bocadeluar
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boca de luar
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bocadeluar · 3 years ago
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Eu não escrevi esses dias pois estava vivendo esse sentimento maluco que resolveu se fixar no meu peito, hoje as coisas parecem mais calmas, mais frias talvez. Eu tento discernir o que são coisas da minha cabeça e o que é real e tangível. Ontem eu te contei sobre aspectos da minha vida que eu tenho vergonha e que ainda me culpo, mas conto com você, pois sei que você não me culpa ou me julga pela minha história. Nada é tão nosso quanto nossas dores, nossa história… Tudo é nosso. Hoje eu pensei muito em como quero que você seja meu homem e sabe, você disse, “o teu homem” e sim, você é meu homem da minha vida. Eu não sei porque esse acidente aconteceu com você, meu bem. Eu queria ter respostas certas, queria conseguir vislumbrar nosso futuro, saber o passado, saber o futuro. Queria visualizar como estaremos e se estaremos juntos. Eu quero você. Tenho medo de dizer em voz alta, mas te quero tanto que machuca, eu sinto essa dor fisicamente. Às vezes me enjoa, eu me sinto em um barco à deriva, estou mareada pela instabilidade que é um dia ter tudo de você e em outro não ter quase nada. Estou aprendendo a lidar, mas uma coisa eu tenho certeza: chegará o dia de você me amar intensamente e insanamente. Eu sinto que isso vai acontecer, você me amará até a dor e mesmo doendo, não vai parar. Você irá me amar, talvez mais ainda do que eu te amo. 
E é a primeira vez que eu confesso isso a mim mesma, tentei colocar em várias… metáforas, como “amar não é sobre estar é sobre ser e contigo eu sou”, EU AMO VOCÊ. E dói para um caralho, porque isso parece uma grande loucura, daquelas que não podemos simplesmente sair contando para todo mundo, muito menos para você. Um dia te direi ao pé do ouvido “eu te amo”, sussurrado, baixinho, como um segredo a ser guardado. Mas não é segredo, não é segredo para quem olha em meus olhos. Estou transpirando amor. E te dou na medida do possível, porque eu ainda me controlo um pouco e você sabe… não quero te perder pelo susto. Nem quero me perder e ficar sozinha novamente. Você me preenche e me transborda. 
Agora não parece apenas diferente, é diferente. Parece que eu corri por muito tempo e agora que te encontrei, voltei ao ponto de partida. Não foi uma viagem perdida.
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bocadeluar · 3 years ago
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“Se você se perder, pegue na minha mão”. E então entendi que você não estava ali. Pense sobre isso: a escuridão e o profundo… um grande suspiro antes do precipício. Eu não preciso mais de um Norte, afinal, tudo está fora de contexto. O que eu ainda me choco é em como você se parece com o Franco e em como eu fiquei quebrada quando te perdi, ou você se perdeu em um bote no meio do mar? “Não é possível navegar de volta”.
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bocadeluar · 3 years ago
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Achei que passaria mal até colocar tudo o que tinha comido ao longo do dia para fora. Ouvir aquela voz era mais do que eu conseguiria aguentar, lembrar de todos os momentos era infinitamente tudo o que eu não aguentaria. E mesmo assim, mesmo meu corpo recusando e enojando-se de tudo o que passou, eu continuava a lembrar de tudo como um looping infinito. Não sei onde errei, onde perdi a mão… o que eu sei foi o momento que comecei a perder a cabeça: desde o momento que conheci ele, com aqueles malditos olhos castanhos-claro. O meu maior erro foi ter começado a conversar com você, ter falado que eu te achava bonito, foi ter me entregado de corpo e alma para você. Cara, sinceramente, tudo começou a dar extremamente errado desde aí. Sabe, uma vez me disseram que todo mundo tem um divisor de águas e você foi o meu - um puta azar. Eu dei tudo de mim, tudo o que eu tinha naquele momento e perdi tudo, tudo aquilo que tinha. Nada valeu a pena, sabe? Nada, absolutamente nada valeu a pena nos meus últimos 2 anos de vida. Eu me arrependo amargamente de ter te conhecido e ter de dado o maior bem que eu tinha: o meu amor. Eu já estaria morta nesse momento se esse arrependimento pudesse me matar e, pior que matar, ele dilacera e faz com que a vergonha, medo e desconfiança sejam enormes. Eu não ouvi ninguém, quando devia ter ouvido.
Anjo, agora eu sei que você chamava qualquer pessoa assim. Amor, você dizer que me amava não significou nada. Anjo, você me contaminou com as piores coisas e sei que hoje você nem deve se lembrar do meu nome.
Você é a primeira pessoa de muitas que eu passei a odiar na minha vida.
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bocadeluar · 3 years ago
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bocadeluar · 3 years ago
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Você não soube lidar com meu caos,
Definitivamente.
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bocadeluar · 3 years ago
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Precisamos festejar como se fosse 1949, vivermos tudo antes de dizer adeus.
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bocadeluar · 3 years ago
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Era mais simples ser eu, doutor. Não sentia tantas dores e minha alma agora quer sair da carne. Sabe, seria mais fácil se eu fosse eu mesma de cinco anos, sem traumas no peito e sem vícios que levam à morte.
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bocadeluar · 3 years ago
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tell me where your freedom lies
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bocadeluar · 3 years ago
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bocadeluar · 3 years ago
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Querida,
ninguém vai nos machucar neste lugar.
Sentimos que o amor liga os verbos.
Sentimos cada pedacinho das almas iradas um do outro.
Segure minha mão,
sinta meus dedos
Acariciar seus lábios,
então eu serei seu.
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bocadeluar · 3 years ago
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Vintage Fashion 🌷Vikki Dougan 1952 modeling nightgown - photographer Nina Leen
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bocadeluar · 3 years ago
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we found love where no one hurting would find it. We were badly injured, like dew husks on trees, and we were pretending to orgasm.
We had no problems with that.
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bocadeluar · 3 years ago
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Beijo à beira-mar. Seus braços entorno de mim, como tornados passageiros que deixam destruição na costa. Seus lábios rachados lubrificados agora pelos meus fluídos, meu sabor eloquente valsando nos seus dentes. Não há farol no mar, não onde nossos olhos chegam a enxergar. Talvez estejam há 100 léguas e nunca chegaríamos lá devido à nauseante maresia que corrói nossos ossos. Não importa, nada ali importava tanto quanto todas as pessoas que passavam e olhavam: você só um pouco mais alto que eu, curvando as costas na minha direção, como todo homem deve fazer com sua madame. “Mádâm” você disse no seu sotaque francês terrivelmente bom, aos pés do precipício dos meus lóbulos. Entendi ali na beira-mar que éramos fadados ao amor - e ao fracasso.
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bocadeluar · 3 years ago
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não pedi que ficasse e nem que fosse, não aconteceu coisa alguma ou nenhuma.
apague-me da sua memória.
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bocadeluar · 3 years ago
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Encontrei um mapa em suas pintas espalhadas pelo corpo - não levaram ao seu coração.
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bocadeluar · 3 years ago
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Tempo é pouco para os corações partidos.
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bocadeluar · 3 years ago
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Tempos suspensos
Capítulo 1:
Não sei o quanto isso deveria ser bom ou dar certo, mas a primeira coisa interessante a ser contada é que: histórias sempre são escritas na fonte Times New Roman, pelo menos as boas histórias. Não, por favor, não corrija-me pois escrevi "história" e não "estória", você ainda se lembra da aula de português onde aquele professor eloquente e chateado com o mundo, tão sozinho quanto você mesmo, explicou a diferença entre os dois vocábulos? Eu nunca aceitei, pois sou parte da história do mundo e porquê o que eu escrevo aqui seria apenas uma "estorieta"? Não é. Eu e você fazemos parte do tempo e do espaço, desse mundo e da linha do tempo e do destino que nos aproximou e depois separou. Parece somente um sonho ruim e eu demorei muito, muito tempo para absorver nas minhas entranhas que é real, que você hoje deve estar velho, deve estar com seus hábitos mais péssimos que antes e que sim, tudo foi um adeus e que não, você não pensa em mim a quantidade de horas por dia que eu me lembro da nossa história. Seus olhos devem estar mais pálidos agora, seu cabelo ainda é tão bagunçado em ondas pretas? Não, ninguém pode me responder mais isso e antes, deixem-me esclarecer: vivo um luto de uma pessoa viva, ele respira, levanta de manhã e chacoalha os pés para fora do cobertor, ele ainda toma café da manhã naquela mesa de madeira que range pois um pé está mais desgastado que o outro, provavelmente. Eu sei que ele está vivo pois meu coração ainda bate aqui dentro de mim e a cada batida minha, o dele bate junto e é por isso que eu sei, é por isso que eu sei de tantas coisas.
Era uma noite de inverno, daquelas que seus lábios ficam vermelhos assim como as bochechas e os nós dos dedos chegam a doer se alguém não está segurando suas mãos e naquela noite ninguém segurava as minhas. Eu senti de te enviar uma mensagem de texto, segurei o telefone gelado contra a testa por diversas vezes antes de sair do sofá e buscar uma taça de vinho na cozinha, eu precisava naquele momento criar uma coragem sobre humana, eu tinha tanto medo e hoje eu entendo que era o medo de rejeição, esse sentimento me traumatizou e ainda sinto ele reverberar pelo corpo e mente quando me encontro em uma situação conflitante com qualquer pessoa. O vinho me deu coragem, eu sempre fui muito mais corajosa bêbada que sóbria e esse era um dos tantos defeitos que eu tinha e tenho. Desbloqueei a minha tela do celular com a senha mais ridícula que havia no mundo, 8535, um pequeno mnemônico entre o final do seu telefone e o meu, o qual ainda utilizo até hoje. Meus dedos voaram sobre as letrinhas pequenas "Olá, Jake, eu espero que esteja tudo bem com você, eu não quero incomodar mas assim que ver essa mensagem, por favor, fale comigo. Precisamos conversar, finalmente". Aquela seta piscou sobre meus olhos, demorou cerca de 10 intensos e longos segundos para que meu dedo deslizasse ali e enviasse a fatídica mensagem, mensagem esta que mudaria mais uma vez e de novo e de novo todo o rumo da nossa história. Por vezes, não percebemos como uma única ação pode mudar toda a linha do tempo de alguém. Eu sempre tive isso na minha cabeça como fato, mas Jake, ao contrário de mim, não acreditava nisso. Óbvio que não, e isso era um dos grandes motivos para que sua vida tenha tomado as consequências mais inimagináveis por mim naquela época. Jake, se você soubesse que uma pequena ação, aquela de me responder à mensagem, faria que fosse o fim, você ainda faria da mesma forma e escreveria tudo aquilo de novo?
O som de "glup" do celular ecoou pela sala iluminada pela televisão com o som mutado. O tempo estava suspenso, eu sabia que estava. Uma só notificação após pelo menos 10 minutos, onde eu apenas estaquei no sofá, sem mudar de posição, sem mover um músculo até que aquele barulhinho atingiu meus tímpanos e houve a sinapse no meu cérebro. Poderia ser uma mensagem automática da operadora, afinal Jake dificilmente respondia com velocidade, seu celular constantemente ficava em modo não perturbe, o que evidentemente combinava muito com a sua personalidade. Glup, de novo, como uma música no repeat, glup, glup, glup.
"Olá."
"Sim, finalmente."
"Estava escutando nossa música no momento que sua mensagem chegou, acredite se quiser e estava no aleatório, caso pense que estou inventando ou que eu estava ouvindo essa música de propósito".
"Não sei porque eu disse isso."
"Estou na cidade, a propósito. Sei que disso você gostaria de saber."
Li aquilo em um loop eterno antes de conseguir processar qualquer tipo de resposta sem que o meu coração saísse pela boca e se esparramasse no tapete. Jake, você sempre pareceu uma espécie de maníaco escrevendo e falando tão bem, tão calmamente de forma que eu podia sentir no ar a vibração das suas cordas vocais. A nossa música era uma música do Glenn Miller, In The Mood. Nunca soubemos dançar mas eu e o Jake nos esforçamos para aprender o início da dança dos anos 50, sem sapatos de sapatear, sem vestidos rodados, no entanto tínhamos a graça de dançarinos de verdade. Éramos apaixonados e isso fazia tudo dar certo e ficar bonito a qualquer olhar externo. Não imagino ninguém depois de 2015 dançando In The Mood e foi isso que fez com que nós chegássemos à conclusão de que aquela seria a nossa música. Não fazíamos absolutamente nada de igual aos casais que conhecíamos, embora eu veja hoje que não era nada disso. A gente só gostava de plena exclusividade, além disso somos, eu pelo menos continuo sendo uma alma nostálgica por tempos e situações que nunca vivi. A cidade era a nossa cidade, onde nos conhecemos e convivemos. Ele tinha ido embora dali, por isso o termo estranho, a cidade voltava a respirar o novo ar de Jake, sempre que ele retornava as coisas mudavam, nem sempre para melhor, mas mudavam e muito. Ele sempre teve esse poder. Eu pensei que ele estaria tão perto quanto uma esquina, cinco minutos que nos separavam. Ainda estava sendo movida pela coragem liquida, logo apressei os dedos a digitarem sem errarem muitas letras.
"A cidade não é a mesma sem sua presença. Nem qualquer outra dança. Jake, venha até aqui por favor, vamos fazer isso direito e como deve ser".
O destino inteiro estava rindo de nós. O destino de cada vida naquele prédio estava rindo de nós. A cidade ria de nós. Nunca ouvimos tais gargalhadas.
Deveria ter passado cerca de uma hora e nada de nenhuma mão fechada batendo na minha porta, eu pensei que nunca mais veria o Jake e que aquilo realmente seria do feitio dele, dizer alguns paradoxos e sumir. Ele sempre me dizia o quanto se importava com o que eu sentia e como eu me sentia e por isso refletia alguns segundos antes de me responder até sobre o sabor de miojo que queria jantar, na realidade o Jake maquinava cada coisa em sua cabeça antes de externalizar e isso ficou tão claro no futuro, mas naquela época eu realmente acreditava que ele não seria capaz de me machucar a ponto que eu morresse, por exemplo. O que foi um engano, só para atentá-los. Mas esse Jake era do passado, o que difere muito do Jake do futuro. Eu ainda estava sentada colocando toda a força do meu corpo sobre as plantas dos pés apoiados na almofada quando finalmente ouvi as batidas fracas na porta, eu tinha campainha, mas ele nunca fazia o óbvio ser tão óbvio assim. Quando eu me levantei, senti minhas pernas falharem, eu tinha severas dificuldades com a minha ansiedade e isso se refletia no meu andar: as costas pendiam para a frente, o rosto retornava ao chão, as pernas tremelicavam e eu constantemente perdia o equilíbrio, o que aconteceu quando eu abri a porta, minha mão levemente suada escorregou da maçaneta e meu cerébro provavelmente entendeu que eu realmente causaria uma belíssima impressão se desse um passo em falso para a frente e quase estabacasse meu rosto no corpo do homem, o que não ocorreu por uns três centímetros no máximo.
- Meu Deus, está tudo bem por aqui? - Ele tinha dito segurando meu cotovelo e depois subindo para o meu braço para me dar maior apoio. Finalmente minhas pernas tinham parado no lugar e eu pude recobrar a consciência da merda de reencontro que era aquele.
- Diga-me você, Jake. - Não gostaria de ter rebatido daquela forma, sei que foi chato e lembro que ele suspirou, abriu a boca e depois fechou, como um peixinho dourado em um áquario.
- Digamos que você ainda cai das pernas, nada mudou, não é? - Eu não acreditava que ele ainda estava parado no parapeito do meu apartamento, de sapatos ridiculamente sociais demais e com uma camisa - pasmem - listrada, sério mesmo que ele estava usando listras? A calça não preciso entrar em detalhes e de qualquer forma não era tão ruim assim. Minha risada interna tinha explodido na época, "caindo das pernas" era a expressão que ele me dava para a bambura péssima que eu tinha. Fingi a normalidade de encontrar um ex namorado em casa, se é que isso um dia existiu e se é que um dia fomos namorados.
Entramos em casa, finalmente a linha da soleira da porta havia sido transposta, agora faltava transpor o rubor, o desejo, a saudade e os artifícios. Jake me olhou com seus velhos olhos e sempre seria a mesma sensação - começava no peito e se espalhava até os pelos. Eu me arrepiava por inteiro quando aqueles olhos acinzentados me fitavam, não tinha escapatória quando se tratava de Jake: ele sempre soube que olhar para mim de verdade era a sua vantagem e a sua porta aberta para qualquer caminho comigo. Só Jake me olhou daquele jeito, como se desvendasse cada respiração minha, como se soubesse exatamente meus pensamentos e o quanto eu queria tê-lo nos meus braços, como eu tinha sofrido tanto na vida, ele sabia que eu estava nervosa, ele sabia que eu queria chorar, ele sabia que eu precisava dele e necessitava dele e só dele junto à mim. Foi então ele deu um único passo para alcançar meu corpo e abarcar meus braços, instantaneamente eu me juntei ao seu corpo alto, eu sentia seus músculos tremerem, sentia sua respiração ofegante contra o meu pescoço e sua barba roçando de leve a lateral das minhas bochechas. Jake ofegava e soltava o ar como se o tivesse prendido durante todo o caminho até o meu apartamento. Isso aconteceu em questão de mínimos dois minutos, mas observando agora para trás, pareceu durar uma eternidade. Jake, lembra-se que anos depois desses fatos, conversamos e você confessou que se pudesse voltar para qualquer momento entre nós, voltaria especificamente nos abraços? Não era no sexo, na comida, na dança, na diversão, era no abraço. Eu nunca te disse isso, mas em algum lugar no universo ainda estamos dentro dos braços um do outro.
O contato físico com o Jake aquele dia fez com que algumas estrelas se alinhassem no céu, fez com que borboletas no sul batessem mais rapidamente e fortemente as asas. Era o início do fim, eu pensei secretamente, mas o que ele proferiu quando afastou a cadeira para que eu me sentasse à mesa me deu a certeza que o fim já estava começando há tempos.
- A Lara está desaparecida, por isso eu estou de volta à cidade. Você sabia disso? - Ele me olhou, pausou na minha boca e subiu novamente o olhar. Não soube decifrar se ele gostava do quanto minha boca estava vermelha e corroída pelos meus próprios dentes enquanto dizia que sua primeira namorada e a qual ele fugiu alguns meses atrás, tinha fugido ou sei lá o que. Eu realmente não sabia, pois não sabia do Jake desde o dia que ele tinha partido, por céus, como eu saberia que ela estava desaparecida?
- Ah, não zoa comigo Jake. Já passamos dessa fase. - Havia dado uma risadinha e sorrido amarelo, mas a feição dele se transformou, a boca ficou apenas uma linha muitíssimo reta. Depois essa linha se curvou -45º.
- Ah, então você acha que eu brincaria com você? Ela desapareceu faz três dias, eu soube hoje. Não tinha tido contato com ela há três meses.
- Você está aqui por conta dela, Jake, não está? Não é por mim, você quer saber da Lara, se eu... que merda, Jake! Você por acaso ficou louco? - Eu definitivamente me exaltei, ainda não sei definir porque meu espírito ficou tão abalado ali. Era insuportável ter todas as malditas expressões de Jake na minha frente enquanto eu me descontrolava e enquanto ele se chateava. Eu sempre tentei me controlar na frente dele, ele não sabia que eu tinha um lado explosivo. Eu não sabia também das suas explosões de raiva, então ficamos quites com o tempo.
- Não, eu vim por você. Mas, não pense que é exclusivamente por nós. Como você estaria se eu tivesse sumido no mundo?
- Como exatamente você acha que eu fiquei quando você foi embora com ela, sem deixar nenhum aviso, recado, nada? Jake, eu sinto muito que ela esteja desaparecida, mas talvez, só talvez ela tenha feito a mesma coisa que ela te fez fazer aquela época. Talvez ela tenha fugido com outro cara e destruído o outro lado da história. - Eu lembro de proferir todas as palavras como um grito, enquanto levantava da mesa e andava de um lado para o outro na sala de estar. Bati o dedo do pé no hack da televisão, mas a dor não atingiu ali, outras partes de mim doíam mais. Eu não queria ter dito com tanta insensibilidade, eu não sabia o estado real do Jake, ele era forte mas até os fortes tem limites graves.
- Deixe para lá... foi um grande erro ter vindo aqui, de qualquer forma. Eu ficarei mais alguns dias na cidade, estou naquele hotel estranho do centro sabe? Aquele que você tinha medo de passar pela frente e os toldos das janelas despencarem em nossas cabeças... não importa. Estou de saída, qualquer coisa que souber, pode me ligar? - Tive coragem de olhá-lo, sentado de forma tensa e segurando os próprios braços. Ele tinha se lembrado do hotel, do meu medo e como eu era boba. Eu estava sendo muito boba ali também.
- Jake, eu só estou com raiva reprimida de você, sabe, eu sempre me controlei perto de você com medo que você visse o qual horrível e má eu posso ser. Eu não sei ser legal quando estou machucada e você deveria entender. - Ele jogou as mãos para sua frente, como se protegesse de mim. Um pequeno sorriso triste se formou em seus lábios, ele pressionou os olhos e balançou a cabeça. Eu pude ver seu pomo de adão subindo e descendo.
- Tudo bem, podemos ter a nossa conversa depois, sem problemas. E você sempre foi ótima comigo, Alissa. E saiba que eu te conheço, não meça nada por mim.
Havia uma certa tristeza em seu tom, eu senti pelo modo que suas palavras se depositaram em meu peito como um soco vindo de suas mãos. Então ele só se levantou e ao invés de vir ao meu encontro como eu imaginei, remexeu no bolso da calça até puxar um pequeno papel, o qual depositou em minhas mãos. Ele deu um beijo no topo da minha cabeça, como sempre fazia após chegar em casa, depois de ter visto o jogo de futebol ou transado comigo. O beijo não foi seguido de corpos colados, mas de uma batida leve de porta atrás de si mesmo. Ele tinha partido novamente, novamente, novamente. Ele sempre partia. O maior defeito do Jake até que eu descobrisse outros mil: esse homem sempre partia.
Quando abri o papel, me deparei com o rosto de Lara envolto de flores, como um pequeno escapulário impresso em papel. Letras cursivas diziam "Em memória de Lara B.: filha amada e cidadã dedicada". Meu estômago revirou todas as besteiras que tinha comido naquele dia, senti o gosto amargo da bile ácida subindo pela garganta e descendo como veneno novamente para o estômago. Nada daquilo fazia algum sentido, Lara desaparecida, Lara morta, Lara morta, Lara desaparecida. Três dias, um corpo, um velório no outro dia às 15h, o enterro às 18h pois era a hora dos anjos. Jake, três meses sem notícias. Eu, seis meses sem notícias. Um lapso de tempo onde uma mulher morreu, onde ele voltou e partiu, onde eu fiquei no mesmo lugar. Aquele não era o início, mas o fim. Rota final, rua sem saída. Eu pensei que aquele papel fosse um convite, no final das contas. Um convite para o evento fúnebre de adeus.
Jake, hoje eu entendo que você me deu seu primeiro recado do que viria acontecer ao longo dos últimos anos e isso me deu medo naquele momento, hoje eu percebo como eu deveria ter sentido muito mais.
Notas:
Amigos, quem chegou até aqui merece um beijão meu! rs. Brincadeiras à parte, se houver erros gramaticais por favor, me notifiquem que eu ajeito, alguns erros passam batido mesmo.
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