 𝐎𝐅 𝐕𝐈𝐄𝐖 ( PARTE 002 ) .
         𝖙𝖗𝖎𝖌𝖌𝖊𝖗 𝖜𝖆𝖗𝖓𝖎𝖓𝖌. a leitura a seguir acompanha os acontecimentos da festa clandestina, tendo como base a narração elaborada através da parte um do pov, referente ao plot drop de número dois; neste caso, será mencionado sangue e morte. menciona-se também o personagem will solace ( npc ) e fica em aberto a participação de quem desejar nas lacunas interativas ao longo do pov.
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         time to wake up, songbird — we gotta go. era típico de matilda cochilar sempre que se sentia confortável demais em um espaço. ela simplesmente apagava, sem perceber; e aquilo era pouco comum levando em consideração que normalmente ela demorava muito para dormir. os pensamentos sempre a deixavam desperta na cama até altas horas da noite, até estar tarde o suficiente para ela se obrigar a convencer o corpo de que precisava descansar ou na manhã seguinte estaria um trapo.          bom, esse tipo de problema nunca acontecia quando ele estava por perto, com as mãos pacientes fazendo círculos no couro cabeludo da menina. os resmungos do que parecia uma canção, " i'm sexy and i know it ", em um tom de ninar. a grama fofa e o ar limpo da colina. era o lugar preferido deles, nas escapadas após o fim dos treinos do dia, quando queriam apenas relaxar. era como um solo sagrado, estabelecido desde que matilda chegou assustada ao acampamento e ele a encontrou se isolando de todos, deitada na grama, como se esperasse uma carona que nunca passava por ali. ele se preocupou em passar sempre desde a primeira vez que a achou ali. então dali em diante, era sempre eles, o céu, o verde infinito, o ar fresco, uma canção controversa de ninar ― e toda vez que mattie abria os olhos, ela via como uma infinidade de cordas trançadas caindo em sua direção; balançando com o vento, quase escondendo o sorriso deliciosamente convencido que convidava os outros a sorrirem junto.
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         ٫ ໋ 𓂃 𝖚𝖒𝖆 alma por outra alma, era o que ecoava no consciente da filha de apolo, na medida em que ela despertava para a realidade. ela havia se enganado com o silêncio e a escuridão, agarrando-se a esperança de que quando abrisse os olhos tudo teria desaparecido, mas, antes mesmo disso, ouvira vozes agitadas, ordens jogadas no ar e passadas pesadas para todos os lados. matilda ainda estava se reconectando com a vida real. ela via tudo, mas não construía uma linha de raciocínio; estava calada, olhando para todos os lados e, julgando pelo seu estado atordoado, a figura que lhe sustentava de pé resmungava insistentemente que ela deveria ir à enfermaria ― ela havia batido a cabeça e havia um corte no alto da testa.
         quis dizer que estava bem, mas, não estava. se sentia pesada e confusa. e como uma boneca de pano, era arrastada em passos apressados, segurada pela cintura e braço direito, atravessando o caminho revirado de galhos caídos, árvores tombadas e chão irregular. achou que aquela visão era preocupante, mas pior que ela estava o centro do acampamento. os olhos castanhos se arregalam para a visão de uma promissora ruína. pessoas demais transitavam as pressas, um turbilhão de conversas paralelas e o ar de pânico generalizado. matilda notou que nas idas e vindas dos campistas que lhe atravessavam o caminho, o número de semideuses mais novos feridos só crescia e a noção disso lhe deu um choque súbito de atenção. ela travou os pés, parando abruptamente a caminhada supervisionada. precisava assumir o controle. precisava ir para a enfermaria, mas não por si. pelos outros feridos. a cabeça dela doía, estava nauseada, mas, tudo aquilo caiu em seu desinteresse enquanto acompanhava mais vítimas seguindo o caminho para o socorro.
         “ vou ficar b― ” cedo demais? ela não teve a chance de finalizar o que pretendia, quando notou que havia um aglomeração maior de curandeiros carregando alguém, já muito adiantados no caminho para a enfermaria. ela teve um mal pressentimento. fosse pela urgência em que passaram, por jurar ter notado algo de muito esquisito no semblante do chefe da enfermaria, will solace, quando ele ordenou que os deixassem ir. e não durou muito mais que alguns minutos quando o grupo desapareceu para dentro da enfermaria até um grito irromper a área externa do acampamento.
         foi como se um raio caísse do céu para o alto da cabeça da filha de apolo. ela sentiu o corpo congelar, numa onda anestésica abrupta, então disparou correndo em direção a enfermaria. curiosos formavam barreiras no caminho, tentando descobrir qual era a nova fonte de tamanha agonia; ela os empurrava e penetrava qualquer pequeno espaço entre corpos, só para tropeçar de passo em passo até o santuário de cura e conseguir atravessar a porta.
lá dentro foi como se o mundo exterior tivesse ficado isolado, por trás de uma barreira de som. ela encontrou os rostos familiares dos meio irmãos, divididos entre a seriedade e um tormento incomum. num dos corredores, se ouvia um choro abafado. os leitos ocupados atraiam os curandeiros inquietos para os semideuses que precisavam de assistência, mas havia uma reunião maior de pessoas em um deles. will saiu daquela direção e encontrou matilda no caminho. os olhos azuis dele pareciam um pouco mais escuro; a tensão em sua mandíbula deixava o semblante dele longe da típica serenidade. era como se prendesse o grito que a pouco alguém havia libertado.
         não vá, ele sussurrou para ela quando lhe tomou os cotovelos com as mãos e encarou direto nos olhos. aquilo a assustou um pouco mais. mas também, alimentou o impulso de desviar do loiro corpulento e cruzar os passos que lhe afastavam daquilo que um grupo de campistas encaravam desacreditados. primeiro ela viu o corpo na cama. a cor carmesim já havia coberto qualquer ponto de tecido e pele visível, como uma camuflagem grotesca. o corpo era magro e visivelmente sem vida e, dado ao estrago no rosto, a primeira reação de matilda foi desviar o olhar assim que esbarrou os olhos nos rasgos sobre o que outrora foi uma face. ela quase não pôde dizer quem era. quase deu meia volta e saiu, agoniada em ver tamanha brutalidade, quando um arrepio lhe subiu a nuca e o coração apertou.
olhando de volta, ela notou que a cabeça tombada no travesseiro carregava um aglomerado de dreads castanhos, sujos de sangue, mas que não disfarçavam a familiaridade. eram como cordas; uma infinidade de cordas trançadas, espalhadas no travesseiro. e olhando bem agora, a pele por trás do sangue tinha aquele tom que lembrava caramelo quando exposta ao sol. e os dedos das mãos grandes eram finos e longos; e em um dos braços tinha o que por anos representava um filtro dos sonhos tatuado, mas agora, lhe faltavam os traços perfeitos.
         “ aid . . . ” a voz travou na garganta. pontos escuros começaram a tomar a visão de rosenthal. o golpe insensível da realidade lhe tirou o ar, então o equilíbrio. sentiu as pernas vacilarem, mas não foi ao chão, porque alguém a sustentou pela cintura. os olhos congelados na imagem do meio-irmão morto. aidan moore. um perfeito curandeiro. um ótimo artista. uma influência. um porto seguro. uma grande interrogação.
por que aquilo havia acontecido com ele? e ali, no acampamento. onde estavam os deuses agora que tudo estava desmoronando, literalmente? por que tanta desgraça estava acontecendo com eles? era um castigo?
         uma alma,
         por outra alma.
                  e que bela alma haviam recolhido.
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         tão querido como fora em vida, a despedida do filho de apolo foi carinhosamente arquitetada, ainda que todo o acampamento estivesse longe de ser o ambiente mais agradável para se ter um descanso final. matilda não havia conseguido falar nada, desde o momento que o encontrou na enfermaria. não achava que seria capaz de dizer adeus para um bom amigo, para um ótimo irmão. eles estavam de voltado a estágio inicial, onde a garotinha de pouca idade, tirada da normalidade de uma vida mortal encontra um pouco do que devia ser confortabilidade em alguém a quem podia chamar de irmão, ainda que tivesse sido criada como filha única.
no início ela não falava muito, no acampamento. depois de reclamada ao chalé sete, aidan fora uma das pessoas que tentaram penetrar aquela gaiola dourada na qual ela havia se trancado. ele disse as vezes é difícil falar ― talvez você devesse escrever.
         então ela escreveu para ele.
         e endereçou a carta para o fogo, logo após o fim da cerimônia dedicada ao repousar daquele sol.
nos campos dourados onde o sol repousa, ecoa a melodia, a tristeza que carrega, pois aidan moore agora repousa, nas asas divinas que o destino entrega. aidan, filho da luz, agora além dos céus, teus passos, como raios de sol, brilharão eternos, tu és a essência da música que aquece os corações, em cada acorde, tua presença é sentida. sentirei sua falta como uma roda em uma fogueira sente a falta de um violão e uma boa canção, para sempre escutarei sua voz, passarinho.                   com amor, songbird.
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mattivray · 1 year ago
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         💀 ✶ ― 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐀𝐑𝐊𝐄𝐒𝐓 𝐇𝐎𝐔𝐑 : 𝐏𝐎𝐈𝐍𝐓 𝐎𝐅 𝐕𝐈𝐄𝐖 ( PARTE 001 ) .
         𝖙𝖗𝖎𝖌𝖌𝖊𝖗 𝖜𝖆𝖗𝖓𝖎𝖓𝖌. a leitura a seguir acompanha os acontecimentos da festa clandestina, tendo como base a narração elaborada através do plot drop de número dois; neste caso, será mencionado sangue. menciona-se também a personagem ravena ( @blackbvrd ).
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         ٫ ໋ 𓂃 𝖆 coisa mais esquisita sobre bebida, que normalmente deixava matilda rosenthal ponderando sobre era que no fim das contas você acaba tonto, nauseado ou apagado no chão ― e todas as opções levavam a vexame. ela não era a mais resistente ao álcool, pelo fato de não ter o hábito de beber. quando percebeu que, em um dado momento da festa, já sentia o corpo leve demais como se ela própria fosse um balão inflado em formato humano e houvessem cordas invisíveis guiando seus movimentos vacilantes, somado a tontura toda vez que abaixava a cabeça, achou que era hora de aposentar o copo vermelho e tentar voltar a si.
         de minuto em minuto, de música em música, ela foi recuperando a sobriedade, mas, estava longe de ser algo positivo. a leve tontura persistia, apesar de não sentir mais como se o solo fosse um grande vinil preso a uma vitrola. ela sentia um gosto amargo na boca e sede. muita sede. e lembra a leveza anterior ? de peso pena, ela foi para um peso morto. os pés doíam e a cabeça também ameaçava doer. distraída, contabilizando com ravena quantos copos de vinho se dispôs a beber, em nome de definir um limite para nunca mais se sentir como se estivesse prestes a ficar doente, ela demorou a notar que o ambiente foi oscilando para algo menos festivo.
         o som parou. todos pareceram olhar para o mesmo lugar, mas matilda só percebeu que havia algo de errado quando encontrou o olhar da filha de circe congelado naquela direção, com um certo assombro pairando. a cabeça virou rápido demais, o que trouxe uma vertigem imediata. mesmo assim, definitivamente, não era uma sensação pior do que encontrar a silhueta altiva de quíron. o olhar cortando todo o perímetro como se pudesse enxergar até as almas clandestinas que estivessem nas sombras das árvores. ninguém escaparia. ninguém deixaria de ouvir aquela voz rígida, que sem parecer fazer esforços, ressoou como a de um general corrigindo uma tropa incompetente.
matilda foi incapaz de olhá-lo de volta. sentiu que poderia colocar para fora todo o vinho que bebeu, caso enfrentasse o julgamento no olhar do centauro. para alguém tão confortável em seguir regras e não sair da linha, se enxergar numa situação como aquela era uma experiência nova ― e particularmente nada agradável. sim, a festa havia sido boa, mas, valia a pena agora ?
                  cedo demais para ressaca moral, rosenthal.
ela sentiu as mãos de ravena apertar seus ombros caídos e forçá-la a andar. foram juntas cuidar de coletar copos espalhados pelo chão. eu nunca mais participo de uma merda dessas, comentou, já mal humorada, sentindo a garganta doer com o nó formado. ela já não escutava mais os comentários de ravena ou os cochichos embriagados de alguns semideuses ao redor, tropeçando nos próprios pés enquanto tentavam desmontar a decoração. a única coisa que lhe tirou o foco do trabalho com a limpeza foi a pergunta jogada ao ar, seguida de um silêncio esquisito.
         o que quem estava fazendo ali ?
         os olhos subiram, seguindo mais uma vez a direção de onde os outros olhavam. num lapso de pensamento, imaginou que poderia ser o sr. d., mas não lhe custou muito para lembrar que não seria. então ele entrou em foco. ela reconheceu sem dificuldades o rosto inexpressivo d'o corredor ― foi como decidiu apelida-lo entre as visitas programadas na enfermaria, já que não sabia o nome dele. ele estava da mesma maneira que ela lembrava desde a última checagem. olhar distante, rosto pálido, camisa laranja do acampamento e nenhuma palavra ameaçando sair dos lábios cerrados. mas, além do fato dele ter saído da enfermaria sozinho, o que já era suficientemente estranho, alguém constatou algo que logo todo mundo passou a olhar com mais atenção.
         sangue.
         “ é ele . . . é ele o garoto que te falei, ” ela resmungou para ravena. durante a conversa de atualização sobre o acampamento, matilda havia mencionado a chegada do desconhecido e a comoção causada, mas, longe dela imaginar que ele protagonizaria outra. no impulso, contrária a todos ao redor, ela não recuou o passo. os pés tentaram guiá-la na direção do garoto que se mostrava preocupantemente sujo de sangue. era sangue dele? ele havia se machucado? ela não teve tempo de sequer chegar perto o suficiente, quando flagrou a boca do estranho se abrir e dali sair um grito forte.
         a comoção foi imediata. matilda ouviu os suspiros de assombro e percebeu os afastamentos. ela própria sentiu o corpo todo gelar e o coração acelerar, mas não recuou. os pulsos se batem, quando os braços se atravessam num "x", fazendo os fechos dos braceletes dourados se tocarem e acionar a transfiguração destes para duas adagas de lâminas longas moldadas por bronze celestial. a meio-sangue não tirou os olhos do garoto — e por isso viu quando a postura mudou, quando os lábios passaram a bater como nunca haviam feito desde a chegada súbita ao acampamento; quando os olhos dele se mostraram brancos, enquanto uma voz que não o pertencia lhe tirava do véu do anonimato para introduzi-lo a uma audiência atônita.
         petrus gravesend.
         marcado no alto da cabeça pelo símbolo esquelético de brilho macabro.
         hades. uma criança proibida. um filho dos três grandes.
         “ pet— ” a voz de matilda foi calada com o estrondo. de repente, foi como se o mundo estivesse rugindo. o chão treme e, mesmo percebendo a fissura no solo crescer e crescer, ela ficou paralisada, sem compreender o que estava acontecendo. estava presa, olhando para petrus. como aquilo era possível dentro do acampamento? aquele lugar costumava ser o lugar mais seguro de todos, então, como aquilo era possível?
         a atribulação se generalizou em questão de segundos. o chão se abriu e a filha de apolo notou que podia cair naquela rachadura crescente, mas, tudo o que ela fazia era olhar para petrus; para os galhos de árvore que desmoronaram junto com os troncos tombando. ela ouvia os gritos vindo de todos os lugares, mas na medida que o chão abria, abafava todos eles. o corpo vacilou e ela imaginou que seria engolida para baixo, até sentir um baque brusco lhe interceptar pela cintura e ela ser engolida para a escuridão.
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