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quem sabe, um dia

Vidas mais fáceis, pessoas mais dóceis, lugares mais agradáveis. O conforto está sempre na rotina, no dia a dia que se iguala das maneiras mais diferentes possíveis. Nas mesmas pessoas, nos mesmos conflitos e dilemas, nos mesmos ambientes. Porque não conseguimos dar valor àquilo que está diante de nós? Porque é que a perda precisa vir junto a saudade e o olhar adiante, atrelado de medo? São tantos os momentos da vida. São tantas as pessoas que nos fazem sentir bem. Mas esses vem sempre junto da negligência. O valor, nós só colocamos anos depois, quando a nostalgia bate e aquela palavra intraduzível, que nem nela mesma cabe, vem sempre à cabeça: saudade. Um sentimento(?), um desejo, uma necessidade. Depois que a mudança constante da vida vem, percebemos o valor que tudo aquilo teve. Quando a saudade bate, como a onda gelada no primeiro contato ao mar, levamos um choque. Percebemos que a rotina, tão estressante, foi ignorada. Percebemos que aqueles conflitos bobos, as brigas desnecessárias, as roupas deploráveis e o estilo infinito fazem falta. Todo ciclo de vida vem junto do descaso. Tudo poderia ser melhor. A cobiça se faz presente: podia estar na praia, podia estar nas montanhas, junto à neve, pulando de boogie jump, podia estar nas minhas fraldas. Há saudades. De tempos mais fáceis, de pessoas mais dóceis, lugares mais agradáveis. Um momento, um amor, um sonho, uma risada, um choro. Nossos acertos, nossos erros, nossas vidas. A mudança é constante e inevitável, e o descaso com momentos tão simples chega à ser absurdo. Composta de momentos simples, a vida se faz rápida, passageira e ignorável, mas no montante da vida, eles parecem infinitos, inesquecíveis e repletos de saudades. Tenho saudades. De dias melhores, de pessoas mais agradáveis, lugares mais dóceis, de uma rotina confortável. Quem sabe um dia não os terei de volta?

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Primeiro DIa

Primeiro dia

Amanhã eu vou começar o primeiro dia das minhas faculdades. Eu usei o plural porque vou começar uma faculdade de comunicação no período matutino e uma de história durante o período noturno.

E como toda nova fase de vida, eu me encontro com insônia em cima da cama, com aquela pontinha de inspiração e aquele frio na barriga.

Me pego tentando lembrar de como foram meus "primeiros dias” anteriores. Como eu me senti no domingo antes do primeiro dia do colegial? Da mesma forma? Imagino que não afinal, pelo menos metade de meus amigos estaria lá pela manhã. Mesmo que em um ambiente novo, com coisas novas e novas experiências, os meus colegas de sempre estariam do meu lado.

Não dessa vez. Agora, mesmo que alguns conhecidos tenham vindo pra metrópole comigo, e a incrível feramente que é a internet me possibilitou a comunicação com veteranos de minhas faculdades, me sinto mal.

Nada do que antes era conhecido por mim está aqui agora, os meus pais, meus amigos, almoços em família, caronas pra escola, nem mesmo o relógio é mais meu amigo.

Agora eu sou responsável por muito mais coisas. O dinheiro que tenho tem que ser suficiente até a próxima semana, os gastos devem ser limitados. Agora me preocupo em beber demais e não conseguir chegar em casa inteiro. Me preocupo com o primeiro dia, e o tão temido trote. Me pergunto o porquê dessa tradição. Passo a mão no cabelo pois essa pode ser a última vez dos próximos messes que ele estará aqui.

E se eu pular o primeiro dia? Mas dizem que é pior pra quem chega intacto nas semanas seguintes. Talvez eu possa raspar meu próprio cabelo. Porém a covardia me aflige.

Quanto a faculdade matutina, não me sinto tão preocupado, três de meus amigos vão pra lá. Mesmo que não sejam três de meus amigos mais queridos, são amigos mesmo assim. A veterana de meu curso é minha prima, e já conheço seu círculo de amigos. E a faculdade não permite o trote comum. Me sinto melhor para ir lá pela manhã. Uma área boa de São Paulo.

Já minha faculdade noturna me afronta. Não conheço ninguém de meu curso, nem o campus. Sei que os trotes costumam ser pesados, e o bairro não é dos melhores. Ainda assim é o curso que estou mais empolgado em começar e conheço pessoas que estudam por lá. Mas essas nem colegas eu posso chamar.

Acho que tudo que posso fazer agora é tomar um copo de coragem e sono e dormir.

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Isaac Asimov, I, Robot

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Suppose you wanted to be a writer and felt it in every part of your body but it just wouldn’t come.

Ernest Hemingway, A Moveable Feast (via afraidofvirginiawoolf)

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Alan

Alan woke up with his alarm clock at 6:00 am that morning, for yet another day at work. He brushed his teeth, put on his work clothes and went to the kitchen. He then got a toast from his plate, kissed his wife goodbye and stormed off too early to his job in order not to get in too much traffic.

Once there he did his obligations and received some more. He ate lunch with John, his colleague from work. they mainly talked about their work. After lunch, Alan returned to his desk in order to fulfill his new obligations. At 6:00 pm he turned off his computer and went to fetch his car in a hurry, for he didn't want to be stuck in traffic.

At 7:00 pm he got home safe and sound to his wife and daughter. They shared a cold meal while he watched the game and his wife gossiped about the neighbors. Their daughter gave the vegetables to the dog. While his wife cleaned the dishes he put their daughter to sleep and took a shower. At 10:30 he back was in bed.

Alan repeats this cycle every day. Except on sundays. That day is reserved for a cold beer in the porch. Are you Alan?

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Sonder [2:39] from John Koenig’s The Dictionary of Obscure Sorrows

sonder - n. the realization that each random passerby is living a life as vivid and complex as your own…

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