metaforas-e-desafetos
metaforas-e-desafetos
Metáforas & Desafetos
9 posts
Às vezes, metáforas sobre desafetos.
Don't wanna be here? Send us removal request.
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
Overdose de vida
Tenho medo de morrer sozinho, alheio às pessoas, Numa casa feia e suja, sem um ser sequer para trocar meus curativos Ou me ver dando os últimos suspiros.
Mais que isso, tenho medo de viver uma meia-vida. Amar pela metade, deixar de sonhar com medo de não concretizar, Não fazer por medo de dar errado ou autosabotagem.
Ser levado à baila sem qualquer escolha, mesmo a tendo. Quero conquistar e ser conquistado. Quero encher o mundo de erros e acertos.
Busco apenas o que pode parar meu coração de tanta vida. Preciso encher os pulmões com o que o mundo tem de mais intenso.
Felipe Konik
9 notes · View notes
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
Amor em tempos de delivery
Na era moderna, onde tudo é efêmero, Me parece que o amor é, de certo, passageiro. Implorando por carona na beira da estrada Fica perdido, sem rumo e sem morada.
Conversas superficiais sem muito significado, Se der sorte, um pouco mais de emoção. Uma noite quente, paixão desenfreada, E no fim, tudo termina em desilusão.
A profundidade, afinal, é utopia, Um sonho que nunca parece se concretizar. Relacionar-se já perdeu sua magia, E a solidão (que não é solitude) parece nos acompanhar.
Em minhas idas e vindas percebi, De que esse é nosso destino é cruel. Vivendo em um mundo cada vez mais imediato, Roubamos as borboletas do próximo para exibir como troféu.
O Tinder já foi meu passatempo, Mas as histórias se repetem em um ciclo sem fim. As pessoas somem sem um motivo claro, Assim como uma bolha de sabão, que estoura sem um estopim.
Talvez tenhamos nos tornados seres indiferentes, Que não sabem se entregar ao outro. Apenas buscamos o prazer sem compromisso, Como uma criança, que come apenas a cobertura do bolo.
Não sei se resta esperança em meu coração De que um dia o amor floresça novamente Ao menos sei que não estou sozinho Nessa solidão cheia de gente.
Felipe Konik
2 notes · View notes
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
A paz que antecede o caos
Essa ideia de que a paz antecede o caos é uma das maiores sacanagens contra os ansiosos.
A gente vive se perguntando se sempre que sentirmos algum momento de tranquilidade, vamos antecipar uma tragédia.
Como diferenciar a paz comum da paz caótica?
Felipe Konik
0 notes
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
POV: Pensamentos de um homem comum a beira de um encontro [parte 1]
2022. Um barzinho cult curitibano. Coisas velhas nas paredes, pinturas psicodélicas, instrumentos musicais e até uma gravadora super 8 na decoração. Cardápio de pizzas mostra preços acessíveis. Quase todo mundo tem bigode e veste roupas confortáveis.
Uma porta azul-nostalgia na entrada, toda em madeira trabalhada de qualquer jeito. Amo o conceito de bar uma-senhora-ja-morou-aqui, tendência demais.
Frio de 18°C, nublado e possibilidade de chuva. Merece cerveja? O pagode tá tocando. Merece cerveja.
Ela mora perto, mas se atrasou. Disse que mora a duas quadras e se atrasou? Bom, não sou eu que vou reclamar do atraso de alguém que precisa pintar o rosto pra sair de casa.
Tenho pouco dinheiro no banco. Jurei que não sairia com mais ninguém até o fim do mês, depois de viver algumas decepções amorosas. E cá estou eu, afinal, me perguntando o motivo.
Ok. O motivo tem olhos lindos, um cabelo ruivo radiante, parece ser gentil e é low profile.
Inclusive, o motivo chegou.
Felipe Konik
0 notes
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
Sejamos sinceros:
O amor é efêmero, mas a dor é duradoura.
Felipe Konik
2 notes · View notes
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
Intensidade
É bom, mas cansa.
Estabilidade
É necessária, mas te sufoca.
Felipe Konik
1 note · View note
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
Homem-bandaid
Somente um curativo para pessoas feridas.
Felipe Konik
0 notes
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
Devagar! Eu preciso divagar.
Sim, vivemos em um mundo cada vez mais acelerado, que não nos permite parar e ter um momento de reflexão.
Às vezes nos esquecemos de simplesmente parar e respirar, de nos olharmos internamente e perguntar: para onde eu tô indo, cara? Qual é o meu propósito? O que é essa loucura de mundo, afinal?
A falta desses momentos tem levado pessoas a se sentirem perdidas, ansiosas, sem propósito ou com propósitos desconexos. Não sou algum tipo de somellier de propósitos, mas sejamos realistas, enriquecer uma empresa que nos explora até o fim de nossas vidas não me parece propósito saudável.
Eu convido você a parar, respirar, olhar para o céu e buscar o mínimo de calma. Quem sabe, você até encontra um pássaro voando por aí. Reflita sobre a vida, suas prioridades e por que você faz o que faz. É possível que, no final dessa divagação, você descubra que estava no caminho errado.
Felipe Konik
2 notes · View notes
metaforas-e-desafetos · 2 years ago
Text
O monstro debaixo da toalha
Eu conheci o monstro em 2015. Não era meu, mas da minha mãe. Tinha nome composto - neoplasia maligna. Um nome sinistro, mas sempre preferi ele ao invés de outros nomes compostos como "Shirley Cristina", por exemplo - desculpa, Shirley.
No começo, minha mãe tentou esconder o monstro. Cobriu-o com uma toalha de crochê com florzinhas e fingiu que estava tudo bem. Mas eu, já com 20 anos, sabia reconhecer monstros escondidos em baixo de toalhas de crochê.
Um dia, olhei para ela e disse: "mãe, precisamos falar sobre o monstro debaixo da toalha". Foi então que ela me contou a história toda, com a voz trêmula e os olhos cheios de lágrimas.
A partir daí, o monstro tornou-se parte da nossa vida. Ele dormia e jantava conosco. Se fosse meu, teria batizado com um nome engraçado, tipo "Claudio", "Inês" ou "Robertinho" - releia o texto e troque a palavra "monstro" por "Robertinho" e veja a mágica acontecer.
A presença do monstro foi tão intensa que algumas pessoas próximas não aguentaram. A vida pode derrubar até mesmo os mais fortes, afinal de contas. A batalha foi árdua. Daquelas que tem dedo no olho e mordida na orelha. E minha mãe teve uma atuação digna de Rocky Balboa em Rocky V.
Viver com o monstro foi como dançar ao som de uma música triste. Era conviver com o "toc toc" constante da incerteza batendo à nossa porta e ter que manter o equilíbrio, mesmo ameaçados pelo surto.
O exorcismo não é fácil e não é feito por padres. É preciso um veneno tão forte que até o monstro não suporta. Entre quedas de cabelos e náuseas, ele diz: "já chega, miseráveis". Se levanta e vai embora.
Hoje, quase oito anos depois, sei que isso não define quem somos e não guardo mágoas do monstro. Mas se um dia a infelicidade do destino nos unir novamente, estarei preparado com uma boa taça de Cabernet Sauvignon e um pedaço de Grana Padano, para lembrar o quanto vale a pena expulsar monstros em troca de tempo com as pessoas que amamos.
Felipe Konik
#cronica #poesia #cancer #texto #desafio
1 note · View note