Tumgik
silenciocinza · 5 years
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há sempre este momento em que nada é suficiente e que o vazio é tanto que transborda. é sempre o momento em que eu sinto sozinho e isso parece me destruir inteiro. eu vivi isso por várias vezes e parece que o que eu aprendi foi que eu sempre vou sentir dor no momento em que eu começar a amar inteiramente uma pessoa.
em certo momento foi mais fácil me acostumar com a ausência, mas dessa vez eu pensei que ela nunca viria, até que veio.
eu não posso e não devo empurrar esse sentimento em alguém até que ele doa, porque eu não tenho algo em mim que é necessário para se amar o outro e deixá-lo livre para não me amar. porque eu sou egoísta.
talvez por isso o silêncio passou a fazer muito sentido, porque no silêncio eu me compreendo sem outrem. mas as coisas deixaram de ser silenciosas e ela veio cheia de cores e sons e eu desaprendi a viver do meu silêncio.
então o silêncio que vem dela dói.
talvez seja melhor assim. talvez seja melhor permanecer só.
há sempre esse zumbido nas palavras silêncio ausência e solidão, e elas tem me acompanhado desde que me lembro.
não é justo sentir raiva porque os sibilantes se tornaram sons nefastos.
será esse o momento que eu vou embora, já que eu não posso contar com ela nem com ninguém?
assim como as demais palavras, a palavra sempre também tem essa carga de silêncio ausência e solidão.
eu deixarei, novamente, de amar os teus olhos que são doces, porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
voltar no tempo parece algo impossível, embora eu sinta que voltei ao mesmo ponto. sou diferente daquela pessoa que você conheceu no começo, assim como você também o é. e isso vai te frustrar tanto quanto a mim.
sinto muito por te amar tão de repente. você não merecia esse peso, você não merecia isso, e eu não te mereço mais.
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silenciocinza · 6 years
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[...] muitas flores nascem para florir sem serem vistas, e desperdiçam sua fragrância no ar deserto.
Jane Austen. A Abadia de Northanger.
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silenciocinza · 6 years
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Vi as últimas horas da noite e as primeiras do dia, vi os derradeiros passeadores e os primeiros varredores, as primeiras carroças, os primeiros ruídos, os primeiros albores, um dia que vinha depois do outro e me veria ir para nunca mais voltar.
Machado de Assis. Dom Casmurro.
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silenciocinza · 6 years
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Rainha: Por que então pareces sofrer com isto tão particularmente? Hamlet: Pareço, senhora? É como sou, comigo nada há de “parecer”. Não é apenas a minha capa negra, ou os ricos trajes pretos de circunstância, não são os soluços ou os suspiros do fundo do peito, nem o jorrar abundante dos olhos, minha boa mãe, e tampouco todas as formas e maneiras do sofrimento e o aspecto tristonho do semblante que podem mostrar o que sou. São coisas, estas, que o homem pode simular, e por isso dizemos que “parecem”. Dentro de mim, no entanto, tenho algo que supera a aparência. Todo o resto é adorno, enfeite da dor.
William Shakespeare. Hamlet.
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silenciocinza · 6 years
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Um cisco basta a turvar o olho do pensamento.
William Shakespeare. Hamlet.
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silenciocinza · 6 years
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Sumário: William Shakespeare (1564-1616)
(1599-1601) Hamlet
(1603-1607) Macbeth
Todos
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silenciocinza · 6 years
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E assim, o efeito mais extraordinário da guerra foi a reconstrução, não a destruição. Quem é que vai fazer essa reconstrução? Não são os homens que morreram, mas são as mulheres que sobravam. A gente não vai lembrar o nome de ninguém. A gente só vai lembrar do nome dos que fizeram as armas, e destruíram, e aprontaram, e fizeram isso, e aquilo. E no dia seguinte quem é que vai arrumar tudo?
Lama Padma Samten. Ensinamentos com o Lama Padma Samten: CEBB CM, 23 out. 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HEiZk0-r7yI>
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silenciocinza · 6 years
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Cada pequeno objeto, cada pequena pedrinha na paisagem tem uma correspondência interna em nós na forma de energias que percorrem nosso corpo e nervos. A isto chamamos ventos internos. Nosso apego não é às coisas, mas aos ventos internos que elas provocam. Os ventos internos são a experiência íntima dos objetos e também dos seres. Esta dependência e apego são a base de duka.
Lama Padma Samten. Uma breve introdução ao Budismo. Disponível em: <http://www.cebb.org.br/uma-breve-introducao-ao-budismo/>.
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silenciocinza · 6 years
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[...] Muitos seguidores do Buda escreveram muitos livros, sempre lembrando que “a sabedoria não está nos livros”. Então estudamos minuciosamente aqueles textos e sabemos de cor que “a sabedoria não está nas palavras”. Agora os ensinamentos chegam à língua portuguesa. Traduzimos do tibetano, chinês, japonês, sânscrito ou páli, para o português. Parece contraditório traduzir textos, mesmo sabendo que a sabedoria não está lá… É que, ainda que não esteja, os textos podem, eventualmente, umedecer as sementes de sabedoria que temos naturalmente. Esta é a sua função.
Lama Padma Samten. Uma breve introdução ao Budismo. Disponível em: <http://www.cebb.org.br/uma-breve-introducao-ao-budismo/>
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silenciocinza · 6 years
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Duka pode ser explicado de forma simples a partir do fato de que, quando temos alegrias, elas são sempre, simultaneamente, sementes de sofrimento. Dizemos que esta é uma experiência cíclica — é como uma roda girando entre as polaridades de estar bem e estar mal. Gostaríamos de encontrar o freio quando estamos na região de felicidade, e gostaríamos de acelerar quando estamos tristes. Às vezes achamos que encontramos um controle de velocidade desse tipo, mas logo surgem problemas nessa tentativa de controle.
Lama Padma Samten. Uma breve introdução ao Budismo. Disponível em: <http://www.cebb.org.br/uma-breve-introducao-ao-budismo/>
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silenciocinza · 6 years
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Perguntei por que me escolhera. Gostei do jeito que você me olhou, disse. Parecia que estava pedindo desculpas por me achar tão bonita. Remova a poesia do que ela falou: eu a olhei na loja de Chang com uma fome que nunca senti por nenhuma outra mulher. Um episódio inaugural. E também fui olhado de uma maneira que ainda não tinha acontecido antes. Conhecê-la fez do passado um mero ensaio, um treino antes de ser exposto à sua incandescência.
Marçal Aquino. Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. (via silenciocinza)
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silenciocinza · 6 years
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Ele só sabia que tudo havia acontecido exatamente assim, que lá estava ele novamente sozinho, enquanto os outros tinham ido festejar o Natal em suas casas.
Charles Dickens. Um conto de natal.
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silenciocinza · 6 years
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– Nesta época do ano, meu sofrimento aumenta – disse o Fantasma. – Por que caminhei entre as pessoas e não olhei para elas?
Charles Dickens. Um conto de natal.
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silenciocinza · 6 years
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– Carrego a corrente que fiz em vida – respondeu o Fantasma. – Fiz cada um destes elos, metro por metro, e enrolei-os em volta da cintura, por minha livre vontade, e por livre vontade arrasto-os por toda a parte. Olhe para esta corrente, não se parece com alguma que você conhece? Scrooge tremia cada vez mais. – Ou você saberia o peso e o comprimento da corrente que você mesmo carrega?
Charles Dickens. Um conto de natal.
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silenciocinza · 6 years
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– Bobagem o Natal, titio? – disse o sobrinho. – O senhor está brincando? – Claro que não! – replicou Scrooge. – Que motivos você tem para estar feliz, sendo pobre desse jeito? – Se for por isso, que motivos tem o senhor para estar tão mal-humorado, que razões para estar tão ranzinza, sendo rico desse jeito? – respondeu o sobrinho, alegremente.
Charles Dickens. Um conto de natal.
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silenciocinza · 6 years
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Sumário: Charles Dickens (1812-1870)
(1837) As aventuras do sr. Pickwick
(1843) Um conto de natal
Todos
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silenciocinza · 6 years
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Depois me estendo numa rede ou me deixo cair nela. O mar canta baixinho para mim. Eu abro você, eu descubro você, eu faço você nascer, canta-me o mar, ou por sua boca sussurram aqueles dois que vêm antes da história e o inauguram.
Eduardo Galeano. Vagabundo. O resto é mentira.
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