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#gente tô escrevendo pov de demonstração de poder da kali#alguém quer se voluntariar para aparecer no pov?#pode ser mais de um <3#ela vai brincar um pouco com os sentimentos das pessoas hihi
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. ⁺ CERIMONIA DE APRESENTAÇÃO ⸻ O tecido leve, com estampa que imitava perfeitamente os veios do tronco escuro, caía sobre o corpo como uma casca viva. As pregas criavam um movimento orgânico, abrindo-se a partir de um ponto central como se tivessem crescido ali, espiralando com elegância. E o mais importante: ao contrário dos modelos rígidos que tentaram empurrar para ela, este não apertava nem sufocava. Kalina se via nele forte, firme, mas leve. Ah, vale lembrar: escondido pelo tecido longo, contra a vontade do pai, usava um par de tênis. Afinal, precisava se concentrar em arranjar aliados, o que não faria se tivesse tentando se manter em saltos altos.
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Não era de se estranhar que uma Domowicz estivesse na biblioteca. Ainda que o ambiente não tivesse o mesmo charme acolhedor das livrarias-café da família, com cheiro de café fresco e poltronas macias, pelo menos ali havia silêncio. Ou deveria haver. A ideia era fugir da presença irritante dos outros herdeiros, todos barulhentos demais, convencidos demais, metidos demais para seu gosto. E, por um bom tempo, conseguiu. Estava finalmente chegando na parte mais densa e provocativa do livro, envolvida com a narrativa, os olhos vorazes sobre as linhas, quando, claro, alguém teve que aparecer para estragar tudo.
❝ Por que perguntar se eu me importo se você ia sentar de qualquer jeito? ❞ Disse sem sequer levantar o olhar, o tom seco e direto, já sabendo exatamente quem era. Era impossível não reconhecer a voz melodiosa, irritante e, mais ainda, as vestes esvoaçantes demais para um lugar como aquele. Suspirou, resignada, e fechou o livro com calma, marcando mentalmente o número da página antes de virar a capa na direção da princesa da China. ❝ O Conto da Aia, Margaret Atwood. Já ouviu falar? ❞ Perguntou com a dúvida genuína de quem não esperava muito da outra, embora, no fundo, deixasse uma pequena brecha para se surpreender.
𝗖𝗟𝗢𝗦𝗘𝗗 𝗦𝗧𝗔𝗥𝗧𝗘𝗥: with @kalinawr
O quarto oferecido pelos anfitriões era espaçoso e confortável, mas não oferecia nada, além disso. Então, Yizhuo estava decidida a procurar por algo ou alguém que pudesse lhe entreter pelo menos por um tempo considerável. Destino ou não, ela acabou chegando até a enorme biblioteca da mansão e adivinha quem estava lá? Isso mesmo, Kalina. “Ei, se importa se eu...” Ela apontou para a cadeira desocupada. A Seelie parecia ser a única ali no momento, e mesmo que não se dessem lá muito bem, ela era a companhia mais aceitável que Yizhuo sabia que teria. Então, para que reclamar de barriga cheia? A chinesa também não esperou por uma resposta antes de se sentar na cadeira acolchoada. Conhecendo não muito bem a Domovoi, ela com certeza diria algo parecido com “cai fora daqui” ou algo semelhante, olha como ela era doce — docinha igual a limão. “Posso saber o que você está lendo?” Era uma pergunta inofensiva feita sem nenhum tom de deboche, Yizhuo realmente queria saber. Se a história fosse boa o suficiente, ela pegaria uma cópia para si também.
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melissa barrera
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Sylvia Plath, The Unabridged Journals
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Quando Kalina ouviu os xingamentos ecoando pelo corredor, não hesitou em se aproximar, os passos decididos e a expressão atenta. Estava pronta para encontrar algum nobre esbravejando contra um changeling, cena que, infelizmente, não era rara— e se fosse o caso, ela já estava preparada para intervir. Mas o que viu foi bem diferente. Era apenas o chinês, esbravejando sozinho, o olhar feroz e os gestos erráticos. Por um instante, uma changeling tentou se aproximar, talvez por instinto de ajudar, mas Kali a interceptou com um gesto firme, discreto, e apontou para outra direção, indicando que era melhor deixá-lo sozinho. Ela, por outro lado, manteve distância, seguindo o rapaz com o olhar curioso, o corpo em alerta, como quem não sabia se estava prestes a testemunhar um desastre ou uma performance.
Ele entrou em um dos quartos e, por um erro de descuido ou de confiança, deixou a porta entreaberta. Kali se aproximou sem fazer barulho, os olhos semicerrados, e parou na soleira, apoiando-se com naturalidade, como se estivesse exatamente onde devia estar. Foi então que viu a cena: ele usava uma fruta (uma fruta!) para colorir os lábios e as bochechas, com uma concentração absurda no próprio reflexo. A imagem era tão absurda que ela não conseguiu conter a gargalhada. ❝ Inacreditável ❞ Disse, ainda rindo, os olhos brilhando com aquele desprezo guardado especialmente para os membros da corte chinesa. ❝ Isso foi a coisa mais patética que eu já vi alguém fazendo ❞
"Inúteis... Patéticos..." A voz cortante de Yàn ecoou pelos corredores da Crisália como um vento gélido, carregando consigo o peso de seu desprezo. Seus passos, sempre calculados e elegantes, agora marcavam o chão com uma fúria contida, cada batida de suas solas contra o mármore polido um lembrete de sua impaciência. As longas camadas de mantos vermelhos e brancos de suas roupas esvoaçando como uma chama vermelha ao seu redor. "Patético! Patético!" Yin repetiu as palavras com uma voz rouca e robótica, adicionando um tom quase grotesco à cena. O contraste entre a "birra" do príncipe e a repetição mecânica do corvo era, de certa forma, cômico (mas ninguém, em sã consciência, ousaria rir).
Yàn apertou o punho ao redor do cabo de seu chicote, as juntas de suas mãos ficando pálidos sob a pressão. O metal entrelaçado, trabalhado como galhos de salgueiro, parecia pulsar em sintonia com sua raiva, deixando marcas vermelhas em suas palmas. "Aqueles malditos servos," ele cuspiu, "tiveram a audácia de perder minha maleta de maquiagens. O que raios esperam que eu faça agora? Apareça na celebração com a cara lavada, como algum plebeu qualquer!?"
Sua voz, normalmente melíflua e controlada, mantinha ainda aquela afiação característica: uma navalha envolta em seda. Mas hoje, o verniz de compostura estava rachado. Seu rosto, normalmente impecável, ardia sob uma máscara de ódio que ele mal conseguia conter.
"Que cortem minha garganta antes que me vejam mais feio que um Yinshi..." Não era um exagero, é claro. Yàn jamais permitiria que sua aparência fosse menos que impecável, mesmo em meio ao caos. A ideia de ser visto em público sem suas camadas cuidadosamente aplicadas de pó, pigmento e perfeição era intolerável.
Ele podia sentir a tentação de descarregar sua fúria em alguém; um servo, um guarda, açoitar qualquer um que cruzasse seu caminho. Mas não havia alvo conveniente, e mesmo seu chicote, tão ávido por marcar carne, não podia ser usado sem consequências. Um golpe impulsivo poderia desencadear um incidente diplomático, sua desqualificação, ou outra entediante guerra feerica que pouco o afetaria no conforto de seu lar.
Yàn adentrou seu quarto, deixando sua porta aberta, a paisagem falsa de sua terra Natal não trazendo qualquer resquício de conforto. Sob a mesa de chá, dois romãs suculentos, o suco vermelho das frutas escorrendo e se espalhando sob o prato dourado que as apoiava. "Hum, isso vai servir..." O príncipe murmurou para si mesmo com um bico nos lábios, sentando-se em frente a mesa e mergulhando dois finos dedos na polpa da fruta. Seus dedos foram embebidos no fino suco cor de sangue, antes de tocarem os lábios e bochechas do jovem Zhao, uma maquiagem improvisada e delicada, trazendo um rubor natural à pele de porcelana.

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Mesmo com os poderes limitados pelo bracelete, Kali ainda conseguia perceber que não havia razão real para manter a guarda tão alta. A presença da outra era leve (não inofensiva, mas também não ameaçadora) e, com o tempo, a tensão nos ombros começou a se desfazer. ❝ Muito cedo, né? Ainda nem tivemos o primeiro desafio ❞ comentou com um sorriso mais genuíno do que os anteriores, permitindo-se entrar no clima da conversa. E, por impulso ou escolha, devolveu a brincadeira: ❝ Mas se você prometer não contar, talvez eu te chame para me ajudar quando eu realmente tentar arrombar um quarto ❞
Desviou o olhar por um instante, notando as pulseiras que cobriam o pulso da rajkumari— peças que, sozinhas, provavelmente custariam o equivalente a três anos de escola para uma criança. Normalmente, essa constatação a faria revirar os olhos. Sempre foi crítica com ostentação desnecessária, com pessoas que tratavam riqueza como parte da personalidade. Mas respirou fundo. Estava ali para formar alianças, não para julgar como se fosse possível. E, ao contrário de metade das herdeiras que conhecia, a mulher diante dela não parecia terrível. Havia algo nela que destoava do resto ou talvez Kali só quisesse acreditar nisso para se permitir ser mais simpática. ❝ Eu amo meu país, é um lugar bonito ❞ Disse com sinceridade, os olhos suavizando ao lembrar de casa. ❝ Gosto de praticar esportes de neve, mas talvez você gostaria de visitar no verão... Ouvi dizer que a Índia é bem quente ❞
Foi com um gesto de uma das mãos que desconsiderou o pedido de desculpas alheio, fazendo com que, inconscientemente, uma brisa suave passasse por elas. — Não se preocupe com isso, eu só estava fazendo uma piada. — Disse, o sorriso ainda em seus lábios ao tranquilizar a moça. Olhou, então, para ambos os lados do corredor antes de acrescentar, em voz baixa, como se as duas dividissem um segredo. — E eu não diria a ninguém se estivesse mesmo tentando arrombar um quarto. — Queria quebrar a sensação de que acabara envergonhando a księżniczka da Polônia e, por isso, o pouco caso da situação. Não acreditava realmente que a mulher tentava invadir um dos quartos - ao menos, não quando a competição sequer havia começado. — É assim que se faz amigos, não é? Kiyana Khatri, rajkumari da Índia. — Apertou a mão dela, os braceletes dourados tilintando em seu pulso com o comprimento e tentou, em seguida, puxar um assunto qualquer. — Nunca estive na Polônia. Você gosta de lá?
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Era estranho, Kali pensou, porque sempre teve um bom senso de direção e raramente se enganava com esse tipo de coisa, mas ali estava, diante de uma porta que não se abria, tentando pela terceira vez fazer o bracelete funcionar como deveria. Deu um leve tapinha no acessório, como se aquilo fosse milagrosamente resolver o problema, e o aproximou novamente da trava. Nada. Um grunhido baixo escapou de seus lábios, e ela lançou um olhar impaciente para a fechadura. Agora teria que recorrer à solução mais indesejada: testar outras portas ou, pior ainda, pedir ajuda.
Não teve tempo de decidir, porque ouviu uma voz atrás de si. Virou-se de imediato, os olhos encontrando os de uma mulher. ❝ Ah, perdão… ❞ disse rápido, e ao notar o sorriso da outra, lembrou de suavizar a própria expressão. ❝ Eu não fazia ideia que este era seu quarto… ❞ Forçou um sorriso pequeno, com um ar quase envergonhado, e acrescentou: ❝ Não que eu queira arrombar a porta de outra pessoa. ❞ Esticou a mão em seguida, tentando soar simpática ao se apresentar. ❝ Eu sou Kalina Domowicz, księżniczka da Polônia ❞
A grandiosa mansão da villa Yggdrasil era confortável, mas seus corredores e espaços fechados faziam-na sentir quase sufocada. Kiyana suspirava, frustrada, ao pensar que, sendo uma das competidoras por sua família naquele ano, ela demoraria muito mais do que gostaria para voltar aos altos e ventilados corredores de seu palácio na Índia, com vista para os majestosos Himalaias. Meio curiosa e meio entediada, a rajkumari investigou seu bracelete enquanto caminhava, decidindo, por fim, averiguar seu quarto. Contudo, para sua surpresa, encontrou MUSE parade em frente a porta que, por designação era sua, e a princesa esboçou um sorriso enquanto observou a pessoa tentar, aparentemente pela enésima vez, abrir a porta. — Sabe, se queria arranjar uma desculpa para falar comigo, tentar arrombar a porta do meu quarto não é a forma mais convencional, mas te dou um desconto pela inovação.
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Miley Cyrus on the Call Her Daddy podcast
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Kathryn Newton as Abigail Carlson in Big Little Lies (2017-)
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╰ ⧼ melissa barrera, mulher-cis, ela/dela | PURGE THE POISON por marina ⧽ 👑 — 𝐎 𝐀𝐑𝐀𝐔𝐓𝐎 𝐀𝐍𝐔𝐍𝐂𝐈𝐀 … a chegada de KALINA da casa DOMOWICZ sob o título de księżniczka. Com seus seiscentos e oitenta e dois anos, mas aparentando trinta e dois, ela veio na comitiva da POLÔNIA com objetivo de MUDAR A IMAGEM DE SUA CASA, GARANTIR QUE OS DOMOWICZ CONTINUEM NO PODER E ARRANJAR UMA ALIANÇA ESTRATÉGICA CONTRA OS TOPIELSKA e decidiu PARTICIPAR como concorrente do Véu para representar sua família. Trata-se de um DOMOVOI aliado à Corte SEELIE, o que fica óbvio por ser rancorosa, cabeça-dura e arrogante, mas em seus melhores dias pode ser independente, determinada e ambiciosa. Lembro dela quando vejo livros de humanidades, debates políticos, torta de limão, cheiro de flyers recém impressos, justiça social e ambiental, lambe-lambes.
( básico ) . apelido kah, kali, lina data de nascimento 17 de abril sexualidade pansexual idiomas polonês, inglês, alemão, russo, checo ocupação ativista
( físico ) . altura 1.7 m porte físico atlético tatuagem várias flash no braço direito; três garças nas costas estilos universais casual, moderno acessório indispensável colar encantado com um pingente que muda de cor conforme suas emoções
( personalidade ) . signo áries mbti enfp gostos cheiro de livro, animais de fazenda, café passado na hora, filmes de terror desgostos injustiça, gente metida, poeira, precisar pedir ajuda fobia fogo hábitos dormir com white noise, mexer no colar quando ansiosa, resmungar sozinha
. ⁺ headcanons ( leia mais ) ﹐ conexões ﹐musings ﹐desenvolvimento ⁺ .
👑 — 𝐀 𝐂𝐎𝐑𝐎𝐀 𝐏𝐎𝐃𝐄 𝐒𝐄𝐑 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐀 … biografia
﹙ 1 ﹚
Os Jaśkowiak constituíam uma família modesta, donos de uma fazenda remota nos arredores de Poznań, onde leite e ovos eram sua principal fonte de renda. Quando os vizinhos da propriedade ao lado partiram e, em seu lugar, chegou um casal homossexual, houve um estremecimento silencioso— não de maldade, mas de ignorância, pois jamais haviam convivido com algo semelhante e, portanto, não sabiam como reagir.
Ewa, contudo, com o passar dos dias e sob a frequência de encontros breves e conversas casuais, foi se afeiçoando a Jonathan, cuja brandura contrastava com o temperamento imprevisível do marido, algo que ele mesmo reconhecia ao pedir que ela o ignorasse. Ambos tinham idades semelhantes, e descobriram afinidades de ordem íntima e discreta, como o fato de também terem fugido para aquele lugar esquecido pelos olhos alheios por conta da reprovação familiar ao casamento.
Naqueles dias, Kalina era apenas uma jovem que se ocupava em correr pelos campos, escutar músicas em seus instantes de pausa, perder-se entre páginas de livros e preencher cadernos com palavras que talvez não compreendesse completamente, mas que lhe serviam de alívio, de modo que a vida ainda se apresentava como uma sucessão de deveres simples e sonhos calmos, sem as sombras que viriam depois.
Em uma tarde comum, ao retornar da cidade onde se dedicava a estudar Filosofia, Kalina deparou-se com uma visão perturbadora: uma espessa e obscura fumaça elevava-se acima de casa. Numa corrida desesperada até o portão da fazenda, onde o ar já ardia com o cheiro de madeira queimada e desespero. Não havia o que fazer, não ali, não naquele momento em que as chamas engoliam tudo que conhecia. Ela viu seu pai desaparecendo dentro da casa, tentando, sem sucesso, salvar a esposa e o filho mais novo, enquanto o teto ruía. Tudo parou. O tempo, o som, o pensamento. Kalina permaneceu ali, paralisada, incapaz de respirar, de fugir, de lutar.
Quando seus olhos se abriram novamente, não havia cheiro de cinzas, apenas o de álcool e desinfetante, as paredes eram brancas demais e a luz do ambiente ofuscava. Estava num hospital que mais parecia um hotel de luxo, e não sabia o porquê de estar viva. Deveria ter morrido com eles; era esse o único pensamento que lhe restava.
Então Jonathan, a quem chamava com carinho infantil de tio, surgiu ao seu lado com um semblante calmo e contou que a havia salvado, que a retirara do fogo e que, se desejasse, poderia passar a viver com ele e o marido. Kalina não compreendia o gesto, não confiava naquela caridade tão súbita, especialmente por parte do senhor Władysław, cuja frieza ela sempre associara a desprezo, mas a insistência de Jonathan era carinhosa e firme, e no meio da confusão em que se encontrava, perdida e sem lar, ela assentiu, sem convicção, apenas porque não havia mais nada a que pertencer.
﹙ 2 ﹚
Adaptar-se à rotina da nova casa foi um processo estranho, lento e por vezes doloroso para todos os envolvidos, pois ainda que Jonathan a recebesse com ternura e gestos de afeto discretos, havia no ar uma tensão que se tornava mais evidente a cada dia. Principalmente na presença de Władysław, cuja expressão constantemente cerrada e palavras medidas deixavam claro que sua hospitalidade era mais obrigação do que escolha.
Kalina permanecia quase sempre em silêncio, vagando pelos corredores com passos suaves e cabeça baixa, ou saindo sozinha, quase sempre ao entardecer, em direção aos escombros da casa onde sua vida anterior havia terminado; sentava-se entre os restos calcinados, encarava o vazio e voltava horas depois com o rosto pálido e as mãos sujas de cinza.
A ausência de respostas, a presença constante da dor e a sensação de deslocamento formavam uma espiral que logo a consumiu por completo. Trancou a faculdade sem aviso, deixou de sair do quarto, lia compulsivamente até que os olhos cedessem ao cansaço, dormia em meio às páginas abertas, recusava alimentos com gestos suaves e olhares vazios. Assim os dias se sucediam, um atrás do outro, indistintos, até que, certo dia, seu corpo não suportou mais.
Os joelhos fraquejaram, os olhos turvaram-se e tudo escureceu, mas antes que caísse, entre o torpor e a inconsciência, viu uma imagem que não esperava: Władysław correndo em sua direção com uma expressão de pavor.
Durante os dias que se seguiram, enquanto seu corpo frágil se recuperava lentamente do colapso, Kalina percebeu, pela primeira vez, algo que jamais pensou que viria de Władysław: cuidado. Não havia gestos delicados, tampouco palavras doces, mas havia constância. Ele aparecia todos os dias com um prato nas mãos e um olhar que não admitia recusas, e mesmo quando resmungava ou parecia impaciente, ela compreendia que, à sua maneira ríspida e contida, ele a queria bem.
Jonathan, sempre atento, equilibrava os momentos com sorrisos e toques gentis, mas era o jeito duro de Władysław que, de modo inexplicável, a fazia sentir que ainda havia lugar para ela ali. À medida que os dias passavam, a apatia começou a ceder espaço a uma calma resignada, os livros voltaram a ter cor, a comida já não era um peso, e a solidão perdeu sua forma definida.
Com o tempo, sem grandes palavras ou promessas, os três passaram a dividir a casa não como estranhos unidos pela tragédia, mas como algo que, por fim, Kalina se permitiu chamar também de família.
﹙ 3 ﹚
Kalina sempre encontrou nos livros um refúgio e esse amor pelas palavras, pelos pensamentos dos outros e pelas perguntas que jamais cessavam, a acompanhou por todos os séculos que se seguiram. Não bastava ler; ela precisava compreender, aprofundar, discutir. Por isso, cursou Filosofia, Sociologia, História — uma vez, duas, muitas, conforme os tempos mudavam e o conhecimento se transformava, mas sua sede permanecia intacta.
Esteve próxima de pensadores influentes como presença ativa, debatendo ideias, provocando dúvidas, inspirando novas formas de ver o mundo, sempre com a mente afiada e o espírito atento. Nunca se afastou do mundo ao seu redor, e quando os livros não bastavam, era entre as pessoas que buscava sentido: participou de passeatas, caminhou entre multidões em protesto, ergueu cartazes, gritou palavras de ordem. Sempre acreditou que pensar era essencial, mas agir era urgente e Kalina, em todas as eras que viveu, jamais deixou de lutar pelos direitos daqueles que não tinham voz.
Nos últimos duzentos anos, Kalina passou a sentir, com uma inquietação cada vez mais ardente, que pensar, escrever, marchar e debater já não eram suficientes. O mundo mudava com uma velocidade cruel, e as injustiças, por mais que mudassem de rosto, permaneciam entranhadas nas estruturas. Ela compreendeu que precisava fazer mais, intervir de forma mais direta.
Assim, mergulhou profundamente nos estudos de política e relações internacionais, movida por um desejo incansável de compreender os mecanismos que governavam as nações, as alianças, os conflitos e os silêncios coniventes que tantas vezes permitiam a perpetuação da miséria.
Paralelamente, intensificou seu envolvimento em trabalhos voluntários, atuando em projetos sociais na Polônia e em outros países. Ajudava em campos de refugiados, escolas improvisadas, abrigos para vítimas de guerra e violência.
﹙ 4 ﹚
Apesar de suas longas ausências e da vida inquieta que levava em meio a estudos, viagens e trabalhos em territórios distantes, Kalina sempre carregava consigo o desejo de voltar para casa, para aquele pedaço de terra marcado pelo aroma doce dos morangos e pela paz que só o campo podia oferecer. Sentia falta das tortas de Władysław, das conversas demoradas com Jonathan e dos irmãos.
Quando chegou o momento em que Władysław teve que assumir o trono, ele não foi o único a encarar a situação com desgosto. Kalina também se mostrou irritada, contrariada por ter que deixar a tranquilidade da vida rural e pela inevitável formalidade que a nova realidade exigia. Resmungou, se calou por dias, olhou com desconfiança para as malas empilhadas e para os trajes cerimoniais que já começavam a invadir seus armários.
Mas Jonathan, com seu jeito persuasivo e um sorriso que quase sempre desmontava sua resistência, a fez enxergar por outro ângulo: agora ela seria uma księżniczka, e com isso teriam a oportunidade rara de operar mudanças reais, de cima para baixo, influenciar decisões, reformar estruturas, proteger mais vidas.
A ideia, apesar da resistência inicial, logo fez os olhos de Kalina brilharem com uma intensidade que há muito não se via: não era exatamente isso que sempre desejara? Ter, enfim, não apenas voz, mas também poder real para transformar o mundo e garantir justiça com mais do que palavras e ideais.
Pela primeira vez, ela poderia agir a partir do centro, e não das margens. No entanto, o entusiasmo logo se viu confrontado pela realidade dura e intransigente que cercava o palácio. O povo, desconfiado (e com razão), não via com bons olhos a ascensão da família ao trono. Władysław, por sua vez, mostrava-se cada vez mais inflexível, preso à sua maneira de ver o mundo, resistente às mudanças e à exposição pública, recusando-se a usar o título com a força e a coragem que Kalina acreditava serem necessárias.
E, como se não fosse suficiente, havia ainda a ameaça constante dos Topielska. Seria um trabalho árduo, talvez até impossível, mas Kalina, como sempre, estava pronta.
﹙ 5 ﹚
Com essa edição do véu das dez estações, Kalina e Jonathan chegaram a um consenso: ela deveria participar ativamente. A manutenção do poder dos Domowicz era essencial, exigindo que fizessem o que fosse necessário. Kalina, porém, não esperava que Jonathan fosse sugerir algo tão pessoal e frio quanto buscar uma aliança estratégica por meio do casamento.
Ainda assim, mesmo contra o desconforto que sentiu, não pôde negar que o pai estava certo: aquela era, de fato, a maneira mais segura e eficaz de garantir uma resistência sólida contra os Topielska. Especialmente se conseguissem firmar uma união com uma nação poderosa, capaz de suprir a fraqueza que lhes faltava para enfrentar o psicopata que agora comandava a corte unseelie.
👑 — 𝐄𝐔 𝐀𝐂𝐑𝐄𝐃𝐈𝐓𝐎 𝐄𝐌 𝐅𝐀𝐃𝐀𝐒 … Manipulação de emoções
Kalina possui a habilidade de sentir e manipular emoções em múltiplas camadas: pode perceber e influenciar sentimentos, humores e seus efeitos em si mesma, em pessoas, animais e outras criaturas ao seu redor. Contudo, seu alcance é limitado pela linha de visão, precisando enxergar diretamente aqueles que deseja afetar; e, quando usa seus poderes, seus olhos brilham intensamente em dourado.
Seu domínio sobre essas emoções varia conforme a necessidade: é capaz de intensificar um sentimento, atenuá-lo, provocá-lo do nada ou canalizar a energia emocional para um fim específico. O grau de controle que exerce vai desde um simples impulso emocional até um estado quase zumbi, onde o indivíduo fica completamente sem emoção, desligado da própria alma.
Ela não consegue desligar seu poder, por isso, utiliza um colar encantado que funciona como escudo contra o turbilhão de emoções alheias; sem ele, é bombardeada constantemente pelas vibrações emocionais ao seu redor e precisa se concentrar em uma única emoção forte para evitar ser dominada e perder o controle sobre si mesma.
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〝 while society is falling, we are quietly reforming . ⁺
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