Grave’s são estudos gráficos compostos por linhas contínuas, que se curvam para buscar uma unidade harmônica, passando por alterações ao longo do movimento para dar origem a estruturas que se desdobram e transmutam em cada trabalho.
Geralmente em preto, branco e cinza, nas mais diversas escalas, com detalhes e preenchimentos mínimos, os traços são uma resposta visual a múltiplas interpretações da palavra Grave.
Grave, modo imperativo do verbo gravar, é um possível sinônimo de “risque” e “pinte”, remetendo a métodos de gravação sobre papel e outras matrizes. Grave também é sinônimo de “preocupante”, “complicado”, “sério”, descrições justas para o quadro social em que grande parte da população do país se encontra. Novamente como adjetivo, Grave qualifica frequências sonoras, em um diálogo com as pesquisas sobre a música negra e seus meios de propagação através de sistemas de som, onde essa frequência é determinante para o impacto da mensagem.
Essas interpretações se influenciam e criam um fluxo de ideias onde não é mais possível delimitá-las, o que está refletido em linhas que se complementam e sobrepõem, buscando sempre ser desorganizadas e reorganizadas. O retorno visual desses três elementos não é algo acabado, pois é fruto de um constante diálogo.
O processo de pintura é meticuloso e desafiador na busca das linhas precisas, utilizando apenas pincel e bico de pena sobre o suporte.El Lissitzky, Victor Vasarely, Ivan Serpa, Luiz Sacilotto, Ligya Clark, Rubem Valentim, entre outros, são grandes referências como artistas que também apresentavam em suas fases abstratas esse tipo de execução, onde o processo amplia cada uma das particularidades para que a pintura tenha uma capacidade de comunicação maior e mais duradoura.
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Grave, abstração e a conexão com a cidade.
Nos últimos anos foi desenvolvido o primeiro ciclo da frente de pintura intitulada “Grave”, sintetizando os conceitos de gravação sobre diversas matrizes, temas sociais e das frequências sonoras.
Este ciclo foi produzido sobre diversos tipos de papéis, com um recorte dedicado aos que carregavam arquivos impressos variados, desde projetos eletrônicos da fabricação de caixas de som até mapas de cidade, projetos de engenharia e arquitetura no geral.
Através desse encontro com os arquivos, se conectam na pintura as experiências na música, vivenciadas como dj e pesquisador, e também as relações com a cidade vivenciadas através da interpretação do espaço público por meio da prática do skateboard.
A abstração geométrica e retilínea desenvolvida com linhas precisas, também busca conectar a pintura com a narrativa do que se passa nas cidades, incitando memórias e questionamentos sobre a nossa presença no meio urbano.
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Variação de unidade
Josimar Freire consegue fazer com a linha, um dos elementos mais básicos e simples da sintaxe da linguagem visual, uma sofisticada variação de unidade. O artista demonstra uma capacidade de domínio e rigor com esse elemento que ora é fluido, ora é rígido.
Como em um transe, o artista é dominado pelo poder da criação e, imerso nesse momento de produção, consegue fazer da linha o que bem quer, numa entrega total e absoluta.
O resultado é uma coleção de caminhos que, sendo divergentes, podem convergir.
Os traços de Freire são firmes e realizados com precisão cirúrgica a bico de pena e pincel, numa busca pelo equilíbrio desestabilizante do ritmo e do movimento, numa dança elegante de virar e desvirar páginas em percursos indeléveis.
As linhas de Freire ganham corpo e surgem impressas no papel, nas telas ou em qualquer outro suporte. A tensão que emerge de cada traço criado, remete à afinação precisa de um instrumento de cordas, em consonância com a austeridade das cores que marcam as obras - sempre em preto, branco e variações de cinza -, provocando um arrebatamento imenso.
Aí o jogo de sedução em variação de unidade já está posto, com as formas que se dilatam e se contraem, se expandem e se estreitam. E é nesta ação de sístole e diástole, que as linhas, sem direção certa, mas, cheias de intensidade, brincam com o que foi, com o que é e com o que está por vir.
A exposição teve sua primeira montagem na Sala da Casa em Juiz de Fora, Minas Gerais. Texto e curadoria por Mariana Bretas.
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Texto Simples reúne estudos tipográficos cujos traços e semântica dialogam com as referências do universo do artista, narrando e propondo indagações que são somadas com a intenção de reverenciar essas fortes influências no trabalho de Josimar Freire.
Estas influências passam pela identidade gráfica das capas de discos e pôsteres de filmes blaxploitation, estética de vídeos e publicações de skate, informativos de gravadoras, panfletos de protesto e cartazes empunhados em passeatas.
Na série Texto Simples a escrita se converte em pintura, buscando despertar no expectador o interesse pelos temas que estão inseridos nessa narrativa visual onde a composição gráfica dos trabalhos em grande parte tem a intenção de ser simples e direta. Aqui, os diversos estudos de pequeno e médio formato se agrupam com texturas coletadas pelos garimpos de discos e livros.
Buscando superar barreiras linguísticas impostas pela academia e instituições de arte, Texto Simples também propõem um diálogo híbrido e acessível na parte textual de sua produção.
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A série de colagens surge a partir da fragmentação de antigos trabalhos iniciados em 2007.
Ao revisita-los anos após me desligar dessa produção, considerei destruí-los em uma espécie de desapego, buscando nos retalhos matéria prima para a elaboração de padronagens com texturas mais carregadas.
Através da variação dos gráficos orgânicos anteriormente presentes, procurei chegar a uma nova fluidez com profundidade e movimento que ainda mantivessem características dos antigos trabalhos.
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O documentário aborda partes do processo de uma das pinturas que estão no zine e a ativação das bandeiras do Colapso durante um dia de pré-eleição municipal, passando por locais simbólicos que servem como plano de fundo para o significado da palavra.
*Todas as pinturas em nanquim e acrílica sobre papel / formatos variados
*Bandeira em acrilica sobre tecido 1,40 x 2,50.
Produção: @inhamis & @baixo_centro
Direção: Francisco Franco e Josimar Freire
Câmeras: João Castanheira e Francisco Franco
Concepção sonora: João Castanheira
Som direto: Amanda Pomar e João Victor Fouraux
Edição: Francisco Franco
Bandeiristas: Yuly Amaral e José Hansen
Correção de cor: Fernanda Roque
Drone: Felipe Hutter
Música: Becoming Part of, Dan Mayo
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Este vídeo é uma extensão da série “Skate não é Esporte” que reúne trabalhos do artista visual Josimar Freire. Produzido na cidade de Juiz de Fora entre 2013 e 2016 o vídeo foi filmado e editado por Lucian Fernandes com colaboração na edição de André Viana e João Pedro Castanheira, que também assina as animações.
Esta série visa reafirmar a idéia “Skate não é Esporte”, valorizando o skateboard como uma manifestação cultural e contemporânea que vai muito além de manobras e nível técnico. Nosso intuito é enaltecer a plasticidade natural e a capacidade de constituir uma via de expressão, protesto e transgressão, com a interpretação do skate pela cidade como uma extensão do universo de realizações do artista visual Josimar Freire.
O skate conecta-se com as artes por meio das áreas da fotografia, música, vídeo, design e pintura. Observando com apuro essas produções do meio, podemos refletir o skate como obra e ferramenta que origina um exercício elevado de percepção, interpretação e expressão. Durante as sessões, vivenciamos e dialogamos de forma mais intuitiva com pessoas e situações de todos os tipos, sempre nos reinventando e nos estruturando para estar dentro e fora do universo/âmbito natural do skate.
Pela demanda, critério e entrega que o skate requer, é possível estabelecer um paralelo com a contestação, fundamentação e busca de linguagens presentes no desenvolvimento da produção artística. Partindo desse ponto, podemos voltar ao ato primário e instintivo do que é andar de skate, que, mais do que ocupar o ambiente público, estimula a uma ressignificação de espaços inutilizados ou que não podem ser tocados por todos.
Entendendo que somos levados a nos adequar a uma arquitetura, que muitas vezes não é propícia, reinterpretamos esses espaços e propomos novos diálogos com o meio urbano. Seguimos pelas cidades de forma crítica e desobediente, reconhecendo cada rachadura dos pisos por onde passamos e nos mantendo sempre atentos à sociedade.
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Texto Simples reúne estudos tipográficos cujos traços e semântica dialogam com as referências do universo do artista, narrando e propondo indagações que são somadas com a intenção de reverenciar essas fortes influências no trabalho de Josimar Freire.
Estas influências passam pela identidade gráfica das capas de discos e pôsteres de filmes blaxploitation, estética de vídeos e publicações de skate, informativos de gravadoras, panfletos de protesto e cartazes empunhados em passeatas.
Na série Texto Simples a escrita se converte em pintura, buscando despertar no expectador o interesse pelos temas que estão inseridos nessa narrativa visual onde a composição gráfica dos trabalhos em grande parte tem a intenção de ser simples e direta. Aqui, os diversos estudos de pequeno e médio formato se agrupam com texturas coletadas pelos garimpos de discos e livros.
Buscando superar barreiras linguísticas impostas pela academia e instituições de arte, Texto Simples também propõem um diálogo híbrido e acessível na parte textual de sua produção.
Vídeo produzido por Inhamis entre 2014 e 2015.
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Livro de artista desdobrável/destacável que reúne oito trabalhos impressos em serigrafia, divididos em 2 folhas A3.
Cada página conta com diferentes aguadas de nanquim e a opção de destaque para cada composição.
Imagens e edição: André Viana Campos - 2015
Disponível: 80 Reais + envio
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