Tumgik
#conhecermeei
conhecermeei · 2 years
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Las de la última fila
Assistir a série da netflix Garotas do Fundão (título em português) me fez refletir sobre muitas coisas.
A série original tem a proposta de apresentar a história de cinco amigas que resolvem fazer uma viagem, regada à desejos malucos, quando uma delas descobre um câncer.
Não vou dizer que chorei, porque seria mentira, mas me trouxe uma reflexão sobre mim mesma, quantas coisas eu deixei de fazer, deixei de falar, de usar, de comer e escutar, quantas vontades eu me neguei por medo? Ou por tabu? Pela sociedade? Hoje, três anos depois de descobrir a minha bissexualidade, ainda é difícil de aceitar, de me respeitar, de me amar.
Assistir a série me trouxe diferentes tipos de solidão sabe? Me vi desejando uma amizade daquele jeito - tão firme e forte, mesmo com o tempo e com os obstáculos, um amor como aquele, uma força como aquela... talvez a amizade tenha sido o que mais pesou, mudar pra uma cidade totalmente nova e desconhecida, ficar longe de tudo e de todos, ter a responsabilidade de assumir e resolver todos os problemas que surgem, precisar redescobrir as amizades e, de certa forma, a mim também, tem sido muito pesado e exaustivo, todas as minhas decisões são postas em cheque, diariamente, por mim mesma.
Não que alguém aponte ou algo, eu mesma faço esse papel. Tem sido bem difícil na verdade, e assistir Garotas do Fundão só escancarou isso pra mim: me reconheci um pouquinho em cada uma das meninas, em cada parte das suas dificuldades. À Alma, em sua ansiedade e necessidade de fuga, à Leo, em sua revolta, à Carol, em sua postura defensiva e habilidade de sempre reverter a culpa pra si, à Olga em sua busca por liberdade que se tornou a sua própria prisão e, por fim, à Sara, em seu medo de errar. Cada uma delas, é como se fosse um pilar de tudo o que tem regido a minha vida, de tudo o que existe em mim -- e isso me assusta. Muito.
E me traz solidão também.
Hoje, particularmente, o peso da vida se tornou demais pra sustentar sozinha. São em momentos assim que eu desejo jogar tudo pro alto e voltar pra casa, mesmo que, de algum jeito, eu não tenha mais uma casa. Sinto muita falta das minhas amizades, da minha rotina em que tudo era mais simples, as pessoas realmente importantes pra mim estavam presentes na minha rotina e talvez, só talvez, eu fosse mais feliz naquela época.
Talvez eu realmente termine sozinha, como me disseram recentemente, talvez eu não sirva pra lidar com relações sociais. Sinto muita falta de ter um lar, de saber que sempre posso voltar pra lá, seja lá onde for ou pra onde eu for.
Mas talvez, também, seja só um momento. Não sei dizer agora. Talvez tudo isso passe e eu perceba que foi apenas um delírio da madrugada e que, não eu não estou sozinha.
No fim das contas, isto também passará. Seja lá o que for isto.
Mari.
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