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Momentos que mudam uma vida inteira
Nós estávamos tão felizes naquele quarto de kitnet tão gelado e mal iluminado. Mesmo com as lágrimas que vieram antes disso. As decepções que sofremos um sem o outro. Quando entramos juntos naquele ônibus e decidimos que aquela manhã ainda tinha salvação, estávamos tão certos.
Você ria com sua risada infantil que me fazia tão bem. E eu, de pupilas dilatadas, gargalhava junto, te abraçando naquela cama de solteiro enquanto ouvíamos aquele álbum que já tínhamos ouvido tantas vezes juntos.
Naquele ano horrível, você foi minha salvação. Nunca soube dizer se acreditava no destino, mas como justificar sua entrada na minha vida senão destino? Nós fomos feitos para nos encontrarmos. Apesar de já ter dito isso para outros risos, nunca soube o real significado até esbarrar com você todo sujo de tinta naquele dia ensolarado.
Aquele sentimento era tão forte que não pude impedir que ele se transformasse em algo ainda maior e melhor.
Ter que me despedir de você foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz na minha vida. Mas te reencontrar e te acolher nos meus braços foi, na mesma medida, um dos melhores momentos que já vivi.
E não é à toa que mergulhei de cabeça e coração dentro desse sentimento. Tive que fazer escolhas difíceis no processo, mas nunca duvidei por um só segundo. Naquele momento, você era o único.
Será que se você soubesse que cinco anos depois estaríamos tão felizes nesse apartamento de 60m² com dois gatos e dois corações batendo juntos e correndo atrás de tantos sonhos, sua decisão teria sido mais fácil?
Mas isso não importa mais. Eu te escolhi e você ficou. Você sentiu a mesma conexão que eu senti no momento que coloquei meus olhos em você. Você deixou que eu mudasse sua vida como você mudou a minha.
E agora podemos continuar mudando a vida um do outro. Para sempre.
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Eu sei que estamos bem
Você já sabia o que estava acontecendo entre eu e ele. Eu te avisei logo antes do nosso último beijo, naquela esquina vazia, naquela madrugada quente de verão.
Mesmo assim você escolheu me beijar. Sabendo que aquela podia mesmo ser a última vez. Eu já estava apaixonada por ele, mas nunca deixei de estar por você. Mesmo sem nos vermos por tanto tempo. Era aquele sentimento de olhar para aquela estrela mais brilhante do céu e me ver transportada para aquele banco, naquele parque, com sua mão na minha perna, meu olho no seu olho, meu coração batendo forte.
Mas mesmo estando apaixonada por você há tantos anos, eu estava mais apaixonada por ele. E naquele dia eu fiz a minha escolha, no momento que me despedi de você naquela noite, invés de te chamar para vir comigo.
E eu fui tão feliz na minha escolha. Eu e você… Era tão bom. Quando éramos jovens. Quando o futuro ainda era tão distante e aquele sentimento de liberdade era tão infinito. Mas eu e ele… Eu e ele era real. Ele era e continua sendo meu futuro.
Continuamos nos encontrando tantos anos depois e compartilhando tantos momentos especiais. Aquele olhar de nostalgia da Gwen Stefani olhando para o ex dela no clipe de Cool… É exatamente o olhar que às vezes trocamos quando ninguém está vendo. Mas é só isso: pura nostalgia.
Quando você me apresentou seu novo namorado, estava receoso. Você não sabia muito bem o que fazer. Eu não sabia muito bem o que fazer. Mas eu sabia de uma coisa: Você estava feliz e ele estava te fazendo feliz e como eu poderia querer qualquer coisa menos que isso para a sua vida?
Mesmo que até hoje a gente sinta uma faísca quando nossas pernas se esbarram. Quando precisamos pegar na mão um do outro da forma mais casual possível para fingir que não estávamos pensando em fazer isso já há alguns minutos. Quando ouvimos aquela música que nos assusta e precisamos ficar abraçados por minutos que parecem segundos de tão rápido que passam.
Eu te amei e eu continuo te amando: Como pode o tempo ter passado e tudo estar perfeitamente igual? E poderia ser um recomeço se eu fosse a mesma de anos atrás. E você fosse o mesmo de anos atrás.
Mas nós não somos. E eu amo minha não tão nova assim realidade. E você ama a sua. E depois de todos os obstáculos, eu sei que estamos bem.
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Palavras que me assombram em lugares errados
Às vezes me pego me transportando para lugares errados em momentos errados.
Meu presente é tão cheio de cor, de vida, de amor, de felicidade, mas algo me prende em momentos do passado que não pareço ser capaz de esquecer.
E eu não quero esquecer.
Eu sou toda sentimento. Me construí com essa base desde que tenho um mínimo de entendimento sobre o que é ser um ser humano. Sou toda feita de amor e nostalgia e ambição e determinação e tristeza e às vezes raiva e inconformidade. Sou feita das minhas memórias, de pessoas que despertaram em mim coisas que eu não sabia que poderia sentir com tanta intensidade.
E como poderia deixar todas essas lembranças e todas essas sensações simplesmente irem embora? Por isso ativo elas com tanta facilidade. Às vezes através de uma música. Às vezes através de um cheiro. Às vezes através de um pontinho de sujeira no azulejo do banheiro que me lembrou aquele pontinho de esperança que eu tinha de ouvir as palavras certas saindo daqueles lábios perfeitamente desenhados e nunca ouvi.
Me pego criando memórias falsas na minha cabeça. Que tenho plena consciência de sua falta de verossimilhança quando comparado a fatos que realmente aconteceram. Mas no meu coração…
Como aquilo que poderia ter acontecido se eu não tivesse torcido o pé na véspera daquela viagem para encontrar aquela pessoa depois de tanto tempo. Ou o que aquela outra pessoa poderia ter dito se eu simplesmente tivesse tido a coragem de pegá-lo pelo braço e falar: Então não volta para ele.
E se eu não tivesse tido tanto medo naquela esquina da Teodoro com a Henrique Schaumann onde dei um último beijo naqueles lábios. Se ele teria vindo atrás de mim depois de ir naquela festa que eu pedi com tanta súplica para ele não ir.
Às vezes ando pelas ruas com aquela sensação de que posso encontrar fantasmas do meu passado em qualquer esquina. Já me aconteceu… Eu andando plena pela Av. Paulista e avisto aqueles cabelos negros tão poéticos vindo em minha direção. Eu adoro achar que sou valente (Tem que ser valente), mas não consegui ter outra reação que não fosse sair de perto enquanto sentia meu coração quase saindo pela boca.
Lidar com meus sentimentos é o que faço de melhor desde que me entendo por gente, mas ter que lidar com seus olhos expressivos enquanto seus lábios sibilam palavras tão blasé é a ruína do meu coração. Por mais que eu tente ser forte, há palavras que me assombram em lugares errados, em momentos errados.
Mas eu continuo me esforçando para lembrar de cenas que há muito tempo estavam apagadas em algum cantinho bem escondido do meu cérebro. Me lembro de você me tocando e suspirando nos meus lábios. Me lembro do seu olhar me encarando através da pista de dança. Me lembro das palavras que você disse com tanto pesar: Eu tenho medo, porque você é a única pessoa que pode me destruir. E provavelmente destruí, mas você jamais deixaria seu orgulho de lado para admitir isso, nem para mim e muito menos para você mesmo.
E é por isso que eu me pego me transportando para esses lugares errados em momentos errados. Porque tudo aquilo era tão certo, em outro tempo, em outra mentalidade. Aquela mentalidade que você quase teve de me pegar pelas mãos e me apresentar para sua mãe (que sempre me adorou, mesmo sem me conhecer) e pensar que tudo poderia ter sido tão fácil.
Mas não foi. E eu já tenho que ir, já tenho que me-ir. Se eu te encontrar, a gente ri, e bota a culpa no signo.
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Aquele não date de domingo
Ela acordou naquele domingo às 10h14 e ligou seu celular para ver as mensagens de texto. Conseguia ver algumas poucas luzes de sol adentrando a janela fechada e deu um sorriso, sabendo que estava um dia lindo lá fora.
Havia uma única mensagem recebida há 4 minutos: “10:10”.
Ela sorriu e sentiu uma onda de serotonina invadindo seu corpo, apenas de estar muito envergonhada de se sentir dessa forma. Desde o dia anterior, quando combinou de encontrá-lo naquele lugar onde já tinham ido muitas vezes antes, mas nunca sozinhos, tentava se convencer que aquilo não era de jeito nenhum um date.
Como seria um date se ela não tinha nenhum sentimento romântico por ele? Mesmo que um sorriso sempre invadisse seu rosto quando recebia aquelas mensagens tão bobas de horários iguais. Mesmo que se pegasse olhando a foto que imprimiu deles dois no seu mural com um suspiro tímido. Mesmo que ouvisse aquelas músicas e sentisse um friozinho na barriga.
Não tinha como ser nada. Ela sabia que estava apaixonada por outra pessoa. Colocou isso na cabeça por certeza. Ou teimosia. Ou simplesmente para não admitir que poderia viver algo real e não um romance que só existia na sua cabeça.
Ela era uma sonhadora. Sentava na sua cama com um caderno na mão e uma caneta e escrevia sobre seus sentimentos. Suas histórias que nunca tinham nem acontecido, apenas no seu coração e em seus desejos mais profundos.
Mas ela não escrevia sobre ele. Porque ele era real. Ela estendia suas mãos e conseguia alcançar seu rosto. Seus lábios. Seus olhos. Mesmo que ele fosse tão alto que tivesse que ficar nas pontas dos pés. Ele existia, com seu sorriso torto e tímido. Com seus olhares de lado. Com os beijos que dava nela no meio de uma rua cheia de carros e cheia de jovens e cheia de vida. E mesmo que nesses momentos ela não conseguisse pensar em mais ninguém, ela não poderia admitir.
Naquele domingo ensolarado ela se arrumou. Colocou um sorriso nos lábios e nos olhos. Aquele era o dia que ela iria sair com ele, seu amigo, sobre quem nunca escreveu em seu caderno de sentimentos mais profundos.
Colocou seu fone para tocar todos aqueles clichês adolescentes que ela adorava. Mesmo que já tivesse o visto tantas vezes. E o beijado tantas vezes. E tocado seu rosto tantas vezes. Aquilo era diferente. E mesmo que jamais admitisse, nem para si mesma, que aquilo era um date, sentia seu estômago se revirando de uma ansiedade que não conseguia explicar. Mesmo que ela sempre tenha conseguido explicar todos os seus sentimentos a vida toda.
E eles foram naquele parque que já tinham ido tantas vezes. E conversaram as coisas que conversavam. E riram sobre as coisas que riam.
Ele encostou na mão dela e ela deixou. Entrelaçou seus dedos. Ela também entrelaçaria com qualquer amigo. Com qualquer amigo que não via a hora de abraçar e beijar nos lábios.
Passaram horas sentados em um banco falando sobre absolutamente tudo e absolutamente nada. Lembraram da primeira vez que se encontraram sem querer e o destino parecia que tinha juntado eles. Como amigos, claro. Quando o céu começou a mostrar suas primeiras estrelas, definiram a deles: A que mais brilhava lá no alto.
(E quantas vezes depois disso, quando estavam há tantos quilômetros um do outro, não se seguraram naquela estrela para se sentirem mais próximos?).
Na hora de ir embora, ele esperou com ela seu ônibus chegar. Naquela espera de domingo à noite, ela secretamente esperava que ele nunca chegasse, apesar de não falar em voz alta para ele e nem para ela. Quando viram o ônibus vindo de longe, se beijaram. E ela nunca disse isso, mas viu as faíscas voando.
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