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Medicamentos
Pra primeira proposta, livre: Como os medicamentos tem sido apresentados pra nós, e quais percepções eles nos provocam: bem, não são lá as mais sadias, ironicamente.
Comecei a usar medicamentos pra fins psiquiátricos há 3 meses, e mesmo entendendo a importância deles como paliativos, não me isenta de cair no buraco de esteriótipos: Insanidade, decadência, dependência e essas coisas todas. No auge dos 19 anos pros 20, tão nova de existência mas tão velha de neurônios pelo visto. E a proposta é essa mesmo, o que as pessoas sentem, percebem e instigam sobre eles; sintetizei em algumas imagens, acompanhada da paleta criada exclusivamente pra representá-los (presente em todos os diários) e com a música que se encaixa perfeitamente no tema (também presente em todas as pranchas, e recomendo fortemente que as ouça), e ainda de quebra descreve sonoramente como me sinto, fazendo parte dessa estatística.
Importante frisar como temos que desconstruir esse estigma, como ocorreu na repercussão digna de protesto, do desfile de primavera-verão de 2020 da Gucci, de onde essa foto intrigante saiu (essa descoberta veio nas pesquisas pra essa prancha!) recomendo a leitura a respeito.
A pintura é a Two dissected heads do Jacques-Fabien Gautier d'Agoty, 1748, e creio que ela fale por si só.
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Homemade.
A segunda proposta, como pra captar uma “tendência” e algo que tem estado presente nesses tempos pandêmicos, foi o caseiro.
Estar em casa implica em algumas tarefas que negligenciamos (uma parte mais atarefada da população a faz) como cozinhar ou pedir comida. Focando na parte de cozinhar em nossas casitas, ainda dá pra co-relacionar com o fato de a maior parte das pessoas que optaram por as pedir, prioriza as caseiras, como marmitas e etc.
Essa atenção calma no que comemos, tem trazido uma valorização do rústico, da fazenda, da madeira e do verde. É notável nas novas diretrizes da “industria eco-friendly”, dos produtos vendidos como mais naturais, feitos “quase artesanalmente”. Com fontes manuscritas, estilizadas, muita representação de plantas e princípios mais éticos (um pouco paradoxal vindo justamente das maiores responsáveis pelo desmatamento e não tão distante colapso ambiental. É, bem-vindos aos tempos modernos).
Mas o fenômeno mais intrigante, talvez seja o legado que o Masterchef deixou, e que foi ainda mais difundido nesse momento de reclusão, o que fica claro com o grupo do Facebook com mais de 60 mil integrantes, onde o objetivo é: postar fotos dos seus feitos culinários, com a legenda escrita á moda Jacquin (chef jurado do programa) e eis o nome descritivo “Grupo onde fingimos ser o Jacquin” e no print da prancha, é a minha aventura em fazer (ou tentar e falhar miseravelmente) um Tarte de Nêsperas!
Os ícones da comidinha caseira brasileira é o arroz e o feijão, e a guarnição, como boa vegetariana que sou, muitos vegetais coloridos (olha o vinagrete aí).
A indústria enxerga nossa pretensão em se aproximar das nossas “origens” e do artesanal, exclusivo e amigável, da cozinha por esporte, e condiciona as propagandas muito bem nesse caminho.
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Mariposa - Presságio
Pra proposta de questões simbólicas, escolhi a protagonista dos meus pesadelos acordada: A mariposa.
Há a história antiga, de que as mariposas são mensageiras de mau presságio, morte e enfim, só coisa boa.
E até pode ser isso mesmo, afinal, é um animal noturno meio bizonho e as vezes enorme vindo te dar um “olá” no meio da noite. Mas a minha ligação com elas é quase mística, sempre tive um certo pavor, e elas sempre precederam momentos decisivos (e geralmente dolorosos) da minha vida, como um aviso pra segurar firme, porque os ventos iam mudar. E talvez seja mesmo a morte, mas não a literal, a da carne e osso, mas a do momento, da fase que estou enfrentando.
Já pro lado mais místico ainda da coisa, há quem diga que são um bom sinal, afinal, elas só estão confusas tentando achar a lua, que confundiram com outra fonte de luz. E essa fonte de luz pode ser você, essa áurea luminosa e acolhedora.
De toda forma, ela tem um “Q” sinistro e misterioso, envolto de transmutação, presságios, morte, iluminação e escuridão.
A imagem da menina mariposa, é do album All My Demons da Aurora, e vale muito a pena gastar umas horinhas ouvindo, minha favorita é Conqueror.
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Velhice
Pra última e não menos importante proposta, pra fugirmos do nosso campo de conforto, escolhi a velhice, e não representado como as pessoas representam ela, mas como quero representar, quem sabe a minha.
É engraçado e assustador pensar no fim da vida, quando mal se está começando ela. Bota sair da zona de conforto nisso. Mas depois do falecimento da minha bisavó, inclusive recente, que nos deixou em seus 103 anos de vida, muito bem vividos aparentemente (ela aprontava demais, ainda bem que comigo sempre foi um doce), isso tem estado presente. A gente tem essa dificuldade de se imaginar idoso, enrugadinho e com dificuldade pra subir uma escada, e é muito compreensível: os idosos não são protagonistas, se não de programas culinários ou afins (não me entendam mal, a Palmirinha é e sempre será minha musa culinária). Nas novelas são passivos e frágeis, e é isso. Esse é nosso repertório sobre como será esse momento da vida. Se tiver dinheiro, viagens e cachorros pequenos numa bolsa ridiculamente cara, ou se não tiver, numa casa de repouso, esquecido pelo tempo e pela família sem tempo pra vovó gaga.
Mas de verdade? Espero ter bebido vinhos os suficiente pra ter boas histórias pra contar, ter aprendido a andar de skate sem nenhum acidente fatal (afinal, a ideia é chegar na velhice, não é mesmo), ter lido todas as histórias incríveis que a literatura nos presenteou, escrever as histórias esquisitas que invento nas insonias da vida, aprender a não matar lavandas (Deus tenha piedade, eu já tô na segunda que não sobrevive a mim) e ter muitas plantinhas, porque é a única coisa que tem gastado meus cuidados e me feito sorrir de orgulho, e claro, ter conseguido dominar o mundo (as questões anteriores ficam ridiculamente fáceis se essa tiver êxito).
A gente vem das poeirinhas do universo, e volta pra elas. É o que faz a vida bonita e preciosa, ela não acaba ou começa (filosoficamente falando) ela tá aí, a todo momento e em todo o lugar, acontecendo ciclicamente, tirando e dando, no tempo que achar necessário.
Confesso que tem sido desafiador manter a sanidade pra fazer qualquer coisa (pra muita gente imagino), mas esse trabalho me fez refletir sobre muitos aspectos preciosos ao meu redor, e sou muito grata por isso. Obrigada professora Luana, está mudando a vida de muita gente e nem deve se dar conta disso.
Espero que goste do humor, das piadinhas e das pranchas, as fiz com carinho :)
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