Tumgik
#espero que não estrague a infância de vocês esse naveen
zarinaz · 10 months
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𝐦𝐚𝐤𝐞 𝐝𝐚𝐝𝐝𝐲 𝒑𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅 ; pov #01
tw: relação abusiva, manipulação.
⠀⠀⠀⠀⠀a praia era um dos lugares que se pudesse, evitaria eternamente. zarina não sabia explicar se era a sua natureza humana ou animalesca que temia tanto o local, mas o respeitava suficientemente para saber que não era bem vinda ali. não por conta do contexto vilão e mocinho, na verdade, estava bem longe daquilo. era algo intrínseco, profundo e até mesmo amedrontador para a jovem zarina, que raramente temia alguma coisa. sentiu seu braço imobilizado latejar assim que seus pés tocaram a areia e quase fora impossível não expressar nenhuma reação. todos ali pareciam estar animados, ou já alcoolizados. para si, tudo que ela queria era a maldita estrela-cadente e sua onda de sorte. seria pedir demais para a bruxa do mar?
⠀⠀⠀⠀⠀as cores da festa causavam uma confusão em seus olhos. muito branco e muito azul claro, misturados com pérolas e cintilantes. seu corset era a prova disso, até mesmo um pouco incômodo com as pérolas amareladas, mas ainda sim charmosas. não sabia como havia conseguido aquela peça após pechinchar tanto, gastando quase todas as suas economias. o cheiro das bebidas era inalada com facilidade pelo seu nariz sensível, a fazendo esboçar algumas reações e obrigando-a pegar um copo. aquele seria seu companheiro pleo resto da noite, se possível. seus ombros carregavam a tensão de dias. e algo lhe dizia que estava longe do fim. 
⠀⠀⠀⠀⠀o decorrer da noite foi tranquila, conversas para passar o tempo, mas nada o suficientemente importante para desviar a sua mente de algo que nem mesmo a zuhair tinha a capacidade de compreender o que estava ocorrendo. até seu ouvido, um dos seus melhores sentidos, lhe deixar em estado de alerta. ela reconheceria aquela risada em qualquer lugar. seus olhos se fecharam, a fazendo virar a cabeça na direção que estava ouvindo o som. toda a brisa marítima percorreu sua espinha, saindo da lombar até nuca. os pelos de seu corpo ficaram eriçados e a boca secou, obrigando a jovem a engolir a saliva que se formou em sua boca naqueles instantes, paralisada.
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⠀⠀⠀⠀⠀ele estava ali, em carne e osso. naveen e tiana, eles estavam ali. presentes na festa de úrsula, de mãos dadas, como se fossem um casal feliz. como se naven nunca tivesse a sequestrado, como se tiana nunca tivesse a deixado de procurar. como se zarina tivesse deixado de fingir que seus pais não existiam. mas que porra estava acontecendo? a prole daquele infeliz casal mal conseguia respirar, seu corpo comprimia-se cada vez que respirava fundo, com as costelas dando a sensação de estarem esmagando seus pulmões. ela precisava sair dali, se esconder. qualquer lugar seria válido, antes  de… — zarina, minha filha! —  aquelas palavras a acertaram como um soco, em cheio. — não vai vir cumprimentar seus pais?
⠀⠀⠀⠀⠀como eles poderiam estar agindo daquele jeito? ela podia sentir o peso da distância e da ausência entre eles desde que havia ingressado na academia. o local havia se tornado seu refúgio, um lugar onde suas paixões pela magia e aprendizado floresceram, enquanto as lacunas em sua relação com seu pai se aprofundavam. não se arrependia de nenhuma das ações que havia tomado desde que decidiu fingir que eles não faziam mais parte da sua vida, ignorando completamente sua existência. a figura de naveen utilizando vestimentas de cor de pérola, a pele brilhando como se tivesse pego sol recentemente e os olhos claros, profundos. tiana, por outro lado, tão… diferente. seus olhos não tinham vida, contrastando com o sorriso quase pregado em seu rosto. a imagem da dupla vindo em sua direção era quase como presenciar uma cena de filme de terror - como se o roteiro fosse a sua vida. 
⠀⠀⠀⠀⠀os olhos de zarina se desviaram para naveen novamente, cujo sorriso animado não conseguia esconder o estranhamento em seu olhar. ele nunca havia sido o melhor pai, uma constante fonte de diversão e aventura, mas também de imaturidade e responsabilidade negligenciada. todas as coisas que a menina havia presenciado e moldado a sua personalidade fechada e distante eram culpa do progenitor. ela compreendia aquilo agora. e desde que havia se mudado para tremerra, suas interações se tornaram escassas e superficiais. a lembrança dos tempos em que ele a levava para passeios no bayou parecia distante e desbotada, como uma pintura envelhecida, estragada pelo tempo e por manchas de mofo.
⠀⠀⠀⠀⠀jamais poderia imaginar que a presença dos pais seria efetiva, afinal, mocinhos não eram bem vindos. então por que eles estavam ali? não estava preparada para a avalanche de sentimentos que isso revisitou. era até mesmo dolorido, dor física de verdade, encontrar tiana e naveen. seu coração se dividiu entre a saudade e a mágoa, o desespero e a dor de fugir, enquanto ele tentava se aproximar, parecendo interessado em sua vida, apesar de anos de negligência. — você não vai dar um abraço em seus pais? em mim? —  a voz de tiana era como zarina lembrava-se; terna, tranquila, baixa. quase como um cântico suave de um pássaro dos pântanos.
⠀⠀⠀⠀⠀os braços de tiana estavam frios. ela estava toda fria. mas ainda sim, seu abraço era caloroso. ao contrário de naveen, que era frio em todos os momentos. nem mesmo seu abraço poderia ser considerado paternal. a conversa que se seguiu, sem parecer familiar mas também nada impessoal a deixada desconfortável. entretanto, no ponto culminante da noite, onde todos só falavam da passagem da estrela cadente, zarina desejou que fosse sorte. ousadia sua achar que seria agraciada daquele modo. 
⠀⠀⠀⠀⠀naveen finalmente quebrou o silêncio sobre o motivo pelo qual ele aparecera após tanto tempo. utilizava-se de um tom doce e sedutor que ele sempre soubera usar, falando sobre a importância da família. era terrível ouvi-lo dizer aquilo, quando sabia a verdade do que ele era capaz. era pior ainda ver tiana concordando, sem saber o que passou com o patriarca. em um momento de descontrole, zarina gritou com os pais. o silêncio que se seguiu fora constrangedor. — por favor, não me transforme na vilã por escolher esse futuro! — suplicou, com os olhos cheios de lágrimas. naveen havia assumido a posição de indiferença, enquanto tiana, induzida por alguma feitiço maldito, parecia estar desconexa do assunto entre eles.
⠀⠀⠀⠀⠀— como você pode achar que isso é um bom futuro, zarina? essa escola está afastando você da gente, da sua família. somos a parte mais importante da sua vida, pense nisso. somos seus pais. — ele utilizava-se da situação familiar para tirar proveito da situação. era claro que a menina sentia saudade deles, se eles não fossem seus pais. eles eram a imagem do que não queria ser. — não me faça te levar a força. — a mão esquerda de naveen foi em direção ao pulso direto da filha, a puxando para perto. a expressão da mais nova era um misto de ódio, medo e receio. nunca havia enfrentado o pai, como estava fazendo ali. — você sabe que não pode ficar nessa academia.— os olhos dela se estreitaram, detectando a manipulação nas palavras dele.
⠀⠀⠀⠀⠀como um choque de realidade, zarina percebeu que não era mais a garotinha do papai. ele estava ali para levá-la de volta e ganhar dinheiro a suas custas, como fazia antes da academia. o que quer que tivesse enfeitiçado tiana, era forte demais para que a mulher pudesse esboçar qualquer reação. o conflito entre o pertencer aquela família destruída e a necessidade de independência a atormentava, mas estava determinada a não ser arrastada novamente para uma vida que não correspondia mais a quem ela se tornara.
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