Tumgik
bounarroti · 3 years
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“Não por minha culpa!” estava com raiva e mágoa. Sua palavra não valia, e por isso em um impulso conjurou um frasco vazio. Com a ponta da varinha puxou suas memórias, depositando o sentimento ao beijá-lo a primeira vez, as lembranças dos poucos fragmentos que tinha lido sobre os ancestrais, o momento em que deu o medalhão como uma forma de selar um compromisso, e aquela sexta-feira que o esperou para jantar. “Estou cansado de me pintar como um vilão. Veja isso quando puder” afirmou deixando o frasco em cima da cama e com um suspiro frustado se levantou abrindo a tampa do pote marrom. “Beba em um gole só”, pediu com a voz em um misto de ternura e… certo desespero? Havia o desejo de cuidar dele, de estar ao seu lado, mas na impossibilidade também havia o desejo que ele fosse embora logo, que o esparadrapo que pressionava a ferida fosse puxado de uma vez só. “Você precisa melhorar” o loiro se inclinou para olhá-lo nos olhos, tentando o convencer que o banho ajudaria, mas capturou o quanto ele não estava em condições de se mover. “Céus…” as palavras saíram ao vento, por um minuto se perguntou porque algo sempre tendia a atraí-los mesmo em situações como aquela. Contragosto, Matteo se inclinou abraçando a cintura dele para obriga-lo a se levantar. A toalha foi jogada em cima de seu ombro e com a mão livre segurou o outro braço dele, dando mais firmeza para que andasse até o banheiro.
Por sorte, Giovanni já não tinha tanto medo de Da Vinci como foi no dia que o confrontou após sair do hospital. No fundo, sabia que o bruxo não lhe faria algum mal de novo, não de maneira consciente. Então não se encolheu com a voz mais elevada do outro, apenas encolhendo seus ombros. "Pode não ter sido sua culpa, mas você quem me deu o medalhão." mesmo sem saber o que era que protegia o item, ainda podia ser culpa dele, certo? Não sabia. A mente embaralhada nem queria descobrir. Não notou o que o outro fazia até que visse o fraquinho sendo lançado na cama. Já tinha visto aquilo em Beauxbatons, mas fazia muito tempo. Não o pegou, não faria sentido ver algo agora, estava tão bêbado que no dia seguinte talvez nem recordasse; mas o líquido marrom, Giovanni resolveu beber. Era ruim, mas ajudou a clarear um pouquinho sua mente e conhecendo os efeitos, estaria se sentindo melhor depois de dormir. Aqueles olhos esverdeados eram tão bonitos, olhando-lhe assim diretamente, Gio apenas pôde sorrir, suas bochechas ganhando um calor mais aflorado e não podia culpar apenas a bebida. "Você tem olhos lindos." falou meio abobalhado em admiração. "Nunca consegui encontrar a cor certa." já tinha confessado isso? Provavelmente sim, mas ao se deixar ser levantado, tentou ajudar também para que ele não tivesse que lhe levar por completo. Seus braços rodearam o pescoço alheio, a face indo de encontro com a bochecha do mesmo. "Eu gosto do seu perfume." murmurou, apenas respirando fundo contra a pele macia. "É melhor que enfiar o rosto nos quadros." contou com um riso que foi abafado por ainda não ter afastado a face da dele. Os pés trocavam os passos, mas a poção tinha ajudado a lhe fazer recupera um pouco do controle de seus membros. As pernas então lhe guiaram para o banheiro, mas sua atenção estava mesmo era no cheirinho alheio.
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bounarroti · 3 years
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Matteo escutou a advertência de Giovanni ao longe, mas não a escutou. Precisava ver com os próprios olhos, talvez sentir um pouco do que lhe era narrado. Ele prendeu a respiração quando escutou as palavras que seguiram o muxoxo entristecido, pois aquilo era doloroso pra caralho. Ele continuava a insistir que era sua culpa de alguma forma insana, e claro que nunca puderam conversar direito sobre isso, mas Da Vinci havia dito naquele noite que recebeu o medalhão de volta. Havia gritado a plenos pulmões a verdade: ele o amava e jamais iria feri-lo. “Eu nunca faria nada para te ferir Giovanni, eu nunca quis que tivesse ido para aquele hospital. Nunca.” a última palavra foi repetida em ênfase e o cheiro voltava a emanar no seu dormitório. Por que ele tinha que ter colocado a poção em toda exposição? Já não era suficiente o que sentia no cotidiano? Ele bufou com aquilo, colocando o quadro no chão antes de ir para a cama se sentar. Suas pernas tremulavam naquele momento, se sentia fraco. “Quatro semanas?” ele repetiu abismado. Se fazia quatro semanas, então ainda era motivo dos pensamentos dele. Era tudo muito confuso, por que Michelangelo sempre fazia as coisas ficarem tão difíceis assim? Se perguntou por um momento, engolindo a própria pergunta que sabia que jamais seria respondida. “Quer dizer que se não tivesse ido a exposição jamais me diria isso” ele falou mais a si mesmo, a triste conclusão de que aquele era apenas mais um acidente de percurso, mais uma noite que se lembraria e não teria um fim. Ciente que não poderia continuar nutrindo sentimentos que não seriam cuidados ele conjurou uma toalha e um pequeno pote de cor marrom. “Não vou te mandar embora assim, tome isso que vai melhorar e precisa de um banho” ele desejou intensamente que no estado em que o italiano estava conseguisse seguir essas simples instruções, mas não tinha tanta certeza disso.
Seu olhar caiu para as mãos, ainda lembrava de quão finas e pálidas elas ficaram naquela semana. De como não conseguia segurar um pincel porque estava cansado, os dígitos tremiam, não eram nada firmes. Matteo querendo ou não, foi o que aconteceu. "Mas acabei ficando daquele jeito mesmo assim." murmurou. Ia além de um coração partido aquele amor desastroso. Quase morreu. Por isso lutava com todas as forças para não acabar cedendo ao que sentia. "Sim, por isso o cheiro ainda está forte. Depois diminui." as camadas mais antigas o cheirinho era tão fraco que só conseguia sentir se grudasse o nariz na tela. E quantas vezes não fez isso quando sentia a tremenda solidão ao qual se acostumou? Quase não escutou direito o que Matteo dissera, mas seus ouvidos estavam atentos, escutou o suficiente para juntar as palavras na mente ébria e então assentiu. "É. Eu não ia." soltou um muxoxo, seus planos de esconder tudo o que sentia foi por água abaixo com a exposição. Talvez por isso seu amigo informou ao bruxo, deveria estar cansado de o ver se desdobrando para esconder. Giovanni aceitou o pote e a toalha, mas cheirou o potinho primeiro. "É pra beber?" indagou com curiosidade, lançando um olhar para o caminho do banheiro, estava tão distante. "Eu acho melhor passar o banho. Não vou conseguir chegar lá." resmungou com relutância, odiava admitir fraqueza mas... era melhor do que acabar com a cara no chão. Também não confiava muito que conseguiria manter-se inteiro no banho, esse já era outro problema para lidar.
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bounarroti · 3 years
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Ao vê-lo se levantar tão depressa, Giovanni piscou atordoado, confuso por aquele movimento repentino. Foi preciso alguns segundos para de orientar e ver... Matteo? Indo direto para os quadros. "Devagar!" reclamou ao notar o quão despreocupado o outro rasgava a embalagem. Por Merlin! Cadê a delicadeza daquele homem para lidar com uma arte como aquela? Tão especial? "Eu não odeio." murmurou baixo, soltando um muxoxo entristecido. "Não odeio. Eu quase morri da outra vez, mais um dia e eu teria morrido, os medibruxos disseram... tenho medo do que você pode fazer comigo." contou, abaixando o olhar para mexer com a barra da camiseta. Não tinha nada ali para desfiar, mas tentou fazer, os dígitos tocando o tecido enquanto evitava todo custo encará-lo. A menção do seu cheiro com a amortentia fez-lhe erguer de novo a vista, recordava de ouvi-lo dizer isso no dia da exposição, foi por causa da poção, então? Os olhos se arregalaram em surpresa, respirando fundo para trazer mais daquele perfume gostoso para dentro de si, enchendo seus pulmões. Agora com o quadro aberto, o cheiro parecia mais forte e não era apenas por estar no quarto do bruxo. "Tecnicamente, esse quadro tem sete anos. Algumas camadas dele tem quatro anos, outras tem dois... a mais recente tem quatro semanas." que foi quando desistiu de tentar adicionar mais detalhes, a história não parecia acabada e Giovanni não desejava então findar a pintura. "A exposição só aconteceu agora porque eu fui descuidado. Estava pintando na galeria e um patrocinador viu. Eu devia uma exposição a ele, então não pude recusar. Ainda mais quando ele descobriu os outros quadros." confessou, encolhendo os ombros. Podia falar por horas sobre aquilo, contudo, a pergunta direta sobre seus sentimentos lhe parou na hora. Subiu a mão para a boca, negando com a cabeça, a vontade de despejar a verdade era imensa, se arrependia de ter tomado tantas bebidas e misturado com poções. "Eu não posso contar sobre isso! É um segredo!"
Matteo se sentia perdido. Não gostava daquela sensação que o homem diante de si lhe causava, um embaraço que fazia suas certezas soarem como ilusões. As palavras do mais velho eram contrárias a todas as ações que já tomara. Agitado, Da Vinci levantou-se da cama com um solavanco e sem ouvir mais uma palavra puxou o quadro ainda embalado. Os dedos ágeis rasgaram o papel pardo que o envolvia na ansiedade por finalmente ver a pintura. Quais seus olhos capturaram o desenho naquela tela os olhos se arregalaram um pouco. Ele estava falando a verdade! O tempo pareceu correr rápido naquele instante, e Mat fechou os olhos enquanto levava a moldura mediana contra o corpo. “Você não… Não, mas você me odeia!” Repetiu ainda de costas para o Buonarotti, sua voz vacilando em nervosismo. Os dedos apertaram a obra e a frase dele pareceu correr em sua mente como um looping. - Eu sei que tem Amortentia, eu senti seu cheiro. - ele reafirmou, apesar de ter citado os 3 perfumes ainda na exposição. Ele deveria ter notado. “ o que não entendo é porque… Por que está fazendo isso agora?” E desta vez ele tinha que olha-lo, precisava ler naqueles olhos a verdade. “Você gosta de mim?” Sua voz saiu em um fio, como um sussurro. Como ele poderia brincar com um sentimento tão puro quanto o amor? Quantas vezes Da Vinci não sonhou ouvir que era amado, mas nunca daquela forma: por uma bebida, um escândalo e uma exposição que se quer foi convidado. O que ele sentia não era bem vindo.
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bounarroti · 3 years
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New Outtakes of Sam Claflin by Roger Rich for Zoo Magazine, March 2016 Issue.
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bounarroti · 3 years
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“Acha?” Repetiu enquanto franzia o cenho. Era tudo o que menos precisava, um Giovanni potencialmente irritado após a ressaca por ter possivelmente atraído olhares. E o pior? Novamente não era sua culpa. Matteo suspirou profundamente, segurando um pouco mais firme o ombro do outro e o arrastando um pouco para a cama, ele não parecia em condições de ficar de pé e ainda considerava arriscado permanecer tão próximo, embora tal gesto só tivesse o aproximado do buonarotti. Teve que revirar os olhos ao ouvir a dose de egocentrismo mesmo diante da bebida, mas está foi a confirmação que apesar de alterado, Giovanni ainda estava consciente sobre si. O que o fez engolir em seco diante da próxima frase. - Eu ouvi sim, fui um bom beijo pra você. Pelo menos isso - sussurrou um tanto desapontado. Embora estivesse gostando de saber que seu beijo era apreciado, ele não queria que aquela noite tivesse se resumido a uma experiência de treino. Pois para ele significava muito além. - Não, eu não te entendo Angelo! Eu tentei por muito tempo, mas cheguei a conclusão que nunca quis que eu de fato entendesse, ou se deu a oportunidade de fazer o mesmo por mim. - declarou com certa sinceridade. Lhe parecia tolo falar isso a alguém que não estava em sua melhor forma, mas só assim conseguia sem sofrer uma represália brusca. Ele queria dizer que agora já não importava mais, mas sua curiosidade o traiu uma vez mais, ou talvez seria a esperança? Um tanto nervoso apertou os próprios pulsos. - O que é aquele quadro inacabado? - perguntou por também não ter tido coragem de desembrulha-lo após o beijo, o cheiro inebriante da Amortentia, e agora os paparazzis.
"Eu não prestei atenção." confessou, seus ombros sendo encolhidos de maneira exagerada. Tinha coisas bem mais importantes para se preocupar como por exemplo: não cair de cara no chão. Deixou que o bruxo lhe guiasse para a cama onde sentou-se pesadamente, a visão parecendo rodar um pouco enquanto piscava algumas vezes para espantar aquela névoa ébria. "Muito bom." corrigiu suavemente antes de acrescentar: "Eu estava com saudades. Pareceu ainda melhor do que eu lembrava." continuou em seu tom sincero que apenas a bebida tinha a capacidade de liberar. Uma careta surgiu em sua face quando o mais novo lhe chamou daquela forma, enrugando o nariz em desgosto. "Não me chame assim." teimou apenas por costume, no fundo, não se importava muito que Da Vinci o chamasse daquela forma; mas tornou-se um hábito pois se abrisse a exceção, terminaria deixando-o perceber o quanto se importava ainda com ele. Mesmo que aquela idiota tivesse lhe dado um artefato amaldiçoado. Suspirou pesadamente com a pergunta, achava que ele iria entender quando o visse... mas como poderia? Saiu tudo de sua cabeça, eram seus sentimentos, afinal. Só que confiava tanto que Matteo entenderia, se aquele não tinha entendido, então não era seu Matteo. "É... eu pintei o meu primeiro beijo. Essa parte está acabada. A praia, o luar, as estrelas... eu misturei amortentia nas tintas, sabia? É a poção do amor. Porque minha coleção representava isso, meu primeiro amor." uma sombra entristecida pairou em sua face, o olhar desviando para o chão. "Como eu poderia acabar um quadro que representava isso se pra mim ainda não acabou? Eu coloco na tela meus sentimentos, mas não parecia justo ou certo completar um quando... eu ainda sentia tudo. Da Vinci entenderia, eu acho."
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bounarroti · 3 years
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"Acho que nenhum me seguiu." era a melhor declaração que podia fazer, afinal, seu eu bêbado não tinha prestado atenção nos arredores, só caminhou até lá e quando viu, estava na fraternidade do outro. Pelo menos ninguém tinha lhe abordado no meio do trajeto, então estava meio seguro do que dizia. Apesar de Matteo tomar uma certa distância, Giovanni não se mexeu, permaneceu segurando os antebraços alheios para se firmar. Se o soltasse tinha certeza que ia cair de cara no chão. "Sim." concordou facilmente sobre o fato de estar pensando nele, foi o que tinha acabado de dizer! Ele estava bêbado também? Mas logo franziu o cenho ao ouvi-lo completar, não era assim que sua mente tinha se ocupado não. "O quê? Não! Você não arruinou, nem poderia arruinar, eu sou um ótimo pintor, meus quadros foram todos vendidos!" o orgulho brilhava em sua face quando sorriu, os fios claros desgrenhados caindo na frente de seus olhos mas tudo o que fez foi mexer a cabeça para tentar tirá-los da linha de visão. "Eu estava era pensando que você não deve ter entendido o quadro incompleto, ou entendeu? Você me entende, não é?" tagarelou, soltando um pequeno suspiro. "E eu disse! Eu estava pensando no beijo, que achei muito bom, você não me escuta?" só tinha pensado aquilo? Não tinha falado? Merda, devia estar falando tudo aquilo?
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bounarroti · 3 years
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Podia estar bêbado, mas conseguia entender que aquele estouro de Matteo não era direcionado a si. Ainda assim, conseguiu capturar uma boa palavra sobre o beijo, o que automaticamente lhe fez sorrir ao entrar no quarto alheio a qualquer desconforto que isso fosse causar no outro. "Foi um bom beijo, não é?" ergueu as sobrancelhas na questão. "Você me ensinou bem. E eu não pratiquei muito depois, mas ainda mando bem." acrescentou com orgulho. A porta foi fechada e Gio encostou-se na mesma no mesmo instante, parte por poder encarar melhor o bruxo, parte porque tinha um certo receio de tropeçar e cair mesmo que não se mexesse, o chão parecia rodar um pouco. "Oh, eu também não dei nenhuma." tratou de alegar. Tendo lido todas as fofocas que viu pela frente, não queria que o outro achasse que falou algo, a maioria não tinha bons comentários então não podia deixar seu nome ser associado a isso. Apesar de tudo, não falaria algo que pudesse prejudicar o Da Vinci. "Eu só tava caminhando pra casa... E acabei aqui." encolheu seus ombros, se afastando ds porta para se aproximar dele com os passos vacilantes. Como esperava antes, tropeçou — provavelmente em seus próprios pés — e só se estabilizou porque segurou nos braços alheios. "Opa." soltou um riso divertido antes de se inclinar para sussurrar, praticamente confidenciando o fato óbvio: "Eu bebi um pouquinho..." seu tom ainda era baixo quando adicionou: "... e não conseguia parar de pensar em você."
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bounarroti · 3 years
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"A inspiração de Giovanni Buonarrotti, 28 anos, parece ter um nome. O que muitos compradores se perguntaram durante a exposição ocorrida no último sábado, agora está resolvido!"
A imagem anexada a matéria mostrava Giovanni e Matteo juntos, a face dele escondida no pescoço do loiro. A segunda imagem estavam os dois de mãos dadas levando, seguindo para a sala privada da exposição. A terceira foto foi do beijo. Não tinha percebido o quão íntima foi a situação até vê-la exposta assim.
Escusado seria dizer que depois de ler a matéria no jornal e em algumas revistas, depois de lidar com inúmeros paparazzi, Giovanni sentia-se exausto. Não bastava ter que tentar não falar nenhuma besteira, tinha que aguentar aqueles idiotas fuçando sua vida agora que sabiam o que procurar. Embora não escondesse sua sexualidade, não estava tão aberto assim ao público. Sua família e amigos sabiam e era isso que lhe importava. Estava envolvido em várias causas beneficentes voltadas para a comunidade, afinal. Mas agora? Era diferente. Todos sabiam. Não tinha vergonha, não, só não queria ser perseguido daquela forma. Não queria ter uma situação tão íntima estampada na capa de algumas revistas de fofoca. Os bruxos não tinham algo melhor para fazer? Quando começou a beber no bar, ignorando as pessoas chatas que se aproximavam fosse para tentar arrancar algo sobre o assunto da fofoca, ou apenas para dar em cima de si, Giovanni não esperava que acabasse bebendo tanto daquela forma. O Barman lhe expulsou em algum momento, alegando que não iria mais lhe vender nada ou ele não sairia andando. E nem estava errado, Gio ja trocava os pés e mal conseguia se colocar de pé. Caminhou para a fraternidade, não era tão longe assim, mas seus pés lhe levaram para a fraternidade de Da Vinci. O bruxo nem estranhou, nem resistiu, apenas seguiu até lá e bateu na porta. Alguém lhe deixou entrar, o loiro não dando a mínima para o comentário provocativo que ouviu, apenas lutou para subir as escadas. Demorou mais do que esperava, mas atingiu o topo sem se machucar, o que contava como um privilégio. Bater no quarto de Matteo e esperar que ele abrisse, no entanto, pareceu bem mais demorado do que tudo.
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bounarroti · 3 years
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Matteo prendeu a respiração diante das palavras alheias. Sentia-se desorientado de ter um adjetivo como perigoso atrelado a si. Pensou em retrucar, mas sua mente se tornou branca por um instante. Ele não conseguia se concentrar em uma frase se quer, não com aquele cheiro, com aqueles olhos tão azuis e com aquele toque. As pálpebras pesaram sobre as íris esverdeadas, por um momento sentia como se os remorsos se dissipassem quando estava tão perto dele, vulnerável. Ele sabia que era incerto, mas seu coração se recusava a aceitar que não tivesse significado nada. Seus braços, diferente do corpo estagnado, foram ágeis em envolver a cintura dele em um abraço. Uma dualidade que apenas uma mente mirabolante e inventiva como de Da Vinci poderia entender. Ele desejava aquele beijo, o acolhia com um sorriso contra os lábios macios. Se sentia sortudo, a pessoa mais sortuda daquela exposição, pois agora sabia: era sobre ele!
Por isto levava sua destra ao braço de Giovanni, deslizando em direção aos seus dedos esguios entrelaçando os próprios entre os dele e seu rosto. Deixou que Michelângelo conduzisse o beijo, fazendo com que sua língua explorasse a boca com suavidade antes de acompanhar os movimentos sugeridos, como uma dança que só eles conheciam. Mas naquele momento o tempo não corria em câmara lenta como gostaria, pelo contrário, era como se estivesse em piloto automático, seguido do acelerador. Talvez esse era o erro. A exposição não tinha só o amor, havia dor nas pinceladas, raiva nas texturas, e molduras envelhecidas. Tudo ao seu redor, as frases que lhe eram destinadas, se remetiam à términos. E isso sim era perigoso, estar novamente tendo uma migalha e agora se sufocar com aquele pequeno pedaço. Os lábios desgrudaram abruptamente e os olhos arderam pela constatação. Matt piscou algumas vezes tentando recobrar o controle da própria vida, e quando notou que não conseguiria sair ileso daquela situação apenas deu um passo para trás, cambaleante. “É melhor eu ir, já atrapalhei o suficiente a exposição” exclamou com a voz um tanto embargada, mais do que gostaria de admitir. Ele se esforçou para soar firme, mas fingir nunca fora o jeito de Da Vinci.
Gostaria de poder esquecer os erros do passado e apenas se entregar ao momento. Não, mais que isso. Giovanni queria ter aquele contato, o beijo, a proximidade, todos os dias, não apenas ali na sua exposição. Sentia falta dos lábios dele contra os seus, do copo grudado, das mãos vagando em seu corpo. Só esteve com duas pessoas fora Matteo e nem sequer chegou perto de sentir a explosão de sentimentos que o bruxo lhe despertava em seu interior. Seu coração batia acelerado pois agora recordava qual o gosto delicioso do beijo que por tantos anos ansiou e se culpou por isso. Como podia esquecer que esse homem quase lhe matou?
Mas o término abrupto do contato, sem dar-lhe chance de ter mais um pouquinho dos lábios contra os seus, o fez piscar atordoado. O cheiro ainda lhe cercava e parecia fechar sua garganta de quão mais forte ficava. Seus olhos azuis se prenderam nos verdes de novo de Matteo e ele engoliu em seco. Queria impedi-lo porém apenas o observou ir. Seu coração mais uma vez se despedaçando por sua incapacidade de confiar, de tentar arriscar e ver se essa vez não seris diferente. Da Vinci não poderia cometer o mesmo erro de lhe amaldiçoar, certo? Bem, nunca saberia. Assim que o ambiente ficou vazio, precisou de alguns minutos para se recuperar antes de mandar seu assistente embalar o quadro que o bruxo queria e... droga, iria se arrepender daquela decisão, mas não via como fazer algo diferente. O assistente iria embalar um segundo quadro, o inacabado que tão ferozmente negou-se em colocar na exposição. Pôde ver a surpresa na face do rapaz quando alegou que ele deveria enviar ambos os quadros para o mesmo endereço; o quadro com a retratação do primeiro beijo, com elementos que se remetiam aos dias felizes mas também aos tristes que se seguiram... mas que Giovanni nunca conseguiu terminar de pintar.
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bounarroti · 3 years
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Sam Claflin as Finnick Odair THE HUNGER GAMES: MOCKINGJAY PART 1 (2014)
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bounarroti · 3 years
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Matteo sentiu o rosto dele escorregar por sua mão, como se estivesse sedendo ao seu toque. E o quanto desejou isso! Seus sentidos estavam confusos, não conseguia se concentrar em nada além dele e daquele cheiro… — Você está sentindo? Grama molhada, morangos e um cheiro amadeirado. — as palavras saíram com certa facilidade, mas quando os cabelos de Giovanni se aproximaram de sua face e pode aspirar o cheiro característico de seu shampoo, finalmente entendeu do que se tratava aquela combinação que o inebriava. Os dígitos que repousavam na bochecha logo tomaram rumo as madeixas loiras, emaranhando-se entre os fios e gentilmente aproximando mais sua cabeça da dele. Seu nariz roçou próximo a testa de Gio, antes do rosto se encaixar ao dele. Com os olhos fechados, ele se deixava guiar por pura intuição, pelos sentimentos que pareciam ainda mais fortes diante daquela exposição particular, e antes que conseguisse se dar conta seus lábios tocaram os dele. Apenas um selar, quase imóvel para que pudesse sentir pelo tempo que lhe fosse permitido, mas carregado de sentimento. A mão apertou os cabelos entre os dedos, inclinando um pouco a cabeça do mais baixo, mas logo suas forças se esvaíram com uma infinidade de frases que se misturaram de forma desordenada em sua mente, fazendo sua mão cair ao lado do próprio corpo. Os lábios desgrudaram e com um pequeno soluço escapado e os olhos ainda fechados murmurou. — É isso que vejo, mas está errado. Eu não entendo! — ele se afastou um pouco, a direita ainda enlaçada nos dedos de Bounarotti. — As coisas nunca são fáceis com você, não é? As viagens longas, as montanhas muito altas e as quedas… ainda maiores. — foi a única coisa que conseguiu dizer para expressar o turbilhão que sentia. — Eu gostaria realmente de entender…
Merda, merda, merda! O cheiro ali dentro do perfume alheio ficava mais forte e consequentemente, para Da Vinci também teria algum efeito, é claro. Como não pensou nisso? Sentia-se afetado de ouvi-lo citar os cheiros que geralmente associava a si mesmo, seu shampoo, a madeira do cavalete, da aquarela, a grama onde vivia brincando com Giacomo... droga. Era impossível não parar para avaliar se ele podia mesmo estar sentindo esses seus aromas por causa da Amortentia nas tintas. E se ele estava, Matteo lhe amava. Então... por que lhe amaldiçoou? Pensar nisso ainda doía, de por isso que mantinha distância ou pelo menos tentava. Fechou os olhos pois não suportava olhar para as íris esverdeadas tão próximas a si; os sentimentos que inundavam seu peito pareciam querer lhe fazer explodir. As carícias não facilitavam em nada, tão envolvido em se concentrar no roçar do nariz dele em sua face, não percebeu que isso significava que os lábios estavam pertissimos dos seus. E como consequência, não notou que Matt findava a distância e lhe depositava um selinho pesado em seus lábios. Pesado no sentido de carregar tantos sentimentos confusos para si, mas leves no toque ao ponto de achar que aquilo não passava de mais um roçar delicado contra sua boca. O contato durou tão pouco que Giovanni pensou ter imaginado, isso é, até que abriu os olhos e o viu com a face tão perto ainda antes dele se afastar. O bruxo suspirou pesadamente, a poção que entorpecia seus sentidos por causa do cheiro no ar deveria estar realmente afetando o outro também, mas mesmo com isso, Gio não conseguia esquecer que Matteo lhe deu um item amaldiçoado que quase tirou sua vida. "É perigoso estar perto de você." murmurou baixo, engolindo em seco. E parecia não importar que fosse tão perigoso. O bruxo não pensou direito quando subiu ambas as mãos para a face alheia, sendo sua vez de grudar os lábios juntos mas ao contrário dele, Giovanni não queria um selinho singelo. Desejava um beijo firme, seguro, uma forma de matar a saudade após tantos anos... mas também despedida, o Da Vinci não era seguro.
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bounarroti · 3 years
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He is not just a boy, and that scares me to death. He’s my today and tomorrow; he is not just a boy when he smiles or speaks. He will never be just a boy.
conversation with my parents about him. (via tobreathe-withyou)
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bounarroti · 3 years
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Tudo pareceu correr em câmera lenta. Sua mão começou a suar frio diante de tal sensação e antes que pudesse se controlar tinha fechado os olhos. Uma reação inconsciente que revelava seus desejos mais profundos. Ele queria aproveitar mesmo aquela migalha de um amor que nunca pode ser vivido. E como era doloroso, mas mesmo diante da dor, aquela exposição era a fagulha que precisava para reacender o que ele tentava deixar adormecido. Estava prestes a se virar e ir embora, levando consigo toda a confusão, mas a mão em seu pulso o fez prender a respiração e seguir Gio.
Seus olhos foram atraídos pelos quadros, não poderia ser peça de sua mente! Uma coisa era ter comprado um quadro com um medalhão envelhecido, ou ver um pôr do sol na praia, mas aqueles beijos, aquela angústia sob borrões de tinta, e aquele abraço tão forte quanto o último que se lembrava de ter trocado… eram peças de uma história, a história deles. Foi demais para que conseguisse conter o turbilhão que nublava sua mente da racionalidade, e agora os olhos se molhavam com a emoção. Seu coração pareceu golpear mais forte desta vez, e sem que notasse espelhou o desenho: deslizando a mão em direção a dele, que ainda apertava seu pulso, mas agora estava sendo entrelaçada. Uma voz dentro de sua cabeça gritou o que ele estava fazendo, mas o sentimento era mais forte. “Por que não queria que estivesse aqui?” perguntou baixo, antes de sua mão livre ir até o rosto dele, fazendo com que o olhasse enquanto os dígitos ternamente apoiaram no queixo. “É… é lindo!” exclamou sobre as pinturas, mas sem olhá-las no entanto. “Não sabe como está sendo difícil continuar aqui, mas… eu sou um idiota de achar que era aqui que eu deveria estar!” com você. Sua mente completou, e seu timbre foi ainda mais baixo que antes.
Não tinha entrado naquela sala ainda desde que posicionou corretamente os quadros. O cheiro ali parecia ainda mais forte, não de tinta, mas sim daquele perfume suave que sempre associava à Da Vinci. Foi um risco pintar aqueles quadros com Amortentia misturada nas tintas; mas tinha a mania de unir a magia à sua arte, não era a primeira vez que fazia uma mistura dessas, mas era a primeira sim que usava aquela poção em especial. Parecia um risco pois a cada pincelada que dava enquanto pintava, sua mente era inundada com lembranças, com as memórias daquela noite incrível. Agora, seus sentimentos estavam sendo expostos não só para estranhos, mas para a sua fonte de inspiração também.
Giovanni não tinha coragem para erguer a face e encarar o mais novo, estava com receio do que poderia encontrar no olhar dele. Mas o toque em sua mão se mostrou tão suave, com tanta delicadeza, não havia como dali sair uma expressão ruim, certo? Se bem que o maldito medalhão... não. Não podia pensar nisso agora. A pergunta embora tão inocente e curiosa, carregava um peso que o italiano gostaria de ignorar. Porém não pôde lutar contra o toquezinho leve em sua face, o loiro engoliu em seco e tombou a cabeça para o lado em busca de mais contato com aqueles digitos. "Porque você iria ver tudo." confessou. Não eram simples pinturas, eram suas lembranças, sua angústia, seu amor exposto ali e... céus, parecia tão íntimo mostrar-lhe as imagens quanto o que fizeram na praia. Seu rosto ainda queimava com a vergonha e a timidez, mas não desviou o olhar do dele. "Essas pessoas não entendem. Elas vêem apenas quadros. Pinturas que gostam. Mas você? Você iria entender." murmurou. E o Buonarroti não podia deixá-lo entender e tentar mais uma se aproximar. A dor que sentiu anos atrás já foi o suficiente para que o loiro temesse qualquer outro relacionamento, qualquer outra aproximação.
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bounarroti · 3 years
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Da Vinci sentiu o rosto de Giovanni ainda mais próximo de si, e diante do breve roçar do nariz alheio ele se arrepiou. Era um toque tão pequeno, tão singelo, mas capaz de despertar em si as lembranças tanto quanto aquele quadro. — É isso mesmo que quer me dizer? — questionou como um sussurro, as palavras abafadas pelo rosto tão rente a ele. A mão que antes tocava o ombro como provocação agora apertava levemente o tecido, enroscando os dígitos na camisa sedosa. Seu rosto virou um pouco para que seus olhos pudessem encontrar os azuis, em busca de um sinal que sua impressão não estava errada. Não poderia ser somente pinturas produzidas em uma semana em que se afastaram após a entrega do colar — Justo? Teria que me dizer mais para ser justo, Giovanni. Eu pago, mas me mostre… aquele sala — ele apontou com os olhos grudados na única pintura que conseguia ver sem entrar, de um por do sol e uma casa na praia. — Ou me fale a verdade! — fez mais um pedido, mas depois se afastou negando com a cabeça. Ele não tinha direito de pedir explicação nenhuma, não depois… de ouvir que era odiado! Não poderia cair nas próprias armadilhas, nos próprios devaneios. — Deixa pra lá, fico com o quadro!
O que mais poderia dizer? Sentia o peito apertar com a necessidade de respirar, os pulmões não pareciam aceitar um ar que não fosse aquele perfume gostoso que a pele de Da Vinci emanava. Não o sentia tão perto de si desde a praia e... as lembranças que o inundavam seriam o suficiente para uma segunda exposição, se as pintasse. O italiano não registrou que pendia um pouquinho a cabeça para frente até que a testa encontrasse a do outro. O bruxo podia ser um pouco mais alto, mas a diferença não era gritante, ainda dava para encostar um pouquinho as testas mesmo que seu nariz esbarrasse com o dele. "Não quero seu dinheiro." murmurou. Nem por uma das pinturas ali ou por qualquer outra. Matteo poderia não saber, mas acertou quando disse que o ver lhe inspirava. Poderia não só desenhar mais vinte quadros, mas também podia escrever poemas o suficiente para publicar um novo livro. Matteo não sabia, mas sim, era sua fonte de inspiração. Sempre foi. O pedido, no entanto, era bem mais complexo do que o bruxo poderia cogitar que entendia. Ao ser lembrado da sessão, seu rosto voltou a carregar aquela quentura da vergonha, da timidez. Tinha feito uma exposição separada porque misturar aquelas pinturas com as outras parecia errado. Eram íntimas demais, mesmo sem ter um desenho sequer de corpos despidos. Estava livre de nudez, sim, mas em cada pincelada tinha derramado seu amor, sua angústia. A imagem principal revelava mais de si do que tinha sido capaz de falar com alguém um dia. A parte boa é que as pessoas não entendiam o significado por trás. Mas Matteo iria entender. Iria se sentir mais vulnerável do que já estava ali, porém não conseguia negar algo ao rapaz. E tudo porque aquela maldita exposição se tratava dele. Engolindo em seco, resolveu não falar nada, apenas segurou-o pelo pulso e o puxou consigo na direção da sala separada. Tinha poucas pessoas então pediu que o segurança cuidasse de tirá-los dali por alguns instantes; passou a tarde inteira recebendo propostas por aqueles quadros, mas não podia vender nenhum dali. Mostrar ao outro, porém, lhe parecia uma loucura. Poderia se arrepender, mas no momento, apenas abaixou a cabeça e largou-lhe quando se viram sozinhos na sala com os oito quadros disponíveis.
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bounarroti · 3 years
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Não havia como barrar a entrada de alguém pois o evento tinha sido aberto ao público então seria injusto que impedisse alguém de entrar. Seu corpo ficou tenso com a aproximação alheia, iria levar um soco? Embora o outro nunca tivesse sido algo perto de agressivo, a história da maldição ainda lhe deixava desconfiado. Gio não deveria ter ficado surpreso quando sentiu a mão dele em seu ombro, mas foi o que aconteceu. O toque suave ainda lhe deixava confuso, mas não fazia nada para espantar a mortificação. Como se isso não bastasse, um dos representantes chegou para alertar sobre a compra. "O quê?" murmurou baixo, engolindo em seco. Estava tão envergonhado. "Não deveria comprar nenhum." murmurou sem graça, ficando ainda mais quando o mais jovem se inclinou para si. Tê-lo tão perto, aquele perfume adentrava em suas narinas, ainda tão conhecido apesar de fazer tanto tempo que não sentia assim tão próximo. Virou um pouquinho a face para roçar o nariz contra a orelha dele, respirando fundo tanto para se controlar quanto para capturar um pouquinho daquele aroma que atormentava suas lembranças mais íntimas. "Em canto nenhum. Você não vai pagar, pode levar, por favor. É... justo." sabia que assim admitia que era um desenho dele, mas o que mais poderia fazer? Não dava para deixar Matteo pagar por qualquer uma daquelas pinturas. Teria um prejuízo enorme, mas não havia como permitir isso.
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bounarroti · 3 years
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Fazia um tempo que Matteo não cruzava com Giovanni. Apesar do curso e do grupo de artes se esforçava por manter distância. O motivo? A data que se aproximava! O bendito final de semana, que agora era longínquo, um borrão, mas uma memória que lhe surgia mais como um sonho. Se odiava por tamanha vulnerabilidade, por seu coração pesar tanto somente de encontrar com as íris claras de Michelângelo. E a parte que mais machucava era saber que não era apenas mágoa, ódio e dor que sentia. Existia aquele resquício, que ele abafava com constância e que insistia em emergir em seus atos falhos, ou nos impulsos que o levavam até ele. Este era mais um dia que seus sentidos vacilavam diante da paixão reprimida. Seu coração golpeou forte diante do panfleto da exposição. Aquele nome, aquela silhueta, e céus, o cenário… poderia ser uma confusão ou mera coincidência, mas era o suficiente para que Mat cruzasse uma barreira: a própria! Precisava encarar que aquilo tinha acontecido, que era belo em sua forma, mas que havia encerrado. Se até mesmo Michelangelo de sua forma estava expressando, ele também deveria olhar de perto. Mas aquela péssima ideia ficou bem clara quando a voz lhe atingiu os ouvidos, o fazendo desnortear em meio ao público. Ele piscou os olhos algumas vezes, as mãos trêmulas se escondendo atrás do corpo. Seu olhar recaía de Giovanni para uma pintura, a primeira da sessão reservada. “Aquele quadro ali é…” perguntou ignorando o que lhe foi dito, mas a pausa nas palavras de Gio lhe denunciou o que estava pensando. “Com o meu convite vip, modelo não tem convite vip?” seu tom de voz mudou em instantes, uma piada de humor um tanto ácida se considerada a relação deles, mas que serviria pra esconder o turbilhão que se apossava de Da Vinci. “Kim me deu o panfleto, acho que ele sabia que você iria gostar de me ver, se inspirar mais um pouco”.
A face podia ainda ter uma expressão falsamente neutra, mas aquela fachada escapava rapidamente para o desgosto de Giovanni. O bruxo estava nervoso com a presença de Matteo, ele não deveria estar ali. Não hoje, não com a exposição tendo desenhos e pinturas dele espalhadas pela galeria inteira. E se o rapaz tivesse entrado na sessão que não estava a venda? Seria ainda mais fácil identificar do que se tratava. Aqueles eram seus desenhos mais valiosos pois eram lembranças. Raramente fazia algo próprio, não podia acreditar que quando tomava coragem, algo assim acontecia. Seu rosto esquentou mais, o rubor agora deveria estar visível para quem quer que lhe olhasse; sentia as orelhas e o pescoço quentes também, estavam tão rosados quanto suas bochechas? "Não, não é." nem precisava que ele terminasse, para seu desespero, Da Vinci sempre se mostrava muito perspicaz. Não fazia ideia do porquê o melhor amigo lhe sabotar daquela forma informando ao outro sobre a exposição, aquele era para ser um dia feliz, teria belos lucros; mas ao contrário de comemorar, estava ali lutando contra o constrangimento. "Eu ficaria mais inspirado se você fosse embora." tentou novamente, engolindo em seco. Estava tão envergonhado que manter o contato visual com o mais jovem mostrava-se difícil. "Nada de modelo, Da Vinci. Por um acaso pedi algum dia pra você posar pra mim?" disparou. Iria continuar tentando negar e talvez funcionasse se o outro não olhasse para nenhum outro quadro qualquer na galeria... se ele já tivesse visto, mesmos sem ser da sessão privada, sua teimosia era inútil.
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bounarroti · 3 years
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Fazia algum tempo que Giovanni não produzia uma exposição completa com obras originais. A galeria sempre estava organizando eventos como aquele, mas geralmente com suas falsificações. A primeira peça que deu origem a exposição foi algo acidental. Tinha apenas quinze anos e estava rabiscando no pátio de Beauxbatons quando a mente começou a vagar, quando deu por si, tinha esboçado os olhos daquele que chamava de inimigo. Recordava de ter se apressado em guardar o desenho antes que alguém visse, mas esse não foi o último. Ao longo dos anos, desenhava as mãos, o perfil, a cabeça de costas com os cachos reconhecíveis bagunçados; foi juntando uma coleção e, quando deu por si, havia inúmeros cadernos, inúmeras telas.
Quando o sócio percebeu alguns desenhos, lhe atormentou até que Giovanni concordasse com a exposição. Então ali estava, nervoso, agitado. Algumas peças não estavam a venda, mas ainda assim eram exibidas. A sessão privada, com as peças que serviam apenas para o público apreciar e não comprar, consistiam em desenhos da lembrança do único final de semana que passou na casa da praia com Da Vinci. Eram desenhos e pinturas que capturavam a dor da saudade; cada pincelar era uma amostra do que sentia. Ficava nervoso cada vez que alguém se aproximava daquela sessão. Para seu alarde, para seu desespero, os cachos familiares se destacavam no meio do multidão. Sentiu seu corpo gelar, o coração quase falhar uma batida antes de começar a bater acelerado no peito. Oh, Merlin, não seja ele. Mas seu pedido não foi atendido pois ao se enfiar no meio dos clientes, parou bem de frente a figura de Matteo. "O que faz aqui? Como... como entrou?" uma pergunta estúpida considerando que era um evento aberto ao público.
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