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a puta que pariu
Mais uma família tradicional brasileira aparece; tua mãe te parindo no hospital enquanto seu pai? Desaparece. No escuro da sala de parto só se escuta uma prece; é mais uma puta que pariu que o governo esquece. Na hora de fazer tava gostoso, né? Foi o que ela mais ouviu dos cristãos de fé. E o pai do filho, quem é que foi cobrar? Não fizeram questão nem de saber da certidão de nascimento que ele decidiu não assinar. No quarto dos fundos ela já tem dois pivetes chorando; e adivinha só quem é que paga o leite que eles tão mamando? Seis meses de licença só existe na disneylandia; aqui as crianças se criam sozinhas e fazem sua própria infância. E se virar bandido vocês vão querer matar; ainda mais se tiver a pele pretinha. E se for mulher vai nascer pra apanhar; e assim o sangue de mais uma inocente escorre. Não dá valor pra mãe que tem dois empregos; e se recebe bolsa família diz que tá mamando nas tetas do governo. Apoia palhaço que diz que mulher deve receber menos, mas não ajuda com um saco de arroz nem se os pivetes tiverem morrendo. Quem te criou também já foi chamada de puta; mas pra você é mais fácil rir daqueles que estão na luta. Feminista é tudo vagabunda, mal amada, sapatão e peluda; e mulher só serve pra trepar, abusar, bater e jogar na rua. Essa sua mentalidade me enoja, é mais um covarde se escondendo atrás do bolsobosta. Atraídos pelo corpo que incita objetificação; mas repudiam as estrias, os pêlos e as formas da mulher. Tá vendo muito pornô e batendo punhete; deve ser por isso que na sua cabeça não tem mais espaço pra minha letra. Esse poema eu escrevo pra minha mãe; a puta que pariu duas crianças de pais diferentes. Esse poema eu escrevo pra minha vó; a puta que criou três filhas sem ajuda do progenitor. Se acha foda mas tá sempre na porta da escola; esperando que as meninas de 13 anos te deem alguma esmola. Aquela ali você comeu depois de dar um remedinho; mas se te perguntarem você nega até o fim. Seus parceiros já fizeram isso também; mas você fecha o olho e diz que homem é assim. E no fim mais uma puta que pariu nasce; de saia curta e batom vermelho você diz que a culpa não é sua se não se segurasse. E o seu maior inimigo agora é que eu sou a resistência; e todas as putas que estão do meu lado não negarão sua existência.
30.10.18 / Clara.
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Fazia algum tempo desde que o pensamento mais decorrente que se passava pela minha cabeça era a necessidade de falar com você. Não sobre as coisas que se passaram, nem sobre algum assunto muito específico, eu só queria poder perguntar como você tá, saber como andam as coisas da sua vida e o que eu perdi nesse tempo que passei fora. Eu sei que nunca retornarei pra sua vida, não como antes e nem como qualquer outra coisa que tenha um pouquinho a mais de importância. Mas eu ainda lembro do seu abraço quentinho, de dormir pertinho de você e de sentir que o nosso sentimento era o maior e mais bonito de todo o mundo. Eu lembro das noites que eu não queria dormir, pra não perder nem cinco minutos das nossas conversas que duravam dias e dias. Você sempre foi uma das melhores partes de mim, e te perder me fez querer odiar qualquer que fosse a lembrança, mesmo que remota, de que um dia você esteve aqui. É mais fácil lidar com a raiva do que lidar com a saudade, e por isso eu vou camuflando cada sentimento bonito que eu tive por você.
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É como se houvesse um sussurro preso dentro do meu peito. Cada vez que meu coração bate, o sussurro fala bem baixinho a mensagem que ele tenta trazer. Eu finjo que ele não está ali, como toda pessoa sã faria em meu lugar. Canto o mais alto possível, ocupo minha cabeça com pensamentos, transformo minha dor em arte. Mas em determinado momento, sempre em determinado momento, a única coisa que eu consigo escutar é esse sussurro incessante, que vem acompanhado das batidas que me mantém viva. Cada bombeada de sangue para o meu corpo é o que me mantém de pé, e cada sussurro é o que me faz querer cair. Cada lembrança de que eu ainda estou viva, me faz questionar o porquê de insistir em uma peça que já teve o seu fim? O teatro apagou as luzes, as pessoas foram embora, os atores já estão em casa dormindo, e só sobra eu, de pé, parada no escuro, em uma canto qualquer da platéia. Só sobra eu, no silêncio, tentando ignorar o sussurro que ressoa pelo salão.
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Me deparei de pé no penhasco, o silêncio que fazia lá fora contrastava com o barulho incessante que vinha dos pensamentos que eu mais tentei afastar. Meus demônios estavam gritando comigo outra vez, enquanto eu olhava pra baixo, pensando se eles cairiam juntos comigo e finalmente deixariam de existir, ou se segurariam na beirada, me impedindo de chegar até o chão. Não por bondade, ou por carinho, mas porque sou a fonte de energia que eles consomem. sou o material genético que provém sangue para que eles cresçam. E aos poucos, tomem conta de mim.
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Eu não sei apagar o cigarro. Isso não é um poema ou um conto, muito menos um pedido de ajuda. É a plena afirmação de que eu não sei apagar um cigarro. Veja bem, há muitas coisas que eu não sei, quando o assunto é cigarro, como por exemplo, as cinzas; as cinzas nunca caem dentro do cinzeiro, onde deveriam estar, elas voam pra dentro da minha boca, caem no chão, ou no estofado do sofá que é o xodó da minha mãe. Eu não sei posicionar minha mão de forma que a fumaça não entre no meu próprio olho, ou pior, no olho da pessoa que tá sentada ao meu lado. Eu não sei qual o melhor ângulo pra segurar o cigarro entre os dedos, sem esbarrar as cinzas por partes aleatórias do meu corpo, que depois ficam marcadas e manchadas. Fumar, pra mim, é como andar de bicicleta: nunca aprendi. Mas o principal de tudo é, eu não sei apagar o cigarro - tal como não sabia frear a bike, que sempre batia de frente com uma parede. Eu afundo a ponta no cinzeiro, esfrego, retorço e esmago. Quando vejo, lá está a maldita da brasa, acesa, rindo da minha cara. Tento desviar o olhar, fingir que aquela brasa não está ali ainda, mas é impossível. Jogo água, a brasa continua a queimar, jogo no chão e a brasa permanece ardendo. Piso com a sola do meu sapato, esfrego no chão, chuto pra bem longe, mas ainda sim, com meus olhos extremamente míopes eu consigo ver a porcaria da brasa, acesa, como quem diz: você não pode mais me derrotar. Esse texto não é sobre cigarros.
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Quero sentir o toque suave da sua mão, acariciando meu cabelo e me dizendo que tudo vai ficar bem. Eu realmente não sei nada sobre o futuro, tampouco acredito que será diferente do meu presente, mas é na maciez da tua pele que eu encontro um fio de esperança. Me toca, como quem toca uma escultura, com cuidado pra não quebrar. Me toca, como quem toca um instrumento, delicadamente, me fazendo ressoar. Me sente, me usa, me faz acreditar que eu posso sentir novamente, algo que não seja a escuridão dos meus pensamentos. Eu quero me imergir no seu cheiro, me embriagar no seu gosto, tomar sua boca pra mim, e nunca mais ter que tirar as mãos do seu rosto.
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Você entrou na minha vida como quem para na esquina de uma rua pra conversar. Tão inapropriado e desastroso, que as primeiras palavras que te ouvi dizer, foram rudes e até mal intencionadas. “Oi, bicha” você disse pra mim, com seu sorriso de escárnio. Eu não gostei de você de primeira, mas isso a gente já sabe. Te mandei ir embora, tentei te fazer sair da minha vida antes que algo pior acontecesse, antes que meu coração te visse, e em um salto de desespero, se apaixonasse por você. Nem mesmo sabia o seu nome, e pra melhorar, você não sabia o meu. Resolvi dizer primeiro; “Natasha Caldeirão” eu gritei, para quem quisesse ouvir, embora preferisse ter dito aos sussurros, coladinha em você. Eu percebi a sua confusão, eu percebi que você mal sabia me dizer quem era, e naquele passo, te vi preferindo mentir, do que me encarar de frente. Você entrou na minha vida de forma repentina, como quem diz “Eu sou um policial disfarçado” para uma travesti, três da manhã. Eu mal pude acreditar na forma que você me fez ficar com os braços atados, levantados, totalmente ao dispor na sua revista. Você, diferente de um policial, revistou mais do que o meu corpo, minhas vestes; revistou meu coração.
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É platônico, plutônico, isotônico e mais todas as terminações de ônico, o que eu sinto por você. É sincero, verdadeiro, mas não passa de um mero desejo de querer te ter. Seu cheiro é o que me acalma, mas ao mesmo tempo, nem sei qual o nome do seu perfume, seu nome cai bem em meus lábios, mas de que adianta, se não vou dizê-lo ao pé do seu ouvido. E ao pé do seu ouvido eu já disse muitas coisas, que não significaram nada, mas ainda me assombram nas noites de saudade. O frio na barriga é grande quando eu te vejo, mas ele se torna ainda maior nas noites em claro, que passo idealizando aquilo que sei de você. No seu abraço quente eu me esquento, mas tão rápido quanto eu me aqueço, volto a me gelar, no frio que corta o contato do seu corpo no meu. Seu corpo que poderia ser meu, mas é só seu, e de quem mais você quiser... pena que esse “quem” não sou eu. Sei de todos os seus gostos, mas não foi você que me contou. Sei de todos os seus medos, mas deduzi boa parte deles. Sei de todas as suas intenções, mas não entendo porque você não faz aquilo que imaginei que você faria nas minhas suspirantes fantasias.
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