kalinawr
kalinawr
〝  kalina  . ⁺
14 posts
Don't wanna be here? Send us removal request.
kalinawr · 1 month ago
Text
Tumblr media
4 notes · View notes
kalinawr · 1 month ago
Text
Tumblr media
. ⁺ CERIMONIA DE APRESENTAÇÃO ⸻ O  tecido  leve,  com  estampa  que  imitava  perfeitamente  os  veios  do  tronco  escuro,  caía  sobre  o  corpo  como  uma  casca  viva. As  pregas  criavam  um  movimento  orgânico,  abrindo-se  a  partir  de  um  ponto  central  como  se  tivessem  crescido  ali,  espiralando  com  elegância.  E  o  mais  importante:  ao  contrário  dos  modelos  rígidos  que  tentaram  empurrar  para  ela,  este  não  apertava  nem  sufocava.  Kalina  se  via  nele  forte,  firme,  mas  leve.  Ah,  vale  lembrar:  escondido  pelo  tecido  longo,  contra  a  vontade  do  pai,  usava  um  par  de  tênis.  Afinal,  precisava  se  concentrar  em  arranjar  aliados,  o  que  não  faria  se  tivesse  tentando  se  manter  em  saltos  altos. 
7 notes · View notes
kalinawr · 1 month ago
Text
Tumblr media
Não  era  de  se  estranhar  que  uma  Domowicz  estivesse  na  biblioteca.  Ainda  que  o  ambiente  não  tivesse  o  mesmo  charme  acolhedor  das  livrarias-café  da  família,  com  cheiro  de  café  fresco  e  poltronas  macias,  pelo  menos  ali  havia  silêncio.  Ou  deveria  haver.  A  ideia  era  fugir  da  presença  irritante  dos  outros  herdeiros,  todos  barulhentos  demais,  convencidos  demais,  metidos  demais  para  seu  gosto.  E,  por  um  bom  tempo,  conseguiu.  Estava  finalmente  chegando  na  parte  mais  densa  e  provocativa  do  livro,  envolvida  com  a  narrativa,  os  olhos  vorazes  sobre  as  linhas,  quando,  claro,  alguém  teve  que  aparecer  para  estragar  tudo. 
❝  Por  que  perguntar  se  eu  me  importo  se  você  ia  sentar  de  qualquer  jeito?  ❞  Disse  sem  sequer  levantar  o  olhar,  o  tom  seco  e  direto,  já  sabendo  exatamente  quem  era.  Era  impossível  não  reconhecer  a  voz  melodiosa,  irritante  e,  mais  ainda,  as  vestes  esvoaçantes  demais  para  um  lugar  como  aquele.  Suspirou,  resignada,  e  fechou  o  livro  com  calma,  marcando  mentalmente  o  número  da  página  antes  de  virar  a  capa  na  direção  da  princesa  da  China.  ❝  O  Conto  da  Aia,  Margaret  Atwood.  Já  ouviu  falar?  ❞  Perguntou  com  a  dúvida  genuína  de  quem  não  esperava  muito  da  outra,  embora,  no  fundo,  deixasse  uma  pequena  brecha  para  se  surpreender.
Tumblr media
𝗖𝗟𝗢𝗦𝗘𝗗 𝗦𝗧𝗔𝗥𝗧𝗘𝗥: with @kalinawr
Tumblr media
O quarto oferecido pelos anfitriões era espaçoso e confortável, mas não oferecia nada, além disso. Então, Yizhuo estava decidida a procurar por algo ou alguém que pudesse lhe entreter pelo menos por um tempo considerável. Destino ou não, ela acabou chegando até a enorme biblioteca da mansão e adivinha quem estava lá? Isso mesmo, Kalina. “Ei, se importa se eu...” Ela apontou para a cadeira desocupada. A Seelie parecia ser a única ali no momento, e mesmo que não se dessem lá muito bem, ela era a companhia mais aceitável que Yizhuo sabia que teria. Então, para que reclamar de barriga cheia? A chinesa também não esperou por uma resposta antes de se sentar na cadeira acolchoada. Conhecendo não muito bem a Domovoi, ela com certeza diria algo parecido com “cai fora daqui” ou algo semelhante, olha como ela era doce — docinha igual a limão. “Posso saber o que você está lendo?” Era uma pergunta inofensiva feita sem nenhum tom de deboche, Yizhuo realmente queria saber. Se a história fosse boa o suficiente, ela pegaria uma cópia para si também. 
Tumblr media Tumblr media
4 notes · View notes
kalinawr · 1 month ago
Text
Tumblr media Tumblr media
melissa barrera
18 notes · View notes
kalinawr · 1 month ago
Text
Tumblr media
Sylvia Plath, The Unabridged Journals
3K notes · View notes
kalinawr · 1 month ago
Text
Tumblr media
Quando  Kalina  ouviu  os  xingamentos  ecoando  pelo  corredor,  não  hesitou  em  se  aproximar,  os  passos  decididos  e  a  expressão  atenta.  Estava  pronta  para  encontrar  algum  nobre  esbravejando  contra  um  changeling,  cena  que,  infelizmente,  não  era  rara—  e  se  fosse  o  caso,  ela  já  estava  preparada  para  intervir.  Mas  o  que  viu  foi  bem  diferente.  Era  apenas  o  chinês,  esbravejando  sozinho,  o  olhar  feroz  e  os  gestos  erráticos.  Por  um  instante,  uma  changeling  tentou  se  aproximar,  talvez  por  instinto  de  ajudar,  mas  Kali  a  interceptou  com  um  gesto  firme,  discreto,  e  apontou  para  outra  direção,  indicando  que  era  melhor  deixá-lo  sozinho.  Ela,  por  outro  lado,  manteve  distância,  seguindo  o  rapaz  com  o  olhar  curioso,  o  corpo  em  alerta,  como  quem  não  sabia  se  estava  prestes  a  testemunhar  um  desastre  ou  uma  performance. 
Ele  entrou  em  um  dos  quartos  e,  por  um  erro  de  descuido  ou  de  confiança,  deixou  a  porta  entreaberta.  Kali  se  aproximou  sem  fazer  barulho,  os  olhos  semicerrados,  e  parou  na  soleira,  apoiando-se  com  naturalidade,  como  se  estivesse  exatamente  onde  devia  estar.  Foi  então  que  viu  a  cena:  ele  usava  uma  fruta  (uma  fruta!)  para  colorir  os  lábios  e  as  bochechas,  com  uma  concentração  absurda  no  próprio  reflexo.  A  imagem  era  tão  absurda  que  ela  não  conseguiu  conter  a  gargalhada.  ❝  Inacreditável  ❞  Disse,  ainda  rindo,  os  olhos  brilhando  com  aquele  desprezo  guardado  especialmente  para  os  membros  da  corte  chinesa.  ❝  Isso  foi  a  coisa  mais  patética  que  eu  já  vi  alguém  fazendo  ❞
Tumblr media
"Inúteis... Patéticos..." A voz cortante de Yàn ecoou pelos corredores da Crisália como um vento gélido, carregando consigo o peso de seu desprezo. Seus passos, sempre calculados e elegantes, agora marcavam o chão com uma fúria contida, cada batida de suas solas contra o mármore polido um lembrete de sua impaciência. As longas camadas de mantos vermelhos e brancos de suas roupas esvoaçando como uma chama vermelha ao seu redor. "Patético! Patético!" Yin repetiu as palavras com uma voz rouca e robótica, adicionando um tom quase grotesco à cena. O contraste entre a "birra" do príncipe e a repetição mecânica do corvo era, de certa forma, cômico (mas ninguém, em sã consciência, ousaria rir).
Yàn apertou o punho ao redor do cabo de seu chicote, as juntas de suas mãos ficando pálidos sob a pressão. O metal entrelaçado, trabalhado como galhos de salgueiro, parecia pulsar em sintonia com sua raiva, deixando marcas vermelhas em suas palmas. "Aqueles malditos servos," ele cuspiu, "tiveram a audácia de perder minha maleta de maquiagens. O que raios esperam que eu faça agora? Apareça na celebração com a cara lavada, como algum plebeu qualquer!?"
Sua voz, normalmente melíflua e controlada, mantinha ainda aquela afiação característica: uma navalha envolta em seda. Mas hoje, o verniz de compostura estava rachado. Seu rosto, normalmente impecável, ardia sob uma máscara de ódio que ele mal conseguia conter.
"Que cortem minha garganta antes que me vejam mais feio que um Yinshi..." Não era um exagero, é claro. Yàn jamais permitiria que sua aparência fosse menos que impecável, mesmo em meio ao caos. A ideia de ser visto em público sem suas camadas cuidadosamente aplicadas de pó, pigmento e perfeição era intolerável.
Ele podia sentir a tentação de descarregar sua fúria em alguém; um servo, um guarda, açoitar qualquer um que cruzasse seu caminho. Mas não havia alvo conveniente, e mesmo seu chicote, tão ávido por marcar carne, não podia ser usado sem consequências. Um golpe impulsivo poderia desencadear um incidente diplomático, sua desqualificação, ou outra entediante guerra feerica que pouco o afetaria no conforto de seu lar.
Yàn adentrou seu quarto, deixando sua porta aberta, a paisagem falsa de sua terra Natal não trazendo qualquer resquício de conforto. Sob a mesa de chá, dois romãs suculentos, o suco vermelho das frutas escorrendo e se espalhando sob o prato dourado que as apoiava. "Hum, isso vai servir..." O príncipe murmurou para si mesmo com um bico nos lábios, sentando-se em frente a mesa e mergulhando dois finos dedos na polpa da fruta. Seus dedos foram embebidos no fino suco cor de sangue, antes de tocarem os lábios e bochechas do jovem Zhao, uma maquiagem improvisada e delicada, trazendo um rubor natural à pele de porcelana.
Tumblr media
6 notes · View notes
kalinawr · 1 month ago
Text
Tumblr media
Mesmo  com  os  poderes  limitados  pelo  bracelete,  Kali  ainda  conseguia  perceber  que  não  havia  razão  real  para  manter  a  guarda  tão  alta.  A  presença  da  outra  era  leve  (não  inofensiva,  mas  também  não  ameaçadora)  e,  com  o  tempo,  a  tensão  nos  ombros  começou  a  se  desfazer.  ❝  Muito  cedo,  né?  Ainda  nem  tivemos  o  primeiro  desafio  ❞  comentou  com  um  sorriso  mais  genuíno  do  que  os  anteriores,  permitindo-se  entrar  no  clima  da  conversa.  E,  por  impulso  ou  escolha,  devolveu  a  brincadeira:  ❝  Mas  se  você  prometer  não  contar,  talvez  eu  te  chame  para  me  ajudar  quando  eu  realmente  tentar  arrombar  um  quarto  ❞ 
Desviou  o  olhar  por  um  instante,  notando  as  pulseiras  que  cobriam  o  pulso  da  rajkumari—  peças  que,  sozinhas,  provavelmente  custariam  o  equivalente  a  três  anos  de  escola  para  uma  criança.  Normalmente,  essa  constatação  a  faria  revirar  os  olhos.  Sempre  foi  crítica  com  ostentação  desnecessária,  com  pessoas  que  tratavam  riqueza  como  parte  da  personalidade.  Mas  respirou  fundo.  Estava  ali  para  formar  alianças,  não  para  julgar  como  se  fosse  possível.  E,  ao  contrário  de  metade  das  herdeiras  que  conhecia,  a  mulher  diante  dela  não  parecia  terrível.  Havia  algo  nela  que  destoava  do  resto  ou  talvez  Kali  só  quisesse  acreditar  nisso  para  se  permitir  ser  mais  simpática.  ❝  Eu  amo  meu  país,  é  um  lugar  bonito  ❞  Disse  com  sinceridade,  os  olhos  suavizando  ao  lembrar  de  casa.  ❝  Gosto  de  praticar  esportes  de  neve,  mas  talvez  você  gostaria  de  visitar  no  verão...  Ouvi  dizer  que  a  Índia  é  bem  quente  ❞
Tumblr media
Foi com um gesto de uma das mãos que desconsiderou o pedido de desculpas alheio, fazendo com que, inconscientemente, uma brisa suave passasse por elas. — Não se preocupe com isso, eu só estava fazendo uma piada. — Disse, o sorriso ainda em seus lábios ao tranquilizar a moça. Olhou, então, para ambos os lados do corredor antes de acrescentar, em voz baixa, como se as duas dividissem um segredo. — E eu não diria a ninguém se estivesse mesmo tentando arrombar um quarto. — Queria quebrar a sensação de que acabara envergonhando a księżniczka da Polônia e, por isso, o pouco caso da situação. Não acreditava realmente que a mulher tentava invadir um dos quartos - ao menos, não quando a competição sequer havia começado. — É assim que se faz amigos, não é? Kiyana Khatri, rajkumari da Índia. — Apertou a mão dela, os braceletes dourados tilintando em seu pulso com o comprimento e tentou, em seguida, puxar um assunto qualquer. — Nunca estive na Polônia. Você gosta de lá?
Tumblr media
11 notes · View notes
kalinawr · 2 months ago
Text
Tumblr media
Era  estranho,  Kali  pensou,  porque  sempre  teve  um  bom  senso  de  direção  e  raramente  se  enganava  com  esse  tipo  de  coisa,  mas  ali  estava,  diante  de  uma  porta  que  não  se  abria,  tentando  pela  terceira  vez  fazer  o  bracelete  funcionar  como  deveria.  Deu  um  leve  tapinha  no  acessório,  como  se  aquilo  fosse  milagrosamente  resolver  o  problema,  e  o  aproximou  novamente  da  trava.  Nada.  Um  grunhido  baixo  escapou  de  seus  lábios,  e  ela  lançou  um  olhar  impaciente  para  a  fechadura.  Agora  teria  que  recorrer  à  solução  mais  indesejada:  testar  outras  portas  ou,  pior  ainda,  pedir  ajuda. 
Não  teve  tempo  de  decidir,  porque  ouviu  uma  voz  atrás  de  si.  Virou-se  de  imediato,  os  olhos  encontrando  os  de  uma  mulher.  ❝  Ah,  perdão…  ❞  disse  rápido,  e  ao  notar  o  sorriso  da  outra,  lembrou  de  suavizar  a  própria  expressão.  ❝  Eu  não  fazia  ideia  que  este  era  seu  quarto…  ❞  Forçou  um  sorriso  pequeno,  com  um  ar  quase  envergonhado,  e  acrescentou:  ❝  Não  que  eu  queira  arrombar  a  porta  de  outra  pessoa.  ❞  Esticou  a  mão  em  seguida,  tentando  soar  simpática  ao  se  apresentar.  ❝  Eu  sou  Kalina  Domowicz,  księżniczka  da  Polônia  ❞
Tumblr media
A grandiosa mansão da villa Yggdrasil era confortável, mas seus corredores e espaços fechados faziam-na sentir quase sufocada. Kiyana suspirava, frustrada, ao pensar que, sendo uma das competidoras por sua família naquele ano, ela demoraria muito mais do que gostaria para voltar aos altos e ventilados corredores de seu palácio na Índia, com vista para os majestosos Himalaias. Meio curiosa e meio entediada, a rajkumari investigou seu bracelete enquanto caminhava, decidindo, por fim, averiguar seu quarto. Contudo, para sua surpresa, encontrou MUSE parade em frente a porta que, por designação era sua, e a princesa esboçou um sorriso enquanto observou a pessoa tentar, aparentemente pela enésima vez, abrir a porta. — Sabe, se queria arranjar uma desculpa para falar comigo, tentar arrombar a porta do meu quarto não é a forma mais convencional, mas te dou um desconto pela inovação.
Tumblr media
11 notes · View notes
kalinawr · 2 months ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Miley Cyrus on the Call Her Daddy podcast
589 notes · View notes
kalinawr · 2 months ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
2K notes · View notes
kalinawr · 2 months ago
Text
Tumblr media Tumblr media
678 notes · View notes
kalinawr · 2 months ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
Kathryn Newton as Abigail Carlson in Big Little Lies (2017-)
1K notes · View notes
kalinawr · 2 months ago
Text
Tumblr media
╰     ⧼     melissa barrera, mulher-cis, ela/dela     |     PURGE THE POISON por marina     ⧽     👑     —     𝐎 𝐀𝐑𝐀𝐔𝐓𝐎 𝐀𝐍𝐔𝐍𝐂𝐈𝐀    …    a chegada de KALINA da casa DOMOWICZ sob o título de księżniczka. Com seus seiscentos e oitenta e dois anos, mas aparentando trinta e dois, ela veio na comitiva da POLÔNIA com objetivo de MUDAR A IMAGEM DE SUA CASA, GARANTIR QUE OS DOMOWICZ CONTINUEM NO PODER E ARRANJAR UMA ALIANÇA ESTRATÉGICA CONTRA OS TOPIELSKA e decidiu PARTICIPAR  como concorrente do Véu para representar sua família. Trata-se de um DOMOVOI aliado à Corte SEELIE, o que fica óbvio por ser rancorosa, cabeça-dura e arrogante, mas em seus melhores dias pode ser independente, determinada e ambiciosa. Lembro dela quando vejo livros de humanidades, debates políticos, torta de limão, cheiro de flyers recém impressos, justiça social e ambiental, lambe-lambes. 
Tumblr media
 (  básico  )  .     apelido     kah, kali, lina     data  de  nascimento     17  de  abril     sexualidade     pansexual     idiomas     polonês, inglês, alemão, russo, checo     ocupação     ativista
(  físico  )  .     altura     1.7 m     porte  físico     atlético     tatuagem     várias flash no braço direito; três garças nas costas     estilos universais     casual, moderno     acessório  indispensável     colar encantado com um pingente que muda de cor conforme suas emoções
(  personalidade  )  .     signo     áries     mbti       enfp     gostos     cheiro de livro, animais de fazenda, café passado na hora, filmes de terror      desgostos     injustiça, gente metida, poeira, precisar pedir ajuda     fobia     fogo     hábitos     dormir  com  white  noise,  mexer  no  colar  quando  ansiosa, resmungar sozinha     
Tumblr media
      . ⁺   headcanons ( leia mais  ) ﹐        conexões ﹐musings ﹐desenvolvimento  ⁺ .
👑     —     𝐀 𝐂𝐎𝐑𝐎𝐀 𝐏𝐎𝐃𝐄 𝐒𝐄𝐑 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐀    …    biografia
                ﹙  1  ﹚ 
Os Jaśkowiak constituíam uma família modesta, donos de uma fazenda remota nos arredores de Poznań, onde leite e ovos eram sua principal fonte de renda. Quando os vizinhos da propriedade ao lado partiram e, em seu lugar, chegou um casal homossexual, houve um estremecimento silencioso— não de maldade, mas de ignorância, pois jamais haviam convivido com algo semelhante e, portanto, não sabiam como reagir.
Ewa, contudo, com o passar dos dias e sob a frequência de encontros breves e conversas casuais, foi se afeiçoando a Jonathan, cuja brandura contrastava com o temperamento imprevisível do marido, algo que ele mesmo reconhecia ao pedir que ela o ignorasse. Ambos tinham idades semelhantes, e descobriram afinidades de ordem íntima e discreta, como o fato de também terem fugido para aquele lugar esquecido pelos olhos alheios por conta da reprovação familiar ao casamento.
Naqueles dias, Kalina era apenas uma jovem que se ocupava em correr pelos campos, escutar músicas em seus instantes de pausa, perder-se entre páginas de livros e preencher cadernos com palavras que talvez não compreendesse completamente, mas que lhe serviam de alívio, de modo que a vida ainda se apresentava como uma sucessão de deveres simples e sonhos calmos, sem as sombras que viriam depois.
Em uma tarde comum, ao retornar da cidade onde se dedicava a estudar Filosofia, Kalina deparou-se com uma visão perturbadora: uma espessa e obscura fumaça elevava-se acima de casa. Numa corrida desesperada até o portão da fazenda, onde o ar já ardia com o cheiro de madeira queimada e desespero. Não havia o que fazer, não ali, não naquele momento em que as chamas engoliam tudo que conhecia. Ela viu seu pai desaparecendo dentro da casa, tentando, sem sucesso, salvar a esposa e o filho mais novo, enquanto o teto ruía. Tudo parou. O tempo, o som, o pensamento. Kalina permaneceu ali, paralisada, incapaz de respirar, de fugir, de lutar.
Quando seus olhos se abriram novamente, não havia cheiro de cinzas, apenas o de álcool e desinfetante, as paredes eram brancas demais e a luz do ambiente ofuscava. Estava num hospital que mais parecia um hotel de luxo, e não sabia o porquê de estar viva. Deveria ter morrido com eles; era esse o único pensamento que lhe restava.
Então Jonathan, a quem chamava com carinho infantil de tio, surgiu ao seu lado com um semblante calmo e contou que a havia salvado, que a retirara do fogo e que, se desejasse, poderia passar a viver com ele e o marido. Kalina não compreendia o gesto, não confiava naquela caridade tão súbita, especialmente por parte do senhor Władysław, cuja frieza ela sempre associara a desprezo, mas a insistência de Jonathan era carinhosa e firme, e no meio da confusão em que se encontrava, perdida e sem lar, ela assentiu, sem convicção, apenas porque não havia mais nada a que pertencer.
                ﹙  2  ﹚   
Adaptar-se à rotina da nova casa foi um processo estranho, lento e por vezes doloroso para todos os envolvidos, pois ainda que Jonathan a recebesse com ternura e gestos de afeto discretos, havia no ar uma tensão que se tornava mais evidente a cada dia. Principalmente na presença de Władysław, cuja expressão constantemente cerrada e palavras medidas deixavam claro que sua hospitalidade era mais obrigação do que escolha.
Kalina permanecia quase sempre em silêncio, vagando pelos corredores com passos suaves e cabeça baixa, ou saindo sozinha, quase sempre ao entardecer, em direção aos escombros da casa onde sua vida anterior havia terminado; sentava-se entre os restos calcinados, encarava o vazio e voltava horas depois com o rosto pálido e as mãos sujas de cinza.
A ausência de respostas, a presença constante da dor e a sensação de deslocamento formavam uma espiral que logo a consumiu por completo. Trancou a faculdade sem aviso, deixou de sair do quarto, lia compulsivamente até que os olhos cedessem ao cansaço, dormia em meio às páginas abertas, recusava alimentos com gestos suaves e olhares vazios. Assim os dias se sucediam, um atrás do outro, indistintos, até que, certo dia, seu corpo não suportou mais.
Os joelhos fraquejaram, os olhos turvaram-se e tudo escureceu, mas antes que caísse, entre o torpor e a inconsciência, viu uma imagem que não esperava: Władysław correndo em sua direção com uma expressão de pavor.
Durante os dias que se seguiram, enquanto seu corpo frágil se recuperava lentamente do colapso, Kalina percebeu, pela primeira vez, algo que jamais pensou que viria de Władysław: cuidado. Não havia gestos delicados, tampouco palavras doces, mas havia constância. Ele aparecia todos os dias com um prato nas mãos e um olhar que não admitia recusas, e mesmo quando resmungava ou parecia impaciente, ela compreendia que, à sua maneira ríspida e contida, ele a queria bem.
Jonathan, sempre atento, equilibrava os momentos com sorrisos e toques gentis, mas era o jeito duro de Władysław que, de modo inexplicável, a fazia sentir que ainda havia lugar para ela ali. À medida que os dias passavam, a apatia começou a ceder espaço a uma calma resignada, os livros voltaram a ter cor, a comida já não era um peso, e a solidão perdeu sua forma definida.
Com o tempo, sem grandes palavras ou promessas, os três passaram a dividir a casa não como estranhos unidos pela tragédia, mas como algo que, por fim, Kalina se permitiu chamar também de família.
                ﹙  3  ﹚   
Kalina sempre encontrou nos livros um refúgio e esse amor pelas palavras, pelos pensamentos dos outros e pelas perguntas que jamais cessavam, a acompanhou por todos os séculos que se seguiram. Não bastava ler; ela precisava compreender, aprofundar, discutir. Por isso, cursou Filosofia, Sociologia, História — uma vez, duas, muitas, conforme os tempos mudavam e o conhecimento se transformava, mas sua sede permanecia intacta.
Esteve próxima de pensadores influentes como presença ativa, debatendo ideias, provocando dúvidas, inspirando novas formas de ver o mundo, sempre com a mente afiada e o espírito atento. Nunca se afastou do mundo ao seu redor, e quando os livros não bastavam, era entre as pessoas que buscava sentido: participou de passeatas, caminhou entre multidões em protesto, ergueu cartazes, gritou palavras de ordem. Sempre acreditou que pensar era essencial, mas agir era urgente e Kalina, em todas as eras que viveu, jamais deixou de lutar pelos direitos daqueles que não tinham voz.
Nos últimos duzentos anos, Kalina passou a sentir, com uma inquietação cada vez mais ardente, que pensar, escrever, marchar e debater já não eram suficientes. O mundo mudava com uma velocidade cruel, e as injustiças, por mais que mudassem de rosto, permaneciam entranhadas nas estruturas. Ela compreendeu que precisava fazer mais, intervir de forma mais direta.
Assim, mergulhou profundamente nos estudos de política e relações internacionais, movida por um desejo incansável de compreender os mecanismos que governavam as nações, as alianças, os conflitos e os silêncios coniventes que tantas vezes permitiam a perpetuação da miséria.
Paralelamente, intensificou seu envolvimento em trabalhos voluntários, atuando em projetos sociais na Polônia e em outros países. Ajudava em campos de refugiados, escolas improvisadas, abrigos para vítimas de guerra e violência.
                ﹙  4  ﹚   
Apesar de suas longas ausências e da vida inquieta que levava em meio a estudos, viagens e trabalhos em territórios distantes, Kalina sempre carregava consigo o desejo de voltar para casa, para aquele pedaço de terra marcado pelo aroma doce dos morangos e pela paz que só o campo podia oferecer. Sentia falta das tortas de Władysław, das conversas demoradas com Jonathan e dos irmãos.
Quando chegou o momento em que Władysław teve que assumir o trono, ele não foi o único a encarar a situação com desgosto. Kalina também se mostrou irritada, contrariada por ter que deixar a tranquilidade da vida rural e pela inevitável formalidade que a nova realidade exigia. Resmungou, se calou por dias, olhou com desconfiança para as malas empilhadas e para os trajes cerimoniais que já começavam a invadir seus armários.
Mas Jonathan, com seu jeito persuasivo e um sorriso que quase sempre desmontava sua resistência, a fez enxergar por outro ângulo: agora ela seria uma księżniczka, e com isso teriam a oportunidade rara de operar mudanças reais, de cima para baixo, influenciar decisões, reformar estruturas, proteger mais vidas.
A ideia, apesar da resistência inicial, logo fez os olhos de Kalina brilharem com uma intensidade que há muito não se via: não era exatamente isso que sempre desejara? Ter, enfim, não apenas voz, mas também poder real para transformar o mundo e garantir justiça com mais do que palavras e ideais.
Pela primeira vez, ela poderia agir a partir do centro, e não das margens. No entanto, o entusiasmo logo se viu confrontado pela realidade dura e intransigente que cercava o palácio. O povo, desconfiado (e com razão), não via com bons olhos a ascensão da família ao trono. Władysław, por sua vez, mostrava-se cada vez mais inflexível, preso à sua maneira de ver o mundo, resistente às mudanças e à exposição pública, recusando-se a usar o título com a força e a coragem que Kalina acreditava serem necessárias.
E, como se não fosse suficiente, havia ainda a ameaça constante dos Topielska. Seria um trabalho árduo, talvez até impossível, mas Kalina, como sempre, estava pronta.
                ﹙  5  ﹚   
Com essa edição do véu das dez estações, Kalina e Jonathan chegaram a um consenso: ela deveria participar ativamente. A manutenção do poder dos Domowicz era essencial, exigindo que fizessem o que fosse necessário. Kalina, porém, não esperava que Jonathan fosse sugerir algo tão pessoal e frio quanto buscar uma aliança estratégica por meio do casamento.
Ainda assim, mesmo contra o desconforto que sentiu, não pôde negar que o pai estava certo: aquela era, de fato, a maneira mais segura e eficaz de garantir uma resistência sólida contra os Topielska. Especialmente se conseguissem firmar uma união com uma nação poderosa, capaz de suprir a fraqueza que lhes faltava para enfrentar o psicopata que agora comandava a corte unseelie.
👑     —     𝐄𝐔 𝐀𝐂𝐑𝐄𝐃𝐈𝐓𝐎 𝐄𝐌 𝐅𝐀𝐃𝐀𝐒    …    Manipulação de emoções
Kalina possui a habilidade de sentir e manipular emoções em múltiplas camadas: pode perceber e influenciar sentimentos, humores e seus efeitos em si mesma, em pessoas, animais e outras criaturas ao seu redor. Contudo, seu alcance é limitado pela linha de visão, precisando enxergar diretamente aqueles que deseja afetar; e, quando usa seus poderes, seus olhos brilham intensamente em dourado.
Seu domínio sobre essas emoções varia conforme a necessidade: é capaz de intensificar um sentimento, atenuá-lo, provocá-lo do nada ou canalizar a energia emocional para um fim específico. O grau de controle que exerce vai desde um simples impulso emocional até um estado quase zumbi, onde o indivíduo fica completamente sem emoção, desligado da própria alma.
Ela não consegue desligar seu poder, por isso, utiliza um colar encantado que funciona como escudo contra o turbilhão de emoções alheias; sem ele, é bombardeada constantemente pelas vibrações emocionais ao seu redor e precisa se concentrar em uma única emoção forte para evitar ser dominada e perder o controle sobre si mesma.
5 notes · View notes
kalinawr · 2 months ago
Text
〝  while  society  is  falling,  we  are  quietly  reforming  . ⁺
Tumblr media
0 notes