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Seu jeito cigano complementa o meu.

Você, com o violão nas costas

Desapegada, a viajar por aí...

Já eu, meio itinerante

Mudando de tempos em tempos

Pra lugares distantes.

Mas o "longe" é só um ponto de vista

Que muda conforme o ponto de partida.

Mas se habito em mim,

Minha morada é onde estou,

Pode ser qualquer lugar

Escolho onde encontro amor.

Uma vida estática sempre me assustou.

Mas como viajante nunca me vi

Talvez ter várias moradas, sim

E que uma delas seja em ti.

Não sofrerei com tua partida

Pois sei que logo, logo volta.

Dentro de mim, você habita

Seu existir já me consola.

Veio me ensinar a lição do desapego,

Com tanto amor, afeto e respeito

Que amenizou o que seria grande sofrimento.

- benjamin

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Tenho andado errante

Por aí, a esmo sem direção

Demorei até ora perceber

Que me desorientei

Desequilibrado

Despedaçado

Descalço e

Mal pago

Mas ao perceber os ciclos

As repetições que me fiz refém

Consigo ao menos perceber

Que perdi o eixo e estou desnorteado

- benjamin

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Pensamentos invasivos

É como são chamados

Aqueles arrepios

Quando escuto seu chamado

Não se verifica na realidade

Talvez eu gostaria de ser chamado

Voltar às amenidades

De quando me sentia amado

Foi inconsistente e feroz

Intenso, mas momentâneo

Terminou sem começar

Quase que instantâneo

E do nada te sinto me chamando

A ligação não evaporou

Pensamentos se conectando

E sua lembrança reverberou

- Benjamin

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Epílogos e epígrafes

- benjamin

Discrepâncias

Desconexas

Incoerências

Diferentes realidades

O outro é um reflexo

Que me agarro feito âncora

Inverdades mal ditas

E certezas não ditas

Enterro meu passado

Transmuto significados

"Distâncias geográficas"

Tava escrito nos oráculos

Mudanças astrológicas

Roda da fortuna!

Finais e reinícios:

A vida continua...

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Fragmentos... Uma porção de conteúdos que me formaram

Feito estrutura, forma de existir no mundo

Sólidos e resistentes tijolos, feitos de dentes

Das vísceras de meu DNA

Impossível de modificar

Quem sabe um dia, transformar

Hábitos difíceis de abandonar, fragmentos...

Fragmentos de uma vida de sofrimentos

Guardados, aqui dentro, no peito.

A postos: sempre pronto a atacar

O primeiro que ousar...

Por essa enorme sombra que insistia em me acompanhar

E que eu acabava por alimentar, sem sequer questionar.

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Quando os ventos da mudança

Comecei a perceber

Não vou negar

Meu ímpeto foi resistir

Tive de me lembrar

Da possibilidade

Daquela tempestade

Me salvar

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Viemos nessa vida para sermos melhores, evoluir, mudar. No entanto, se temos medo de sermos verdadeiros, de sermos nós mesmos, como saberemos o que mudar?

Não ser você mesmo nessa vida é deixar de cometer erros, e não cometer erros evita que você aprenda com eles. Não ser você mesmo nessa vida é um desperdício de tempo, é um desperdício de vida.

- benjamin.

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Não adianta agora

Olhar o passado, admirado

Por tantas tempestades

Tu ter passado.

Passado, passado

Saia da minha frente

Dê espaço pro presente

Que tanto tenho evitado

Me deixe sonhar

Um futuro premeditado

Tal como se busca

Um afeto emoldurado

Na tela manchada

Por rabiscos de memória

Tem ambos o mesmo

Valor e relevância:

Futuro e passado

Vislumbre nostálgico

Maré alta e lua cheia

Borboleta presa a teia

São lindos e poéticos

Porém existem

Por si só, inatingíveis

Apenas admiráveis

Já o presente, que regalia

Tempo precioso

De possível domínio

Tempo de verbo e poesia

- Benjamin.

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Há tempo de plantar e tempo de colher, é bíblico. Na prática, é bem sutil, na maioria das vezes, essa diferenciação. Saímos de uma colheita já pensando no próximo plantio. E as vezes as colheitas não saem como esperado. Mas sempre no tempo certo.

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Viver no momento presente! Parece uma tarefa simples. Vai ver esse é o problema: que tenha que ser uma tarefa. Deveria ser simples, mas hoje, se vive mais preso ao passado ou fascinado com o futuro.

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Tempo rei,

senhor de todos os ritmos.

Em algum momento, hei

De por fim a nossos atritos

Turbulento

Acelerado e imperioso

Faz esquecer o que já foi precioso

E lembrar de um pequeno momento

Vai saber o que pra ele importa

Depois dele, descobriremos

É o que dizem, pelo menos:

Com o tempo a vida se ajeita

"Só depois de um tempo, fui entender"

É o que a gente mais escuta dizer

Mas quanto tempo é necessário

Pra gente aprender a viver?

Tempo rei,

Senhor do meu destino

A que ponto eu cheguei?

Já é hora de descer?

Embora devagar

Passou tudo bem depressa

Mas me lembro de reclamar

Que o tempo parecia não passar

No fim das contas, é paradoxal

A lógica de domínio que o tempo impera

Acelerado ou devagar

Seu efeito é sempre brutal.

- benjamin.

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Dos paradoxos do (des)amor

Me enchi do teu vazio

Me canso só de te ver correr

Me entristeci ontem, ao te ver sorrir, sem mim

E isso empobrece meu ser

O afasta da aspirada nobreza e evolução

E me levanta a questão:

O que é o amor?

Além de não dar margem pro rancor

Pois quem ama não apenas perdoa

Mas o faz justamente

Pra não perder a pessoa

Nesse momento todo erro se dissipa

A relação com quem erra

Vale mais que uma Era

E ali o amor se materializa

Mas hoje te vejo tão distante

De mim e de qualquer chance

Parece nem conhecer o perdão

E pra mim, ficou a questão:

Isso pode ser amor?

Diálogos monossilabicos repletos de pudor

Mal estar e constrangimento

Senti sua raiva à distância

E até desisti de me aproximar

O que for pra ser, será

Em meio a tantos desencontros,

decidi o nosso encontro, ao acaso entregar.

- benjamin.

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Não venho aqui falar de amor. Não que ele não seja sublime e necessário, nem que não seja realmente lindo, eu gosto.

Mas não venho falar de amor porque esse amor que está em alta não me apetece. Pra mim que o amor tão citado por aí não está de acordo com a definição e função do que eu entendo como amor.

O amor não deveria ser objeto de sofrimento e pensamentos obsessivos. O amor não deveria depender da reciprocidade pra existir. Ele não deixa de ser lindo só porque é unilateral ou porque o objeto de amor não me retribui como eu gostaria.

O amor que tá em alta faz sinônimo com um padrão social imposto e a necessidade de nos enquadrarmos nas formas que são tidas como corretas para se relacionar. Ou é somente ego mesmo.

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Me esforcei demais pra fazer acontecer coisas e tentar manter pessoas que queriam ter ido embora antes de ter chego a esse ponto, mas que eu, por insistência demasiada, impedia o término do que já tomava seu rumo na realidade espiritual.

Tentei lutar contra a ordem natural das coisas, trabalhar contra o tempo. Mas agora vou remar a favor da maré. Não luto mais contra a corrente. Quem quiser ir, já vai tarde. Quem quiser chegar, é bem vindo. E pra ficar, bom... pra ficar as regras são claras.

- benjamin

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O tempo é soberano!

Controla tudo, com elegância

E evidencia a ignorância

De quem se apega a seu domínio

Ele não se perde nos laços

Maneja a simples ordem dos fatos

É o verdadeiro responsável

Pelo que chamamos de destino.

Quando não altera só a ordem

Mas também todos os fatos

Que ora simplesmente não ocorrem

Ora tornam-se míseros lapsos

Pequenos fragmentos

De uma memória que transborda

Em uma taça que me afoga

Se dela bebo sem brindar

E o que me esforço pra esquecer

Sua majestade, o tempo

O controlador supremo

Insiste em me recordar.

- benjamin

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Temos todo tempo do mundo... por outro lado, não temos tempo a perder.

Ora, se até o gigante Renato Russo se contradisse em relação ao tempo, quem sou eu para tentar entendê-lo?

Mas em algo ele tinha razão: temos nosso próprio tempo! Essa é a parte mais bonita: nos separarmos durante a trajetória pra se encontrar por ai, depois de anos, no mesmo momento de vida.

- benjamin

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Eu precisei sentir na pele que o desejo de reinício não basta, que é necessário finalizar o passado.

Entendi que só é possível renascer após matar algo em mim. A fênix ressurge das cinzas, cinzas de um passado superado.

Às vezes não basta seguir em frente, é preciso romper vínculos e deixar pra trás o que já não mais nos cabe.

- benjamin