hellololla
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lolla. london, uk. photography, food, city life, the beauty of impermanence. this is a visual diary. ♡ about | tumblr | past
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That small cottage under the willow





















Carshalton village é uma belezinha. Fica em Sutton, no sul de Londres e o único porém é ser o sul de Londres - ou seja, meio ruim de transporte. Difícil fazer uma foto sem meia dúzia de carros passando em frente. Não vi muitas lojas também, a high street é bonitinha porém modesta em termos de opções.
Porém um lago cheio de patinhos, gansos e garças tendo à sua margem um pub com cara de mansão vitoriana e um casarão belíssimo do século 17 que além de museu também é salão de chá com vista pra tudo isso? Compensa muita coisa.
P.S.: obviamente fiz amigos felinos. Essa pretinha ameaçou fofura e me deixou fazer um carinho, mas logo em seguida partiu calçada afora e adentrou um portão de ferro. The locals are friendly, but not really into conversation.
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Feet soaking wet, four missed calls on your phone.



















Por aí com o celular num dia aleatório de ferevereiro. A idéia era fazer uma "colour walk" (fotografar tudo o que encontrar pelo caminho numa cor à sua escolha) a fim de me motivar a seguir com as minhas caminhadas. Já que o ânimo de fazer academia (como o mundo inteiro parece estar fazendo) não chega em mim, vamos pelo menos tentar o desafio dos 10 mil passos diários.
Mas é claro que não achei quase nada interessante na cor que escolhi - amarelo - ou eu não estava inspirada, ou o dia estava muito cinza, ou o frio estava brutal e eu, sem luvas, com preguiça de tirar as mãos de dentro do casaco que inclusive não estava dando conta de me aquecer (spoiler: foi tudo isso junto) e desisti no meio. Agora repasso para você a brincadeira de achar algumas das coisas amarelas que vi.
O café/bar da primeira e última foto me fascina. É um puxadinho diminuto que parece ainda menor ao lado do gigantesco viaduto do metrô que atravessa a rua por cima dele. Tem uma fachada meio vintage (meu fraco são letreiros tradicionais de pub e placas de neon) e o interior labiríntico e mal iluminado abriga uma infinidade de cacarecos, souvenirs, sofás e poltronas de veludo, luz vermelha de bordel e paredes cobertas de porta-retratos e pôsteres. É como se fosse o porão da casa de uma tia excêntrica e meio slutty que prepara um expresso martini nota dez. Por sinal preciso voltar lá com a câmera e tomar outro(s).
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There's something in the air besides the atmosphere















Os bulbos de narciso que plantei nos vasinhos na frente da casa estavam me esperando em flor quando cheguei de viagem. Eu acho que já posso declarar que estamos semi oficialmente em situação de primavera.
Faz um tempo desde que apareci aqui em tempo real né? (digo tempo real porque andei fazendo uns posts datados de meses passados, para tentar preencher buracos na cronologia desse site; se você não viu eles estão logo aqui embaixo e farei outros) É que depois do fracasso da minha tentativa de transferir meu domínio para o Blogger eu perdi um pouco do entusiasmo. Meu provedor disse que "não era possível fazer o domínio abrir um site blogspot.com" e eu não entendi, já que muitos de vocês aqui têm domínios hospedados no Blogger.
A cada vez que eu falava com um atendente do suporte eu ouvia uma desculpa/solução/desinteresse diferente. Chegou a data em que eu precisava renovar e, para não dar mais um ano de dinheiro para quem não estava sendo útil, eu transferi o domínio às pressas para o Tumblr - já que tenho um blog aqui há anos e eles inclusive já hospedaram o hellololla ponto com no passado.
Só que eu gosto do Blogger. Acho mais estável e confiável, afinal eles estão aqui desde os primórdios da blogosfera brasileira. E por algum motivo que desconheço quem tenta acessar meu domínio usando o "www" no endereço dá com a cara na porta e pensa que eu deletei o blog. Perguntei ao suporte do Tumblr como resolver isso e eles estão me ignorando há uma semana. *insira emoji de palhaço*
Em resumo: o hellololla ponto com agora é no Tumblr (sem o "www", please), com uma cópia no Blogger. Por via das dúvidas estarei atualizando ambos, então você pode acompanhar por onde preferir. Assim que eu conseguir um provedor DECENTE eu tento migrar tudo de volta pro Blogger. :)
Eu já tentei manter blogs em uma infinidade de plataformas e todas elas acabam me decepcionando depois de algum tempo. Até hoje quando abro os arquivos antigos do meu blog no Tumblr e vejo que eles redimensionaram TODAS AS FOTOS para um tamanho pequeno e que para consertar isso eu tenho que deletar e repostar cada um daqueles posts eu realmente tenho vontade de desistir e ficar só com as redes sociais.
Mas por outro lado eu não gosto da idéia de deixar toda a minha presença e história na internet nas mãos de aplicativo de bilionário e seu algoritmos injustos, estúpidos e comprados, disputando atenção com reels de gente fingindo que está cozinhando o gato, que está abraçando jesus, que tem três pernas, comendo porcarias em formatos fálicos, ostentando a cor do olho dos filhos, inteligência artificial criando arte artificial, papo de coach, nazista e incel, bots de Only Fans, gente que posta absurdos com o único objetivo de engajar e todo esse esgoto arquitetado para chocar e gerar cliques.
I mean, não vou deletar todas as redes porque também as uso para trabalhar - e é lá que quase todo mundo se encontra. Há uma praticidade inegável em postar em segundos algo que levamos horas pra criar aqui (e ninguém ver, rs), em ter conteúdo forçado goela abaixo sem precisar ir buscá-lo, em saber dos seus amigos sem ter que perguntar. Mas talvez seja bom de vez em quando fazer esse consumo mais honesto, simples e intencional.
Meu cafofo aqui pode ser pequeno e meio esquecido, mas pelo menos é limpinho e bem frequentado. Eu sei que já disse isso antes, mas vamos lá de novo tentar arrumar a casa e tirar as teias de aranha das paredes.
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The Hoop in Stock


















Descobri recentemente esse pub chamado The Hoop. Fica em Stock, uma pequena village na cidade de Chelmsford. O lugar não tem quase nada além de dois pubs, um café bonitinho (vi bolos interessantes na vitrine, preciso explorar) e algumas imobiliárias, mas é bem cuidado e as casas são uma graça - e caras, porque é óbvio que eu já olhei os preços no site do RightMove.
Enfim, descobri o pub por acaso mas já voltei duas vezes porque a comida é muito boa. Nada "gourmet", mas tudo muito bem feito e bem apresentado. Destaque especial para os chickpea fritters e essas batatas fritas perfeitas - fininhas, como deve ser. Cortar uma bata em quatro, fritar e chamar de batata frita pode até estar semanticamente correto mas é um acinte à arte. A obsessão desse país com "wedges" e batata frita grossa precisa acabar.
Depois passei na Chigwell Nursery para comprar bulbos de narciso e plantar nos potes na frente da casa. Ano que vem a primavera vai ser mais bonita no meu jardim porque vou focar em tirar as folhas mortas antes que elas virem pilhas mais altas que o monte Snowdon e plantar bulbos no outono para que em ferevereiro/março os canteiros estejam cheios de narcisos tete-a-tete, snowdrops, crocus, primroses e muscaris.
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White winter lights







Recebidinhos pagos: velas da White Company. Eu sinto que meu PIB pessoal cai a níveis sudaneses sempre que entro nesse loja; a vibe de riqueza clean me faz sentir uma sem-teto que não toma banho há uma semana. Passei 10 minutos alisando um cardigã de cashmere tão macio, tão branquinho e tão acima do meu orçamento que a vendedora deve ter desinfetado a peça assim que eu me ausentei do estabelecimento. *risos proletários*
Enfim, a vela estava na promoção e um rapaz educadíssimo (fingiu muito bem não ter horror de pobre feito um Caco Antibes britânico) pôs a caixa numa sacolinha minimalista com laço de fita, pôs papel de seda por cima, BORRIFOU PERFUME em tudo e me entregou com um floreio. Acho até que ele me chamou de "madam". Resolvi entrar no papel de dondoca que me foi designado e saí pelos corredores do shopping sacudindo a sacola e deixando para trás um rastro de fragrância cara. Eu amo comprar em loja de rico sendo pobre porque, não estando acostumada a esses mimos, é sempre bom recebê-los.
(estou economizando para comprar o cardigã)
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Mersea Island, Essex






Dia de Natal. Como a minha ceia é à brasileira e foi preparada e consumida no dia 24, hoje estávamos de barriga e geladeira cheias e sem nada pra fazer. Eu queria ver água, sugeri Harwich mas ele teimou que preferia Mersea porque "de repente o pub bom vai estar aberto". Aham.
É LÓGICO que nem o pub bom, nem o pub ruim estavam abertos. O pub hotel estava, mas apenas para hóspedes. As velhinhas sentadas à mesa mastigando yorkshire puddings com suas coroas de papel crepom na cabeça secretamente rindo da nossa cara quando a garçonete nos mandou dar meia volta e sair por onde entramos. Bem feito, Mister.
Sentamos no carro com cara de bunda e fomos ouvir o discurso de natal do rei. Quando Carlinhos disse "the queen and I" eu pensei por um segundo que a mãe dele tivesse ressuscitado tal e qual Jesus na páscoa - até me dar conta de que ele estava falando da esposa. A falecida foi rainha a minha vida inteira, vai levar tempo até disassociar. Sorry, Camilla.
Mas a mini road trip não foi totalmente em vão. Passei alguns bons minutos na praia ouvindo gaivotas fazendo barulhos extraordinários umas para as outras, chafurdando minhas botas na lama da maré baixa, descobrindo o que é um "pontoon" (basicamente uma ponte que bóia), coletando artigos de origem duvidosa na areia, passando frio e vendo outro natal ir embora, tão rápido quanto chegou.
Daqui a cinco minutos ele volta.
(envelhecer é tipo ver o tempo embarcar num shinkansen e se mandar a 300km/h pra longe de você que fica largada igual uma pateta na estação com uma mala pesada de planos e sonhos)
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Two quick things


O presente de aniversário do gato (uma manta elétrica, pra ele ficar quentinho no inverno) já está debaixo da árvore; note que é o único. Ninguém aqui liga pra presente e o maior que recebi esse ano foi sobrevivê-lo.
Venho trazer a palavra do panetone frito na manteiga com açúcar demerara. Servir com fresh cream. Life can be sweet and easy sometimes. De nada.
Só isso mesmo. Feliz Natal. :)
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Turning Japanese






Mulheres que têm preguiça de se vestir para sair de casa exceto se houver um (ou mais) prato(s) de comida no fim do caminho.
Primeiro de Dezembro. DE.ZEM.BRO. *badly hides shock with a fake-surprise mocking face*
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The people under the rubble



Escondida num canto arborizado e silencioso próximo ao epicentro do agitadíssimo East End londrino existe uma rua circular com prédios vitorianos de tijolinhos bicolores. No meio dela, sobre uma elevação cercada de degraus, há uma praça com chão de cimento e terra batida de onde se ergue um pequeno coreto.
A cinco minutos dali jovens hipsters em roupas coloridas e tênis de marca desfilam pelo mercado de Brick Lane ao som de indie music e envoltos pelo aroma de indian curry, mas a densa copa das árvores centenárias que envolvem a praça abafa o ruído das vias principais do entorno. Ali se consegue ouvir o canto dos pássaros, apreciar as peripécias dos esquilos, relaxar tomando um café e respirar ares de uma outra época.
A rua se chama Arnold Circus e é como se você tivesse virado uma esquina e entrado em outro século.









No começo esse era apenas o jardim de um convento, mas a população da zona leste não parava de crescer e ocupar espaços. Por volta de meados do século 19 a área já tinha se tornado residencial e se transformado completamente; conhecida como "a pior favela de Londres", Old Nichol era ocupada por criminosos, prostitutas e miseráveis em geral - quase 6 mil pessoas amontoadas em quartos minúsculos espremidos ao longo de meia dúzia de ruas. A mortalidade infantil na comunidade era altíssima e nos mapas da época consta como região a ser evitada por motivos de violência.
Um artigo de jornal de 1863 não mede palavras: "O limite de texto é insuficiente para descrever em detalhes um único dia de visita. Não há nada de pitoresco em tal miséria. É uma repetição dolorosa e monótona de vício, sujeira e pobreza, amontoada em porões escuros, sótãos em ruínas, quartos vazios e enegrecidos, cheirando a doença e morte.
Por volta do fim do século um padre anglicano iniciou uma campanha para arrecadar fundos e reformar a igreja, construir um clube e um pensionato. Por fim pressionou o conselho local e a prefeitura a demolir toda a favela e erguer habitações novas e subsidiadas para a classe trabalhadora. O grupo de blocos foi chamado de Boundary Estate e cada prédio tinha 5 andares, no estilo Arts and crafts e foram projetados para proporcionar luz e ar puro para os residentes.
A praça foi batizada como Arnold Circus em homenagem a Arthur Arnold, presidente do conselho; graças aos seus esforços os prédios foram construídos em alto padrão para a época. Cada bloco (ou "casa") tem um nome e seus pórticos têm estilos e cores variados.





Infelizmente a maioria dos habitantes da favela não se beneficiou das mudanças; os novos prédios da Old Nichol foram destinados aos "pobres merecedores" - os que estivessem empregados, fossem livres de vícios e pudessem se sustentar. O restante foi simplesmente transferido (expulso) para outras áreas, sem nenhum auxílio ou compensação, aumentando a superpopulação de favelas já existentes ou criando novas.
E o fato de a pracinha ter sido construída sobre uma área elevada não é apenas escolha estética. Ali embaixo estão os entulhos e escombros da favela que foi demolida.



Mais recentemente a área passou por um processo de gentrificação. Os apartamentos particulares têm grande procura e não são baratos, mas o conselho local ainda controla 2/3 dos imóveis disponíveis que continuam sendo subsidiados para as classes menos favorecidas - um mix de nacionalidades e etnias. A associação de moradores é bastante ativa na organização de eventos e tanto a praça quanto o jardim são cuidados por alunos de escolas locais. Os prédios são bem cuidados mas não foram reformados (muitas janelas e portas são originais), o que mantém o ar de "old London" da vizinhança.






As placas minimalistas das lojinhas independentes vendendo badulaques superfaturados dão um ar de modernidade chique às sete ruas que vão dar na praça - mas a arquitetura sisuda e sem firulas da Inglaterra vitoriana e os ecos de outrora em alguns detalhes preservados nos lembram de que o passado está enterrado bem ali, nos fragmentos de memória embaixo daquele coreto.
Andando pelas calçadas limpas e bem cuidadas é impossível não pensar nos habitantes da Old Nichol, na vida de privações e desconforto e no destino que tiveram pós demolição quando foram removidos de suas comunidades e escassas redes de apoio. E tudo isso soa tristemente familiar, porque o Brasil também teve o seu percurso em direção ao progresso marcado por questionáveis episódios de higienismo.
O concreto que cobre novas estradas costuma passar por cima da história de muita gente pobre, mas no caso desse pedaço pitoresco do East End uma parte dessa história é a base da estrutura. Algo pra se pensar sentado nos bancos da praça enquanto se degusta o chai latte artesanal de um café instagramável.
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Mushroom Mania
I sometimes get a new mug to celebrate the changing of the seasons (autumn/halloween/christmas/easter) and this is my latest acquisition. I've always loved mushrooms and am currently dealing with a mushroom hyperfocus triggered by the deluge of mushroom themed tat littering the shelves at every shop right now. Never been happier, but also quickly running out of space to display mushroonalia. Need to put an end to this obsession.
As for the macaroons: meh. I always forget that you should never buy edibles from TKMaxx; they're often low quality or going stale (often both). Looking pretty, though. And were eaten anyway. <3
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Changing the desk decor from halloween back to simply autumn - untill I finally feel the christmas vibes descending upon me and dig out the mini christmas tree.
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Good mail day.


A whole stock of Rituals moisturizers, thanks to People's Postcode Lottery.
(People's Postcode Lottery is a subscription lottery which raises money for charities. The players win cash prizes and good causes also receive essential support. Players sign up with their postcode and pay £12 per month to be automatically entered into every draw and prizes are announced every day of the month. 33% of the ticket price goes to charities.)
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Found at Oxfam Books, this little beauty with a 1911 hand written dedication. I wonder who Hilda was and if her perseverance paid off. Well, at least she got a beautiful book for her efforts.
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Outono









♥ Cozy season is upon us again. Tea, journaling, autumnal candles and crockery, making playlists, staying indoors while the morning fog blurs the edges of my ancient oak tree, its fallen orange leaves carpeting the garden floor. An orange cat sits on the windowsill and serves ginger cuteness to the neighbourhood. The actual most wonderful time of the year.
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Blowing through the jasmine in my mind.




E depois de um longo e tenebroso inverno (ou, mais especificamente, uma primavera fria e chuvosa) chegou o verão. E chegou faz tempo; já tem até enfeite de halloween nas prateleiras (desde julho!) mas isso é problema pra outro post. Enfim, antes tarde do que nunca cumprir a tradição de vir aqui depois de um sumiço, anunciar alguma obviedade, postar fotos aleatórias e, claro, desfrutar do meu passatempo preferido: reclamar.
A quizila número 01 da lista é o vizinho que comprou um quadriciclo motorizado. Se você não sabe o que raios é um quadriciclo motorizado então imagine uma moto com quatro rodas. Se você não quiser imaginar, clique aqui. E qual o problema, você se pergunta, de o vizinho ter comprado um quadriciclo? Nenhum, eu diria. Afinal de contas o dinheiro não é meu e ele parece estar extremamente feliz com a compra. Tão feliz, na verdade, que sai de casa com o quadriciclo todos os dias. E a cada dia ele sai com o quadriciclo pelo menos dez vezes. Hoje eu fiz questão de contar: fora o momento em que eu estava no banho (se ele saiu eu não ouvi, por causa do barulho do chuveiro) o negócio passou debaixo da minha janela VINTE E NOVE VEZES.
E qual o problema, você se pergunta, de o vizinho passar com o quadriciclo embaixo da sua janela o dia inteiro? Nenhum, eu diria. Afinal de contas em nenhuma dessas vezes ele passou com o quadriciclo por cima do meu pé e ele parece estar extremamente feliz desfilando para cima e para baixo, às vezes com uma mulher que pode ser a esposa na garupa, noutras com um menino que pode ser o filho. O quadriciclo sem sombra de dúvida é a diversão de verão desta família.
Mas como eu disse, é uma quizila. Um ranço. Uma birra. Uma PINIMA. E assim sendo não precisa existir um problema real. Basta eu estar de saco cheio e gratuitamente irritada. Cacete, o que tanto esse homem faz na rua? Ele não trabalha? Não ajuda a mulher nas tarefas domésticas? Não tem nenhum outro hobby ou ocupação que não seja ficar rodando o quarteirão com aquela maldita motinha o dia inteiro? Que INFERNO. Já me peguei torcendo pro bagulho pifar mas tenho certeza que ele ou se m*ta ou compra outra no dia seguinte pra curar a abstinência. Mal posso esperar pelo fim do verão.








A bronca número 02 são os moleques jogando futebol na rua. Quase todos os dias eles estão lá, devidamente caucasianos, suburbanos e britânicos, dando pontapés numa bola barata e berrando sem parar. E qual o problema, você se pergunta, com os adolescentes aproveitando as férias escolares chutando uma redonda? Nenhum, eu diria. Afinal nem todo mundo pode viajar e eles parecem estar extremamente felizes fazendo a rua de várzea. Os ingleses não copiaram aquela mania americana (que você deve conhecer através dos filmes da Sessão da Tarde) de mandar a criançada para um "summer camp" nas férias escolares a fim de não ter que conviver com os próprios filhos. Os ingleses preferem um outro método para não ter que conviver com os próprios filhos: colégio interno. Muito mais eficiente, eu diria, apesar de bem mais caro.
Enfim. O problema não é a diversão dos jovens, e sim o fato de eles jogarem exatamente ao lado da cerca do meu jardim. E a maldita bola cai no meu quintal TODAS AS VEZES. Quase sempre mais de uma vez. Já fui interrompida trabalhando, jantando, falando ao telefone, durante um zoom call, fazendo xixi, pintando a unha, you. name. it. Eu não aguento mais. Quando não acho a bola eles - muy gentilmente - se oferecem pra entrar e procurar. Entrar na MINHA CASA, sabe. Passar por dentro da minha SALA sem três meses de aviso prévio (o que para um introvertido é o equivalente de te ver pelado). Me colocando na posição desconfortável de ter que negar, e perder minutos preciosos do meu dia vasculhando o jardim atrás de brinquedinho de marmanjo. E o pior é que a bola costuma cair no fundo de uns arbustos de difícil acesso, e que lá pelo fim desse mês vão começar a se encher de teias de aranha. NÃO ESTARÁ SENDO POSSÍVEL, boys.
Tem outras broncas, mas essas duas estão me tirando do sério. Já tive devaneios com o cara do quadriciclo atr0pelando os moleques do futebol e fantasiei cenas dignas da seção "members only" dos fóruns de gore. Mas well. Enquanto digito o quadriciclo está passando na rua novamente (são dez da noite) e no máximo posso desejar que comece a chover a partir de amanhã até o dia em que o vizinho se cansar e, como todo inglês amante do sol, decidir mudar para a Austrália. Já quanto aos aspirantes a Premier League jogando pelada na rua... No máximo posso gritar da janela NÃO ADIANTA VOCÊS NUNCA MAIS VÃO GANHAR OUTRA COPA. Pesado? Pesado. Mas menti? Não menti. It's not coming home.






Fora isso, tudo ok. Estou apaixonada por melão cantaloupe. Esqueci meu aniversário de casamento de novo. Admirei belos e intermináveis campos de trigo e de cevada. Vi a Stevie Nicks no Hyde Park e Simple Minds nas 24 Horas de Le Mans. Não vi a aurora boreal em Londres, mas o simples fato de saber que aconteceu já me alegra. Quero um gato Sphinx. Comi curry japonês, fast food coreana e bebi hectolitros de aperol e bubble tea. Recebi amigos do Brasil na minha casa. Sentei em diversos pub gardens em mesas coberta de pints de IPA e pacotes de batatinhas chips. Abriram cafeterias novas e uma loja de videogames antigos na vizinhança. Andei um bocado de Uber boat - algumas vezes por necessidade, mas quase todas a lazer. Já tenho a marquinha de bronzeado da estação: a do relógio no meu braço. Ouvi toda a discografia da Taylor Swift a fim de chegar a uma conclusão e ainda não cheguei. Estou gostando da linha nova de perfumes da M&S. Finalmente consegui começar a usar vestidos de verão e chinelo. Minha sogra se acidentou mas o sistema público de saúde chegou junto e ela já está andando de novo. O jardim que aparece aqui é do fim de maio e acho poético ver as hortênsias ainda em botão - agora que estão totalmente abertas e já começam a ressecar essas fotos me trazem uma sensação de frescor e ao mesmo aquele desconforto de constatar a passagem do tempo.







Os problemas familiares deram uma pausa (que está me saindo meio cara em termos financeiros, but all is good and you can't put a price in a drama free existence), eu consegui fazer pequenas viagens e aquisições - tudo em dimensão muito mais modesta do que eu gostaria, mas continuo exercitando gratidão e pensando naquele texto sobre o "dia normal" que sempre me vêm à mente quando ensaio ficar entediada com a vida.
"Could be worse" é tão o meu slogan que decidi o que escrever na minha lápide: "Could have been worse. At least there was cake."
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Sunny sundays are for the seaside.










Abriu o sol = Southend. Essa é a nossa praia mais próxima. Nem de longe a melhor, mas eu só queria beber cerveja olhando o mar.
O almoço foi num típico pé sujo italiano - a mesa estava grudando, o salão estava quente feito uma sauna e tive que pedir pra trocar minha faca por motivos de imunda. Fiquei fascinada pelo preenchimento labial da nossa garçonete; me senti tentada a perguntar se aquelas linguiças estavam no menu, mas calei-me. Afinal ela ainda estava com a minha faca suja na mão.
No calçadão meu marido logo arrumou um coleguinha pra conversar. Car lovers são como crianças: basta encontrar alguém com um brinquedo interessante no playground e já viram melhores amigos. Queria que fosse assim com os meus hobbies; eu só tenho hobby de mulher esquisita, mas talvez o meu nível de esquisitice seja muito alto e mulheres são menos tolerantes.
No fim do dia encontramos esse bar que mais parecia um clube do núcleo rico de novela das oito. Estava lotado quando chegamos e tivemos que esperar por uma mesa. De vez em quando é agradável poder sentar do lado de fora de chinelo e beber uma gelada; essas coisas simples pra quem veio de país tropical, porém mais raras no clima temperado do norte global. Mas não reclamo porque aqui tenho acesso a todas as estações. O verão eterno brasileiro pode ser bom para muitos, mas eu prefiro variedade. O clima aqui nunca é boring.
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Aleatoriazinhas da semana







1. Abriram (mais uma) coffee shop no bairro e fui lá investigar. Fiquei meio desconcertada com o fato de uma LIMONADA custar 6 libras (ficando inviável se alimentar na rua aqui; o Meal Deal de 3 pilas do Tesco is the last man standing) mas pelo menos os sofás eram confortáveis e o serviço foi rápido - ao contrário do Starbucks que com certeza deve mandar o staff ir pra África de ônibus colher os grãos de café antes de fazer um latte porque NÃO É POSSÍVEL.
Como eu não ia comer resolvi pedir um "cake in a mug" - como eu chamo essas bebidas com nome afrescalhado que são açúcar puro e às vezes sem um pingo de café. Eles capricharam no syrup - de novo me surpreendi; os baristas por aí regulam tanto a mixaria que você fica com a impressão de que o syrup está saindo do bolso deles. Enfim, o novo café deixou boa impressão; limpo, eficiente, confortável e generoso. Talvez eu volte.
2. O mesmo não posso dizer do novo sushi place. Estive lá duas vezes e a comida foi decepcionante em ambas. Eles não fazem a menor idéia de como montar um bao bun e o arroz do sushi estava cru (e provavelmente velho). Tirei da lista.
3. A obsessão do verão: comprar correntes de óculos bonitinhas e transformar em bracelete ou colar. Esse é da Tiger.
4. e 5. Dei um pulo em Brentwood pra resolver uma burocracia e me recompensei com um mini bolinho na Gail's (juro por deus que qualquer buraco nesse país tem uma Gail's - MENOS O MEU). Fazia tempo que eu não pedia esse pequeno - e é pequeno mesmo - e esqueci o quanto ele é bom. Não sou a maior fã de bolos feitos com farinha de amêndoas mas esse é exceção. Molhadinho e saboroso, tem o tamanho ideal pra você querer outro mas não pedir.
6. Outro sushi place que eu provavelmente vou tirar da minha lista. Eles nunca foram excelentes, mas tinham uma boa relação custo X benefício; porém se recusam a aumentar o preço e aí a qualidade caiu muito. Quase tudo estava meio sem gosto e com aspecto triste. E o lugar sempre tão vazio durante o dia que eu suspeitava de lavagem de dinheiro; mas agora acho que é por ser ruim, mesmo.
7. Pra me recuperar do sushi triste fui tomar um café cremoso - onde? Yup, em outra Gail's. Eu preciso parar de dar dinheiro pra esse povo. Vou parar de dar dinheiro pra esse povo? Provavelmente não (só se abrirem um Ottolenghi no meu bairro, o que convenhamos é ainda menos provável que abrir uma Gail's).
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