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Nenhum mistério - Paulo Henriques Britto [Pedro]
Os principais poemas do livro (ao meu ver), “Nenhuma Arte” e “Nenhum Mistério” são excepcionais e ditam tudo o que o livro é. Mas separei dois poemas da metade final para cá:
Caderno XVI Sempre aspirar à condição da música. Não só na arte: em tudo, nas pequenas coisas que não são pequenas, em tudo que fazemos sem pensar, ou que ao menos devíamos jamais fazer senão com a cabeça em outro lugar. Lugar nenhum é bom pra se ficar, é bom senão pra passar, passar como passa nota após nota formando uma linha que não se nota senão como um todo que se ouve passar, tal como um dia passa sem dar a impressão que de novo um dia deu lugar a outro, e sim que apenas continua a melodia. [página 49]
À margem do Douro
Não espero nada, e já me satisfaço com a consciência de ainda estar em mim e não de volta ao nada de onde vim. Por ora, ao menos, ainda ocupo espaço, junto a uma mesa no Cais da Ribeira; permito-me, sem culpa, desfrutar de pão, e queijo, e vinho, e vista, e ar, todo o entorno da minha cadeira. Que os dias que me restam não me tragam apenas a miséria de contá-los pra ao fim ver que as contas não fecham. Peço demais? Eu, que não sou desses que tragam a vida num só gole e no gargalo, sem ter nem mesmo perguntado o preço.
[página 56]
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O Marinheiro que perdeu as graças do Mar - Yukio Mishima [Pedro]
"Ele nunca chorava, nem mesmo nos sonhos, pois a dureza de coração era um ponto de orgulho. Uma grande âncora de ferro resistente à corrosão do mar e desprezando as cracas e ostras dos costados dos navios, afundando, brilhante e indiferente, em meio aos montes de cacos de vidro, pentes desdentados, tampinhas de garrava e camisinhas-de-vênus, na lama do fundo do porto - era assim que gostava de imaginar o seu coração. Algum dia haveria de ter uma âncora tatuada no peito." p. 14 "Por vezes, ao ouvir a canção ou cantarolá-la, seus olhos se enchiam de lágrimas, tal como na letra da música. Estranho que um homem sem ligações se tornasse sentimental em relação a um "porto", mas as lágrimas vinham diretamente de uma parte dele mesmo, sombria, distante, enervada, que havia negligenciado durante toda a vida e não podia controlar." p.21 "Seu abraço apertado, furioso, mostrou-lhe como desejava desesperadamente afirmar que ela era real, que estava realmente com ele." p.70 "Para Ryuji o beijo foi a morte, a própria morte no amor com a qual sempre sonhara. A maciez dos lábios de Fusako, a boca tão vermelha na escuridão que a podia ver com os olhos fechados, tão infinitamente úmida, um mar de coral tépido, a língua inquieta tremendo como sargaços... No êxtase escuro de tudo isso havia alguma coisa ligada diretamente à morte. Ele tinha perfeita consciência de que ia deixá-la no dia seguinte, e não obstante, estava pronto a morrer, feliz, por ela. A morte ergueu-se dentro dele, instigada." p.70 "Então a pequena chama [de um isqueiro] iluminou-lhe o rosto e ele viu a marca das lágrimas. Fusako apagou o isqueiro quando sentiu que ele havia percebido. Ryuji abraçou-a novamente e, aliviado pela segurança de suas lágrimas, começou a chorar também." p. 70
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Ploductivity - Douglas Wilson [Pedro]
Uma teologia do trabalho "Taking one thing with another, all things considered, diligence is recognized and honored in the world, and laziness is recognized and shunned." "Plenty of sin accompanies technology, just as plenty of sin accompanies lack of technology. However, the basic driving problem is always in the human heart, always in our use of technology, and that use is shaped and driven by our attitudes about it." "People who do not want public evaluation of the quality of their work are people who have no business being in business. They should just buy a shovel and dig where they are told to." "Workers are generous. Loafers are not." "Fourth, the diligent like to have their work speak for them, and unproductive men like to substitute talk for action. Lazy men are good talkers." "The issue is not whether we are saved by works. Of course not. The issue here, rather, is what salvation looks like. We are saved by grace, but grace works." "As we consider this, we ought not to limit the phrase “good works” to helping little old ladies across the street or volunteering at soup kitchens. Those are included, certainly, but good works also include good work. Good works include turning a table leg on a lathe, or solving a mathematical problem, or shoveling out the barn. In sum, good works include, necessarily, the blessing of good work." Uma teologia da riqueza Paulo não manda as pessoas ricas para o inferno nem as condena por serem ricas e até gostarem um pouco disso. Em 1 Tm 6.17 ele quer dizer que "He tells them to enjoy what they have, and then tells them to be active in doing good, to be rich in good works, to be generous and eager to share." Você não vai mudar seu coração só por vender todas suas coisas ou jogá-las fora, afinal você sempre vai ter seu coração, e seu coração não poderá ser jogado fora: "We can’t throw our hearts away. We can’t get a new heart, or at least we cannot get a new heart on our own. If I were to make a decision to throw my old heart away, that decision would have to be made by my old heart. And if my old heart could do something as wonderful as throwing my old heart away, what is the need for a new heart?" O próprio Deus não nos deixará sem corações (embora os troque por novos): "We cannot make the raw material of idolatry go away. God created it, and He is not going to uncreate it for our personal convenience. Rather, God has to give us a heart that is capable of being rightly related to Him in the presence of things that seem to beckon us to be wrongly related to Him." "So rightly understood, wealth is something you do" Uma teologia das ferramentas Tendemos a pensar que a descendência de Caim era dotada de gênios e mestres em diversos ofícios, mas a descendência de Seth era composta por preguiçosos que só clamavam o nome de Deus. O testemunho de Noé e a maneira como ele faz uso das ferramentas para contruir sua Arca contrapõe nossas suposições: "Noah’s ark was the technological achievement of the antediluvian world. So when it comes to the use of tools, we cannot say that the line of Seth was made up of slouches." O homem não é verdadeiramente homem sem ferramentas: "The world is laden with many good things, and apart from picking an apple or two with your bare hands, any kind of dominion has to be accomplished by means of tools. A man with tools is not being an artificial man. My argument is that a man cannot be an authentic man without tools." Definição do que é uma ferramenta: "And so we should define a tool in this way: something that is not part of a man’s body which makes something that the man wants to do possible or easier." "Tools enable us to widen our reach. Tools make it possible for our radius of fruitfulness (now there is a phrase for the ages) to extend much farther than it otherwise would." "...we should regard our tools the same way we regard our money—with grateful suspicion." Uma teologia das mediações "Our first parents were clothed to cover the shamefulness of their nakedness, but we do not need to assume that clothes would never have been developed in a world apart from sin. Presumably there would have been some hikes that required shoes, and some temperatures that required warmth, and other occasions which would require majesty and glory. So, working outward, the first line of media would be clothing." "We speak and are spoken to, which means that between us and our conversation partner, we are manipulating the air with our teeth, lungs, lips, and tongues, and doing so in order to request that the other person, across the table there, would be pleased to pass the mashed potatoes. The media involved is largely invisible to us, but it is no less there for all that." A internet não nos torna necessariamente menos humanos: "When it was just Adam, Eve, Cain, and Abel, they did not need the Internet. Nor could they have built one if they did need it. Neither did they require Interstate highways. And so, some idyllic dreamers have assumed that the ideal condition of man must be the primitive one. But why would we assume that we have lost something essentially human just because we have gotten to the point where there are nearly eight billion of us, and we do need an Interstate? God was the one who told us to multiply. And one of the things that necessarily grows and develops with that multiplication is the largely invisible world of media. When we notice it, which happens rarely, our reflex action is to worry about it—as though getting your news off a smartphone is somehow less “authentic” than getting it from newsprint, telegraphs, or smoke signals." Possuir ferramentas e - até certo ponto - depender delas é algo que fazemos e que agrada a Deus! "So, a right recognition of the inescapability of media helps us to understand that when a man buys a tool belt and fills it up, he is doing something that in principle pleases God. This is what he was created to do." Uma teologia das missões e mediações "So what should we bring with us when we travel? What should we send with our messages when we write? The answer is Jesus, but this must be understood rightly. This does not mean that all your Facebook posts have be pictures of saints with three haloes, or that your website has to play Gregorian chant in the background." A vontade de buscar por avanços tecnológicos não é necessariamente pecaminosa, embora traga consigo tentações como qualquer avanço (do tijolo, à carroça, ao computador): "But of course, the improvements will bring a new set of temptations with them, just as the initial invention did." Para o homem, o artificial é natural! "For man, the artificial is natural. We want nothing to do with Rousseau’s “noble savage.” Ten minutes after Adam figured out what that honeycomb was, he started looking around for that stick we mentioned earlier." A internet apenas estende aquilo que a gente já é: "When you go somewhere, or when you send a message somewhere, you are simply projecting what you already are. If you are a bore and a bellygod, then social media will in fact enable you to engage in some digital scribbling so that people in South America can, if they wish, read about your grumbles over lunch." Não há, portanto, transmissão de amor alguma sem mídia! "This means that, because of the way we are created, we cannot love others without media because love, like sound, doesn’t travel in a vacuum." Uma teologia do mercado Sobre o socialismo: "Grinding poverty can certainly come about through natural disasters—famines and so on—but the thing we really need to be on guard against is organized and coercive poverty, by which I mean socialism. Socialism is the drive to control the free choices of other people, especially in the future, in order to prevent them from doing things that seem stupid to the self-appointed organizers, but which will lead to staggering wealth, or so the organizers say, three generations from now." Jesus é soberano sobre a lei da oferta e da demanda. Cristo é soberano sobre todos os preços do mercado, não uma mera lei impessoal! * "When we speak about the law of supply and demand (outside the control of any human agency), we are talking about the Author of that law, and of others." * "In other words, the free market does not decide the price of the new zippers. That decision is made by the Lord Jesus. A statement like that hits us sideways because we are accustomed to think about the world in quasi-Deistic terms. Sure, God made everything some time long ago, but things happen now because of impersonal natural laws, right? Gravity pulls things to the floor, centrifugal force pulls them out to the edges, and the law of supply and demand determines the cost of zippers. But the biblical doctrine is actually one of creation and ongoing providence. All of it is personal." Todas as bençãos que recebemos vêm de mãos perfuradas por pregos: "So my responsibility is, so to speak, whatever is in front of me, there on my workbench or desk or counter. I should do a first-rate job with that, and other things will fall into place. And as they fall into place, it will not be the impersonal doing of Adam Smith’s invisible hand. Every blessing a Christian ever receives is from a pierced hand." Uma teologia do progresso "In other words, if you are anything like me, you need to learn how to manage this embarrassment of wealth. In short, you need to learn how to become more productive." Uma teologia da alegre suspeita "God gives us the wealth that we will be tempted to put in place of Him. When God does this, we may show ourselves ingrates by turning away from Him, wealth in hand, or by throwing the wealth to the ground in front of Him." "The only obedient response is to accept that wealth as the gift of God that it is, and to keep it in its proper creaturely place." "We cannot examine the rise of technological blessings without focusing on those nations where the gospel took deepest root. If we couple this with an understanding that the gospel fulfills the promises given in the Old Testament (instead of abrogating them), this would of necessity include the blessings promised in Deuteronomy. What is happening should not astonish us. It is our promised legacy." "It does not profit a man to gain the world and lose his soul, and there is an additional sting when he then loses the world too. Whatever you worship in place of God is another thing you lose. Whatever you surrender gladly to Him is returned to you, pressed down, shaken, and running over." "We need to learn how to be motivated by the things which God uses to motivate us. Among other reasons, the prodigal son returned home in true repentance because he was famished (Luke 15:17). His stomach was part of the reason for his repentance (Prov. 16:26). But shouldn’t we repent for the purest of motives? Doesn’t work that way. If we had pure motives, we wouldn’t be needing to repent." Uma introdução à frutividade (minha tradução neologística de Ploductivity. Sorry) O primeiro passo: "The first step toward genuinely productive work is to make it a point to work coram Deo, in the presence of God" Se nossos corpos são sacrifícios vivos (Romanos 12. 1-2), tudo onde nossos corpos repousam é um altar! "Now if my body is a living sacrifice, this means that everything it rests upon is an altar. The car I drive is an altar, the bed I sleep in is an altar, and the desk where I work is an altar." A verdadeira produtividade só acontece ante a face do Senhor: "Living and working in the presence of God is essential because what constitutes a truly productive person is the fact that they are laboring under the blessing of God." A finitude do trabalho "George MacDonald once said that obedience is the great opener of eyes. The more we do, the more we will be able to do." "Remembering the finitude of your labors will keep you humble. Recognizing that your labors have a place in God’s cosmic intentions for the universe will keep you from thinking that your tiny labors are stupid labors. They are nothing of the kind. Your labors in the Lord are not in vain (1 Cor. 15:58)." Ambição é algo bom Desejar não é algo ruim: "Many Christians think their problem lies in the verbs, when it actually lies in the direct objects and in the adverbs. They think they are to be faulted because they want, because they desire. But the actual problem is not that we desire, but that we desire the wrong things, or that we desire the right things wrongly." Sobre o perigo de se contentar muito cedo: "But there is something wrong with a man settling too quickly, for the sake of avoiding too much responsibility or too much work."
A Chave-mestra O primeiro passo para ser bom naquilo que se faz é assumir suas cagadas. "So the first step in achieving mastery is taking responsibility for the results. You should know what the best practices are. You should constantly be learning something fresh and new in your field. When something blows up, as it will invariably do sometimes in this fallen world, you communicate with your customers and your creditors, refusing to make them chase you. You tell the truth, and you do not resort to those evasive half-truths called excuses." "So while it is reasonable to glance at the measuring stick goal from time to time, for the most part our gaze should be fixed on the work that is before us. Work for the work, not the award. Those who work for the work, and not the award, are—get this—more likely to win the award." - O poder da imitação: "Another key to mastery is realizing that the key to originality is imitation. [...] First, if you pick a good model to imitate, this prevents bad things from happening when you apply the third key (which is repetition)." "The second good thing about imitation is that it enables you to build on the good work that others have done, which is really the only healthy direction that originality can go." "Learn what good work is, imitate it studiously, and do that over time. The result will frequently be what others call inspired or original or creative." C. S. Lewis: “No man who values originality will ever be original. But try to tell the truth as you see it, try to do any bit of work as well as it can be done for the work’s sake, and what men call originality will come unsought.” "When people do something over and over again—and this should not come as a surprise—they get good at it. But to some, this seems suspiciously like work." O poder da frutividade Quando o problema não está no trabalho mas em quem o está realizando: "However, when everything is a crisis, nothing is a crisis. When every project or deadline is on fire, this is a time management issue. When it is a routine pattern, the crisis is not in the work, but rather in the worker." "But fifteen minutes a day can be had. That can be found. Here is the power of plodding. Suppose you wanted to write a novel of sixty thousand words. Daunting, right? That’s a big steak there. Carve it up into bite-sized pieces. Commit to writing a hundred words a day, no matter what." "Do a little bit, and do not fall for the idea that unless you can pour yourself into something for half a year, there is no point doing it at all. And if you say that you could not possibly do anything like this without outlining the whole thing first, well, fine. Work on an outline for fifteen minutes a day." "What plodding requires is predictability and routine." Trabalhe sob um ritmo que você poderá manter "The thing to take away is that brief but daily routines are capable of accumulating a large amount of whatever the work product might be." Progresso e depravação "Jesus is the Lord of history, and this is why we don’t need to be afraid of Twitter. Or Facebook. Or teenagers typing with their thumbs. Jesus is the Lord of history, which is why we don’t need to worry about Google making us stupid." "This is going to sound funny, but I am excited about the future because I am a postmillennialist. And I am a postmillennialist because I am a Calvinist who believes that the sovereign God over all things is truly, inexhaustibly, and fiercely good. He keeps His promises. In addition to this, my Calvinism has helped me to understand the depravity of man and his ability to screw up pretty much anything." "So we need to remember that the eschatological future promised by the prophet Isaiah, and the future that was shaped by the Industrial Revolution and will continue to be shaped by the Digital Revolution, are the same future. I don’t believe in an invisible spiritual future, shaped by the Holy Spirit, full of sweetness and light, and an actual historical future shaped by the Devil, Halliburton, the Illuminati, and Murphy’s law." "Belief that we will win the war is not a denial of the reality of that war. My optimism is not of the kind that denies the existence of the battle. My optimism is of the kind that maintains that we are winning the battle." "The Bible says that the wealthy are tempted to hubris, self-sufficiency, lack of concern for the poor, oppression, and the rest of that sorry lot. Wealth is a good thing, but it brings temptations. A lot of wealth is a lot of a good thing, but it brings with it a lot of temptations." Eschatologia
"A good example of an erudite worrier would be Neil Postman in Amusing Ourselves to Death. But for every book like that, given the propensity of Calvinists to worry excessively about the heart of man, I would recommend that you read three like Johnson’s Everything Bad is Good for You, Postrel’s The Future and Its Enemies, and Herman’s The Idea of Decline in Western History. Why should Calvinists worry? In the collision between the sovereignty of Jesus in history, and the influence of sin in history, sin is the certain loser." "In the long run, stupidity never works" (QUE FRASE) Sobre o excesso de palavras no mundo digital: "Christians are logocentric, people of words. Why should we be bothered by a tsunami of words? This is where we swim." As novas mediações "Jesus is already Lord of those who recognize it, and He is already Lord of those who refuse to recognize it. This means that the authority of Jesus Christ, right now and not later, currently extends over Facebook, Google, and Twitter. He is the Lord of all the ones and zeroes. He is the Lord of the microprocessor. He is the Lord of the dark web. He is the Lord of all silicon, and the sand it rode in on. He is the Lord of Amazon, and the Lord of that little indie bookstore around the corner. He is the Lord of all our military drones, and all our delivery drones. He is the Lord of all of our great ones, and He is the Lord of the municipal dogcatchers."
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Além do Planeta Silecioso - C. S. Lewis [Pedro]
Um crush da Gabi resumindo o livro de outro. Socorro.
- O materialismo humanista também enxerga a natureza e a humanidade como análogas à obra de um artista, porém não da maneira como esperaríamos: " - Bem, confesso que não gosto da ideia [de sequestrar um garoto que aparece no início do romance]. Afinal de contas, ele é humano. O garoto, no fundo, é quase um... um esboço, mas mesmo assim, ele é apenas um indivíduo, muito provavelmente um indivíduo rematadamente inútil. Estaríamos arriscando a nossa própria vida também. Por uma grande causa..." p. 19-20 "Ele estava se livrando de um pesadelo, há muito tempo gerado na mente moderna pela mitologia que segue na esteira da ciência. Ransom tinha lido sobre o "Espaço": há anos, ocultava-se no fundo do seu pensamento a lúgubre fantasia do vácuo negro e frio, da total ausência de vida, que supostamente separava os mundos. Até agora, não sabia quanto essa ideia o afetava - agora que o próprio nome "Espaço" parecia uma blasfêmia caluniosa, diante do oceano empíreo de radiância na qual eles nadavam." p. 38 "Como muitos homens de sua idade, era mais provável que subestimasse sua própria coragem em vez de superestimá-la." p.44 "Perguntava-se como um dia podia ter pensado nos planetas, até mesmo na Terra, como ilhas de vida e realidade, flutuando num vazio mortal. Agora, com uma certeza que daí em diante jamais o abandonou, via os planetas - as "Terras" como os chamava em pensamento - como meros buracos ou falhas nos céus cheios de vida, restos expulsos ou rejeitados de matéria pesada e ar turvo, formados não por acréscimo mas por subtração do brilho circundante." p.48 "Antes de mais nada, soube que Malacandra era um belo planeta; e chegou a refletir sobre como era estranho que essa possibilidade nunca tivesse entrado nas suas especulações a respeito. O mesmo estranho vício da imaginação que o levava a povoar o universo com monstros o havia ensinado de algum modo a nada esperar num planeta desconhecido, a não ser rochas desoladas ou um complexo de máquinas dignas de um pesadelo. Não saberia dizer por que agora começava a pensar no assunto." p.52 Agora, aqui temos o trecho de onde N. D. Wilson muito provavelmente se inspirou quando afirmou que o corpo glorificado de Cristo atravessava paredes não por ser fantasmagórico, mas justamente por ser mais vívido e sólido que a realidade: "[Um sorn explica a Ransom - outro dia te explico, Gabi - sobre a natureza dos eldil, entidades que habitam o universo como agentes do Criador de todas as coisas] Pode-se dizer que seu corpo é feito de luz, mas não do que é luz para o eldil. A "luz" dele é um movimento mais veloz, que para nós não seria absolutamente nada. E o que chamamos de luz é para ele algo como a água, visível que ele pode tocar e no qual pode se banhar; até mesmo uma coisa escura quando n~ao está iluminada pela luz ais veloz. E o que chamamos de coisas firmes, a carne, a terra, parecem a ele mais rarefeitas e mais difíceis de ver do que nossa luz, mais semelhantes a nuvens, quase nada. Para nós, o eldil é um corpo rarefeito, semirreal, que pode atravessar paredes e rochas; para ele mesmo, ele as atravessa porque é sólido e firme enquanto elas são como nuvens. E o que para ele é a verdadeira luz que enche o firmamento, tanto que mergulha nos raios do sol para dela se refrescar, para nós é o negrume do nada no céu à noite. Essas coisas não são estranhas, Pequenino, embora estejam fora do alcance dos nossos sentidos. Mas é estranho que os eldila nunca visitem Thulcandra [a Terra]." p.127-128 "Ele [uma entidade torta que corrompera os humanos] os teria transformado nisso que seu povo é agora: sábios suficiente para ver a aproximação da morte da espécie, mas não sábios suficiente para suportá-la." p. 190-191 "[Na viagem de volta para a Terra, o personagem principal, Ransom] não conseguia mais sentir que os três [tripulantes da nave] eram uma ilha de vida viajando através de um infinito de morte. Sua sensação era quase a oposta: que a vida estava esperando do lado de fora da pequena casca de ovo de fero na qual viajavam, pronta pra invadir a nave a qualquer momento. E que, se morressem, seria por excesso de vitalidade. Ele nutria a esperança apaixonada de que, se fossem perecer, que perecessem pela "descorporificação" da espaçonave, e não por sufocação dentro dela. Ser solto, ser libertado, dissolver-se no oceano do Sol eterno parecia-lhe em certos momentos um fim mais desejável, e não voltar para a Terra." p.200
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A Política da Pornografia - Rousas J. Rushdoony [Pedro]
N“A seguir, alguns trechos e reflexões feitas durante a leitura do livro.
- A tese central do livro é que a cosmovisão capaz de gerar a pornografia contemporânea é fortemente influenciada pelo pensamento do Marquês de Sade: “Qualquer ato com consentimento entre adultos é, portanto, natural e bom e não deveria ser proibido” p. 83
- “Sade reduz o homem a seus genitais, e tendo sido tão perverso em sua análise do homem, ele, de maneira lógica, conduz sua análise adiante, reduzindo o sexo à perversão” p.87
- Assim, Sade pensava e sonhava com uma sociedade utópica baseada em sua cosmovisão: “[...] Todos os homens têm, pois, um direito de gozo idêntico sobre todas as mulheres. Não há, pois, um único homem que, em face das leis da natureza, possa ter sobre uma mulher um direito único e pessoal. A lei que as obrigará a se prostituir quando quisermos, nas casas de deboche de que falamos, e que as obrigará a frequentá-las caso a isso se recusem, que as punirá se faltarem um só dia, será, pois, uma lei das mais equitativas e contra a qual não se poderá invocar nenhum motivo legítimo ou justo.” p. 88, citando a p. 62 de SADE, A filosofia na alcova (São Paulo: Círculo do Livro, 1983);
- Conforme lido no trecho anterior, percebe-se que Sade mandou o consentimento para as cucuias. “Onde agora está a questão dos atos consentidos entre adultos, para usarmos a fórmula moderna? Essa restrição simbólica não existe. Uma vez que concedida a legitimidade de todas as “paixões”, segue-se que todo ímpeto sexual tem direito soberano sobre todas as demais considerações. Para Sade, não há lei além do homem; e a lei soberana no ser do homem é expressar-se e realizar todos os seus desejos.” p.89.
- Tal egoísmo foi propagado pela prole sadeana. “A finalidade do prazer é que todos aqueles que nos cercam se ocupem senão de nós, só pensem em nós e só cuidem de nós.” p. 94, citado em STIRNER, The Ego and His Own (New York: Modern Library), p. 73.
- “Para abolir a religião, a educação estatal é o passo essencial.” p. 95
- “’Dar a vida’ está além do homem. ‘Matar’, no entanto, é fácil para todos, e isso transmite uma sensação de poder.” p. 101
- “Todos os três temas de Sade podem ser resumidos como violência, violência à ordem natural do sexo (sodomia), violência contra a ordem de Deus (sacrilégio) e violência por meio da crueldade, tanto física quanto mental.” p.104
- “Amor e prazer são duas coisas diferentes, e, para Sade, o amor é um empecilho ao prazer.” p. 105, 106.
- “Por volta dos anos 1920, um pesquisador descobriu que um dos motivos frequentes para o adultério entre as mulheres não era um problema real dentro do casamento, mas sim um desejo por liberdade de experiência. Essas mulheres acreditavam que perderiam algo na vida caso não experimentassem o sexo com outros homens. [...] Supostamente, sem essas experiências, perdia-se uma dimensão da vida.” p. 128
- “Uma vez que a busca por experiência se inicia, aumenta a necessidade de maior choque experiencial de novos e maiores estímulos.” p. 133
- “ ‘O dr. Eric Margenau, um brilhante jovem psicoterapeuta que tratou solteiros em complexos de apartamentos na Califórnia, considera-os ‘muito diferentes de meus outros pacientes’. De que maneira? ‘A maioria das pessoas que buscam terapia tem contato com sua dor’, explicou o dr. Margenau. ‘É por isso que vêm a mim. No entanto, os homens e mulheres nesses grandes complexos são pessoas cujo objetivo de viver onde vivem é justamente libertar-se de sua dor. Eles se anestesiam com um estilo de vida que consiste de embebedarem-se ritualmente, doparem-se e fazerem sexo. A própria natureza de sua interação ali é a de não lidar com nada real ou intenso, de não lidar com seus próprios sentimentos’ “ p.141, 142, citado de PROULX, Cynthia. “Sex as Athletics in the Singles Complex”, Saturday Review of the Society, 21 April 1973: 65.
- Sobre os esquerdomachos: “ ‘Os homens adoram a ideia cosmopolita-Playboy de uma mulher “livre”. A ela é permitido uma “mente toda sua” e uma carreira estimulante. Que homem sofisticado deseja viver com uma boneca ou um “capacho” antiquado, carregada de maridinhos e criancinhas? O novo capacho é incrivelmente sexy, f--- muito (e você nem precisa casar-se com ela!) e ainda cuida - em meio a toda essa “liberação” - de manter cada grama de sua “feminilidade”. Isto significa que ela ainda faz as tarefas do lar. A liberação verdadeira não é tão fácil assim.’ ” p.142, 143, citado em FORCADE, ed., Underground Press Anthology (New York: Ace Books, 1972), p. 85.
- “ A mente pornográfica prefere o mundo interno da imaginação, no qual a habilidade de manipular as pessoas sem desafio ou sem falhas - e sem consequências - reina sem intromissões da realidade. Na pornografia, as pessoas agem não com base em algum padrão de realidade, mas sim segundo uma imaginação perversa que faz com que as figuras oníricas satisfaçam cada capricho e desejo do escritor ou do leitor. Por esta razão, a pornografia é, inevitavelmente, uma péssima escrita. Falta-lhe nexo lógico entre o personagem e os eventos, assim como entre os vários personagens envolvidos. A todo tempo os personagens e os eventos operam para a satisfação da imaginação pornográfica. Ora, a pornografia é aparentada ao suicídio. Aqueles que apreciam-na preferem sua imaginação do que a sexualidade. Quando agem sexualmente simplesmente encenam sua imaginação. O sadista e o masoquista exigem algum sujeito que submeter-se-á a seus caprichos, seja para dedicar-se ou para realizar suas próprias necessidades perversas. A pornografia incentiva a prostituição, porque requer o uso irresponsável de uma pessoa com base na imaginação. O sexo matrimonial exige mutualidade e é um aspecto de uma vida de responsabilidade. a mente pornográfica vê-se paulatinamente impotente num contexto de responsabilidade e gradualmente potente somente em um contexto de irresponsabilidade e desordem, no reino em que a imaginação desafia as responsabilidades que o mundo externo e outras pessoas impõem. Nesse mundo da imaginação pornográfica, o indivíduo depara-se com uma onipotência peculiar e perversa, da qual a hostilidade é um ingrediente essencial. A liberdade para ser irresponsável significa a liberdade para tratar toda a realidade externa como uma coisa a ser manipulada pela imaginação pornográfica.” p.159, 160.
- Sobre o surgimento de uma nova elite intelectual e moral que abolirá a pornografia (ex. Puritanos): “Não nos falta educação e inteligência hoje em dia. Os ingredientes para a liderança estão todos ao nosso redor, porém falta a fé para movê-los. Até que esta surja, o homem do subsolo continuará a operar sua vontade, e a pornografia será mais uma faceta da decadência cultural.” p.186
- Sobre como a ciência despersonaliza o homem assim como a pornografia: “Como é possível que uma sociedade combata logicamente a pornografia hardcore quando tolera e honra com prêmios a essa mesma despersonalização hardcore do homem nas ciências?” p. 190
- “A ausência de fortes laços tende a descapitalização moral de uma sociedade.” p.193
- “Em certo sentido, a pornografia é uma forma de sexo descapitalizado. O sexo foi despido de seu quadro de referência teológico e familiar e foi transposto ao contexto de caos e de vazio. Essa mudança foi efetuada pela ciência, pelas escolas, e por um clero negligente. Em qualquer batalha contra a pornografia, o papel das cortes e das legislaturas, apesar de por vezes necessário, está longe de ser essencial. A capitalização do homem e da sociedade começa pela fé.” p.193
- “O triunfo da irracionalidade significa uma hostilidade à ideia de uma elite, ou a qualquer ideia de qualidade, excelência ou caráter.” p. 201
- “A sociedade passou a fazer o papel de Deus, a ser o universo, o palco e o juiz do homem. E quanto mais o homem enfatizava a supremacia humana, mais ele necessitava de outros homens para serem seu palco e sua audiência, seu deus aprovador. O individualismo anarquista e o coletivismo caminham lado a lado; a exaltação do indivíduo à posição suprema de ser seu próprio deus significa que o homem em meio à massa é o grande deus-massa ou o diabo.
Porém, como o homem anarquista poderia ter um ponto de contato com outras pessoas igualmente anarquistas? Cada um está totalmente absorvido em seu próprio ato, cada um ansioso por aprovação e cada um determinado a ocupar o centro do palco. Em vez de comunicação, há conflito; todos envolvidos nesse jogo estão cercados pela solidão e pela autopiedade. Nesse ponto, a comunicação abre-se. Nesse profundo poço de autopiedade, naquele senso de isolamento cósmico, há um ponto de encontro fugaz. O apelo ao homem humanista é esse apelo à autopiedade.” p.204
- “A continência antes do casamento, a monogamia e a castidade após o casamento produzem imensa energia social, ao passo que a promiscuidade [...] antes e após o casamento conduz a uma energia e um nível cultural baixos. [...] Unwin tinha a esperança de que a igualdade para mulheres seria compatível com a monogamia. A chave para o progresso social é, portanto, a moral - especificamente, a moralidade sexual.” p.211
- “Os defensores da pornografia são culpados de semelhante barbarismo. Eles creem que podem abandonar os padrões bíblicos de moralidade e ainda manter os resultados de vinte séculos de esforço e progresso” p. 214, 215
- Momento pós-milenarista da vitória: “Tudo o que os pornógrafos farão é tornarem-se eles próprios irrelevantes. A história passará por eles, e uma nova elite moral assumirá o controle.” p.215
- Outro momento pós-milenarista da vitória: “De uma fonte ou de outra, uma novas elite do poder surgirá. Não serão os pornógrafos, a nova classe sadeana. seu destino é a irrelevância e o suicídio infligidos por eles próprios, um destino que, em seus objetivos exerce profundos danos à civilização ocidental. Uma coisa é certa - os pornógrafos em breve estarão mortos e desaparecerão. Carpideiras, no caso, seriam um luxo, e não haverá flores para eles.” p. 216
- “Na pornografia, o rosto não tem um papel a desempenhar exceto o de ser submetido ao império do corpo. Os beijos não têm importância, e os olhos olham para o nada, já que não buscam nada além do prazer imediato. Tudo isso corresponde a uma marginalização - efetivamente uma espécie de profanação - do rosto humano. E essa profanação do rosto é também uma anulação do sujeito. O sexo, na cultura pornográfica, não é uma relação entre sujeitos, mas uma relação entre objetos. E qualquer coisa que possa entrar para impedir essa concepção do ato sexual - o rosto em particular - tem de ser coberta, desfigurada ou cuspida, como se fosse uma intrusão inconveniente do juízo numa esfera em que tudo acontece.” p. 233, do posfácio escrito pelo Dr. Fabrício Tavares de Moraes, retirado integralmente de Roger Scruton, O rosto de Deus. Tradução Pedro Sette-Câmara (São Paulo: É Realizações, 2015), p 144-145.
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Melhores livros de 2019 [Gabriela]
Não está em ordem de preferência
1. Live Like a Narnian (Joe Rigney);
2. Sandman vol. 1 (Neil Gaiman);
3. 12 Regras Para a Vida (Jordan Peterson);
4. O Dom Criativo (Hans Rookmaaker);
5. O Universo ao Lado (James Sire);
6. Inteligência Humilhada (Jonas Madureira);
7. O Desejo de Agradar Outros (Lou Priolo);
8. You Who? Why You Matter and how to Deal with it (Rachael Jankovic);
9. O que é uma família? (Edith Schaeffer);
10. Gilead (Marilynne Robinson).
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Gilead - Marilynne Robinson [Gabriela]
-”Para mim, escrever sempre foi um pouco como orar, mesmo quando não estava escrevendo uma oração, coisa que fazia com bastante frequência. A gente sente como se estivesse com alguém.” p. 28
-“Um jovem casal ia passeando pela rua, cerca de meio quarteirão à minha frente. O sol estava brilhando, depois de uma chuva pesada, e as árvores reluziam de tão molhadas que estavam. Por um impulso qualquer, simples exuberância, suponho eu, o rapaz deu um pulo e agarrou um galho, fazendo com que uma cascata luminosa desabasse sobre os dois. Ambos riram e saíram correndo, a moça sacudindo o cabelo e o vestido como se estivesse um pouco aborrecida, mas não estava. Foi uma cena muito bonita de se ver, como alguma coisa saída de um mito. Não sei por que me lembrei disso agora, a não ser, talvez, porque, em momentos como esse, é fácil acreditar que a água tenha sido originalmente criada para abençoar, e, só depois para fazer as plantas crescerem e deixar as coisas mais limpas.” p. 39
-"Enquanto você estiver lendo isso, serei imperecível. Em certa medida, estarei mais vivo do que nunca, na força da juventude, cercado pelos meus entes queridos. Você estará lendo os sonhos de um velho confuso e ansioso, e eu estarei vivendo em meio a uma luz melhor do que em qualquer sonho que jamais tive - não à sua espera, porém, porque quero que esse seu ser perecível tenha uma vida longa e ame esse pobre mundo igualmente perecível." p. 69
-“Toda manhã, sou como Adão acordando no Éden, espantado com a esperteza das minhas mãos e com o esplendor que penetra minha mente através dos meus olhos - mãos velhas, olhos velhos, mente velha; no geral, um Adão bem insignificante, mas, mesmo assim, é simplesmente notável.” p. 85
-“A lua está belíssima sob essa luminosidade cálida do anoitecer, assim como a chama de uma vela fica linda à luz da manhã. Luz dentro da luz. (...)Parece uma metáfora para a alma humana, a luz singular em meio à grande luz geral da existência. Ou parece poesia dentro da linguagem. Talvez sabedoria na experiência. Ou casamento dentro da amizade e do amor.” p. 146,147
-Sobre amar a Deus ao amar alguém: “Pode parecer que estou comparando uma coisa grandiosa e sagrada com algo menor e banal, ou seja, o amor de Deus e o amor mortal. Mas simplesmente não considero que sejam coisas diferentes. Podemos nos alimentar divinamente com pouco e ser divinamente abençoados com um único toque.; e o terrível prazer que sentimos diante de um rosto em particular pode decerto nos ensinar muito sobre a natureza do mais esplêndido dos amores.” p. 248
-““Você devia se casar comigo”, disse ela. E foi o que eu fiz.” p. 254
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10 livros lidos em 2019 [Pedro]
A ordem não é necessariamente a de preferência.
1. 12 Rules for Life (Jordan Peterson);
2. Stoner (John Williams);
3. Competing Spectacles (Tony Reinke);
4. Morrer de Tanto Viver (Nathan Wilson);
5. Deleitando-se na Trindade (Michael Reeves);
6. Vestígios da Trindade (Peter Leithart);
7. Reflect (Thadeus Williams);
8. Os Quatro Amores (C. S. Lewis);
9. The Winter’s Tale (William Shakespeare) (releitura);
10. As Coisas da Terra (Joe Rigney).
Menção honrosa: The Great Gatsby (F. Scott Fitzgerald), mais uma releitura, e o audiobook da Rosária Butterfield, The Gospel comes with a house key.
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Vestígios da Trindade - Peter J. Leithart [Pedro]
- “Nada é outra coisa, mas nada é o que é exceto pelas outras coisas que habitam em si,pelas outras coisas entre as quais habita.” p.32
- Peter Leithart sobre o amur propre de Rousseau: “Esse tipo de amor de si não é saudável e bom, mas envolve desejo de bens que outros possuem. Esse tipo de amor de si é comparativo e “puramente negativo”. Não “encontra satisfação em nosso próprio bem-estar mas apenas no infortúnio doutros”” p. 51
- A beleza da habitação mútua na família: “Indivíduos existem só enquanto são habitados por outros; sociedades existem só enquanto são lares para indivíduos que fazem suas casas uns nos outros” p. 54
- Sobre a narrativa do apaixonar-se: “Apaixonar-se significa revisitar aquela história de vida e conversa corrente para incluir o novo amado. O homem começa a contar sua história incluindo o primeiro vislumbre de sua esposa, sua amizade e romance, a cena da proposta, oc asamento. Esposas fazem o mesmo, mas melhor, porque lembram todos os detalhes que os homens esquecem. Cada um começa a habitar a narrativa do outro.” p.65
- “Quando se volta do mundo para habitar sua amada, ele redescobre seu mundo nela” p. 67
- A coabitação no tempo: “Podemos de fato colocar mais fortemente: não há presente a menos que passado e futuro o habitem. Ou, em outras palavras, não há tempo sem a coabitação de tempos distintos.” p. 88
- Não há linguagem que não coabite com o mundo sensível: “Se despes a linguagem de seus aspectos sensíveis, não te resta a linguagem pura. Resta-te puro nada.” p; 102
- “Música e espaço musical relacionam-se como relaciono-me com o mundo, como pais e filhos, como amantes um com o outro, como palavras com outras palavras a seu redor nas sentenças que habitam. Música preenche seu espaço, entretanto o espaço musical está cheio de toda sorte de outras coisas ao mesmo tempo.” p.119
- A ética da disponibilidade: “Falta algo nessa análise da ética: amor. Quando analisamos a realidade do amor, vemos que também manifesta o mesmo ritmo de interpenetração, agora na prática em vez de teoricamente.” p 136
- “O existencialista cristão Gabriel Marcel argumentou que em vez de considerar outros inconvenientes, devemos recebê-los com “disponibilidade” esperançosa. Disponibilidade é a ‘aptidão a dar-se a tudo que ofereça, e obrigar-se pelo dom... Significa transformar meras circunstâncias em ‘oportunidades’, digamos mesmo favores, assim colaborando em seu próprio destino ao conferir-lhe sua própria marca.’ Disponibilidade significa aceitar situações inesperadas não apenas como presentes dados a mim mas também como oportunidades para marcar o outro que se intromete com minha própria marca. Marcar um ao outro e coabitar é o resultado, mas só se estiver-se ‘disponível’, só se desejar-se dar espaço e ocupar espaço” p. 137
- “Um filho deficiente não destrói meu sonho duma família de amor, mas desafia-me a amar de maneiras que nunca imaginei possíveis. Quando estamos disponíveis, o outro não é mais um muro ou um exército invasor, mas um lar, ‘um lugar onde ‘eu’ posso habitar, na intersecção de receptividade e autodoação.” p. 137-138
- “Cada um é habitação potencial, lar, para outros.” p. 139
- “A maior parte dos pais têm filhos porque quiseram., Mas muitos pais não conhecem o tipo de exigências que o filho impor-lhes-á. Não percebem quão radicalmente vulneráveis, quão completamente disponíveis, terão de se tornar se quiserem ser pais de bom sucesso. Alguns pais falham. Quando suas vidas viram pelo avesso para abrir espaço, alguns se recusam a ajustar-se, tentam viver como antes, e concluem não haver mais espaço na hospedaria.” p. 145
- “Alguns filósofos, como Jacques Derrida, dizem que a hospitalidade tem de ser absoluta. Temos de acolher a todos, e acolhê-los como estão. Não é o tipo de ética que proponho aqui. Antes, é uma ética de hospitalidade que acolhe para mudar. Não acolhemos os nus para que estejam nus em nossa presença; não acolhemos os famintos para que nos vejam comer. Acolhemos os nus e famintos para mudar suas circunstâncias. Damos-lhes espaço para os vestirmos e alimentarmos.” p. 147
- O autor encerra o livro belamente contrariando afirmações de que seu uso de analogias da experiência humana e da criação fazem parte de heresias como o modalismo. Pelo contrário, a própria Bíblia não é temerosa ao chamar Deus de Rocha, Galinha e até mesmo como uma autoridade humana (um Senhor em um trono). Dá-se a entender que o mundo criado por Deus e tudo aquilo que o habita foi criado não para explicar a Deus de maneira exaustiva, mas sim para explicar em escala menor porém compreensível aquilo que Deus é. Os céus proclamam a glória de Deus porque são, e isso basta.
- “Tudo no mundo tem um lar em Deus, e Deus faz de tudo um lar em si” p. 182
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