#cae:task
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aldanrae · 3 months ago
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PIONEIROS: os heróis de Ânglia.
Na capital, são muitos os que se autoproclamam videntes ou profetas, todos dispostos a revelar seu futuro em troca de um par de pratas. Seja por curiosidade ou por crença, você decide dar ouvidos. Os dedos que contornam as linhas da palma pertencem a uma quiromante. Há uma estrela em seu Monte de Mercúrio, ela diz. Uma oportunidade que mudará sua vida está se aproximando–isto é, se você tiver a coragem de agarrá-la com ambas as mãos.
A TERCEIRA TASK
Seus personagens terão a oportunidade de protagonizar a próxima etapa do plot central! Teremos um sistema de pontuação baseado em atividade que vai durar por um mês, e no final deste mês um vencedor khajol e um changeling serão elegidos. Ambos terão um papel central na história que se desenrola, e receberão grande um prêmio em IC.
AS RECOMPENSAS:
O khajol vencedor será o primeiro humano a domar um dragão, e o changeling vencedor será o primeiro meio-feérico a hospedar um deus da Fé de Luguya.
Os prêmios serão desenvolvidos a partir de plot drops da central, com protagonismo dos vencedores. Não daremos mais detalhes pois queremos manter algumas surpresas!
Não se preocupe: mesmo que você não vença a task, teremos outras oportunidades para destaque no futuro.
COMO FUNCIONA:
Os pontos contarão a partir das 13h do dia 20/03 até às 23:59 do dia 20/04. Encorajamos que participem com múltiplos personagens para otimizar as chances de vencer, mas não permitiremos que dois personagens do mesmo player ganhem em ambas as categorias, porque todo o mundo merece a chance de brilhar.
O QUE VALE PONTO?
POST DE LORE PARA O ADRLORE: Vale 4 pontos. Mínimo de 15 linhas, enviados para o chat da central, limitado a dois por personagem.
STARTER: Vale 4 pontos. Mínimo de oito linhas, inclui starters abertos e fechados, sem limite.
TURNO: Vale 3 pontos. Sem mínimo de linhas ou limite de quantidade. STARTER CALL: Vale 3 pontos. Mínimo de três vagas por call, limitado a dois calls por personagem.
POV: Vale 3 pontos. Mínimo de 15 linhas, limitado a três por personagem. PLAYLIST: Vale 2 pontos. Mínimo de 5 músicas, limitado a uma por personagem. POST DE HEADCANONS: Vale 2 pontos. Mínimo de dez headcanons, limitado a dois por personagem. LISTA DE CONEXÕES: Vale 2 pontos. Apenas listas novas contam, mínimo de cinco conexões, limitado a uma por personagem.
ASK DE NPC RESPONDIDA: Vale 2 pontos. Enviadas pela central, limitado a duas por personagem.
MUSING/EDIT: Vale 1 ponto. Reblogs contam, limitado a três por personagem.
ASK ENVIADA PARA NPC: Na conta do Jester, limite de duas por semana, oito ao todo.
COMO CONTABILIZAR:
Pedimos que preencham a nossa planilha com os links das postagens feitas, para que possamos conferir e calcular os pontos. Uma planilha deverá ser feita para cada personagem inscrito. Clique neste link para duplicar a planilha template!
VAI PARTICIPAR?
Responda neste post com o nome do(s) personagem(ns) inscritos, para sabermos com quantos podemos contar! As inscrições ficarão abertas até o dia 22/03, para que ninguém perca muito tempo hábil para pontuar.
Contamos com a participação de todos, e boa sorte!
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tadhgbarakat · 5 months ago
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ㅤ ⏾      𝑻𝑨𝑺𝑲 𝑰𝑰 :ㅤthe reapingㅤ,ㅤ𝑡𝘩𝑒 𝑝𝑜𝑒𝑡ㅤ𖬺ㅤ𝘩𝑖𝑠 𝑟𝑜𝑡𝑡𝑒𝑛 𝘩𝑒𝑎𝑟𝑡. ⸻ dive from a hundred feet , from heaven to the ground in less than zero.
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A água do cálice era fresca como a de uma nascente, e um gole bastaria.
Sob o céu pontilhado de estrelas na ilha de Eldrathor, cada um dos cadetes no primeiro ano da terceira série foi instruído a se deitar no pátio central, seus ovos de dragão em mãos. O que o acompanhava a seis anos tinha tons de marrom-avermelhado, parecendo esculpido em quartzito, seu relevo bruto e não polido. Tadhg o aninhou contra o peito com surpreendente delicadeza antes de fechar os olhos.
Ao abri-los, a familiar noite gelada de Wülfhere tinha sido substituída pelas cores vibrantes do Sonhār. Nunca antes tinha visto um céu tão azul, e tudo o que sabia sobre a geografia do lar dos feéricos de súbito lhe parecia inútil, já que os Reinos do Sonho Profundo eram um mistério que nem as disciplinas do Instituto tinham desvendado. O sol ao leste indicava ser ainda o começo da manhã. Diante de si havia uma montanha, seu cume alto o suficiente para desaparecer entre a neblina e sem sinal algum de uma trilha a seguir, as formações rochosas que a compunham tendo uma matiz familiar. Às suas costas tinha uma estrada de terra batida ladeada de árvores floridas, o serpentear de seu caminho cortando uma floresta e desaparecendo ao fim de horizonte no que parecia uma planície infinita. Não haviam outras alternativas de rumos a seguir. Uma opção parecia fácil, e a oposta parecia a certa.
Talvez já estivesse perdendo o juízo mas, com um sorriso, se lembrou do conselho dado por Cillian antes de deixar o castelo rumo à cerimônia. Tente não morrer. Se seguisse a orientação naquela situação em particular, acabaria como um fracassado–por sorte, era particularmente bom em ignorar o que o mais velho dizia. Não tinha feito promessa alguma, e o desafio que tinha diante de si e que deveria aterrorizá-lo só acelerou o seu pulso em antecipação. O perigo pouco fez para o dissuadir. Sabia o que fazer. Seu dragão era um terrador, e aquele era seu lar–o que significava que era hora de visitá-lo para um chá da tarde. Esperava que a companhia fosse bem-vinda, ou acabaria por se tornar o lanche.
Seus pés o guiaram com a certeza de quem seguia o próprio destino, e as largas passadas logo foram substituídas pelo tatear contra as pedras quando o terreno se tornou íngreme demais para andar, procurando por arestas firmes o suficiente para sustentar o seu peso enquanto o caminhar dava lugar à escalada. Conforme ganhava altura, a realização de que um mero deslize lhe custaria a vida o atingiu–não tinha equipamento de segurança, ou esperança de sobreviver a uma queda caso os dedos escorregassem. A noção não o assustou: aquela era a realidade para a qual tinha sido preparado na última década. Não hesitou.
Os músculos ameaçaram enrijecer, e o suor a escorrer por entre os dedos quase o fez despencar mais de uma vez. A altitude era como um peso no ar, tornando cada respiração custosa, e poucas eram as oportunidades para descansar no caminho até o topo. Não tinha água ou comida, e o silêncio absoluto que o engolia só era interrompido esporadicamente pela melodia dos pássaros. De novo e de novo, lembrou a si mesmo que estava naquele plano apenas como uma projeção. Sua alma não deveria ter fome ou sede, mas havia um desencontro entre o que sentia e a razão.
Quando a parede rochosa se transformou em um aclive, a neve passou a cobrir o terreno íngrime, e o frio o lembrou de casa. Ele e o dragão tinham algo em comum. Não havia vegetação alguma ao alcance dos olhos, e o branco que se estendia até onde podia ver refletia a luz do dia com intensidade suficiente para cegar. Tentar enfrentar o obstáculo fez com que as vistas ardessem, as lágrimas causadas pela sensação congelando em seu rosto. A prova agora era de confiança. Para prosseguir, o pedágio era depositar a própria vida cegamente nas mãos do dragão a quem procurava. O preço a pagar era claro: se quisesse continuar em seu caminho, teria que estar disposto a sacrificar a própria visão.
Tadhg fechou os olhos e caminhou às cegas colina acima, as mãos estendidas na frente do rosto em busca de obstáculos, os pés tateando o terreno com receio de que um passo em falso o levasse a um penhasco. Não o veria se o encontrasse, mas podia sentir sua presença do outro lado do fio que o puxava tal qual a gravidade. Ali, nem o canto das aves o fazia companhia, e o tempo pareceu se dilatar em uma eternidade. A despeito do desconforto na boca do estômago que sabia reconhecer como medo, continuou a dar um passo atrás do outro, a se erguer depois de cada tropeço–até que por fim caiu de joelhos, e o mundo ao seu redor pareceu escurecer.
Pensou estar prestes a desmaiar mas, mesmo caído sobre a neve, sua consciência se manteve alerta, e a curiosidade o deu a coragem para espiar onde estava. Por entre as pálpebras cerradas, notou ter chegado ao topo da montanha no momento em que os primeiros raios do pôr do sol tingiam o pico de laranja. À sua frente estava a silhueta do dragão a quem procurava, perfeitamente imóvel e silencioso, a sombra por ele projetada o protegendo da luz.
Encará-lo diretamente foi como um despertar. Os olhos que o fitavam eram vermelhos como o sangue e o mediam de cima abaixo, tocados por um brilho que juraria se parecer com humor. Ao erguer o queixo e abrir a boca para lhe falar, um rugido o interrompeu, e a terra tremeu sob seus pés sob a força da criatura que agora o silenciava. Talvez ainda não tivesse conquistado o direito de lhe falar diretamente. Tadhg se curvou em uma curta reverência, um cumprimento silencioso no lugar da tentativa irreverente anterior, e a resposta que obteve foi um bater de asas que revirou a neve ao redor, o vento gelado açoitando seu rosto. Sabia o suficiente de draconologia para reconhecê-lo como um macho, e teve a sensação de que o dragão estava brincando consigo: se o fazia como com um irmão ou como com comida ainda estava por determinar.
De súbito, o dragão deu um passo e outro na sua direção até que tinha o focinho ao alcance de seu toque. Interpretou a aproximação como um convite, e estendeu a mão para tocá-lo, encontrando uma fonte de calor sob os dedos mesmo em pleno inverno. Talvez pudesse sentir algo a seu respeito com o contato–a pureza de sua alma ou algum outro clichê igualmente ridículo, e que supostamente influenciava na decisão de o aceitar como montador. Tendo aprendido a lição ao tentar falar, permaneceu perfeitamente em silêncio, mas decidiu se comunicar de outra maneira que não com palavras. Engolindo em seco, escolheu tocar também sua testa contra as escamas, perfeitamente consciente de como seria fácil o engolir de sua só vez. O gesto não era de subserviência, mas sim de cumplicidade, o reconhecendo como seu igual. Aquela pareceu ser a deixa de que a criatura precisava e, sem anúncio prévio, o assistiu se erguer em um voo e, com uma manobra que quase o fez torcer o pescoço para acompanhá-lo com os olhos, entendeu o que ele estava prestes a fazer uma fração de segundo antes de o ver se lançar em uma queda livre montanha abaixo, as asas se encolhendo junto ao corpo de modo a acelerar a descida.
Filho da puta.
Aquela era a prova final, e tinha segundos para a cumprir antes que a oportunidade desaparecesse para sempre–isto é, se tivesse coragem. Não tinha asas, e teria que provar acreditar que as dele eram as suas a partir de agora.
Muito lhe faltava naquela vida. Dinheiro, saúde mental, dignidade–a lista era como um pergaminho a desenrolar. Para compensar, Erianhood o tinha presenteado com uma quantidade proporcional de audácia, e uma disposição incomparável para morrer ao tentar.
Recuou o suficiente para tomar impulso e, com o coração preso à garganta, correu na mesma direção. A neve e o cascalho deslizaram sob seus pés ao saltar, e então estava caindo e caindo e caindo, amaldiçoando todas as leis da física, o rugir do ar em seus ouvidos o impedindo de escutar o bater das asas que vinham em sua direção, e sentiu estar prestes a engasgar no próprio vômito até que–
Com um solavanco, o dragão o pegou no ar em suas garras a apenas metros do chão, traçando uma curva elegante para estabilizar a trajetória em uma linha reta até que precisou encolher as pernas de modo a não tocar o topo das árvores logo abaixo. Aquela era uma aceitação clara como o maldito dia, e o primeiro som que emitiu na presença de sua nova família foi metade grito e metade gargalhada, uma celebração adornada pelo frio na barriga ao voar pela primeira vez.
Se acomodaria em seu dorso um outro dia. Por ora, lhe bastava saber que agora tinham um ao outro, e que seu dragão tinha um maldito senso de humor.
Com um uma persistência que beirava a teimosia, uma dose cavalar de atrevimento e uma pitada de loucura, Tadhg domou Burukdhamir, a quem viria chamar afetuosamente de rotten heart.
↳ para @aldanrae personagens citados: @inthevoidz
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princetwo · 6 months ago
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𝑻𝑨𝑺𝑲 𝑰𝑰. ⸻ 𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑟𝑖𝑡𝑢𝑎𝑙 : escolhido pelo abismo
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ㅤㅤㅤVincent sabia que não existiam deuses fracos — deuses era deuses, e jamais poderiam ser comparados a qualquer humano que fosse. Independente do que o escolhesse, teria o poder que precisava. No entanto, a parte vaidosa e ambiciosa o fazia desejar que fosse escolhido por um com um nome de respeito, com um papel importante que todos conhecessem. Ao menos os princípios precisavam ser alinhados para que não houvesse estranhezas. Mas ao inalar a fumaça do sacro cardo no primeiro ritual, a única coisa que passava por sua cabeça era o medo de não ser escolhido por nenhum deles. O medo de sentirem que ele queria mais do que merecia ter. Nada lhe parecia mais humilhante do que isso, e a ideia era aterrorizante.
ㅤㅤㅤQuando abriu os olhos, tudo que viu foi uma escuridão tão absoluta e silenciosa que nem mesmo ele parecia existir naquela realidade, como se tivesse sido jogado no abismo que era o vácuo do espaço. Mas então, tornou-se consciente dos próprios pulmões, cuja respiração saiu rasgando como se emergisse da água congelante depois de muito tempo afundado, um frio de doer as entranhas o atingindo como lanças. A respiração saiu alta e ofegante, mas Vincent logo se esforçou para colocá-la sob controle de novo, pois não estava sozinho — sabia disso porque sentia a presença o analisando.
ㅤㅤㅤ“Eu vejo que você tem algo obscuro dentro de você.” Ele ouviu uma voz dizer. De cenho franzido, o loiro virou a cabeça rapidamente para os lados, tentando identificar de onde vinha a voz, mas ela parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo, como um ser onipresente. Talvez a intenção fosse justamente não ser visto. Talvez porque fosse um deus imponente, algo com o perfil que ele desejava.
ㅤㅤㅤ“Todo mundo tem um pouco.” O respondeu com convicção, sendo meio petulante. Não gostava de como se sentia analisado, embora fosse justo, já que também estava o analisando em retribuição. O silêncio se estendeu por um longo instante, como se ele estivesse ponderando se a resposta era boa o suficiente, o que o deixava inquieto. Sustentou a pose mesmo assim, porque queria se mostrar paciente e controlado. Foi então que uma luz dourada brilhou forte vindo do chão, obrigando-o a fechar os olhos com força por um momento, porque aquilo era uma agressão as suas vistas depois de ter se acostumado com a escuridão. “O que é isso?!” Mas quando os olhos se acostumaram com a luz, percebeu que era um papiro. Cintilante, mas ainda assim um.
ㅤㅤㅤ“Algo que você vai precisar ter consigo.” Vincent abaixou-se para pegá-lo, mas seus dedos atravessaram o papel como se ele não fosse algo físico. Não podia ver os lábios do deus que falava com ele, mas jurava ter ouvido o soltar de um ar que parecia uma risadinha. “...metaforicamente, eu quis dizer.”
ㅤㅤㅤ“Ha. Há. Muito engraçado.” O sarcasmo pesava na voz. Vincent não sabia que deuses tinham senso de humor, mas pelo visto quando o assunto era rir dele qualquer coisa parecia virar uma possibilidade.
ㅤㅤㅤ“As coisas destinadas a você virão através dos sonhos, mas instruções como essas serão psicografadas para que tenha acesso no seu mundo.”
ㅤㅤㅤJá que não podia pegar, resolveu passar os olhos rapidamente pelo texto para entender o porquê precisaria das tais instruções. Conseguiu identificar exatamente o que era: o livro dos mortos. Viu a figura de Anúbis pesando o coração de alguém na balança de Maat. Conhecia a importância do livro nas história egípcias, embora nunca tivesse lido o texto em si de algum deles. Por que precisaria? Sequer sabia se era algo que podia ser encontrado! Certamente não sabia ler egípcio, mas por algum motivo não sentia dificuldade alguma, como se tivesse adquirido a habilidade. Viu a coleção solta de textos com feitiços mágicos destinados a auxiliar a jornada dos mortos através do submundo. Amuletos e rituais de proteção. As coisas sobre a travessia do Duat, os perigos, os enigmas, as divindades hostis e os testes que encontraria quando tivesse que passar pelos guardiões. Morrer e ter que passar por tudo aquilo parecia horrivelmente trabalhoso... Mesmo assim, ainda não fazia sentido, já que não estava morto. A menos, é claro, que ele estivesse. “Isso quer dizer que…?”
ㅤㅤㅤ“Você não está morto. Mas precisará ser digno para me representar e sobreviver cada vez que for convocado ao submundo, é claro. Terá que a lidar com o poder em suas mãos. E eu particularmente tenho grandes expectativas em relação a você.” Certo, o discurso fez Vincent considerar abortar o contrato, recusar o deus ou o que fosse necessário para sair do buraco que tinha se metido. Não foi até ali para morrer, e aquele discurso mais lhe parecia uma promessa que ele se foderia muito enquanto hospedasse o deus que o escolheu. E no entanto, mesmo sendo estupidez, a ideia não deixava de lhe parecer interessante. Algo em Vincent sempre se atraia para o caos, a autodestruição e a ambição. Sendo honesto, saber que um deus tinha grandes expectativas sobre ele também o tentava. Talvez de fato fosse alguém capaz, já que aquele ser grandioso parecia enxergar sua alma. Entre todas as pessoas, tinha expectativas nele. No segundo príncipe. Vincent engoliu em seco, mas continuou querendo ouvi-lo. Então, a voz continuou: “Seu coração é a coisa mais imunda e pesada que eu já vi. Se estivesse morto, jamais passaria na balança, a menos que arrumasse um método ardiloso para burlar isso. No entanto, tem uma cabeça forte. É adequado para me servir e representar.” Dessa vez, a voz não parecia vir de todas as direções, mas de sua frente, se aproximando como uma serpente. Vincent quase deu um passo para trás, mas firmou as pernas no chão. Não poderia voltar sem um deus para hospedar. Preferia a morte do que essa possibilidade humilhante. “Você carregará minha glória, mas também todo o fardo que acompanha meu nome: Anúbis.”
ㅤㅤㅤFoi então que a escuridão o engoliu novamente, a névoa negra entrando por sua garganta e o afogando de volta para a realidade. Com a mão ao redor da própria garganta, ainda sentia a coisa pavorosa dentro de si, viva como nunca, tornando difícil voltar a respirar. Sentia o parasita poderoso a quem tinha entregado seu corpo marcando sua presença. Ao seu redor, ninguém parecia assustado, e Vincent decidiu fingir que também não estava, mas temia pelo que o aguardava; pelas coisas que iria encontrar em seus sonhos.
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khalkedon · 2 months ago
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TOMO III:
O DESPERTAR DOS PODERES.
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Desconcertante.
É... Essa é a palavra certa para descrever a nova faceta de Turquoise em treinamentos.
Antes, o changeling era falante e cheio de dicas, corrigindo o movimento antes mesmo de completar-se. Mais para cima, gire o pulso. Sua vontade de ser aquela voz interna que sempre aparecia no momento de dificuldade. Calma, assertiva, convidativa. Algo em quem confiar quando parecia perder a batalha, ou o branco de um golpe inesperado para se manter alerta mesmo assim. Ele virava o rosto e abria o sorriso, arcos delicados e expressivos. Assegurando, rindo, tirando o peso da situação estabelecida de quase morte.
Agora?
Uma curso de leitura de expressões era necessário. O foco subindo para as sobrancelhas e os olhos brilhantes de concentração. Um golpe dado errado no membro da infantaria para que visse logo em eu rosto se tinha acertado ou não. Palavras reduzidas a resmungos, sons do fundo da garganta. Boca entreaberta enunciando inícios de palavras, sílabas chaves cuja compressão total era rápida. Turquoise virava uma máquina, algo mais traiçoeiro que aquelas montadas de magia e bastões esticados, usadas em treinamentos normais.
E talvez seja por isso... A demora de reação e a falta de familiaridade com aquele changeling que fez tudo ultrapassar a linha entre treinamento e realidade.
Ele puxou a maça das costas com um sibilo irritado saindo pela boca. Não tinha concordado em algo assim tão cedo, usando as armas do Sonhar logo no primeiro dia. o cabo pulando de uma mão para outra em aviso, mãos de almas desesperadas saindo da bola maciça recheada de monstros indizíveis. Ele sabia do que se tratava, da arma voraz na mão do outro (que carinhosamente apelidou de Sem noção). Ah, ela precisava de uma saidinha para tirar a ferrugem, mas valeria a pena com ele?
Ao fundo, a voz do professor soava um aviso sem grandes preocupações. Tanto pela pequena batalha entre eles quanto pela confiança em si. Não vou matá-lo. Tinha dito baixo, devagar, antes daquilo tudo começar, um riso sem fôlego erguendo os lábios num sorriso debochado. Este que aparecia no próprio rosto, respondendo a um espasmo gerado por outros músculos - outras partes da nova posição que o colocavam na mesma linha de tração.
E combinando aquilo tudo. O silêncio, o rosto pétreo, a falta de feedback; Turquoise se via criando um monstro. Alguém de ego ferido e sem nada a perder. Venha com tudo, era o que seu rosto parecia provocar. Aguente o que vou te dar, o sem noção respondia com seus dentes expostos.
A realidade? Ah, meus caros, fácil. Khalkedon só queria sair dessa sem precisar arrastá-lo para a enfermaria.
A neve grudada ao chão levantou em poeira fina quando o sem noção colocou-se à galope. Sim, galope, porque a espada ganhava peso conforme o poder intrínseco ativava. Lâmina brilhando em tons dourados, tão escaldante que fez a neve chiar onde Turquoise estava a pouso segundos. — Não! — Sua voz saiu alta depois de encontrar o caminho para a fala. Não para o uso dos poderes, não para a quebra das regras. Era só para usar a arma, treinar os golpes, aprimorar o combate corpo-a-corpo. Não um show de magia e demonstração de força, como khajols com tempo livre e ego enormes.
Turquoise empurrou-o de lado, mirando tirar o equilíbrio. A luta tinha terminado assim que o brilho apareceu na ponta, mas... Quem tinha dito que ele respeitava? A lâmina enorme perdeu o peso e ganhou agilidade, girando e dançando ao redor do changeling que desviava. Clangor de metal e chiado de poder, interrompendo e rechaçando, andando para trás até encontrar... Achei! Elegante, um passo de dança, ele se pôs de lado e o desnível se fez útil, pegando pé do sem noção e o lançando para frente.
O que deveria ser um lindo final de idiota num pilha de neve, virou uma tentativa de arrastar Turquoise junto. Se não fossem os pés espaçados e o equilíbrio sólido, metal e carne chocariam no piso pedra logo abaixo da brancura que derretia. A dor explodiu do braço, irradiando pelo ombro e chocando o dentes num aperto de ferro. Isso porque foi a parte chata da lâmina. Um golpe de porrete poderoso e quente, que o teria aleijado. Perder o braço em tão pouco tempo pós banho de ácido?
Segundos — talvez menos — para os dedos soltarem as correias do capacete e este cair no chão. Turquoise pulou sobre o outro e o arrancou do estupor, enganchando a mão na gola metálica da armadura. Não conseguia encontrar a voz tamanha era a raiva, a fúria quente da traição. Tampouco conteve o rosnado do fundo da garganta ao sacudir, forçando a sair daquele estado em que tudo era morte ataque sangue. — Sem mmm-mágica, idiota. — A merda do braço doía feito um inferno, mas ele segurou a dor com os dentes cerrados ao manter a maça firme. Frustração se colocando em mais uma camada na situação toda, evidenciada no prolongar da palavra.
Khalkedon ajustou a pegada na armadura, e o dorso encostou em pele mais uma vez.
Uma coisinha de nada. Quase uma carícia. Mais o suficiente para soltá-lo no mesmo instante.
Primeiro foi o grito. Segundo foi a contorção. Terceiro foi a maça erguida sem provocar nada além de tensão. O outro rugia ao segurar o braço, apertando contra si como se tivesse... Levado um golpe. Turquoise não era de chutar cavalo morto, nem de revidar o golpe só pra ficar por cima. Tropeçou para trás, olhos arregalados de espanto enquanto dava espaço para o professor assumir a dianteira, usando mãos mais rápidas para desfazer os elos da armadura e expôr o ferimento.
Nada. Pele branca e imaculada. Ossos intactos e tendões fortes ao contato. Mas ele continuava a contorcer, implorando para que parasse, que não tinha feito por querer. Que iria respeitar as regras na próxima. Mas ele não tinha feito nada... Nada...
E ele ouviu outro grito. E mais outro. Vindo das janelas de outras salas de aula, de alguém ali perto no mesmo território de treinamento. Para onde olhasse, algo estranho exigia atenção e gerava comoção, brotando sem aviso prévio ou justificativa.
Turquoise, no entanto, não parava de olhar para as próprias mãos — cicatrizes e pele esbranquiçada parecendo irradiar uma luz interna (o que é fantasioso, era só o brilho de um espelho coincidentemente colocado no ângulo certo).
E na curiosa ausência do golpe que acabara de sofrer.
Cena pós créditos:
Vou ter que usar a p**** de luvas agora?
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MANIPULAÇÃO DOLOROSA:
Capacidade de transferir, armazenar e manipular a dor através do toque direto. Dor essa própria de Khalkedon ou proveniente de outrem; dos tipos físico ou emocional, real ou ilusória. Quanto mais prolongado o toque ou concentração no poder, mais severa é a atuação.
... pain is inevitable, suffering is optional.
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thesmartass · 7 months ago
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⋆˚✿˖° 𝖙𝖆𝖘𝖐 𝖎. Transcrição da entrevista de Dahlia Dufour-Lapointe ⋆·˚
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Dada a urgência de nossa investigação, optamos por entrevistar DAHLIA DUFOUR-LAPOINTE em seu local de descanso na enfermaria. Seus curandeiros pedem que conste nos autos que a changeling, em seu décimo nono ciclo das estações, está sob o efeito de chás e ervas que visam sua recuperação, mas que possuem como efeito a névoa mental e dificuldade na comunicação. Esta é a transcrição da entrevista:
Investigador (a partir de agora representado por Inv neste documento): A senhorita confirma que é Dahlia Dufour-Lapoite, aluna do Instituto Militar de Wülfhere?
[ A entrevistada gruiu, levantando o polegar indicando positivamente. Nota-se que ela tem alguma dificuldade para se mover e falar devido a sequelas do incêndio] 
Inv: Vou entender isso como um sim. De acordo com o seu laudo médico, você sofreu diversas queimaduras de segundo grau. Você confirma isso?
Dahlia Dufour-Lapoite (a partir de agora representada por DDL neste documento): Você precisa do meu laudo para chegar a essa conclusão? Por Erianwood, os culpados disso não vão ser pegos nunca! É claro que eu sofri queimaduras… [a entrevistada tem uma crise de tosse no meio de sua resposta e parece alterada pelo rumo das perguntas] 
Inv: Consta aqui que você foi encontrada por Kyrell Vortirgen em uma torre afastada do castelo, qual o motivo para isso? Por que estava naquele local nesse horário específico? Você tinha algum plano?
DDL: Eu estava terminando minha anotação no diário, como faço todas as noites. Ai, ai comecei a ouvir uma gritaria, o que não era comum, então… tinha tanta fumaça… eu pensei, eu pensei nos meus livros. Tive tanto trabalho traduzindo eles, eu preciso salvar o meu trabalho. Meus manuscritos!!!! [DDL parece agitada ao recordar dos eventos da fatídica noite. Sua maior preocupação sendo livros perdidos???]
Int: Está tudo bem senhorita, os livros e cadernos que estavam em sua posse parecem ter sido recuperados com dano mínimo e estão catalogados junto com nossas evidencias, você os terá de volta assim que possivel. Agora me diga, você notou algo incomum no dia do incendio? Ou algum comportamento estranho de outras pessoas no castelo de Wülfhere?
DDL: [Parece mais aliviada ao ouvir que seus livros estão seguros. Mas balança a cabeça negativamente como resposta] Eu, eu não vi ninguém. O dia inteiro estava tentando decifrar esse texto que encontrei no dia anterior, era antigo, bem complicado de traduzir, porque não conhecia o idioma direito e o pergaminho estava desgastado. Era isso que eu queria salvar, você tem certeza que nada foi perdido? Posso pelo menos ver eles? 
Int: Infelizmente não podemos retirar as evidências de onde são mantidas, estamos quebrando o protocolo fazendo essa entrevista aqui, peço que entenda. Agora, você notou algum dragão agindo estranho no dia do incêndio?
DDL: Não, eles não fariam algo assim. Wülfhere é tão lar dos dragões quanto é nosso, você atearia fogo em sua própria casa voluntariamente, senhor? 
[O investigador parece desconfortável com a pergunta. Dahlia Dufour-Lapointe começa a dar sinais de exaustão e não parece disposta a cooperar com a investigação.]
Inv: Vou fazer apenas mais uma pergunta em consideração ao seu estado de saúde, tudo bem? Na sua opinião, quem estaria mais interessado no desaparecimento do Cálice dos Sonhos e na interrupção do acesso ao Sonhār?
DDL: Como assim o desaparecimento do Cálice dos Sonhos? Nós não temos mais acesso ao Sonhār? Você está mentindo! Diga para mim que está mentindo! 
[A entrevistada perdeu o controle de suas emoções e começou a se debater em sua maca, curandeiros interromperam a sessão de perguntas expulsando o investigador e seu assistente da ala médica. O investigador sustenta ferimentos nos braços e rosto devido ao surto da paciente. Ela se tornou uma suspeita em potencial e será submetida a uma investigação mais profunda.] 
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Nota extra da transcritor deletadas do documento oficial: As garras da changeling fizeram um estrago no Jorge e ele tirou uma licença de três dias "pra se recuperar"
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obccryn · 5 months ago
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TASK III — o despertar dos poderes.
Oberyn sentia os nós de seus dedos pulsarem, a pele já avermelhada e marcada pela força dos golpes. O treinamento havia começado como qualquer outro, uma forma de despejar a raiva que parecia sempre borbulhar dentro dele, mas logo se tornou algo diferente. Algo mais intenso. Mais destrutivo. O campo de treinamento estava repleto de sons — o tilintar metálico das armas, os grunhidos abafados de esforço, as ordens dos instrutores ecoando contra as muralhas de pedra. Mas tudo isso começou a se dissolver para Oberyn conforme sua visão se tornava estreita, focada exclusivamente no adversário diante dele. O erro do outro foi simples — um golpe descuidado, mal calculado, que lhe acertou o queixo. O impacto não foi forte o suficiente para derrubá-lo, mas acendeu algo dentro de si.
E então veio a raiva. Aquele tipo de raiva que não cedia, que queimava mais quente do que qualquer chama, que fazia o sangue ferver e o corpo tremer. Mas não era apenas sua. Era dela.
Vhaeryn.
O vínculo entre eles sempre fora feroz, como se seus corações estivessem entrelaçados pela ira e pelo fogo. E agora, Oberyn conseguia senti-la — a indignação, a fúria acumulada, a fome pelo embate. Vhaeryn rugia em sua mente, como se estivesse ali, ao seu lado, incitando-o a não parar. E ele não parou. Os socos vinham sem trégua. Um após o outro. O adversário já não revidava mais, mas Oberyn continuava, sentindo a adrenalina alimentar cada golpe. As vozes ao redor se tornaram distantes, alarmadas, gritando para que ele parasse, mas ele não ouvia. As mãos estavam dormentes, os músculos tensos, e tudo ao seu redor parecia secundário.
Foi quando alguém o segurou pelo ombro. O toque deveria tê-lo trazido de volta à realidade, deveria ter sido um freio. Mas, ao contrário, foi como um gatilho. Um calor insuportável explodiu de dentro dele, e em um segundo, labaredas irromperam de suas mãos. O fogo nasceu com violência, cuspindo-se para fora da pele como se sempre tivesse estado ali, esperando para ser libertado. Chamas alaranjadas e rubras se ergueram, crepitando em volta de seus dedos. Oberyn arregalou os olhos, mas não houve dor. Nenhuma queimadura, nenhum desconforto — apenas calor e poder, puro e absoluto, preenchendo cada centímetro de seu corpo.
As pessoas ao seu redor recuaram. Os olhos arregalados, alguns sacando as armas por reflexo. Ele via o medo estampado em seus rostos, mas tudo que sentia era… satisfação. O fogo o consumia, e ele o deixava crescer. Como se cada pensamento reprimido, cada ressentimento engolido ao longo dos anos, tivesse encontrado uma válvula de escape. Sua própria raiva, sua frustração, agora era algo tangível, algo que podia tocar. Algo que os outros podiam ver.
Oberyn ergueu as mãos, observando as chamas dançando ao redor de seus dedos. A sensação era viciante. O calor escaldante em sua pele não era um castigo, mas sim uma revelação. Pela primeira vez em sua vida, ele não precisava conter-se. Pela primeira vez, ele nã Oberyn sentia os nós de seus dedos pulsarem, a pele já avermelhada e marcada pela força dos golpes. O treinamento havia começado como qualquer outro, uma forma de despejar a raiva que parecia sempre borbulhar dentro dele, mas logo se tornou algo diferente. Algo mais intenso. Mais destrutivo. O fogo rugia ao seu redor, crescendo a cada segundo, alimentado por sua própria emoção, por sua própria fúria. Ele não sabia como pará-lo. Não queria pará-lo.
Mas alguém decidiu por ele.
O impacto repentino da água contra seu corpo o arrancou daquele êxtase. As chamas se extinguiram no mesmo instante, evaporando-se com um chiado violento enquanto a água escorria por seus ombros e cabelos. O vapor subiu ao redor dele, envolvendo-o como uma neblina fantasmagórica, e, por um momento, tudo ficou em silêncio.
Oberyn arfou, ainda sentindo o calor residual na pele, os olhos se voltando para as expressões atônitas ao seu redor. As palavras ficaram presas em sua garganta — o que diabos acabara de acontecer? Ele sentia a presença de Vhaeryn latejando na conexão entre eles, orgulhosa.Ele fechou as mãos em punho. Ele não fazia ideia do que havia acabado de acontecer mas ele queria mais. O que quer que aquilo tinha sido ele precisava de mais.
— O PODER; pirocinese
Pirocinese é a habilidade de gerar, manipular e controlar o fogo. No caso de Oberyn, suas chamas são uma extensão de suas emoções, especialmente sua ira. Quanto mais intenso seu estado emocional, mais forte e incontrolável o fogo se torna. Ele pode criar labaredas saindo de suas mãos, lançar rajadas de fogo e, com treino, talvez até moldar as chamas conforme sua vontade.
Oberyn desenvolveu essa habilidade porque seu dragão, Vhaeryn, pertence à espécie dos Flamion, os dragões de fogo. O vínculo entre eles é extremamente forte, alimentado por sentimentos intensos e indomáveis. Vhaeryn é um reflexo de Oberyn—agressiva, impulsiva e poderosa—e, ao dividir parte de sua essência com seu montador, garantiu que ele tivesse uma forma de se defender e atacar à altura de sua personalidade ardente. O maior desafio de Oberyn com a Pirocinese não é apenas controlá-la fisicamente, mas também emocionalmente. Seu temperamento explosivo pode tornar seu próprio poder perigoso, tanto para ele quanto para aqueles ao seu redor. Quanto mais forte sua raiva, mais difícil é apagar as chamas.
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harmonicabreeze · 6 months ago
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estação das brumas, filho do mar;
core memories, task 2.
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Chovia-se. E, do mar, areiava-se. Espumava-se enquanto se afogava. Da boca aos céus, se gritava. Era uma maré de saudades. Era um botão de flor de sal.
Antes que a água turva preenchesse seus pulmões, Gale nadou à superfície como quem pede socorro e interrompeu a asfixia da boca ao cruzar as espumas marinhas: ondas de flor de sal que quebravam naquele campo de mar aberto.
Ele nunca havia visto um jardim velejar. Porém, até onde chegava sua vista naquela deriva infinita, todas as marolas traziam pétalas e mais pétalas de sal.
Se seus pés batiam firmes embaixo do espelho d'água de flores, era porque toda uma água turbulenta existia, envolvendo seu corpo num abraço frio e profundo. Mas como nasciam tantas plantas sem raízes? De onde vieram as sementes que desabrocharam apenas sob a luz da lua? Quem era o capitão da barcaça que chegava em forma de carruagem sob o campo de sal, e seria ele o jardineiro de tal milagre divino?
Milagre. Divino. As duas palavras flutuaram por sua mente, buscando algo a que se conectar.
Envolto em uma capa de névoas, com uma figura de proa da realeza, uma figura alta — e até gigante — dirigia a carroça de duas rodas entre aquele campo (ou mar) infinito de flores (ou espumas) de sal. E essa figura alta não se apresentara, mas talvez não tivesse que.
Gale tinha os cabelos molhados da franja grudando-se à própria testa. Os cantos de seus olhos ardiam com o sal que se acumulava também nos cantos da boca. Em silêncio, o que era raro, ele sentia as mãos emergirem e roçarem nas pétalas de flor de sal, que imediatamente se estilhaçavam em espumas e ondas sobre o mar.
Não entendia a visão daquela viagem, não subiria ao alto daquela barca do inferno, não percebia direito se a água era salgada ou as flores eram molhadas. Não lhe fitava de volta o abismo daquela capa de névoa, mas... mas, de alguma maneira, aceitava.
Aceitava porque poucas lembranças foram tão reais quanto aquele sonho.
Aceitava no passado e aceitou no momento e aceita, agora e em diante.
Para alguém tão falante, seria tortura aquela distância de um milagre divino consigo, mas... mas era tão familiar. Era-lhe tão próximo, de certa maneira tão íntimo... Que nenhuma resistência havia.
Não resistiu à maré como não resistiu ao passar da carruagem real. A estação das brumas lhe abraçou; e, sob o mar de flores de sal, ele afundou até jazer com um buquê de espumas na areia da praia.
Não entendia seu destino, mas o aceitava. Porque navegar nunca fora preciso. Mas viver... ah!, viver.
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triplicando · 5 months ago
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                    𝐂𝐎𝐑𝐄 𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒: 𝐴 𝐶𝐸𝐼𝐹𝐴
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Quem poderia prever que Raewyn Olyrnn viveria o suficiente para tomar do Cálice dos Sonhos? Certamente, não ela! Era uma surpresa que tivesse sobrevivido ao parapeito, tentativas de assassinato, acidentes e… Sinceramente, a ela mesma. Não era a cadete mais disciplinada ou habilidosa de Wülfhere, mas ali estava, prestes a adentrar o Reino dos Sonhos Profundos.
No caminho até o pátio, olhares incrédulos eram lançados em sua direção. Falsas despedidas e palavras desdenhosas enchiam seus ouvidos, os ombros latejando pela força dos tapinhas de consolação recebidos. 
“Foi bom conhecê-la, Raewyn.” 
“Toda maré de sorte tem fim, não fique triste.”
“Uma pena que  nem todos possam viver uma vida longa.” 
E o mais ousado: “Saúde a deusa por mim, pequena Olyrnn.” 
Escutava as zombarias com um sorriso no rosto, devolvendo as provocações com despreocupação calculada. Sabia não estar preparada para a ceifa e que sua sorte havia durado até demais, que inevitavelmente haveria uma ruptura. Odiava pensar que alguns dos que bateram em suas costas e anteciparam sua morte retornariam, rindo às custas de seu desaparecimento. Enxergar a tensão tomando conta de seus rostos, apagando sorrisos presunçosos conforme o grande momento chegava, foi um verdadeiro consolo.
Raewyn, por sua vez, manteve o brilho no olhar e a postura relaxada. A voz sem titubear ao agradecer pelo cálice entregue em suas mãos, apenas confirmava a impressão de sempre: leviana. Leviana por não levar a ocasião a sério, leviana por não entender a importância do que viria acontecer, leviana por ser tão pouco e não agir como tal. 
Infelizmente, não seria seu fim iminente que faria com que começasse a proceder como o esperado. Estava ciente dos riscos e das chances mínimas de uma volta bem sucedida, mas lhe faltava o básico. Medo. 
Assim, tomou do Cálice sem hesitação — não com a certeza de quem sabia que iria voltar, mas, sim, com a confiança de quem não temia a morte. 
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Nunca pensou em como o Reino dos Sonhos Profundos seria, não vendo necessidade de idealizar algo que por tanto tempo imaginou que não conheceria. Entretanto, não esperava que fosse tão… Quieto.
Árvores se erguiam altas a sua frente, a escuridão da floresta sendo quebrada apenas pela luz da lua. Para onde olhava, sombras se estendiam num breu infinito, com partes que nem sua visão superior conseguia penetrar. O som de animais noturnos chegava aos seus ouvidos, mas de maneira longínqua, como se a quilômetros de distância.   
O silêncio anunciava a presença de criaturas perigosas, temidas, mas tudo que deixou seus lábios foi uma velha e boa risada. Não uma risada nervosa ou histérica, não. Uma risada genuína. Um riso de animação, antecipação, talvez até loucura. 
—— Parece que tenho um verdadeiro desafio em mãos, huh? — sussurrou para a escuridão que parecia encará-la de todos os lados, medindo e avaliando. —— Será que se eu pedir para você facilitar um pouco nossas vidas e aparecer, você faria? — Um som bestial, suspeitosamente semelhante a um bufar exasperado, soou atrás de si. 
Acho que não, pensou, virando rapidamente, mas tudo que sua visão captou foi uma silhueta gigante desaparecendo. Num segundo, a criatura estava ali, no outro, não mais. 
Puff.
—— Truque legal esse seu! Você vai me ensinar algum dia? Seria extremamente útil — tagarelou, seguindo a direção em que a criatura havia sumido. Quer dizer, dragão. O seu, especificamente. 
Diversas criaturas viviam naquela parte do Sonhär, e embora não tenha prestado atenção o suficiente nas aulas para saber o nome de todas, Raewyn sabia que nenhuma delas hesitaria em quebrar seu pescoço ou devorá-la. Poderia ser qualquer uma delas ali. Um centauro, um gigante, outro dragão. Tinha certeza que havia alguma recomendação para uma situação como aquela e correr atrás da criatura não identificada devia estar no topo da lista do que não fazer. Em sua defesa, seu instinto gritava que se tratava do seu dragão — e o danado se movia rápido demais para algo tão grande, não havia outra opção para a Olyrnn. 
Minutos se passaram enquanto corria. Flashes de movimento era tudo que tinha como guia, uma trilha de migalhas que estavam começando a ficar cada vez mais esparsas.
—— Você está testando meu folêgo como prova de dignidade? Se eu soubesse, teria me dedicado mais às corridas ao invés do combate — disse para a escuridão, tentando captar o próximo movimento. Um quebrar de galho, o farfalhar de uma folha, o brilho de uma escama.
Nada. 
—— Já cansou? Porque eu ainda tenho fôlego para alguns minutos — disse as famosas últimas palavras, porque, de fato, sua aventura não havia terminado.
Dentre as árvores, uma criatura menor que a primeira silhueta que avistara surgiu. O som de cascos contra a terra se aproximando mais e mais. Um centauro em toda sua glória surgiu à sua frente. 
—— Droga — foi tudo que teve tempo de falar antes do monstro localizá-la. 
Adagas na mão, Raewyn tomou uma posição de ataque, agradecendo a Erianhood por ter embebido suas lâminas em veneno. Caso contrário, não teria sido capaz de escapar do centauro… E então de um troll e, por fim, outro dragão. 
Começava a duvidar do seu instinto, ponderando se havia, de fato, visto seu dragão em algum momento. Mas ela ainda sentia seus olhos sobre si, a curiosidade, a diversão. 
—— Ok! Já entendi! Você queria brincar, testar meus limites, mas vamos lá! — murmurou, os olhos treinados no dragão vermelho a sua frente, forçando seus músculos a ficarem parados. —— Isso aqui já é um pouco demais! Eu fui atacada, caçada… E estou prestes a virar churrasquinho de dragão! — Tensão e exasperação dominavam suas palavras.
Queria dizer que já havia se provado o suficiente, que passou a vida inteira fazendo isso, mas se conteve. Seu dragão estava se mostrando ser uma criaturinha cruel e implacável — algo que admirava, embora não amasse naquele exato momento.
—— Olha, eu posso não ser a montadora que você esperava, ou mesmo uma boa, but I can handle shit. O que quer que você tenha preparado, eu vou sobreviver. Eu posso provar para você que sou digna o dia inteiro — disse, segurando o fôlego quando o flamion começou a abrir a boca. —— Mas eu gostaria muito, muito mesmo, de não ter que fazer isso.
As palavras mal haviam deixado sua boca quando chamas iluminaram a floresta, envolvendo-a em seu calor. Raewyn se impulsionou para o lado, tentando fugir do fogo que derretia tudo em seu caminho, mas seu corpo foi cercado por algo escuro... E duro. Liso e enorme. Abrindo os olhos que haviam se fechado pelo clarão das chamas, viu que sua proteção era nada mais que a asa de um terrador formidavelmente aterrorizante.
—— É um prazer finalmente conhecê-lo, Themir.
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Quando acordou em Wülfhere, Raewyn Olyrnn ainda ostentava um sorriso radiante, vitorioso. Mais uma vez, contra todas as probabilidades, havia sobrevivido.
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loveless-actone · 2 months ago
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Kadaj não era o responsável pelos ensinamentos do quadrante, afinal, também tinha suas prioridades como guarda pessoal de Joahnna. Além do mais, seu superior quem tinha essa responsabilidade que não lhe cabia, a não ser na ausência do mesmo, e no momento estava livre para tomar um tempo para si apenas para restaurar um pouco de seu senso comum - o que era raro.
Era difícil manter-se controlado com tamanhas atrocidades que aconteciam mês após mês, coisas que jamais aconteceram até a união das duas espécies na ilha. Chegava a ser estressante a quantidade de vezes em que teve que se preocupar não só consigo como com qualquer outro à sua volta, e principalmente com sua protegida - não que isso já não fosse de sua responsabilidade. Contudo, o soldado não estava acostumado com a turbulência mental e precisava relaxar em meio as palavras de reconforto de Erianhood.
As pernas lhe levaram silenciosamente até um campo aberto, mesmo com um medo tremendo de aparecer algum dragão. Neste momento contou com o bom senso dos cuidadores e donos destes, pois, ali seria seu espaço de reflexão durante aquela manhã. Então, ao abrir as primeiras páginas da bíblia feérica, Kadaj folheou até achar o último versículo em que tinha pausado a leitura. Com a ponta do dedo buscou dentre as pequenas letras a numeração correta e logo recomeçou.
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Em questão de minutos depois buscando por um prisma do que tinha acabado de digerir, findando o capítulo brevemente, já que não estava tão longe, Kadaj sentiu uma coceira pouco agonizante e fina na ponta dos dedos, orelha, língua, ao redor dos olhos, na ponta dos dedos dos pés e um leve desconforto na parte do tórax e costas. De repente, uma tensão o fez quase prender a respiração de modo que as sobrancelhas se uniram por estar confuso. Ele bem sabia quando era algo haver com ansiedade e aquilo não estava nem perto de ser.
Do nada foi que conseguiu ver ao longe fumaça e sua atenção se voltou na direção do acampamento. Dava-se para ouvir alguns gritos abafados e um cheiro forte começou adentrar suas narinas. Estava tão imerso em seus devaneios do que poderia ser aquilo, que quando recobrou a consciência, tudo em questão de segundos, não conseguiu se erguer. Por quê? Olhou para baixo e viu seus pés fincados na terra, amarrados por enlaces de raízes que continuavam a lhe prender pelas pernas, subindo e subindo.
Ao mesmo tempo, a própria bíblia começava a diminuir de tamanho, pois, sem que tivesse cogitado ela estava queimando, virando cinzas, e o fogo vinha da ponta de seus dedos consumindo cada fibra do papel. Tamanha surpresa e pânico instauraram seu âmago que Kadaj soltou o livro no chão e um vento forte começou a soprar, praticamente querendo empurrá-lo de onde estava sentado, mas somente ao redor de si.
Poderia dizer que teria alçado vôo se não fossem as raízes que lhe prendiam ao banco. E então, diante deste fenômeno, pequenas gotículas de suor dele e ao redor transformando a neve em água por fim, dançaram conforme o vento fluía envolto de si. A mente de Kadaj absorta em tamanha imaginação, pensou estar sonhando verdadeiramente. Mesmo piscando várias vezes com força o cenário não se alterava. Até que rapidamente tudo cessou, caiu ao chão. De sua bíblia só pode tocar os restos de cinza, sujando as mãos como quem busca uma resposta para o que tinha acabado de acontecer.
Ele estava assustado, sim, bastante confuso e ligeiramente ansioso agora, pois não entendia o que acontecia. E diante dos gritos que agora pareciam bem mais vívidos e congruentes com seu atual desespero, ele mesmo pôs-se a correr na direção do acampamento, desenfreado. Mais parecia uma criança que tinha cabado de ver um fantasma e buscava acalento nos braços de uma mãe, do que um homem de plena consciência do que havia acabado de acontecer. Precisava de respostas e as teria junto de seus semelhantes. Atrás de si, ironicamente, alguns galhos acompanhavam e o fenômeno parecia querer voltar a acontecer, mas era justamente por isso que ele desatava a correr mais ainda.
Depois dos dragões, aquilo foi o que mais o assustou.
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MANIPULAÇÃO ELEMENTAL :
O usuário possui a capacidade de criar, manipular, moldar e até mesmo mimetizar os elementos, partes rudimentares, mais simples ou essenciais de que consiste qualquer coisa material, tendo em foco os quatro elementos clássicos: terra, ar, fogo e água. Várias combinações de elementos podem ser usadas para criar outras coisas. Por exemplo, o gelo pode ser pensado como uma combinação de água e ar para produzir um sólido. Os detalhes exatos de como os elementos se combinam, o que cada elemento faz e até mesmo quais coisas são elementos, ainda são específicos da manipulação em seu ato mais complexo, sendo preciso meses ou anos de intenso treinamento até que tenha parcial ou mais da metade do controle sobre estes. Suas maiores limitações incluem a distância, precisão, quantidade e tudo isso depende do conhecimento, habilidade e força do usuário, além dos próprios limites naturais do poder. Não é possível criar um elemento sem que o tenha por perto, de início, e para que o faça é necessário ter um embasamento já bem enraizado do poder, como por exemplo manipular a água através da que já existe no próprio corpo - além de ser perigoso, é algo muito intenso e forte que pode tanto machucar quanto matar o usuário, caso não saiba como regular. Está também fadado a ter mais controle sobre um elemento que o outro, mas isso se dará mediante treinos - assim como o Aang tinha mais familiaridade com o ar do que com o fogo, e esse foi o maior desafio dele.
@aldanrae
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thorntrinket · 2 months ago
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𝒯𝒽𝑒 𝓌𝒽𝑜'𝓈 𝓌𝒽𝑜 𝑜𝒻 𝓌𝒽𝑜'𝓈 𝓉𝒽𝒶𝓉 𝒾𝓈 𝓅𝑜𝒾𝓈𝑒𝒹 𝒻𝑜𝓇 𝓉𝒽𝑒 𝒶𝓉𝓉𝒶𝒸𝓀 𝒷𝓊𝓉 𝓂𝓎 𝒷𝒶𝓇𝑒 𝒽𝒶𝓃𝒹𝓈 𝓅𝒶𝓋𝑒𝒹 𝓉𝒽𝑒𝒾𝓇 𝓅𝒶𝓉𝒽𝓈
Thorn conseguia sentir o sentimento de apreensão de Azula por conta da ligação e ele não podia culpar a Flamion por se sentir daquela forma, afinal de contas também compartilhava daquele mesmo sentimento. Voar à noite e em meio a tempestade era a chave para o desastre. Até podia escutar a voz de seus superiores o repreendendo por tal insensatez ao colocar a vida dele e de Azula em risco, afinal de contas os dois tinham se acidentado uma vez e tinham sorte de estarem vivos  — especialmente Trinket. O fato dele ter sobrevivido era algo que surpreendia várias pessoas e nem ele sabia explicar o que tinha acontecido. “Fica calma, Azula. Tenho certeza que vai dar certo”, falou para si mesmo como forma de acalmar a dragão fêmea.  Era no que queria acreditar. 
Por conta da noite e da água jorrando das nuvens formando uma tempestade a visibilidade que já não era uma das melhores estava péssima, de forma que precisava confiar cegamente nas habilidades da própria Azula. A Flamion, apesar do tamanho, sabia enfrentar aquele tipo de situação, ela era feita para aquilo. “Só mais um pouco, garota. Você está se saindo muito bem”, mais palavras de incentivo. Mesmo que tentasse bloquear a memória, as lembranças do último acidente dominavam sua mente e era impossível não se sentir aflito naquela situação. Você sobreviveu por coisas piores, isso não é nada, o mantra ecoava em sua cabeça como forma de se manter claro.
Quando o primeiro clarão dos raios iluminou o breu da noite, automaticamente Trinket sentiu todo seu corpo enrijecer e segurou firme na montaria de sua sela. Com rapidez Azula ia cortando as nuvens, atravessando a tempestade que parecia não ter fim, em busca de encontrar uma saída. O ritmo do coração do changeling estava mais acelerado do que o normal por conta do medo que sentia, das lembranças que o assombravam e da insegurança que pairava no horizonte à frente. Por mais que Thorn amasse voar e do sentimento de liberdade que sentia, como se nada fosse o capaz de parar, naquele exato momento, só conseguia pensar em chegar em terra firme em segurança. 
Foi naquele momento que um clarão apareceu bem ao lado dele. Instintivamente fechou os olhos com força sabendo o que lhe aguardava. Lembrava-se perfeitamente da sensação de queda livre, do sentimento de impotência e a humildade de reconhecer que seu fim havia chegado. Mas, diferente do que podia prever, Thorn continuava preso na sela e Azula voando normalmente no meio da tempestade. O changeling não sabia explicar o quê ou como tinha acontecido, mas, de alguma forma, ele tinha conseguido redirecionar o raio que iria lhe atingir. 
Mais uma vez, por algum milagre que não sabia colocar em palavras, Thorn Trinket tinha encontrado uma forma de enganar a morte.
𝐼𝒻 𝓎𝑜𝓊 𝓌𝒶𝓃𝓉𝑒𝒹 𝓂𝑒 𝒹𝑒𝒶𝒹 𝓎𝑜𝓊 𝓈𝒽𝑜𝓊𝓁𝒹'𝓋𝑒 𝒿𝓊𝓈𝓉 𝓈𝒶𝒾𝒹 𝓃𝑜𝓉𝒽𝒾𝓃𝑔 𝓂𝒶𝓀𝑒𝓈 𝓂𝑒 𝒻𝑒𝑒𝓁 𝓂𝑜𝓇𝑒 𝒶𝓁𝒾𝓋𝑒
Eletrocinese: também conhecida como manipulação da eletricidade, é uma habilidade que permite a criação e manipulação das ondas eletromagnéticas. Esse tipo de poder permite canalizar a energia através de objetos, como uma espada por exemplo, ou pelo próprio corpo do condutor e assim lançar raios e descargas elétricas diretamente dele. Contudo, para atingir o total domínio da criação e controle dos raios, é necessário muita técnica e habilidade.
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aldanrae · 6 months ago
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PASSADO: memórias centrais.
Enquanto a primeira task foi sobre o presente e pistas para desvendar os mistérios que cercam o desaparecimento do cálice e da pira, a segunda task será a respeito do passado dos personagens: uma maneira a mais de desenvolver pontos altos e importantes da vida de cada um. 
I. KHAJOLS — O primeiro ritual.
“Assim que os nobres chegam à Academia, enfrentam o que é conhecido como o Primeiro Ritual. É nesse momento que são escolhidos pelos deuses, tornando-se capazes de canalizar a magia divina e dominar os aons. O ritual consiste em inalar pela primeira vez a fumaça do sacro cardo, a erva sagrada, e ser convidado a adentrar o Superno, o reino dos deuses. Lá, experienciam o contato inicial com essas divindades, embora não diretamente, pois nenhum mortal suportaria a presença plena dos deuses. Ao serem acolhidos por um deus, retornam ao plano mortal e começam seus estudos. (...)” 
Para os magos, será preciso, através de um POV, contar o primeiro contato do personagem com o deus escolhido. Acontece assim que se chega na Academia Hexwood, apenas algumas horas depois do personagem se ajustar. Ainda no primeiro dia no castelo, os alunos são guiados até a sala que guarda a pira sagrada, onde inalam a fumaça do sacro cardo queimado, entrando em uma espécie de meditação profunda. Vocês podem ler mais sobre o Superno aqui, assim como a dimensão dos deuses. Possuem também a liberdade para descrever o encontro com a divindade, lembrando que eles podem aparecer de maneiras distintas, como animais, bolas de energia ou de qualquer forma; o encontro é breve porque nenhum mortal, mesmo que khajol, suporta o Superno ou a presença dos deuses por muito tempo. É interessante desenvolver os motivos pelos quais a divindade escolheu seu personagem, assim como desenvolver a primeira conexão.
RECOMPENSA: forma animal. Após concluído o período para a entrega da task e com o aval da central, haverá o post oficial da recompensa. Para essa segunda tarefa, os khajols vão ganhar a habilidade de se transformar em um animal que reflete a sua personalidade. Vocês vão poder escolher em OOC, mas em IC será algo natural e involuntário, uma recompensa que exigirá muito treino e desenvolvimento. 
II. CHANGELINGS; cavaleiros — A ceifa.
“Quando os cadetes tomam do Cálice dos Sonhos pela primeira vez em um simples ritual. Eles são levados até o pátio durante o anoitecer e cada um toma um gole, caindo em sono profundo. A alma está no Sonhār. Caso não retornem até o amanhecer, são considerados perdidos e descartados. É onde eles domam os dragões… Onde são escolhidos para o laço mais primordial de suas vidas. No dia seguinte após a ceifa, os ovos eclodem em filhotes. Eles domam e são escolhidos pelos dragões adultos no Sonhār, mas precisam cuidar de seus filhotes quando nascem oficialmente. Por sorte, eles crescem rápido e atingem a maturidade aos dez anos! (...)”
Os personagens changelings cavaleiros terão o desafio de descrever a doma do dragão que possuem. Lembrando que isso acontece aos dezoito anos, quando tomam da água do cálice, e todo o procedimento dura uma noite apenas. Recordando que os personagens já possuem o ovo que vai eclodir, tendo sido quase como um chamado em direção àquele ovo, e no Sonhār (leia mais sobre essa dimensão aqui) devem ir atrás do dragão que deverá nascer. Todos os dragões são adultos no Sonhār, existindo em essência, algo como a alma do animal; o changeling deve seguir o mesmo instinto que o guiou até o ovo, encontrando seu dragão predestinado. Só após domados é que eles nascem do ovo como filhotes. Mesmo em sua própria dimensão, os dragões não falam com seus cavaleiros. A primeira e única vez que falaram foi como recompensa da task anterior.
RECOMPENSA: um poder. Isso mesmo, um poder! Após concluído o período para a entrega da task e com o aval da central, haverá o post oficial da recompensa. Para essa segunda tarefa, os changelings vão ganhar um poder. Quem já leu A Quarta Asa pode se familiarizar com o conceito de sinete. Será algo semelhante, com maior explicação no futuro. Assim como tudo no rp, será algo que exigirá bastante desenvolvimento. 
III. CHANGELINGS; ESCRIBAS, CURANDEIROS E INFANTARIA — Captação ou/e parapeito.
“Órfãos changelings nas ruas são capturados e forçados ao alistamento. Aqueles que fazem de maneira voluntária podem se alistar aos oito anos de idade, que é quando começa o seu treinamento (...) ainda crianças, eles precisam seguir pelo primeiro desafio: passar por uma construção estreita e escorregadia que liga o castelo até a terra. Ou seja, eles chegam de navio até a costa e então escalam a montanha até o alto, onde precisam atravessar o parapeito. Aqueles que caem para a morte são considerados fracos.”
Para os changelings que são escribas, curandeiros ou fazem parte da infantaria, será necessário escrever sobre um dos primeiros eventos traumáticos na vida de um meio-feérico. A captação pode ser traumática e o parapeito mais ainda, sendo preciso desenvolver já a inclinação do personagem para alguma dessas outras divisões. Embora os cavaleiros e seus dragões sejam os mais requisitados no exército, os escribas, curandeiros e infantaria são de extrema importância, servindo para fortalecer os alicerces do exército e cumprindo com honra seu dever militar. Apesar de em menor número, são parte essencial de Wülfhere, portanto escrever sobre o primeiro contato com a instituição e a carreira que vão seguir pela vida será muito importante. 
RECOMPENSA: um poder. Isso mesmo, um poder! Após concluído o período para a entrega da task e com o aval da central, haverá o post oficial da recompensa. Para essa segunda tarefa, os changelings vão ganhar um poder. Quem já leu A Quarta Asa pode se familiarizar com o conceito de sinete. Será algo semelhante, com maior explicação no futuro. Assim como tudo no rp, será algo que exigirá bastante desenvolvimento. 
CONSIDERAÇÕES.
Essa task não tem prazo, e pode ser feita em qualquer momento a partir do ingresso no rp.
Qualquer dúvida vocês podem entrar em contato sempre com a central!
Ao postar, podem usar a tag cae:task
Boa sorte para vocês! Esta será a nossa última task do ano.
Após a realização da task, a mini-task DESPERTAR DOS PODERES deve ser feita para ativar.
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tadhgbarakat · 9 months ago
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𝒕𝒉𝒊𝒏𝒈𝒔 𝒘𝒆 𝐥𝐨𝐬𝐭 𝒕𝒐 𝒕𝒉𝒆 𝐟𝐥𝐚𝐦𝐞𝐬.
─── you were 𝑏𝑜𝑟𝑛 𝑤𝑖𝑡𝘩 𝑛𝑜𝑡𝘩𝑖𝑛𝑔 and you 𝑠𝑢𝑟𝑒 𝑎𝑠 𝘩𝑒𝑙𝑙 have nothing now.
Havia uma goteira na sala.
Mesmo enquanto o interrogador falava, aquilo era só o que era capaz de notar. O som interrompia o questionamento a intervalos regulares como um metr��nomo, ditando o ritmo de seus pensamentos, seus batimentos cardíacos, sua respiração. Como uma melodia, o destilar de cada goda o ancorava ao momento presente mais do que quaisquer palavras.
Não o havia notado de início. A princípio, mesmo sua percepção aguçada o havia traído: deixado a sós na sala por mais de uma hora, o palpitar de seu coração havia abafado quaisquer outros ruídos. O próprio inalar e exalar soava ensurdecedor. Segundos se transformaram em minutos, até que os instintos nele incutidos por anos de treinamento vieram à tona: com as palmas das mãos sobre a mesa e viradas para cima, fechou os olhos e abriu todos os demais sentidos. A presença de Buruk era como uma extensão da própria consciência, suas emoções um espelho, e separá-los fisicamente pouco havia feito para distanciar o vínculo que os unia.
Quando o investigador-líder por fim o agraciou com sua presença, não tardou a perceber que a estratégia de o fazer esperar não o havia desesperado. Acomodado na cadeira de madeira como se em sua própria casa, Tadhg parecia quase entediado enquanto o aguardava, o semblante uma máscara de calma glacial. Com sua camisa parcialmente desabotoada e os cabelos ainda por pentear, aqueles eram os dois únicos sinais de despreparo que tinha a ofertar, ambos um produto do horário escolhido. Havia desamarrado os cadarços de seus coturnos enquanto desperdiçava o começo de sua manhã, e ofereceu um sorriso em vias de bom dia ao reconhecer o rosto familiar do interrogador. Não era seu primeiro encontro com a lei, e dar-lhe tempo para recobrar o controle havia sido o erro número um.
Cada pergunta lhe pareceu rotineira. Onde você estava no momento em que o incêndio começou? Deitado. Você notou algo incomum? Não. Ao chegar na terceira, seus olhos se estreitaram.
Você notou algum dos dragões agindo estranho no dia do incêndio?
Aquela era a primeira pista. Não o surpreendia que o Império quisesse culpar os montadores e seus dragões incontroláveis – era a narrativa perfeita. Dado o histórico de sua própria montaria, sabia o que viria a seguir, e foi apenas por isso que deixou as respostas curtas de lado.
Ajustou a própria postura como se por fim estivesse pronto para levar a entrevista a sério. Ao abrir a boca e dizer mais do que duas palavras pela primeira vez desde que havia sido escoltado até a sala, o fez de maneira intencional. ❛ Poderia me trazer um copo d'água, por favor ? ❜ Foi o pedido que fez, mantendo a neutralidade frente à pergunta escolhida para o testar, as boas maneiras que havia aprendido em sua infância em meio a nobreza se convertendo em arma. Por um par de segundos, só o que o entrevistador fez foi o encarar em silêncio, como se para quebrá-lo sob a intensidade de um olhar autoritário. Notando que a tática não seria efetiva, por fim o ato de policial mau foi deixado de lado.
Com ambos partindo da neutralidade, era hora de uma conversa franca.
Duas eram as certezas que tinha: Burukdhamir era inocente, e era também o suspeito perfeito para uma investigação criminal. Sabendo do histórico do dragão que era seu assim como era dele, Tadhg estava determinado a não deixar que o culpassem.
Catalogou cada um dos fatos que se lembrava em uma lista mental, e então a compartilhou em voz alta. Estava na cama quando o cheiro de fumaça permeou a ala de dormitórios. Buruk estava empoleirado em uma das torres do castelo o guardando até que pegasse no sono. Sim, ele tinha certeza. Em um momento fazia silêncio, e no seguinte ouviu o primeiro dos gritos. Sua primeira preocupação foi com Roya, a gata calico que havia adotado para preencher sua vida esvaziada pelo luto. Colocou-se de pé, dando-se ao luxo de calçar as botas e vestir um casaco antes de deixar o conforto do próprio quarto com a gata em seus braços, sabendo que a neve espessa do lado de fora o queimaria tanto quanto as chamas. Encontrara com os amigos já do lado de fora, enquanto as chamas lambiam as paredes do castelo e consumiam tudo o que não era feito de pedra. Os professores os haviam agrupado como um rebanho e os conduzido para a segurança, e Tadhg havia assistido enquanto a representação física de cada uma das memórias que um dia havia dividido com Alya pegava fogo.
A cama em que haviam dormido juntos. As cartas e poemas trocados. O retrato caricato que ela havia pintado de si, com os talentos artísticos de uma criança de cinco ou seis anos. Tentar resgatar os pertences teria custado sua vida, para a qual não dava particular valor, mas tinha a gata em quem pensar e a quem manter viva. Como se arrancasse o próprio coração do peito, havia escolhido deixar o passado para trás.
Sonhos e premonições eram coisas de feiticeiros. Tadhg lidava com fatos de maneira clínica. Tinha as próprias suspeitas mas, quando questionado sobre quem se beneficiaria com a queda de Wülfhere, escolheu guardar cada uma delas para si, dando de ombros como se não se importasse particularmente com a pergunta ou a resposta. Sabia não se tratar de um acidente, por muito que este fosse o quadro que o Imperador quisesse pintar. Não tinha dúvidas de que encontrariam o responsável em meio às fileiras de khajols, mas sabia por experiência que erguer e apontar seu dedo só o transformaria em alvo. Não era imbecil o suficiente para o arriscar. Não odiava a todos os khajols e nem os considerava malignos por natureza, mas sabia serem os únicos a ter o que ganhar com o ocorrido: poder, como se o que já tinham não os corrompesse o suficiente.
Quem estaria interessado no desaparecimento do Cálice dos Sonhos?
Ali estava, afinal: a pergunta que valia seu peso em ouro. Em sua opinião, um feiticeiro com visão limitada, tão preocupado com as disputas internas em Aldanrae que estava cego ao fato de que o acesso ao Sonhār era a única frente de resistência que tinham diante de Uthdon, e que cortá-lo seria cortar as futuras gerações de dragões que os protegeriam. Tanto ele quanto o investigador sabiam ser a resposta óbvia, e não o precisava dizer em voz alta: o que escolheu fazer invés disso foi muito pior. Pausou como se estivesse genuinamente considerando a questão e suas implicações. Abriu a boca e a fechou uma, duas, três vezes, como se hesitasse despejar um segredo precioso. Quando por fim tinha o investigador sentado na beira da cadeira oposta à sua em expectativa, quebrou o silêncio com uma pergunta própria.
❛ Alguém com insônia ? ❜ A sugestão foi posada de maneira séria, sendo necessário esforço hercúleo para conter o sorrisinho que muito a queria acompanhar. Aquela resposta era mais inflamatória do que qualquer acusação, uma fagulha de desafio, respaldada apenas pelo fato de que era mais útil para o Império vivo. ❛ Senhor. ❜ Acrescentou em sinal de respeito, a palavra tendo gosto amargo em sua boca, e sendo a diferença entre deixar o cômodo como prisioneiro ou andando com as próprias pernas.
Com o próprio atrevimento ainda dançando em seus lábios, foi dispensado sem mais perguntas.
↳ para @aldanrae. task 001: entrevista sobre o incêndio.
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princetwo · 8 months ago
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✧ 𝐓𝐀𝐒𝐊 𝟏ㅤ⸻ㅤ𝐎 𝐈𝐍𝐓𝐄𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐓𝐎𝐑𝐈𝐎ㅤ⊹ ₊
Vincent correu os olhos pelas paredes rochosas da sala com uma expressão de nojo, desconfortável com a imundice do lugar não por algo que podia ver, mas por saber que estavam recebendo changelings no mesmo local. Que desrespeito com a realeza! Com o queixo erguido do jeito naturalmente arrogante, o príncipe cruzou as pernas ao se sentar na cadeira, não muito interessado em colaborar com a investigação sobre um incêndio. Oras, como ele poderia ajudar em algo se sequer estava presente?
“Posso fumar aqui?”, perguntou ao interrogador, que reagiu a pergunta inesperada com um levantar de uma das sobrancelhas. “Eu prefiro que não.” E Vincent, que não estava esperando pela negação, soltou um ar muito insatisfeito pela boca, a expressão se inundando com amargura para retrucar: “Certo, isso é uma prisão então. Sorte sua que estamos no subsolo e não no último andar, porque já que é assim eu deveria me jogar pela janela para agilizar seu trabalho de destruir minha vida!”
O interrogador revirou os olhos, desacreditado com tamanho drama. Estava acostumado a lidar com os mimados da nobreza, mas o príncipe conseguia se superar em todos os níveis. Iria considerar pedir um aumento a seus superiores mais tarde.
“Onde você estava no momento em que o incêndio começou?”
Vincent ergueu uma sobrancelha, como se achasse a pergunta um desperdício de tempo — o que ele realmente achava, se quisessem mesmo saber a opinião dele a respeito daquele teatrinho. Deveria haver uma investigação, é claro, mas chamar o príncipe para ser interrogado era um insulto.
“Não me lembro.”, respondeu o loiro, simplesmente. “Mas onde mais eu poderia estar? Dormindo. Com alguma dama ou qualquer coisa assim. Vagando pela biblioteca, talvez… Não é como se eu pudesse ir pra muito longe daqui, não é?” O interrogador não se abalou com o tom meio atravessado na resposta do príncipe. Ele anotou algo na caderneta em suas mãos e lançou a próxima pergunta com a mesma calma: “Você notou algo incomum ou fora do lugar antes do incêndio, seja no comportamento de outras pessoas ou no castelo de Wülfhere?” O loiro deu de ombros, indiferente, e respondeu: “Nada que possa ter a ver com os acontecidos.”
“Você notou algum dos dragões agindo estranho no dia do incêndio?” A pergunta foi tão inútil e desnecessária que Vincent preferiu se ocupar em cutucar uma lasca de madeira se soltando da mesa do interrogador, pois julgou que valia mais de sua atenção. “Sei lá. Não são sempre estranhos por natureza?” Dragões não eram basicamente demônios voadores? Vincent não tinha muito contato com dragões, mas não ousaria confiar em algum deles.
“Você teve algum sonho ou pressentimento estranho antes de saber do incêndio?” A pergunta o desperta da distração, deixando-o pensativo por um momento, como se tentasse resgatar algo no fundo da mente. “De estranho? Bem… Eu sonhei que Kieran estava usando um vestido meio provocante da Narcissa. Foi traumatizante.” O príncipe fez uma careta, encolhendo os ombros com a lembrança. “Como era o vestido?”, o interrogador perguntou, de cenho franzido. Vincent fechou a cara, mudando da água pro vinho com o interesse inesperado do coroa. “Irrelevante. Mais alguma pergunta inapropriada sobre minha família ou pretende continuar o interrogatório?”
O homem limpou a garganta, voltando a olhar para os papeis com suas anotações. “Você acha que o incêndio foi realmente um acidente, ou acredita que pode ter sido provocado por alguém? Quem se beneficiaria disso?”
“Não acho que foi um acidente, mas não dá pra apontar um culpado em específico. Há um traidor no exército, claramente.” Vincent começou a tamborilar os dedos na mesa, não com impaciência, mas sim pelo incômodo com a falta de respostas sobre o assunto.
“Na sua opinião, quem estaria mais interessado no desaparecimento do Cálice dos Sonhos e na interrupção do acesso ao Sonhār?” Para Vincent, só havia uma resposta para isso: “Uthdon, é claro. Talvez tenham se unido com alguns changelings. Algum tipo de revolução secreta liderada por uma minoria insatisfeita com o sistema, talvez?” O interrogador ergueu as sobrancelhas, surpreso que alguém mimado e imprestável como Vincent aparentemente havia realmente pensado no assunto, já que tinha a teoria na ponta da língua. “Qual o problema do sistema?” Secretamente, o interrogador só queria ouvir Vincent admitir os próprios privilégios e, pela primeira vez, reconhecer a desigualdade como parte do problema. Mas em vez de atender as expectativas, o loiro abriu um sorriso largo, os olhos com aquele brilho caótico, e disse: “Quase se bate demais num cachorro, é esperado que ele se revolte.”
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khalkedon · 2 months ago
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TOMO I:
WÜLFHERE: a noite do incêndio.
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Khalkedon escutava o ressoar dos próprios passos com infamiliaridade, pegando-se discretamente olhando por sobre o ombro em curtos intervalos de tempo. Não estava lá. A decoração característica, o recanto perfeito para ouvir uma conversa, a porta para o corredor que cortava o caminho. Cinco dias de exploração não eram equiparáveis aos inúmeros anos explorando o verdadeiro lar. Ou seria antigo? Cinco dias à espera daquele último empecilho antes de se colocar no lugar e encontrar uma nova rota.
E tirar o cheiro de fogo e cinzas das roupas. Estranha mistura incongruente com o onipresente e onisciente das criaturas que dividia a existência.
Ele anunciou sua presença com nós dos dedos e postura perfeita, empurrando a porta num emendo clássico de mesura militar de relativa importância. Território inimigo, tratamento crítico. Subestimar o inimigo velado, mostrando ignorância ou desrespeito, terminariam de assinar a carta de 'olhe mais' que ele já sabia que iria receber.
Onde você estava no momento em que o incêndio começou?
Os lábios permaneceram apáticos, indiferentes a qualquer movimento. Khalkedon forçando os dentes para lembrar o caminho da fala, a delicadeza dos músculos reconstruídos dolorosamente. Seus olhos piscando devagar, prolongando os milésimos de segundo antes de conseguir abrir a boca. — Treinando manobras. Aprimorando golpes. Avaliando mais novos. — Devagar, bem desenhadas. Contornando as vogais e acariciando as sílabas. Aquela suspeita para si? Um pequenino ultraje plantou-se no centro do peito.
Onde você estava no momento em que o incêndio começou?
O queixo ergueu milimetricamente antes do queixo riscar o ar no movimento negativo. O cheiro de cinzas e crepitar, aquele amargor no fundo da garganta. Khalkedon só teve noção do verdadeiro estrago depois de ajudar um número de guerreiros mais novos. Aquele ali não precisava saber que não precisava ver ou procurar os culpados quando vidas estavam em risco. Ele piscou para voltar ao tempo presente e agradeceu a incongruência da comunicação muscular por não erguer um dos cantos dos lábios. Um sorriso convencido, satisfeito, não ficaria bem em resposta da irritação pelo seu silêncio.
Você notou algo incomum ou fora do lugar antes do incêndio, seja no comportamento de outras pessoas ou no castelo de Wülfhere?
Se ele já o tinha perdido no interrogatório, aquela pergunta encerrava sua cooperação. Os olhos, seu ponto franco, foram emoldurados pelo franzir das sobrancelhas, do estreitar em fendas mais pronunciadas. Não há khajols em Wülfhere. A língua reagiu e deu de cara com os dentes cerrados, travando a resposta atravessada. — Posso responder pela minha formação e nenhum falhou em mostrar disposição ou foco. — A lentidão de sua fala era proposital e implicante, interpretada como uma afronta e gasto de tempo. A verdade? Mais rápido que isso... A gagueira hastearia sua bandeira.
Você notou algum dos dragões agindo estranho no dia do incêndio?
Um dragão rebelde tinha passado pela sua cabeça, mas logo alçou vôo com a suposição. Um seria facilmente contido, o fogo controlado. Daquelas proporções? Criminoso e intencional seriam adjetivos pálidos para o que pensava. — Não. — A sinceridade do tom rouco combinava com a calmaria do olhar de obsidiana. Sem um para explicar as estranhas relações e personalidades, Khalkedon estava no escuro.
Você teve algum sonho ou pressentimento estranho antes de saber do incêndio?
Desde o ataque, seus sonhos eram mais leves e intensos. Frequentemente acordando com uma leve camada de suor sobre a pele, e a mão enrolada no cabo da maça no local estratégico. Khalkedon todo o dia se convencia de que era coincidência aqueles ataques com 'acidentes' ao longo do dia. Estava, ou não, num ambiente propício para tal? Mas ele lembrava... Daquele dia pela manhã... Com o retumbar de um grito pronto para sair da garganta que se aquecia sozinha, lembrando a facilidade do brado. Quando voltou o olhar para o interrogador, lembrou de apertar os lábios. — Não. Treino-me ao ponto da exaustão. — Quando era óbvia a resposta de sim.
Você acha que o incêndio foi realmente um acidente, ou acredita que pode ter sido provocado por alguém? Quem se beneficiaria disso?
A intensidade do olhar trocado aumentou com a próxima pergunta. Isso era retaliação? Claro que não. A rispidez dele era reflexo das repetições do interrogatório (e Khal não facilitava muito o trabalho alheio). Tentativa de abrir a boca foi recebida pela teimosia, surtindo efeito contrário no entortar suave da linha reta. Ah, ele parecia irritado. — Na minha opinião- — Respiração profunda, interrompendo aquela quase tropeçada nas palavras. Era sempre assim. A confiança descendo e a cautela crescendo exponencialmente, retirando a dificuldade para não enfraquecer a frente. Já bastava o aspecto queimado do queixo, a única pele exposta da camisa de mangas e gola compridas. — O incêndio foi uma distração para o roubo do Cálice. E acredito no senso comum que pode soar essa resposta. — O menear presunçoso foi animadamente acompanhado pelo arquear da sobrancelha.
Na sua opinião, quem estaria mais interessado no desaparecimento do Cálice dos Sonhos e na interrupção do acesso ao Sonhār?
A clássica, a famosa, a previsível. — Aqueles que desejam o nosso fracasso. — Os dentes rasparam na última sílaba, quebrando a cadência quase cantada. Khalkedon lambeu os lábios discretamente, reconhecendo surpreso o quão secos estavam. Tinha deixado a boca aberta por tempo demais? — O Khaganato de Uthdon. — Só faltou o dar de ombros para exterminar suas chances de sair dali ileso. Khalkedon esperou mais alguns segundos antes de ser dispensado. Seu corpo curvando o mínimo para um despedida antes de dar as costas e sair decidido.
Nosso.
Ele tinha dito com disfarçada ênfase. Nosso. Instituto. Sangue e suor e lágrimas do reino. Nosso. O riso aqueceu a garganta e saiu por entre os lábios, estes repuxados para expor os dentes. Olhos empurrados em fendas, meias luas divertidas. Eles sabem tanto quanto nós. O pensamento, apesar de pessimista, aliviava o espírito. Colocava um ponto no quadro invisível dentro de si: > eles não eram melhores.
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thesmartass · 6 months ago
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⋆˚✿˖° 𝖙𝖆𝖘𝖐 𝖎𝖎. core memories ⋆·˚
nobody smart plays fair
Era engraçado como uma pequena decisão impulsiva pode virar sua vida de cabeça para baixo de uma hora para a outra. Desde que escapou das garras de Julien Dufour-Lapointe tudo que conhecia era a incerteza. Os dias que havia passado morando na rua pareciam a pior coisa que poderia acontecer com alguém que até então a maior dificuldade que havia encontrado era se manter invisível quando não era desejada e brilhar quando requisitado. Infelizmente para ela, todo o seu conhecimento não parecia fazer grande diferença em sua nova realidade. 
Pelo pouco que observou, seu grandes olhos carmim e as presas pontudas que apareciam quando ela dava o seu mais largo e doce sorriso eram encontrados com nojo e pedras sendo jogadas contra ela, ao contrário dos suspiros encantados dos amigos de seu tutor, que costumavam fazer com que ela se sentisse um animal exotico. Naquele momento, junto com diversas outras crianças capturadas em um barco que não parecia dos mais seguros, ela não sabia dizer qual das opções embrulhava mais o seu estômago. Desde sua captura seus lábios se mantiveram fechados, abrindo apenas quando lhe eram oferecidas refeições, bem menos saborosas e mais espaçadas do que estava acostumada. 
Dahlia ainda sentia as mãos pesadas do soldado que a capturou sobre seus ombros, ela tentou argumentar que só pegava o pão por não ter comido nada nos últimos dias, mas as palavras ficaram presas em sua garganta, ela estava cansada, com fome e não conseguia dormir bem desde que deixou o conforto da mansão que tinha sido a extensão do seu mundo até então. As lágrimas ameaçaram transbordar dos seus olhos e ao olhar para o soldado no lugar do rosto cruel que povoava suas fantasias quando se falava das forças militares que defendiam o império, o que encontrou foi um rapaz, que mal parecia ter saído da adolescência. A promessa de refeições regulares e um teto sobre a sua cabeça foram o suficiente para convencê-la a seguir com o jovem para Wulfhere. 
Ao atracar na praia e desembarcar, no entanto, conforme o comandante bem menos gentil que o jovem que a capturou, explicava como as crianças deveriam chegar até o castelo, Dahlia temia ter tomado a decisão errada ao seguir voluntariamente para o instituto. A subida pela montanha parecia arriscada o suficiente por si só, e ao ouvir sobre o tão temido parapeito ela tinha plena certeza de que não sobreviveria àquela jornada, mesmo que todos os deuses a ajudassem. 
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A fila se formou, e Dahlia teve o cuidado de não ficar entre os primeiros a atravessar. Parecia bastante contraproducente, se o império queria ter um exército populoso que colocassem seus soldados em um teste onde grande parte deles cairia para os braços da morte antes de qualquer treinamento, mas guardou as críticas para si. Se tinha algo que a garota sabia era que adultos não gostavam de ouvir críticas vindas dela, mesmo quando eram óbvias.
Quanto mais perto de sua vez chegava, Dahlia mais se afastava da ponte precária que tentavam forçá-la a atravessar. Sabia bem que suas chances de sobrevivência não eram das maiores, mas ela se recusava a morrer de um jeito estúpido. Aproveitando-se da distração dos guardas, colocados ali para supervisionar a passagem, e anotar as mortes, ela escapou buscando um esconderijo entre as pedras que levava ao castelo. 
Sr. Dufour-Lapointe sempre a proibiu de ler sobre aqueles da sua raça, os pintando como monstros selvagens, desprovidos de qualquer pensamento racional. Ele dizia como ela era diferente dos outros, mais brilhante, um diamante lapidado. A pequena flor dele. Apesar disso, Dahlia era uma criança curiosa, com propensão à rebeldia, e quando alguma coisa era deixada fora de seu alcance mais ela queria saber sobre o assunto. E assim foi também com changelings, pouco encontrou na biblioteca do homem que havia a criado, mas os livros não pareciam de todo concordar com Julien, e Dahlia não sabia exatamente quem estava com a razão.
Andando sozinha pela ilha ela tentava recuperar qualquer memória de suas leituras que pudessem ajudá-la naquele momento. Sabia que a ilha era repleta de cavernas, e que se tivesse sorte poderia encontrar alguma que a levasse diretamente para o castelo sem precisar passar por aquela ponte precária que claramente não era inspecionada por nenhum órgão de segurança desde que foi construída. Talvez nem naquela época.  Se lembrava de ter visto um pequeno barco deixado uma caverna na encosta, e tinha certeza que se a encontrasse conseguiria cumprir seu objetivo sem grandes danos a sua integridade física. 
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A água batia em seu peito, e ela mal conseguia se agarrar às pedras para se manter acima da corrente fraca que ligava o interior das catacumbas com o mar. Mas  as pedras eram lisas e se encaixavam de forma ordenada, o que provava para ela que estava certa e que estava perto de estar em segurança dentro das paredes. 
— Se revele de uma vez! — A voz do homem retumbou pelo corredor escuro, travando o corpo de Dahlia no lugar, sem saber como reagir. Ela sabia que tinha quebrado as regras para o alistamento, embora as regras fossem absolutamente estúpidas, existiam por um motivo e ela sabia que algum tipo de punição viria de tentar burlá-las. —  Anda logo, ou vai acabar conhecendo o meu machado. 
Diante da ameaça, não viu outra opção a não ser se revelar. Se estava tentando se manter viva, conhecer o machado não era um bom meio de conquistar isso. Saiu das sombras, as mãos se entrelaçando nas costas e o olhar cheio de culpa, que esperava ser o suficiente para que sua punição fosse a mais branda possível. O homem estava com o rosto escondido sob um chapéu horroroso, sentado em degraus que pareciam ser o único caminho para o castelo.
— O que diabos você está fazendo aqui, criança? — A garota não se atreveu a responder, com medo de falar a coisa errada. — Eles estão fazendo o negócio hoje?
A resposta para aquilo parecia segura o suficiente, então apenas concordou com a cabeça.
— Você se perdeu? — Negativo.
— Tentando achar um caminho alternativo? —  Ele ergueu a sobrancelha como se a julgasse, e ela não viu motivo para mentir, movendo a cabeça para confirmar. A risada  dele ecoou no escuro, fazendo com que os ossos da garota tremerem. — Esperta. 
O elogio inesperado tirou um sorriso dela, deixando evidente as pequenas presas pontudas que decoravam seus caninos. 
— Anda pirralha vamos fazer você terminar o seu teste. —  Ele indicou para que o seguisse e ela foi, não vendo nenhuma outra alternativa e optando por confiar no desconhecido. — Um conselho: se te derem a chance de escolher, escolha ir pros escribas. A gente precisa de uns cérebros como o seu por aqui. 
Ele segurou a mão de Dahlia, erguendo o braço da garota como que para inspecioná-la. E independente do que havia visto, não parecia muito impressionado com ela. 
— E você parece um graveto. Não duraria uma semana em nenhum outro quadrante. 
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obccryn · 6 months ago
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TASK 2; A ceifa. pov orlagh macrrough.
O fato de ter treinado a vida inteira para aquele momento não a fazia se sentir nem um pouco mais preparada para visitar o Sonhar pela primeira vez. Embora tentasse negar o nervosismo, ao segurar o cálice no pátio do instituto, sentia as mãos trêmulas. Tomou um gole da água, deixando o líquido descer por sua garganta enquanto o medo ganhava forma no fundo de seu estômago. Se não acordasse na manhã seguinte, jamais acordaria. E, por mais miserável e agonizante que sua existência tivesse sido até ali, Orlagh percebeu que não estava pronta para enfrentar o desconhecido. Mas não havia alternativa. Ela domaria seu dragão, custasse o que custasse.
O sono começou a se apoderar de seu corpo, pesado e inevitável, e, antes que pudesse reagir, Orlagh se sentiu sendo tragada pela inconsciência.
Quando seus olhos se abriram, tudo era diferente, mas, de alguma forma, ainda o mesmo. As cores pareciam mais vivas, mais intensas; o ar tinha um cheiro doce e puro. Apesar de nunca ter experimentado a paz, algo dentro de Orlagh lhe dizia que aquela sensação era o mais próximo que já estivera dela. O canto dos pássaros se misturava ao cintilar do céu, compondo uma beleza quase irreal.
Mas ela não podia se deixar levar. Precisava manter o foco. Precisava encontrar seu dragão.
Olhou ao redor, sentindo-se perdida pela primeira vez em muito tempo. Não sabia onde estava ou para onde deveria ir, e isso a incomodava profundamente. Orlagh sempre sabia o que fazer. Sempre era a pessoa mais calculista e racional que conhecia. Foi então que pequenos flocos de neve começaram a cair, pousando em sua pele. Primeiro, suaves e esparsos; depois, transformando-se em uma nevasca intensa. Mas, curiosamente, a neve não se acumulava no chão, apenas flutuava ao redor como uma dança sem fim. Ela ergueu o olhar para o céu cintilante, procurando pelo sol, mas ele estava ausente.
Sem uma direção clara, começou a caminhar, hesitante, seus passos incertos ecoando na vastidão ao redor. Foi então que algo chamou sua atenção: um caminho de chamas se abriu à sua frente, cortando a escuridão branca como uma lâmina de luz.
O frio a estava consumindo, e, de alguma forma, Orlagh sabia que o fogo não a queimaria. Sentia, instintivamente, que ele era seu guia. Engolindo em seco, deu o primeiro passo em direção às chamas. Elas a envolveram, dançando ao redor de seu corpo, mas, ao invés de ferir, apenas a aqueciam. A cada passo que dava, o caminho se abria mais à sua frente, guiando-a em direção ao desconhecido.
A caminhada pelo vale parecia interminável. A paisagem ao redor era hipnotizante, quase etérea: o contraste entre o fogo e a neve, as árvores que pareciam feitas de cristal, o cintilar do céu... Tudo exalava uma beleza mágica e surreal. Mas, gradativamente, a música do ambiente começou a desaparecer. O canto dos pássaros deu lugar a um silêncio mortal, e Orlagh sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo ali. Algo que ela nunca havia sentido antes.
No fim da trilha, uma caverna escura aguardava no sopé de um vulcão. Sua suspeita se confirmou quando ouviu a primeira explosão ecoar, o som reverberando como um trovão ensurdecedor. Sem pensar duas vezes, Orlagh correu em direção à caverna, desviando da lava que agora escorria pela encosta.
Seu coração batia descontroladamente, como se estivesse prestes a explodir. A respiração ofegante a impediu de notar imediatamente o que se escondia nas sombras. Então, ela o viu. Gigantesco. O dragão era monumental, tão grande que parecia se fundir à escuridão da caverna com suas escamas negras como a noite. Ela o enxergou apenas graças aos olhos — laranjas e brilhantes como brasas incandescentes. Orlagh tentou controlar a tremedeira em suas mãos quando deu o primeiro passo à frente, estendendo os dedos hesitantes para tocá-lo. "Você não me assusta. Eu sei por que estou aqui, e você também. Eu sei quem você é. Não sei como, mas sei que você sabe exatamente quem eu sou..." Sua voz era firme, apesar do medo evidente em seus olhos. Ela avançou mais um passo, a mão quase tocando a face do dragão. Foi então que aconteceu.
O rugido reverberou pelas paredes da caverna, uma onda de som tão intensa que pareceu sacudir sua alma. Antes que pudesse reagir, a pata do dragão a atingiu com força, lançando-a contra a parede e, em seguida, ao chão. A dor explodiu por seu corpo, mas ela não teve tempo de processá-la. Seus olhos agora acostumados à penumbra captaram o movimento do dragão — ele vinha em sua direção. Sem pensar, Orlagh rolou para o lado oposto, desviando por um triz. "A GENTE PODE AO MENOS CONVERSAR?" Outro rugido foi a única resposta. A enorme criatura avançou novamente, suas mandíbulas se fechando a centímetros de seu rosto. Orlagh se jogou no chão, rolando mais uma vez. Sem nenhuma alternativa, ela se impulsionou com todas as forças, escalando o corpo do dragão e agarrando-se às grossas escamas negras.
O dragão rugiu em fúria, correndo para fora da caverna em alta velocidade. A luz do dia cegou Orlagh momentaneamente, enquanto a criatura tentava de todas as formas derrubá-la. "Fuck, fuck, fuck..." murmurava repetidamente, o desespero claro em sua voz.
De repente, sem aviso, o dragão alçou voo. Suas asas cortaram o ar com força brutal, e ele subiu quase verticalmente. Orlagh se segurava com todas as forças, sentindo o vento chicotear seu rosto enquanto o animal fazia manobras impossíveis. Perdeu a conta de quantas vezes quase despencou para a morte. "Qual é o seu problema?!" gritou para a criatura, sua voz quase se perdendo no vento.
O dragão ignorou. Após circular a área por duas vezes, ele mergulhou de volta ao chão numa velocidade assustadora. Orlagh se perguntou, por um breve segundo, se ambos sobreviveriam ao impacto. O pouso foi amortecido no último instante, mas o movimento lançou Orlagh das costas da criatura, arremessando-a ao chão com força. Um gemido agonizante escapou de seus lábios enquanto tentava recuperar o fôlego.
Antes que pudesse se mover, o dragão estava diante dela novamente. Seus olhos laranja a encaravam intensamente, quase... curiosos. Orlagh tentou se levantar, mas o corpo não respondeu. Mesmo assim, sua mão ensanguentada se estendeu, desafiando o medo que sentia. Com esforço, tocou o focinho do dragão.
Então, tudo desapareceu.
Seus olhos se abriram no pátio do instituto. Era manhã. Confusa, Orlagh se sentou lentamente, piscando contra a luz do sol. Algo estava diferente. Ela podia sentir.
"Meu dragão... Onde ele está?" murmurou, sua voz rouca.
Levantou-se de repente, ignorando a dor no corpo, sua mente fervilhando com a lembrança da conexão. Apressou-se para ir ao encontro daquele que sabia que a aguardava. O filhote que ela havia conquistado.
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