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#hackativismo
debbymatt · 1 year
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Aaron Hillel Swartz e o seu HackAtivismo
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Nasceu em: 8 de novembro de 1986, em Illinois, Chicago, Estados Unidos. Era filho de Susan e Robert Swartz, proprietário da empresa Mark Williams Company, que foi uma das pioneiras no lançamento de sistemas operacionais Unix.
Com 12 anos criou um site chamado: TheInfo.org ( Grande Banco de Dados, que funciona como uma espécie de Wikipedia, antes mesmo da criação e lançamento da Wiki) , onde posteriormente, ganhou o Prêmio ArsDigita, para jovens criadores de "websites não comerciais, úteis, educacionais e colaborativas".
Aos 14, se deu a colaboração na invenção do RSS (é um formato de distribuição de informações em tempo real pela internet).
Um ano após, foi admitido no W3C (World Wide Web Consortium), onde foi o autor do RFC 3870. Coautor do Markdown (linguagem voltada para formatação de textos) e fez parte do time que deu origem ao Creative Commons (CC), que já falamos aqui no blog.
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Próximo dos 18, ele ingressou na Universidade de Stanford, na Califórnia, EUA. Já no seu primeiro ano, graças ao financiamento que recebeu do Y Combinator, deu inicio a sua primeira empresa a Infogami (uma espécie de WordPress nos tempos atuais), na qual deu suporte ao seu projeto subsequente, a Open Library (biblioteca digital, colaborativa, aberta), que atualmente, quem é responsável é a Internet Archive ("Museu digital").
Onde em 2006, fundiu sua empresa, a Infogami com o Reddit, durante o desenvolvimento do framework da Infogami e Reddit, foi se criado o web.py (biblioteca em python), no ano seguinte se desligou da empresa, justificativa relatada em seu blog.
Com 25 anos, Swartz fundou a Watchdog.net, “the good government site with teeth,” (o site do bom governo com dentes) para agregar e visualizar dados sobre políticos em exercício.
Naquele mesmo ano, ele escreveu o "Guerilla Open Access Manifesto (Manifesto da Guerrilha do Livre Acesso)." Inclusive, foi onde retirei o trecho que compartilhei aqui na rede, anteriormente a esse post.
Já em 2010, Aaron cofundou a Demand Progress (organização norte-americana de ciberativismo, focada em "conquistar progressivas mudanças na política pública, em especial nas liberdades e direitos civis e reforma governamental." ).
Teve papel ativo no protesto e petição a favor da derrubada da iniciativa de lei  Stop Online Piracy Act (SOPA ou na tradução literal, "Pare com a Pirataria Ilegal").
Segundo uma matéria da Super Abril, que discorre bem sobre esse projeto de lei.
"Na teoria, faz sentido impedir a pirataria. Todo mundo sabe que é contra a lei. Mas os dois projetos vão bem além disso e não vão afetar só os sites norte-americanos. Entenda alguns motivos do protesto:
Os projetos dão ao governo liberdade para pedir ao Google e outras ferramentas de busca para excluir determinados sites do resultado das pesquisas. Ou seja, o governo poderia ter controle sobre a lista de links que você pode acessar quando joga uma coisa no Google.
O governo também pode pedir aos grandes provedores de internet para bloquear o acesso a alguns sites para os seus usuários. É exatamente a mesma estratégia usada para censurar conteúdos adultos ou políticos na Síria e na China.
Se o governo descobrir que você encontrou uma ferramenta online que burla o bloqueio, ele também pode bani-la. O problema é que algumas dessas ferramentas são bem úteis a grupos que lutam pelos direitos humanos em lugares onde há censura.
A proposta também pode impedir que empresas façam propaganda em sites que façam parte da lista negra do governo.
Se você realmente precisar das informações da Wikipedia, pode dar um jeito de driblar o bloqueio. Mas, no futuro, isso pode não ser mais possível."
Por Otavio Cohen Atualizado em 21 dez 2016, 10h16 - Publicado em 18 jan 2012, 11h37.
Retomando, graças as ofensivas de personagens históricos como Aaron, o projeto de lei foi anulada.
Adjunto a  Virgil Griffith, Swartz trabalhou no design e a implementação do Tor2web, o que viria a ser futuramente, o que conhecemos como o Browser Tor, que visa a privacidade e o anonimato, muito conhecido por proporcionar o acesso a Deep Web.
Aaron foi “incriminado” por ter copiado, em 2011, 4,8 milhões de artigos científicos do repositório JSTOR, através de um acesso do Massachusetts Institute of Technology – MIT.
Ele não chegou a distribuir os arquivos na rede, muito menos obteve algum lucro com isso. Seu objetivo foi protestar contra o sistema de controle e mercantilização do conhecimento.
No qual, para um usuário comum obter acesso aos artigos, era cobrado 8 centavos por página, para uma empresa que desde a sua fundação detinha o titulo de ser sem fins lucrativos e  livre, pois os documentos federais não são abrangidos pelos direitos de autor.
Consequentemente, nenhum autor recebe remuneração por essas vendas, sem falar que na maioria das vezes as pesquisas são financiadas com dinheiro público.
Após Carl Malamud, fundador da Public.Resource.Org, incitar e liberar o acesso e download destes arquivos, em apenas 17 bibliotecas que tem acesso ao PACER, em sua entrevista ao The New York Times.
Swartz usou o script de computador Perl rodando num servidor em nuvem da Amazon para baixar os documentos, usando as credenciais da biblioteca de Sacramento.
É importante frisar que a PACER ainda cobra por página, mas os clientes que usam o Firefox tem a opção de salvar os documentos para acesso público livre com um plug-in, chamado RECAP.
Na noite de 6 de janeiro de 2011, Swartz foi preso próximo ao campus de Harvard pela polícia do MIT e agentes secretos do Estados Unidos. Ele foi indiciado no Tribunal do Distrito de Massachusetts por duas acusações estaduais: arrombamento e invasão com intenção de cometer um crime.
Não irei descrever todo o laudo do processo, mas vocês poder encontrar notícias que documentaram toda essa parte, neste link.
Swartz cometeu suicídio em 11 de janeiro de 2013. Após sua morte, os procuradores federais retiraram as acusações.
Disponibilizarei na referência links para paginas, documentários, noticias sobre o caso, etc.
Dúvidas, sugestões, opiniões, deixem nos comentários, obrigada por lerem até aqui e até logo.
Para saber mais sobre a história de Aaron:
Aaron Swartz - Wikipedia
Aaron Swartz e a luta pelo conhecimento livre
Documentárrio: O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz - Dublado PT-BR - Versão Completa
Filme: Killswitch
Experiência trabalhando num escritório - relato no blog
Hackers: Aaron Swartz e Alexandra Elbakyan | Nerdologia Tech
Podcast: Engenharia Reversa - Ep.01 - Aaron Swartz, a história do ativista e co-criador do Reddit e do RSS
Relato sobre depressão em seu blog
Sci-Hub e a pirataria acadêmica (#Pirula​ 218)
Vídeo de vigilância do MIT que levou à prisão de Aaron Swartz
Plataformas e Projetos que ele criou ou foi cofundador:
Blog de Aaron: PENSAMENTO BRUTO
Creative Commons (CC)
Demand Progress
Guerilla Open Access Manifesto
Markdown
Open Library
Repositório: TheInfo.org
RSS
Reddit
Web.py - relato do blog
Criado em sua Homenagem: Instituto Aaron Swartz
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pesquisasimpatica · 2 years
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Vocês podem dar algum spoiler?
Para aqueles que pediram spoiler seremos bem generosos com o mesmo...
A nossa cidade inteligente aborda muitas coisas, dentre elas a sustentabilidade e a forma que foi planejada para que haja um retorno positivo não só para seus residentes, mas principalmente para o meio ambiente, no entanto, o que não te contaram sobre é que embora trabalhem em prol do verde, o governo cobre os rastros de grandes conglomerados e aliados políticos que negligenciam a qualidade de vida dos mais carentes. E embora nem todos estejam a par do que acontece nesses distritos, há um grupo que está sempre de olho a cada passo que aqueles que deviam proteger e cuidar de seu povo faz, nem mesmo a forma mais esperta de esconder os rastros é o suficiente para emudecê-los.
Conhecidos como DedSec (repare na referência!! o(≧▽≦)o), e inimigos número um do governo, são um grupo que trabalham no hackativismo afim de trazer a verdade à tona para a população sem se exporem para tudo e todos. Mas antes de mais nada vamos explicar a vocês como funciona o hackativismo, de forma superficial, para aumentar a curiosidade!!
Esses hackers na verdade são pessoas que utilizam de seus conhecimentos extraordinários em programação e segurança da informação para tornar toda e qualquer informação e pessoas livres de qualquer amarra corporativa ou governamental, a ação pode vir desde interceptação de dados, desfigurar bloqueios na internet, que é visto por censura em sua maioria, invasão a sites e ataques DDOS quando estão verdadeiramente enfurecidos com situações específicas.
Em nosso presente, como players, conhecemos um grupo cujo leva o nome de Anonymous, que é uma organização, aquele famoso são muitos, mas não um só. E apesar de promoverem a liberdade e a verdade acima de tudo, são considerados criminosos por governantes ao redor do mundo por simplesmente acreditarem que o acesso à informação é um direito fundamental e por isso deve ser livre.
Sem mais delongas, é acerca disso que nosso amado DedSec é inspirado (além de Watch Dogs, é claro) e esperamos que das mais variadas interpretações possa te atrair e até mesmo os conceder informações para que transforme todo o universo.
Gostaram e entenderam o spoiler? Sim? Não? Há dúvidas? Nossa caixinha está a sua disposição. (o^▽^o)
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manolo-ssa · 4 years
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♲ Autoproclamado Presidente do Revolushow ([email protected]) 2019-12-21 13:21:56:
E com isso, chego a conclusão óbvia: definitivamente o hackativismo será essencial na próxima década.
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VIGILÂNCIA E CIBERATIVISMO VS. SH*T UP AND DANCE
   Temos debatido em sala de aula conceitos relacionados à vigilância e ciberativismo. A partir da leitura de Foucault debatemos alguns conceitos, que valem a pena ser ressaltados:
   O modelo do panóptico, foi inicialmente desenvolvido por Jeremy Bentham. Ele desenvolveu uma prisão em forma de anel, constituída por uma torre de vigilância no meio e celas ao seu redor. Na torre ficava um guarda que tinha a visão de todo o complexo e consequentemente de todos os presos, mas os presos não conseguiam ver quem estava nela. O objetivo principal era moldar os presos para que eles desenvolvessem uma auto-vigilância diante da possibilidade  de ter alguém os observando, mesmo sem que eles tivessem certeza.
   Anos mais tarde, esse sistema fascinou o filósofo Michel Foucault que  teorizou acerca do panoptismo e fez associações com o poder disciplinar. Foucault dividiu o poder em duas esferas: o poder real e o poder disciplinar. O primeiro, como o próprio nome sugere, era o poder centralizado no rei. As pessoas sabiam a quem deveriam se submeter e sabiam as consequências de não o fazer. Esse era um modelo de poder ostensivo, que tinha como punição explícita a violência física. Já o segundo, o poder disciplinar, partia do princípio de que o indivíduo deveria ser disciplinado, docilizado para seguir as regras a que era imposto.
   Se por um lado a penitenciária inventada por Bentham era algo físico, arquitetônico, Foucault buscou analisar o panoptismo dentro do meio social através do seu livro “Vigiar e Punir”. Segundo ele, a partir do século 18, o controle passa a ser exercido de forma menos física e mais psicológica, a partir do momento em que o sujeito controlado não tem a certeza de estar sendo controlado ou a noção de quem o faz, mas mesmo assim assume uma postura correta dentro daquele meio.
   Nesse ponto, Foucault analisou o panoptismo por meio do poder disciplinar, como uma forma de controle do indivíduo muito mais eficaz e economicamente viável, tendo em vista que não se fazia necessária a utilização da força, nem de recursos para obrigar o sujeito a seguir as ordens que lhe eram designadas, como no poder real. O mesmo o fazia através da auto-vigilância.
   A contemporaneidade constrói uma nova face da vigilância. Se no século 18, o filósofo Jeremy Bentham apresentou um modelo de prisão com observação constante para os presos, podemos considerar que atualmente vivemos sob observação constante mesmo que não seja cumprindo uma pena da justiça.
   Essa vigilância permanente coloca em risco a nossa privacidade diante do mundo. Já não podemos ter a certeza de que estamos seguros perante quem quer que seja. Os nossos dados pessoais estão espalhados, a nossa face publicada na rede e vai muito além disso, com informações [talvez] secretas, vendidas para o governo como dados para estudos.
   Tais questões, como a vigilância panóptica e a distribuída, se relacionam com a faceta do ciberativismo exercida através do ato de hackear no capítulo “Shut Up and Dance”, da série britânica de ficção científica “Black Mirror”.
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   Na narrativa, podemos acompanhar a história do jovem Kenny, que ao tentar eliminar vírus do seu notebook com o download de um malware de segurança, tem seu computador  invadido por hackers que ameaçam vazar imagens comprometedoras do jovem, que consome pornografia infantil.
   Logo, o protagonista percebe que outras pessoas também estão presas nesta, que é uma rede de chantagens. No decorrer da história, nota-se como o hackativismo também pode lançar mão de dispositivos e tecnologias de vigilância, normalmente utilizadas pelo Estado, para exercer justiçamento, como câmeras de vigilância, que eram usadas por eles para monitorar o cumprimento das provas dadas.
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   Isso ratifica a face paradoxal dos dispositivos de vigilância com as quais convivemos: câmeras de segurança geram indivíduos desconfiados, afinal, nunca há uma garantia do sigilo de informações colhidas, ou mesmo quem terá acesso a tais dados.
   Assim como na ficção, o ciberativismo “na vida real” também pode lançar mão desses e outros dispositivos de vigilância para exercer a política, mas além disso, desenvolver outras tecnologias de vigilância. Isso é feito a despeito dos paradigmas éticos de privacidade estabelecidos pela sociedade. Trata-se do hackerativismo.
   Nesse sentido, o Wikileaks, site idealizado por Julian Assange apresenta-se como um exemplo latente de organização ciberativista que através do hackeamento e exposição de emails, arquivos e documentos - governamentais ou privadas - faz política horizontal e verticalmente.
   O engajamento no ato é o que difere se um hacker é ativista ou não. No caso da série, retrata-se de uma ação hackativista, mesmo que subversiva, tendo em vista que havia uma finalidade de cunho moral e de justiçamento nas ordens dadas por eles , assim como nas pessoas escolhidas para serem chantageadas: pedófilos, traidores, entre outros.
   Apesar de um tom fictício, o episódio da série traz uma reflexão importante quanto a segurança da informação e dos dados que compartilhamos mesmo sem saber. Ao mesmo tempo, é questionável o quanto estamos ou não cientes de que podemos estar em situação de vulnerabilidade. Na série, os hackers criam suas próprias regras e punem severamente quem não as cumpre. Na vida real, o descumprimento das regras impostas por um hacker com informações decisivas podem trazer consequências também.
   Mas até que ponto a vigilância consegue nos intimidar? Por vezes, parece que duvidamos das consequências existentes caso descumpramos as regras. Isso vale principalmente para os racistas e disseminadores de preconceito no mundo cibernético a fora. Chega a ser uma atitude ingênua considerar que, ocultar e apagar dados produz uma imunidade à localização detalhada e que esta ação apaga todos os rastros dos nossos feitos.
   Acontece que, somos vistos pelas câmeras de segurança, identificados quando utilizamos um meio de pagamento que não seja com a velha cédula palpável, quando usamos o smartphone, o GPS, o computador e todas as funções que esses aparelhos nos possibilitam. Estamos sempre online, portanto, sempre rastreáveis.
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*O episódio “Shut Up and Dance faz parte da série britânica “Black Mirror” e está disponível no serviço de streaming Netflix. Link para o trailer do episódio: https://www.youtube.com/watch?v=iG-dkHen-tk
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pensadoradical · 7 years
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Sobre violência virtual (exposições) contra mulheres dentro do feminismo
Este é um assunto polêmico, no momento de publicar aqui este escrito o que sinto é ‘medo’, e acho que é ‘medo’ o que sente qualquer pessoa que tenha uma posição ou crítica contra isso manifesta ou não (geralmente não-manifesta pelo medo da exposição, do linchamento público, do ‘ser rachada’), num contexto político onde o ‘lugar de fala’ é a lei e não um conceito teórico para ajudar a tomar em conta as construções de cada sujeito em um debate, e o feminismo deixa de se tornar exercício pensante, experimental, dialogante, pra se tornar uma religião moral. Onde a discordância teórica e o debate são criminais, e as políticas de identidade comprometeram um ambiente democrático junto à uma ferramenta online que, ao invés de democratizar as vozes e os pensamentos, democratizaram a violência para todas nós que vivemos na condição de objetos de violência, porém não contra os poderosos, numa ilusão de estar tornando este mundo um lugar melhor. Compensações sistêmicas bem pensadas pelos poderosos, ao nos fazer sentir que estamos fazendo Justiça, quando na verdade, não estamos fazendo nada.
Eu defendo que exposição é uma atrocidade. Eu acho que não se justifica utilizar uma invenção masculina – criada a partir dos porn revenges – contra mulheres do movimento, e não acho que constrói qualquer coisa. Desumanizar alguém não ajuda em nada na construção de relações igualitárias ou na problematização de condutas, na verdade só cria um universo de performances falsas de hipocrisia moral. As pessoas não apoiam uma exposição porque genuinamente são contra o racismo por exemplo, mas o fazem para garantir uma imagem de pureza moral para as demais. È um universo falso, não ajuda a pautar a questão realmente, nem realizar um trabalho profundo. É somente performance de desconstrução pra quem participa. Que ganho há nisso?
Eu acho que exposição foi uma arma que foi usada inclusive inauguralmente de forma política, pelo hackativismo, pelos Anonymous (vejam o documentário We are a Legion, tem no netflix). Eles expunham poderosos, além de sabotar servidor de homens realmente racistas convictos, nacionalistas, que mantinham programas de rádio, donos de seitas. Creio que há casos sim em que sabotar uma pessoa responsável por um discurso de ódio, por páginas, neonazistas, que possuem um discurso intencional de ideologia racista, sexista, xenofobica, etc, é necessário. Porém destruir psicologicamente uma pessoa que comete um ato falho no movimento, vejo desproporcional, pelas devastação psicológica que isso gera, eu apostaria muito mais no exercício do debate e da resolução de conflitos, uma necessidade urgente para sanar o ambiente feminista que se tornou inabitável pela hostilidade virtual que, pelo que parece, se tornou a única praxis política do cyberativismo.
Não acho que mulheres negras tenham que educar brancas, nem que é ok deixar uma fala problemática sem questionamento, sem chamada de atenção, sem reprovação e sem protesto. O ponto é que devastação de pessoas não acredito que ajuda a construir nada e agora se vê de formas questionáveis e generalizada, sem parâmetros. É necessário ver caso a caso antes de tomar como verdade um rumor destrutivo sobre alguém, saber o que ocorreu, muitas vezes encontramos divergências teóricas ou pessoais levadas a um nível de troca de calúnias destrutivas. É necessário?
As políticas de identidade acabaram criando uma questão de distrair ativistas com uma constante obsessão pela vigilância dos comportamentos de outros ativistas. Feministas se tornaram polícias morais, muitas vezes ostentando um orgulho parecido com o do policial facista que cria uma auto-estima a partir de sentir que seu exercício de violência o torna moralmente superior e iluminado. E aí vemos que a exposição muitas vezes tem haver com um Ego/Auto-estima a partir da punição de um bode expiatório para que eu me sinta a Pura, contra a feminista maligna, falhante como tal, monstrificada e que fica com um autoconceito de ser um poço de malignidade para sempre. É um consenso para psicólogos que trabalham com medidas socioeducativas por exemplo (eu trabalhei um tempo) que se você utiliza uma identidade como a de ‘bandido’, ‘traficante’, ‘delinquente’, ‘criminoso’ contra adolescentes que se encontram em conflito com a lei, isso apenas reforça neles o sentimento de que eles são realmente aquilo, que seu Ser, em essência, é aquilo. E a partir daí, o que o adolescente faz, é pensar que é tudo aquilo que ele pode ser e fazer na vida, a criminalidade, que nada lhe restou por Devir, e que sendo essencialmente mal, nada lhe resta a não ser praticar a Maldade. Esta é a consequência de uma sociedade punitivista, esta é a vivência que tivemos muitas vezes na escola, por parte de autoridades na instituição, que nos penalizavam. Eu cometi atos considerados de ‘vandalismo’ por exemplo, quando menina, com uma colega, e ao invés de as professoras quererem entender o que eu queria expressar, que era o sofrimento no ambiente escolar, elas me descobriram e trataram como criminosa e ruim, como criança errada, que impactou meus anos escolares naquela instituição, e cresci com um auto-conceito de não ser querida que até hoje impacta nas minhas relações, e quem se importa por minha história? Quem se importa com a história de cada pessoa? Isso o punitivismo faz, condena-se antes de ver o que construiu a pessoa como o monstro que é eliminado na fogueira de modo a limpar a sociedade, enquanto criamos mais monstros, uma ilusão. Se alguém é tratada como uma ‘menina Má’, é isso que ela vai ser. Se uma menina é abusada, ela pensa que o único que pode ser é objeto, se torna prostituta, atriz pornô. Me ressinto das feministas que posam de boas meninas e sempre estou na insistência de ocupar um lugar de diferença para de alguma forma resistir, abraçando uma identidade de rebeldia a partir daí, de ser uma menina má, e sou tratada da mesma forma no feminismo como na escola, com um bullying por não encaixar na falsidade moral feminina lesbofóbica, por não me comportar ‘bem’, ou como dizem que devo me comportar e meu intelecto insubmisso.
Enquanto isso, sujeitos que realmente tem uma intencionalidade discriminatória somente organizam seus próprios grupos, clubes e páginas, paralelamente à nossas, onde estraçalhamos outros ativistas como sacos de pancadas por serem mais privilegiados que outros. Isso o facebook permitiu: a coexistência de ideologias violentas com aquelas que querem desmantelar a violência, fechando cada qual em uma rede de relações. A gente fica mais preocupada em linchar uma feminista (muitas vezes por discordância teórica que é tachada por ‘ismos’ antes que possam ser refletidos em seu conteúdo crítico), alguém que contribui, que pode se desconstruir e genuinamente interessada e preocupada com essas temáticas, do que atacar gente que realmente é contra cotas raciais, influencia massas de pessoas… dá pra entender meu ponto?
Eu não consigo concordar que seja uma ferramenta tolerável de tratar essas questões. Não é que não tenha que ser pautadas as reproduções de opressões dentro do movimento, não que não seja preciso o apontamento, não que tenha que passar batido. A questão é COMO.
A violência virtual feminista tornou esse ambiente político inabitável. Enquanto várias abandonam os bets os facistas convictos continuam por aí fazendo seu estrago.
E porque isso ocorre? Porque é mais fácil linchar uma mulher que tá aqui do lado do que fazer isso com um cara realmente ameaçador, e é mais fácil atacar uma feminista por um erro do que atacar um sistema que nos oprime. É mais seguro virtualmente detonar uma mulher que falou uma merda do que enfrentar um neonazi armado na rua ou enfrentar a violência policial que é real agente do genocídio real de pessoas oprimidas. Como desmantelar sistemas institucionais de poder que realmente promovem massacres mundiais que estão até mesmo no nosso dia a dia? Na rua quando vemos assédio policial, passamos fininho pra não sofrer também, porque não temos poder pra confrontar. Na internet, atacamos um avatar que pertence a alguma pessoa e o que isso traz de concreto?
O feminismo se ocupa mais com exposição de mulheres do que com realmente atacar as atrocidades masculinas pelo mundo.
Exposição não é só sobre punir um avatar numa rede. É sobre transtornos de ansiedade e pânico, noites de insônia, pesadelos, após um estupro mental coletivo sádico de pessoas se achando os baluartes morais. É sobre saúde mental. É sobre faltas no trabalho ou na escola, faculdade. É sobre sapatão do interior que chega a trancar a universidade que mal começou porque se envolveu com uma feminista interseccional que, ao terminar o relacionamento, a expôe como abusiva nas redes (caso real). É sobre ideação suicida. É sobre pensar em suicídio toda hora de seu dia, 365 dias ininterruptos pensando em como ir embora desse mundo e como faria isso, se isso iria ferir familiares ou namorada, depois de sofrer um escracho ilegítimo e calunioso a nível nacional, pessoas comentando sobre sua vida sem sequer a conhecer. É sobre pessoas com crises de fobia social, automutilação, é sobre ficar sem comer e emagrecer pelo estresse. É sobre crises de enxaqueca e um zumbido alto no ouvido que não te deixa dormir por causa das suas crises de bruxismo aumentadas. É sobre sabotagem da vida social, afetiva, é sobre a destruição da auto-estima, são muitas coisas, um sofrimento real, que pode estar por trás daquele um avatar linchado virtualmente, numa ação que você considera tão justa. E se isso não é violência, não sei que nome darei. E não vejo em que isso contribui a promover os debates sobre violência entre lésbicas, racismo, classismo, ou qualquer coisa que se deseje. Até porque acho que o interesse não é em promover nada. Se classismo, racismo, relações não-saudáveis entre lésbicas, são coisas terríveis, exposição virtual também, e posso garantir que tem efeitos catastróficos na cabeça de uma. E se ela tem privilégios e reproduziu merdas pelas quais vale a pena açoitá-la, geralmente acredite, alguns lugares de opressão também ocupa, seja como lésbica, como mulher, como trabalhadora, como pobre, como negra… E isso só a vulnerabiliza ainda mais nesse sentido e não promove qualquer responsabilização, apenas violência, exclusão, sofrimento. Uma lésbica, uma mulher, exposta por um ato falho, uma mulher negra e pobre, exposta como agressora, estas coisas só ‘avacalham’ ainda mais a vida destas.
Achamos mesmo que o facebook tá nos proporcionando ferramentas democráticas? A cada ‘treta’ de feminista pegando fogo, cada post, cada tópico subido por um desentendimento que se torna um ringue, cada curtida, cada compartilhamento, são milhões de dólares pra esses machos donos dessas redes a quem entregamos nossas vidas, tudo isso bem calculado. É como os antigos programas de televisão onde se mostravam brigas de família, esses programas permaneciam embora o seu mau gosto, porque rendiam ibope, e esse era o retrato da falta de conteúdo e da imbecilização que a televisão promovia. Esse é o retrato da imbecilização que o feminismo de facebook, ocupado por pessoas irresponsáveis e personalistas, promove. As pessoas querem ver briga entre pessoas. Há mais interesse em ver um circo pegando fogo que em divulgar informação.
A exposição é sobre ego, é sobre sentir-se moralmente pura e politicamente virginal… é sobre depreciar a outra pra se sentir melhor que a outra. Não é sobre desconstruir profundamente privilégios, é sobre como performar que se é desconstruída. É sobre os desenpoderados sentirem que tem algum poder por meio de exercer um sadismo sobre quem também não tem poder, porque não possuem poder pra fazer isso com quem realmente nos fode. É misoginia.
Uma vez faz um tempo, ficou memorável pra mim, eu tendo uma conversa com uma (na época) lésbica, que eu ficava, com quem eu estava reclamando por exemplo, enfurecida, de umas feministas. Reclamava de uma mulher que era bissexual casada que dava em cima das outras lésbicas, levava o namorado barbudo nas caminhadas lésbicas. Eu tava furiosa falando mal dessa mulher. Essa mina que eu saía deu umas risadas gostosas da minha fúria, e disse “Calma, essas minas não é são teu inimigo, teu inimigo é os caras da marcha do orgulho hetero”. Ela teve que fazer essa intervenção mais de uma vez que eu falava mal de alguma feminista que me irritava por suas condutas. Isso ficou memóravel pra mim e hoje eu olho o movimento e vejo como feministas saíram da linha definitivamente e esqueceram totalmente de quem são nossos inimigos e quem são as ameaças reais para nossa sobrevivência.
A exposição virtual não é Justiça Social real.
Como disse uma amiga, “Uma coisa é você expor um pedófilo pra informar as pessoas ao redor dele e proteger as crianças com quem ele tem contato, outra coisa é você chutar cachorro morto porque sua vida é uma bosta e você quer que outras pessoas se fodam”.
O que recriamos são os mesmos mecanismos cristãos da penitência e culpa, utilizados como chantagens emocionais e mindfucks contra ativistas que se quer manipular. Quem inventou os privilege-checking, as torturas mentais, as ameaças, foi o feminismo patriarcal encabeçado pelo queer e transativistas. Derivando das políticas de identidade, esses processos criam adoecimento psíquico coletivo e nada mais. O que se quer não é o reconhecimento e revisão, reflexão de construções pessoais, politização das mesmas, consideração dos panoramas de cada na discussão, abertura para a ampliação do debate. O que produziram são processos não-saudáveis, nada políticos, onde se quer a outra de joelhos implorando perdão pelos seus pecados, em atos de sadismo, a pessoa encostada no confessionário enumerando seus pecados, o pecado de Ser. Não importa se ela realiza um trabalho real, se ela compartilha o que tem e sabe, se ela utiliza os benefícios que teve para aportar algo ao ativismo e para quem não pode. Importa que ela é essencialmente um lixo por ser branca, por ser universitária, por ser magra, por ter emprego, por ser formada, por ser classe média. Não há perspectiva nas políticas de identidade, é niilista, precisamente por ser pós-moderna. Tendo nascido com privilégio, você nunca se desconstruirá mesmo, então você deve passivamente flagelada pelos privilégios que possui, o mais radical que você pode fazer é morrer. Você é eternamente e intrinsecamente, algo péssimo e uma pessoa horrível, e nada mais. Se a ativista tem iniciativa e portanto, a tal da ‘liderança’, ela é ainda mais ruim, será responsabilizada de tudo num grupo político, será dito que é autoritária. Ninguém pensa, uma posição crítica é impossível de ser apresentada, não existe debate. Existem processos pessoais de mágoas pessoais/desentendimentos/conflitos mal resolvidos, chantagens, rumores, manipulações emocionais. A outra com quem eu tive um desentendimento, uma diferença, ela é isso, aquilo outro, projeto o Mal nela, a demonizo, distorce-se o ‘pessoal é político’ e o político se torna pessoal. Se a pessoa porta algum lugar de fala, é como uma arma apontada na cabeça da outra, um movimento e você é detonada, chamam todas as seguidoras e simpatizantes para pilharem acriticamente (todas possuem medo de não seguir a horda virulenta, os processos são regidos pelo medo, logo são coercitivos), que também querem seu lugar no Céu Moral, e por isso mesmo concordam com todas atitudes daquela militante para mostrar quanta consideração possuem pelas opressões que aquela pessoa se tornou símbolo, no bom e velho Tokenismo. Estamos satisfeitas com isso?
Eu proponho que a gente vá além, que possamos propor todos esses debates, mas de forma profunda. Pois somos feministas/lésbicas RADICAIS, vamos profundamente, à raíz do problema. Não queremos performance de ‘desconstruídas’ porque compartilhamos um print e todas ficam satisfeitas, se achando muito santificadas e justiceiras, sem trabalho real sobre as opressões que potencialmente reproduzimos desde nossas diferenças.
Mas proponho que também possamos ver nossas diferenças e as relações entre nós como também forças e potências.
Pois como disse Audre Lorde:
“Sermos mulheres juntas não era suficiente. Nós éramos diferentes. Sermos garotas lésbicas juntas não era suficiente. Nós éramos diferentes. Sermos negras juntas não era suficiente. Nós éramos diferentes. Sermos mulheres negras juntas não era suficiente Nós éramos diferentes. Sermos lésbicas negras juntas não era suficiente Nós éramos diferentes. Demorou algum tempo até percebermos que nosso lugar Era a casa da diferença ela mesma, Ao invés da segurança de qualquer diferença em particular”
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referências para ampliar essa discussão
palestras e textos de Jon Ronson
Como um tweet pode arruinar sua vida (ative as legendas em português ou espanhol)
What’s the point with moral outrage?
How one stupid tweet ruin Justice Sacco’s Life
Outro artigo de outro autor, The Problem with Privilege-Checking
Outro texto excelente para dialogar com este artigo, Linchamento, de Marcia Tiburi
Ainda Rachando
Canibalismo Feminista, Teici Miranda
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semiopolitica · 10 years
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Tirar partido
Me agrada a ideia do hacker. Para mim, todo hacker é do bem. Pena que não tenhamos uma boa tradução. Hackear é um termo “hackeado”, por assim dizer, mas não é a solução. Eu tinha um chefe que sempre quando vinha com más notícias da empresa, uma determinação que prejudicava os trabalhadores,  terminava com uma nota de otimismo: “temos que tomar isso a nosso favor”. Talvez essa seja uma boa definição do ato de hackear: o de tomar uma adversidade a nosso favor, de virá-la do avesso. Em português temos “tirar proveito”, ou aproveitar, mas também não é exatamente isso, pois o proveito lembra adquirir um ganho pessoal, individual e quando “hackeamos”, o fazemos para nós e para qualquer um. Prefiro o “tirar partido”, já que na ideia mesma de “partido” supõe-se estabelecer uma divisão, ou uma “disjunção”, como se fala filosoficamente, o de num território adverso estabelecer linhas de corte entre o que é prejudicial, danoso e o que é bom, útil, passível de ser usado. 
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tuliomalaspina · 12 years
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Dada sua dimensão, a operação Megaupload fez reacender o debate sobre uma potencial ciberguerra, que tem sido evocada desde que os Anonymous ganharam notoriedade. É preciso cuidado com esse termo. Vários pesquisadores já nos mostraram, de diversas formas, o modo como a imprensa tem caracterizado os hackers nos últimos anos. Em síntese, pode-se dizer que não é uma visão positiva, de modo que o verdadeiro sentido do hacking, sua ética própria e sua forma sui generis de se organizar para agir são completamente desconsiderados. Em boa medida, os hackers são pintados como assaltantes do ciberespaço, ou mesmo terroristas virtuais. Essa noção não é sustentada por um campo vastíssimo de pesquisadores que levam em conta todo o aspecto social e cultural que envolve os hackers – e ao qual nosso grupo se filia.
É preciso que se compreenda que o termo “hacktivismo”, ou ativismo hacker, está muito mais próximo da desobediência civil do que de ações ilícitas, terroristas. Nesse sentido, dizer que uma ação que envolve negação de serviço (DDoS) − que não implica roubo de senha, destruição de banco de dados ou qualquer outro ato “ilícito” − é um “ataque” pode nos colocar a serviço dessa visão pejorativa e preconceituosa. Esta tem o apoio de governos e grandes corporações, para quem os hacktivistas são subversivos e adeptos da pirataria e por isso devem ser enfrentados com o mesmo rigor ao qual são submetidos os militantes de organizações ditas “terroristas”. A adoção da ideia de ciberguerra, portanto, pode ser o insumo necessário para ações de busca e apreensão dos ativistas das redes. Seria a vida emulando a ficção, pois os integrantes do Anonymous passariam a ser vítimas da mesma caça a que o anarquista Fawkes – reivindicado como símbolo maior do grupo – era submetido na narrativa distópica de Moore e Lloyd.
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O Hackativismo: Alguns conceitos
Introdução
1.1. O Hacker: Definição e origem Para compreender a figura do hacker é preciso volver ao conceito de cultura cyberpunk. Segundo o professor doutor André Lemos, dourota Simone Seara e Mestre  Wilson Pésio, o termo foi usado pela primeira vez pelo jornalista e editor da revista de ficção científica Gardner Dozois, que apropriaa-se da palavra, em 1984, ele que retirou de uma pequena história de autoria de Bruce Sterling. Tal termo é oriundo, portanto, da esfera de ficção científica:
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“No imaginário cyberpunk há sempre uni cenário tecno-urbano futurista, caótico, high-tech e ao mesmo tempo low-tecli, habitado por tecnomarginais ou ciber-rebeldes. Trata-se de uma visão distópica do futuro. Os sistemas repressores e empresariais são combatidos por hackers e crackers”
LEMOS André, SEARA Simone, PÉRSIO Wilson, “Hackers no Brasil”. Capítulo 1 “,  página 23
Ora, é impossível compreender a figura do hacker, ou mesmo o hackativismo sem antes assimilar que a dimensão contraventora e anti-institucional intríseca ao ato de hackear. Basta uma rápida análise etimológica. Nesse mesmo capítulo, os autores evidenciam que o prefixo “cyber” advém do latim “gubernetes", que significa monitorar e controlar ações ou comportamentos, exercer autoridade, ou até governar.
“Cibernética significa aqui a sociedade das redes telemáticas e da micro-informática“
Tal definição pode ser remetida ao que compreende-se hoje como a Internet das Coisas, que nasce da Teoria Ator-Rede.
“Também chamada de Sociologia das Associações, desenvolvida principalmente por Michel Callon, John Law e Bruno Latour nos anos 1980-1990, a Teoria Ator-Rede (TAR) convoca uma diferente topologia do social, contrapondo-se a uma sociologia estruturalista”
LEMOS, André. ‘INTERNET DAS COISAS, AUTOMATISMO E FOTOGRAFIA. UMA ANÁLISE PELA TEORIA ATOR-REDE”. Capítulo 2. “Teoria Ator-Rede”, página 3
1.2. O hacker e a contracultura
Ainda na análise epistemológica, a noção de contracultura fica por conta do sufixo “punk”, o qual “revela a atitude, típica do final dos anos 70, que pregava, sobretudo, a desobediência ao sistema vigente, às leis e às normas instituídas. A ficção científica apropriou-se do termo punk para designar a atitude de utilização do ciberespaço e das novas tecnologias digitais. Nesse sentido, cyberpunk significa o zeitgeist contemporâneo, unindo distopia e pessimismo corri apropriação e vitalismo em relação as tecnologias contemporâneas. Podemos dizer que o cyberpunk realiza o imaginário tecnológico da cibercultura.”
LEMOS André, SEARA Simone, PÉRSIO Wilson, “Hackers no Brasil”. Capítulo 
1.3. A relação entre o hacker com a conjuntura contemporânea (Smartcities)
Com a instauração da Era do Informacionalismo -  a qual doutor Manuel Castells denominou como a “‘Revolução das Novas Tecnologias da Informação’ ou ´Era da Informação’; Nicholas Negroponte chamou-a ‘Revolução Digital’; Jean Lojkine, de ‘Revolução Informacional”.  percebe-se que os comportamentos e aspectos mais particulares da esfera cotidiana tem se fundido ao constante processo de automação e internet das coisas.
“Nada é mais significativo desta revolução tecnológica do que a Internet. Castells a identifica como o símbolo de uma nova sociedade que emerge na cultura do terceiro milênio: a ´Sociedade Informacional´. Nessa perspectiva, a Internet não se apresenta como uma simples ‘tecnologia da comunicação’, mas como uma ferramenta fundamental direcionada à produção e à difusão da informação – esta o “produto chave da Era da Informação”
PUC-Rio,Artigo Conhecimento Tecnológico e Informação: a Era da Sociedade Informacional
Tal fusão se reflete e impacta a dinâmica da vida contemporânea em comunidade em seus mais diversos espectros, principalmente o “plástico”, por assim dizer, prestação e cotação de serviços - desde os básicos até os mais custosos - mobilidade urbana, e infraestrutura do espaço.
A ideia de Smartcity, que tem pulsionado no preâmbulo acadêmico desde  xxxx (conferir), abrange tais questões.
“A era da informação, caracterizada convergência tecnológica e pela informatização total das sociedades contemporâneas (Castells, 1996) passa hoje por uma nova fase, a dos computadores coletivos móveis, que chamaremos aqui de “era da conexão” (Weinberger, 2003), caracterizando-se pela emergência da computação ubíqua, pervasiva (“pervasive computing”, permeante, disseminada) ou senciente3 . A informatização da sociedade, que começa na década de 70 do século XX, parece já estar estabelecida nas principais cidades ocidentais desenvolvidas. O que está em jogo nesse começo de século XXI é o surgimento de uma nova fase da sociedade da informação, iniciada com a popularização da internet na década de 80, e radicalizada com o desenvolvimento da computação sem fio, pervasiva e ubíqua”
LEMOS, André. Cibercultura e Mobilidade. A Era da Conexão
Diante de uma realidade que caminha para que a maioria, se não todas as cidades globalizadas - metrópoles e  megalópoles - , sejam automotivas e construídas através do interligamento de softwares, em cyberespaços, o poder te contraversar paradigmas socioeconômicos e, outros, estará nas mãos de quem souber hackear/crackear sistemas.
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Tema, conceitos e discussão
1. Introdução e breve análise Há cerca de um mês, a turma de estudantes da disciplina de “Comunicação e Tecnologia” 2018.1 vem discutindo conceitos caros para a compreensão da atual conjuntura Tecnocientífico-Informacional, também conhecida como Era da Informação, a qual estamos imersos. Em nossa primeira postagem, discutimos uma modalidade da ciberatividade - o hackerativismo - a partir da análise de um objeto, o documentário ‘We Are Legion’, de modo a estabelecer um diálogo com o livro ‘Polegarzinha’, escrito por Michel Serres - um dos textos estudados na I unidade do semestre.  Neste artigo trazemos uma breve análise sobre a correlação em que o conceito de real, virtual e atual, construindo um paralelo com o livro “O que é virtual” de Pierre Lévy  e os movimentos populares que se utilizam do ciberespaço como uma ferramenta de organização, tais como, as manifestações no Brasil em 2013. Ao citarmos essas manifestações contra o aumento das tarifas, violência policial e corrupção política trazemos como enfoque para discussão a importância das redes e mídias sociais para a fomentação desses eventos públicos.  As redes sociais se tornaram cada vez mais consolidadas como instrumentos de comunicação alternativos ao escopo da mídia tradicional, justamente num contexto em que as pessoas, de maneira geral, anseiavam pelo exercício de uma voz ativa, que alcançasse um grande número de receptores, eficientemente. Através dos aparatos tecnológicos que estavam à mão, - dentre eles, mensagens de áudio e texto, video-ligações, interações em tempo real, dentre outros - informações importantes para o funcionamento das manifestaçoes foram compartilhadas, independentemente do que era mostrado mostrado nas emissoras de televisão ou rãdio, mas nada comparado com o que estava por vir.
Através das interações estabelecidas nos mais diferentes tipos de redes sociais - principalmente o Facebook - os processos de luta, a organização de movimentos sociais, assim como, o engajamento empreendido em prol de uma real mudança social no Brasil, ganharam mais celeridade e resistência. É como se as social media representassem um catalizador. Na plataforma azul criada Zuckerberg, por exemplo, os grupos e páginas conseguiram, e ainda consegue, reunir de dezenas a milhões de pessoas que compartilham de um objetivo em comum. Através do Whatsapp é possível atualizar informações e comunicar-se com o interlocutor a qualquer momento com a certeza de que a mensagem será entregue e decodificada. 2. A presença do Hackativismo O ato de hackear traz consigo a ideia de invasão, e, portanto, costuma gerar um certo receio e desconfiança por parte da população leiga. Ora, o hacker desafia as instituições morais de nossa sociedade ocidental, patriarcal e cristã. No entanto, o conceito de hackear ultrapassa tais paradigmas e representa, não apenas a conquista do acesso aquilo que oficialmente é restrito, mas, acima de tudo, se refere ao empoderamento do indivíduo, tendo em vista, o pressuposto de que qualquer pessoa pode se tornar um hacker. Basta estabelecer tal questão como meta. O hacker pode não ter nenhum e qualquer engajamento social, mas quando tal exercício e feito de modo consciente, e em prol da sociedade, estamos falando de hacktivismo. Trata-se de um movimento que surge a partir da inquietação e da luta pela democratização da informação, e também, transparência por parte das instâncias financeiras, públicas e privadas. Dentro de um contexto em que as “Smartcities” já são uma realidade, pode-se imaginar o impacto que uma rede de transporte de uma cidade qualquer, por exemplo, pode ter diante de uma intervenção de um hacker. A conectividade estabelecida entre o hacker ativista e o povo ultrapassa as barreiras sociais e se espalhar rapidamente, por meio dos próprios artefatos tecnológicos existentes hoje. Tais aspectos podem se relacionar com a obra feita poo Musso, a qual disserta que a rede se propõe a interconectividade e ao entrelaçamento de tudo e todos, nós permitindo ignorar a questão do espaço geográfico. Outro ponto bastante importante no texto é enxergar que fazer política é também fazer rede Um desses casos foram as manifestações no Brasil em 2013, que através de uma rede social – Facebook – permitiu que a informação fosse disseminada.
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